Cochilos da revisão

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Flatônio José Da Silva

No título “Um amor sem limites” (capa), saiu este texto:

“Por que leio? Brasilienses de todas as gerações vão ao estande do Correio na Bienal do Livro para responder a pergunta”.

Corrigindo: …para responder à pergunta.

Explicação — Erro de regência: o verbo responder é transitivo indireto e constrói-se com a preposição “a”: responder à carta, responder ao ofício, responder ao documento, responder às calúnias, responder ao desafio.

Veja a lição do mestre Cegalla: “A regência que se alicerça na tradição da língua é ‘responder a uma carta’, ‘responder a um questionário’, ‘responder a uma pergunta’, e não ‘responder uma carta’, ‘responder um questionário’, ‘responder uma pergunta’. Em escritores brasileiros modernistas  encontramos frequentemente a regência direta, que não aconselhamos. Construa-se pois deste modo: Ele desconversou, não respondeu à pergunta que lhe fiz. / Na prova, ele respondeu a todas as questões. / O secretário respondeu às acusações sem perder a serenidade. / Valerá a pena responder a esse caluniador? / Respondi-lhe com firmeza. / ‘Ao cabo de alguns meses, Capitu começara a escrever-me cartas, a que eu respondi com brevidade e sequidão’. (Machado de Assis, Dom Casmurro, cap. CXLI) / ‘O jornaleiro, já se vê, não é obrigado a responder a perguntas desta natureza’ (Carlos Drummond de Andrade, Os Dias Lindos, p. 114)”.