Crase 1

Publicado em Crase, Geral

A crase não foi feita para humilhar ninguém. Certo? Certíssimo. O poeta Ferreira Gullar sabe das coisas. A crase foi feita para indicar a fusão de dois aa. Um deles é a preposição. O outro, o artigo definido ou o pronome demonstrativo:

Vou a a cidade. (Vou à cidade).

Dirigiu-se a aquela funcionária. (Dirigiu-se àquela funcionária.)

Feminista

Como saber quando ocorre a fusão? Verifique se você está diante de uma palavra feminina. Não? Então relaxe. A crase é feminista. Só aparece antes de nomes femininos.

Encontro

Estar diante de vocábulo feminino não é suficiente. A crase ocorre quando dois aa se encontram. É indispensável que a preposição a dê de cara com o outro a. Logo, um verbo, um adjetivo ou um advérbio têm que pedir a preposição a.

Com crase ou sem crase?

• Vou a piscina de água mineral.
• Paulo é fiel a namorada.
• Quanto a questão proposta, nada posso adiantar.

Vamos pensar: estamos diante de palavras femininas? Piscina, namorada e questão são femininas. É o primeiro requisito para a ocorrência da crase. Mas não o único. Resta saber se o substantivo se usa com artigo e se “vou”, “fiel” e “quanto” exigem a preposição a.

Macete

Substitua a palavra feminina por uma masculina (qualquer uma, não precisa ser sinônima). No primeiro exemplo, pode ser clube (vou ao clube). No segundo, dono (Paulo é fiel ao dono). No último, relatório (quanto ao relatório, nada posso adiantar).

Percebeu? Aparecendo ao antes da palavra masculina, sinal de crase: Vou à piscina de água mineral. Paulo é fiel à namorada. Quanto à questão proposta, nada posso adiantar.

Esconde-esconde

Às vezes a palavra feminina está subentendida. É cilada. Não caia na armadilha. Ela conta como se estivesse escrita: Encaminhou-se à Rua dos Ingleses e depois à (Rua) dos Andradas. Foi à Livraria Cultura e à (Livraria) José Olympio. Usa cabelos à (moda de) Roberto Carlos.