Esfinge

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Que tragédia! O Exército se instalou no Morro da Providência pra garantir a segurança da área enquanto se levam avante obras de urbanização previstas no PAC. No domingo, 11 militares se envolveram na morte de três moradores. Interrogados, confessaram que seqüestraram, toturaram e entregaram os rapazes a bandidos de facção criminosa rival do Morro da Mineira. Não deu outra. Os jovens foram mortos.
 
Ao falar sobre o crime, o tenente que comandou a operação confessou o ato. A indiferença da criatura impressionou o delegado. “Ele é enigmático como uma esfinge”, comentou. “Vá ser frio assim no Pólo Norte, sô!” A comparação despertou a curiosidade dos interrogadores. A que esfinge ele se refere?
 
Eis a resposta: a Esfinge parecia mulher. Mas mulher não era. Tinha rosto e peito de moça. O corpo era de leão. As asas, de urubu. A cauda, de dragão. O monstro veio não se sabe de onde. Instalou-se em Tebas (Grécia) no alto de um rochedo. Quando um viajante passava, ela exigia que ele desvendasse este enigma:
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— Qual o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?
 
Os coitados não descobriam a resposta. Ela os devorava. Depois, lambia os beiços de prazer. Um dia, Édipo passou por ali. A Esfinge pensou que mais uma comidinha estava no papo. Parou o rapaz e apresentou a mesma adivinhação. Ele respondeu rapidinho:
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— O homem. Engatinha de quatro. Caminha em duas pernas. E, quando fica velhinho, usa bengala.
 
Frustrada, ela se matou. Mas virou substantivo comum. Esfinge é a pessoa calada, cheia de mistérios. Um enigma.