Contagem regressiva

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Ufa! No domingo começa 2012. A imprensa adotou a contagem regressiva. Recorre, então, a duas estruturas. Ambas verdadeiras ciladas.

Uma: o verbo faltar. Quando o sujeito vem posposto, não dá outra. Pisa-se a concordância. Aparecem horrores como “falta oito, falta cinco, falta quatro dias” e por aí vai. Vale lembrar: o dissílabo não goza de privilégios. Concorda com o sujeito: faltam 5 dias (5 dias faltam), faltam 10 dias (10 dias faltam), falta menos de uma semana (menos de uma semana falta).

A outra: a preposição a. Na contagem de tempo, o verbo haver indica passado (cheguei há 10 minutos), a preposição a, futuro. O entusiasmo de repórteres se encarrega de trocar as bolas. Nas páginas de jornais e revistas, lá está “há 4 dias do começo de 2012” e assemelhados. É a receita do cruz-credo. Melhor fazer as pazes com a língua: Estamos a 4 dias do novo ano. Que venha. Champanhe e fogos o esperam.

Por falar em champanhe…

Chova ou brilhem estrelas no céu sem nuvens, uma coisa é certa. A virada do ano merece brinde. Majestoso, o borbulhante pede passagem com banda de música e tapete vermelho. Trata-se do vinho fabricado na região de Champanhe, na França. Daí o nome. Como é vinho, ele prefere (e quanto!) o gênero masculino: O champanhe é a bebida do réveillon. Não precisa dizer — champanhe é sempre francês. Se não é francês, champanhe não é. É espumante.