Homos e héteros

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A decisão do Supremo Tribunal Federal estremeceu acomodações. Os 11 ministros bateram o martelo. Xô, discriminação! Homo e heterossexuais têm direitos iguais. A sentença provocou reações. Alguns a aplaudiram. Outros a criticaram. Uns e outros, porém, tiveram de enfrentar um problema. Trata-se da grafia de uma trissílaba pra lá de repetida. Ora ela aparece com esta cara — hetero. Ora com esta — hétero. E daí? O acento existe? Quando usá-lo? Decidiram agir como o STF — sintonizar-se com os novos tempos. Em bom português: olhar pra frente.

Primeiro passo: certificar-se do significado das greguinhas. Na língua de Platão e na nossa, homo- tem a acepção de igual, semelhante. Hetero- é o contrário (diferente). Homogêneo, por exemplo, quer dizer “que tem natureza ou composição idêntica ou muito parecida”: Os professores preferem turmas homogêneas, com alunos da mesma idade e mesmo nível. Nem sempre conseguem. Em geral as classes são heterogêneas.

Segundo passo: acertar a grafia. A duplinha é bivalente. Pode funcionar como prefixo ou nome. No primeiro caso, não tem acento (homossexual, heterossexual, homoafetivo, heterofônico). No segundo, obedece às regras de acentuação das palavras. Homo é paroxítona terminada em o. Segue as normas de livro, campo, sapato. Não aceita grampos nem chapéus. Hétero é proparoxítona. Como as irmãzinhas dela (lâmpada, fósforo, fizéssemos), exige acento: os héteros, casal hétero.