Copa e Ideb

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DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@@dabr.com.br

A volta pra casa da Seleção coincidiu com o anúncio do resultado do Ideb. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica mostra o retrato do Brasil de corpo inteiro. Melhoramos uns pontinhos no fundamental. Estagnamos no médio. Uma geração nos separa dos índices do Primeiro Mundo. Ficamos na rabeira dos vizinhos sul-americanos. Em suma: continuamos mal na foto.

Reação? O assunto mereceu matérias em jornais, reportagens na TV, comentários aqui e ali. Pais, professores, parlamentares e empresários receberam a notícia com naturalidade. Em vez de espernear, cobrar saltos, exigir progressos significativos, conformaram-se com a mediocridade. Em 2022, bicentenário da Independência, alcançaremos os índices dos países centrais em 2003. Até lá, eles terão avançado muitos e muitos pontos.

Vale comparar o Ideb com a Copa do Mundo. Mal a competição pinta no horizonte, o Brasil se veste de verde-amarelo. Adultos e crianças só pensam naquilo. Os estoques de chuteiras, meiões, joelheiras & cia. atlética se esgotam. Dia de jogo é dia de festa: ruas enfeitadas, chope contratado, torcidas a postos. O país passa a ter 190 milhões de técnicos. Todos têm opinião. Todos dão palpites. Todos aplaudem os êxitos e vaiam o fracasso. Nada passa despercebido. Só aceitamos a taça. Vice-campeonato é sinônimo de derrota.

Por que o povo que se mobiliza pelo futebol não o faz pela educação? Possível resposta: ignorância. Muitos entendem de bola; poucos, de letras e números. Só reclama quem percebe a dimensão da tragédia. Minoria, a turma esclarecida beira os 30% da população. A maioria — 70% dos brasileiros — não se dá conta de que o ensino é ruim. Conforma-se com a mediocridade.

Desconhece que vivemos o risco do apagão da mão de obra. O cenário: exército de desempregados sem a devida formação enquanto sobram vagas para profissionais qualificados. A saída? O Ficha Limpa prova que a sociedade conhece o caminho. Ele passa pela pressão popular. O governo não abraça a causa por amor? Que a abrace por dor.