De altos e baixos

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Obama está sob os holofotes. O bebê, sob cuidados médicos. O aluno, sob a pressão das provas. A empresa, sob nova direção. O sargento, sob as ordens do major. O sapato, sob a mesa. O suspeito, sob a proteção da polícia. O Brasil, sob o governo petista. O Iraque, sob o domínio americano.

 
É sob pra dar e vender. A preposição vem do latim sub. Na língua dos Césares e na de Machado e Fernando Pessoa, tem o mesmo significado. Quer dizer debaixo de, em posição inferior. Mas, apesar da acepção clara e pra lá de repetida, muitos teimam em confundir a monossílaba com a dissílaba sobre.
 
Eis exemplo do jornal de quarta-feira: “Genivaldo fazia uma escavação no lote. Muita terra e muita pedra desabaram em cima da cabeça dele. Ele ficou sobre os escombros durante 20 minutos. Morreu”. Bobeira, não? Ele ficou embaixo dos escombros. Ficou sob os escombros.
 
Por cima
 
Sobre joga no time dos que estão por cima. O avião voa sobre o mar. A criança dorme sobre o colchão. Os óculos estão sobre a estante. As panelas, sobre o fogão. Os pratos, sobre a mesa. Os livros, sobre a escrivaninha. O sabonete, sobre a pia. A revista, sobre o sofá.
 
A superiora vem do latim super. O significado joga em time contrário ao do sob. Dá a idéia de por cima de. No exemplo da notícia do jornal, o repórter poderia ter escrito: Genivaldo fazia uma escavação no lote. Muita terra e muita pedra desabaram sobre a cabeça dele.
 
Pra não esquecer: sobre tem duas sílabas. Está sempre por cima. Sob tem uma sílaba. Está sempre por baixo. É a lei da sociedade competitiva. Quem pode pode. Quem não pode se sacode.
 
Olho na confusão
 
A confusão não se restringe ao sobre e ao sub. Vai além. Atinge os filhotes. Sobrescritar e subscritar são as vítimas mais sofridas. A gente sobrescrita o endereço no envelope. Dentro, vai a carta. É importante que esteja subscrita. Em outras palavras: que esteja assinada.