A língua merece mais cuidado

Publicado em Geral

Giovanni Mastroianni

 Qualquer veículo de comunicação, seja ele qual for, precisa primar pela qualidade da linguagem utilizada. Tanto faz que seja na legenda de um filme, em uma revista, no rádio, na televisão, num livro, em um out-door e, principalmente, em um jornal. Aliás, certa vez, um matutino de grande circulação no País, querendo inovar, adotou um critério completamente contrário às normas e conhecimento da língua portuguesa, excluindo, por completo, a acentuação gráfica.

A inovação não durou muito tempo, certamente por forte influência de seus próprios leitores.

Dificuldades no uso da língua pátria quase todos têm e não pode ser de forma diferente. Basta que se pegue ao acaso a palavra língua de sogra. Caso você queira empregá-la em botânica, como sendo o nome dado à planta espada-de-são-jorge, sua grafia será língua-de-sogra, com hífen. Na hipótese de artefato carnavalesco, provido de um assobio, que, quando soprado, se desenrola feito uma língua, grafa-se, então, língua de sogra.

Não são poucos os livros editados no Brasil, no intuito de orientar aqueles que usam a língua portuguesa em seu dia a dia. E logo, sem querer, surge mais uma dúvida: dia a dia ou dia-a-dia?

Segundo Domingos Pascoal Cegalla, em seu ‘Dicionário de dificuldades da língua portuguesa’, dia-a-dia, com hífen, quando usado como substantivo composto para designar o viver cotidiano, a atividade ou a rotina diária. Sem hífen, quando for expressão adverbial, equivalente a dia após dia, diariamente, com o correr dos dias. Nomes como os de Tufano, Cegalla, Aurélio e também o da própria Academia Brasileira de Letras pretendem de alguma forma ser um guia a indicar rumos certos, onde estão assinalados os obstáculos e as encruzilhadas perante os quais surgem as dúvidas de milhares de brasileiros e por que não dizer e principalmente de estrangeiros, quando querem usar a língua portuguesa?

Mais um problema: porque, porquê, por que ou por quê? Porque significa: visto que, uma vez que; porquê, motivo de alguma coisa, razão, causa; por que, significando pela qual e por quê, indagação. Felizmente, VANGUARDA conta, semanalmente, com a sabedoria do professor Menelau Jr. e o Diario de Pernambuco, há anos, dispõe, entre seus colaboradores, da mestra Dad Squarisi, que, duas vezes por semana, transmite seus ensinamentos àqueles que são seus assíduos leitores. Estes, certamente, adquirem conhecimentos com os dois mestres supracitados e aprendem segredos da língua, como eu.

A artesã de textos Tereza Halliday – filha do saudoso engenheiro Rômulo Haliday -, considerada caruaruense de coração, em correspondência à sua confreira Dad Squarisi, afirmou: “Dad, achei que você deveria saber desta, enviada por velho amigo, de muito bom português, senso de humor e sempre atento às trapalhadas no uso do nosso idioma. Com admiração, sua leitora fiel, Tereza’. A colaboração deveu-se a uma mensagem que recebera de um de seus leitores (que se assina apenas Giuseppe), nos seguintes termos: “Esta é a indagação que alguém fez para um blog: ‘Algum dos réus já fugiram?'” Agora, quem responde sou eu, ou enfatizando mais ainda, sou eu que respondo: “Se algum fugiram, não foram eu”.

(Colaboração de José Paulo Cavalcanti)