Nomes próprios viram comuns

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Mudar é bom? Os mesmeiros dizem que não. Preferem deixar tudo como está para ver como é que fica. Os adeptos da transformação, por seu lado, inspiram-se na natureza. Citam o suceder do dia e da noite, das estações do ano, das fases da lua. Citam, também, o ciclo da vida humana – nascemos, crescemos, morremos. No percurso, quem não andava anda, quem não falava fala, quem tomava só leite passa a comer cereais, carnes, frutas e verduras.      

A língua joga no time dos mutantes. Instrumento de comunicação das pessoas, muda de acordo com o avanço do tempo e as circunstâncias dos falantes. Concordâncias, regências, colocações, significados trocam o passo conforme a música. A grafia não fica atrás. Maiúsculas e minúsculas servem de exemplo.     

Os nomes próprios se escrevem com inicial grandona. É o caso de João, Maria, José, Pará, Colônia, Brasil. Às vezes, porém, eles entram na composição de substantivos comuns. O resultado não poderia ser outro. Perdem o pedigree e tornam-se vira-latas: joão-de-barro; joão-doido; joão-ninguém; joão-teimoso; josé-mole; castanha-do-pará; castanha-da-índia; castanha-da-áfrica; água de colônia; bambu-da-china; pau-brasil; banho-maria; maria-sem-vergonha; maria-preta; maria vai com as outras.

Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Ocidente, Oriente, quando aparecem majestosamente solitários, são nomes próprios. Mas, se definem direção ou limite  geográfico, cessa tudo que a musa antiga canta. As moçoilas põem o rabinho entre as pernas e entram na vala comum: O leste dos Estados Unidos tem grande influência latina; O carro avançava na direção sul; Cruzou o país de norte a sul, de leste a oeste; Oriente e Ocidente se encontraram no século XX. O oriente asiático, porém, ainda guarda muitos mistérios”.

É isso. Na língua, quem foi rei perde a majestade sim, senhor.