Caso de polícia

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DAD SQUARISI //dadsquarisi.df@@diariosasssociados.com.br

Você viu A bela e a fera? O espetáculo se apresentou como o musical do ano. Ao preço que variava de R$ 250 a R$ 100, o brasiliense assistiria à peça em 3D. E, segundo anúncio, seria brindado com efeitos especiais inéditos. Avôs levaram netos. Pais levaram filhos. Jovens e adultos correram ao Centro de Convenções para ver a maravilha popularizada por Walt Disney que, montada na Brodway, atrai espectadores do mundo inteiro.

Quem não pode ir a Nova York nem sempre priva-se de usufruir da marca registrada da cidade — os memoráveis shows de interpretação, canto e dança. Montagens iguaizinhas às originais (com controle de qualidade) são feitas em outras cidades. No Brasil, Rio e São Paulo figuram no roteiro internacional. Evita, O fantasma da ópera, Chicago deixaram saudade por aqui. Brasileiros que assistiram aos musicais lá e cá comprovam a fidelidade a cenários, figurinos, músicas, efeitos especiais. A única diferença é a língua. Paga-se caro, mas o retorno é garantido.

Daí a corrida ao Centro de Convenções no fim de semana. A versão vendida: A bela e a fera está em São Paulo. Viria no fim de semana a Brasília. Seria a oportunidade de ver o espetáculo em casa. Com uma vantagem — em 3D. Ops! O fato: sem falar no atraso, na desorganização, na sala suja e nas cadeiras quebradas, o que se viu foi triste arremedo mambembe. Som inaudível, barulho irritante, atores perdidos, movimentos amadores, figurinos de escola relaxada ofereciam-se a público atônito, que tentava entender o que estava acontecendo. Óculos do 3D na mão, sem utilidade. Efeitos especiais? Fumaça com cheiro duvidoso provocou acesso de tosse em adultos e crianças.

No intervalo, parte da plateia retirou-se sob protestos. Alguns exigiram o dinheiro de volta. Outros ameaçaram fazer queixa na polícia. Difícil. Os manobristas, ao custo de R$ 15, demoravam de 30 a 40 minutos pra entregar o carro. O Sr. Redator publicou cartas de leitores indignados. O escárnio lembrou fatos anteriores. Em 1999, o Balé Kirov esteve aqui. Sem cenários nem orquestra, a companhia apresentou retalhos de peças. Mas cobrou um salário mínimo pelo ingresso. Reação? Nenhuma. No ano passado, anúncio divulgava show de Ney Matogrosso. Quem foi descobriu o engodo pelo qual pagou mais de R$ 200. Ney, convidado, cantou duas músicas cujas letras desconhecia. Reação? Nenhuma. Conclusão: enquanto o consumidor não descobrir a própria força, empresários inescrupulosos continuarão deitando e rolando.