A voz de cada um

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Criança tem cada uma… Volta e meia aparece com perguntas irrespondíveis. Assunto sempre presente nos porquês infantis é a voz da bicharada. Algumas falas não têm cerimônia. Freqüentam desde sempre nossa intimidade. O gato mia. O cachorro late. O pássaro gorjeia. E a águia? E o papagaio? E o camelo?
 
No aperto, a gente parte pra consulta. Mas o tema anda fora de moda. Poucas obras trazem relação do diz-que-diz animalesco. Uma delas: Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida. O dicionário pressupõe conhecimento prévio. Só ajuda no tira-dúvida. Turturinar será a voz da rolinha? O pai de todos nós diz que sim.
 
Sem querer, a Associação Brasileira de Propaganda deu boa mãozinha a pais e professores postos contra a parede pela curiosidade da garotada. Divulgou cartazes com preciosidades sobre falares exóticos. Eis o texto:
 
“Águias crocitam, anuns piam, araras chalram, andorinhas chilreiam, ariranhas regougam, emas suspiram, gafanhotos chichiam, gaviões guincham, búfalos bramam, camelos blateram, cachorros latem, cegonhas gloteram, lobos ululam, cisnes arensam, cucos cuculam, elefantes barrem, cordeiros berregam, doninhas chiam, grilos estridulam, juritis turturinam, papagaios palreiam, pavões pupilam, vacas mugem, patos gracitam, pernilongos zunzunam, pacas assobiam, onças esturram, azulões cantam, passarinhos gorjeiam, gatos miam, seres humanos falam e empresas anunciam, porque essa é a natureza de cada um”.
 
No fim, a moral da história: “Empresas são importantes demais para se deixar extinguir por falta de comunicação”.