Eta filhão talentoso

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Quem quer, quem quer? Quem quer um filho que, aos 27 anos, consegue entrar no time dos milionários? Não se trata de milionariozinho de R$ 1 milhão. É milionariozão de R$ 50 milhões. O privilégio não é pro bico de qualquer mortal. Pra chegar lá, uma condição se impõe — ter um paizão pra lá de poderoso. Quem? Ele mesmo: o senhor Alfredo Nascimento, o tal ministro que nadava de braçadas no bilionário orçamento do Ministério dos Transportes.

Ao falar no assunto, a imprensa se exibiu. Lançou mão das possibilidades da língua nossa de todos os dias. Rico, o português tem mais de 400 mil palavras. Qual a mais adequada pra informar a ação de erigir a montanha de dinheiro do sortudo Gustavo? Alguns disseram que ele juntou R$ 50 milhões. Certo. Outros, que ele fez fortuna de R$ 50 milhões. Certo. O vocábulo mais adequado veio de Demóstenes Torres. “Ele amealhou R$ 50 milhões”, disse o senador goiano.   Vamos combinar?

Amealhar? Que diabo é esse? O verbo deriva de mealha. A trissílaba dava nome a antiga moeda portuguesa. De cobre, a pobrezinha valia pouco. Equivale ao antigo tostão ou ao atual centavo. Amealhar é juntar dinheiro aos poucos, no correr do tempo. Pressupõe poupança, privação e economia. Em bom português: juntar centavos pode até formar fortuna que faz inveja ao Tio Patinhas. Mas requer um pouco mais de 27 anos.