Abre alas, que eu quero passar

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Oba! Chegou a hora de vestir a fantasia e cair no samba. É carnaval. A trissílaba pertence à família de carne. Significa tempo de comer carne. Opõe-se à quaresma, período em que se jejua. Festa móvel, comemora-se 40 dias antes da Páscoa. Qual a origem da folia? Ninguém sabe ao certo. Mas há fortes suspeitas. Dizem que nasceu na Antiguidade. Veio das saturnais romanas. Saturno ensinou aos homens o cultivo da vinha. É o deus da fertilidade e da colheita.

As saturnais celebravam a volta da primavera. Período alegre, era só festa. Os trabalhos públicos entravam em recesso. Os tribunais fechavam as portas. Nenhum criminoso podia ser punido. Libertavam-se os escravos para assistir aos festejos. As famílias ofereciam banquetes. Durante as celebrações, invertiam-se as posições sociais. Os escravos davam ordens aos senhores. Os senhores os atendiam à mesa. Todos usavam máscaras para sentir-se mais à vontade. Há quem diga que as máscaras vieram ao mundo nessa ocasião.

O carnaval chegou à Pindorama por volta de 1650. Veio de Portugal. Lá era o entrudo. A palavra significa intróito, entrada da quaresma. Vigorou na terra de Camões até 1817. Nele, os foliões se molhavam reciprocamente. Lançavam-se baldes de água, limões de cheiro, cabaças de cera com água perfumada. Sujavam-se com farinha, tinta, gesso, ovos crus. Jogavam luvas cheias de areia na cabeça dos passantes. Alguns trocavam bordoadas com vassouras ou colheres de pau.

Com o tempo, a festa mudou. Perdeu a violência. No fim do século 19, começou a ter a cara de hoje. Surgiram sociedades carnavalescas, cordões, blocos, ranchos e corsos. Em 1899, a pianista Chiquinha Gonzaga inovou. Lançou a marcha Ó abre alas, primeira música composta especialmente para o carnaval. Em 1928, nasceu a escola de samba no Rio de Janeiro. Chamava-se Deixa Falar. Sete anos depois, houve o primeiro desfile oficial. A moda pegou. Hoje, há desfiles em todo o país. O Nordeste partiu pra outra. Preferiu frevos e trios elétricos.