Bagdá é fichinha

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O que é isso, companheiro? Há uma semana rádios, jornais e telejornais batem na mesma tecla — a guerra no Rio. No confronto polícia-bandido, um perdedor sobressai. É o cidadão. Famílias fogem de casa, crianças faltam à aula, inocentes morrem sem saber por quê.

Novidade? Só uma. O helicóptero da polícia que foi abatido no ar. No mais, trata-se de triste reprise. O chefão da vez é Fabiano Atanásio da Silva. A criatura teria comandado os ataques em defesa de territórios. Nas informações divulgadas pela imprensa, palavras ardilosas entraram em cartaz. Grafias, flexões e regências pegaram a moçada pelo pé. Vamos a elas?   Olho na letra

O tal Fabiano é foragido da cadeia. Ele estava atrás das grades. Beneficiou-se do saidão. Saiu e não voltou. Há 14 mandados de prisão contra ele. Ops! Não confunda mandado com mandato. Mandado quer dizer mando, ordem judicial. É o caso de mandado de prisão, mandado de segurança, mandado de busca e apreensão. Mandato joga em outro time. Trata-se de representação, delegação. Alguém concede poder a outra pessoa para representá-la. O deputado tem mandato. O senador tem mandato. O presidente tem mandato. O prefeito tem mandato. O vereador tem mandato.   Regras de ouro

A ousadia de Fabiano chamou a atenção para os benefícios atribuídos a criminosos. Há delinquentes e delinquentes. Alguns são pra lá de perigosos. Mas gozam das mesmas vantagens dos demais. Uma delas é o regime semiaberto. E daí? Enquanto os doutores não encontram a saída, vale lembrar a reforma ortográfica.

O prefixo semi- obedece a três regras de ouro. Pede hífen em duas oportunidades. Uma: quando seguido de h (semi-herói, semi-homem). A outra: quando seguido de i (semi-irracional, semi-informal, semi-irmão). No mais, chega-se à terceira. É tudo colado (semiaberto, semicírculo, semiobtuso).

Para lembrar sempre: letras iguais se rejeitam. Letras diferentes se atraem.   É singular

Atenção, gente fina. Não diga que a polícia encontrou “munições” na casa do suspeito. Munição, segundo o Aurélio, é “designação comum a todo material de guerra com que se devem prover tropas, navios de guerra, etc.” Munição, assim, no singular, abrange balas de revólver, balas de canhão, mísseis, granadas, explosivos. E por aí vai.

Moral da história: munição dá conta do recado.