Estudantes perguntam

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Ricardo Riemma quer saber: “Quando posso utilizar esse e este?”
 

Ricardo, os pronomes demonstrativos são pra lá de versáteis. Têm três empregos. Num, indicam situação no espaço. Noutro, no tempo. Noutro, ainda, no texto.

Vamos a eles?

Situação no espaço

Este diz que o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós): esta bolsa, este livro, esta cadeira (a bolsa, o livro e a cadeira estão perto de mim).

Esse anuncia que o objeto está perto da pessoa com quem se fala (tu, você, V.Sª, V.Exª): essa bolsa, esse livro, essa cadeira (a bolsa, o livro e a cadeira estão perto de você).

Aquele informa que o objeto está longe de quem fala e de quem escuta: aquele livro, aquela bolsa, aquela cadeira (a bolsa, o livro, a cadeira estão longe do falante e do ouvinte)

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Situação no tempo

Este indica tempo presente: este ano (2009), este mês (novembro), esta semana (a semana em curso).

Esse e aquele falam em tempo passado. Esse, passado recente. Aquele, passado remoto: Conheci João em 1994. Nesse (naquele) tempo ele se preparava para o vestibular.

Ops! Como saber se o passado é recente ou remoto? Tempo é psicológico. Depende de cada um. Você define.

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Situação no texto

Este indica referência anterior. A gente anuncia algo que virá em seguida:
O conselheiro Acácio não se cansava de repetir esta obviedade: “As consequências vêm depois”.

Esse exprime referência posterior. A gente diz algo e o retoma depois: “As consequências vêm depois”. O Conselheiro Acácio não se cansava de repetir essa obviedade.

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Amanda Silva quer saber: “Em que ocasiões devo usar incluído ou incluso?”

Incluir, Amanda, joga no time dos verbos abundantes. Generosos, eles têm mais de um particípio. Um regular, terminado em -ado ou -ido. Outro irregular, mais curtinho. É o caso de matar e imprimir (matado e morto, imprimido e impresso). uando usar um ou outro? Depende do auxiliar. Use o regular com os auxiliares ter e haver; o irregular, com ser e estar:

Ele havia (tinha) incluído o documento no processo. O caçador tinha (havia) matado a perdiz. A perdiz foi (está) morta. A aluna tinha imprimido o trabalho. O trabalho é (está) impresso. O advogado tinha (havia) incluído o documento no processo. O documento foi (está) incluso no processo.

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Rafaela Vargas confessa:  Minha dúvida é quanto ao uso do hífen na nova reforma ortográfica. Pode me ajudar?

O hífen é castigo de Deus. Cheio de regras e exceções, dá nó nos miolos dos estudantes e profissionais. A reforma trouxe alguma simplificação às normas, mas nos obriga a recorrer ao dicionário com frequência. De qualquer forma, vale a pena conhecer as duas regras de ouro. Sobre os prefixos, use hífen:  

1. quando eles forem seguidos de h: anti-hisórico, super-homem, a-histórico, sobre-humano  

2. quando duas letras iguais se encontram: micro-ondas, semi-imperialista, sub-bloco

Em bom português: O h é soberado. No mais, os diferentes se atraem. Os iguais se rejeitam: semi-histórico, semi-industrial, semicírculo.

Olho vivo: co- e re- sofrem de alergia. Não aceitam o tracinho nem a pedido dos orixás: coerdeiro, coordenar, reeducação.


Sub é cuidadoso. Pra evitar a formação de encontro consonantal (como em abraçar), pede mais um hífen. O tracinho tem vez quando antecedido de r: sub-raça, sub-região.