A COP-15, São Paulo e nós

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Dad Squarisi // dadsquarisi.df@@dabr.com.br

Era uma vez um jovem que morava numa cidadinha praiana. Nas caminhadas diárias, recolhia estrelas do mar e as devolvia à água. Questionado sobre a rotina, respondeu: “A maré está baixa e o céu brilhando. Elas vão morrer na areia”. O outro insistiu: “Existem milhares de quilômetros de praia pelo mundo. E centenas de milhares de estrelas espalhadas na areia. Que diferença faz?” O jovem pegou mais uma estrela, jogou-a de volta ao oceano e olhou para o inquisidor: “Para essa”, disse ele, “eu fiz a diferença”. Na manhã seguinte, o homem uniu-se ao jovem.

A história vem a propósito das enchentes de São Paulo e da COP-15. A cidade que não pode parar parou. Rodízio de placas, campanhas educativas, apelos para promover o transporte solidário não conseguiram diminuir os quilômetros de congestionamentos. A chuva conseguiu. Amedrontada, a população deixou os carros em casa. A imagem das vias alagadas e, depois, cobertas de lixo, lembrava cenários hollywoodianos de sociedades exterminadas. Que mal-estar!

Explosão demográfica, crescimento desordenado, ocupação de morros, desmatamento impiedoso escreveram os capítulos hoje em cartaz. São 500 anos de dívidas. Como lhes fazer frente? O Estado tem a sua parte. Mudar o perfil do consumo — intensivo em combustível fóssil — é passo decisivo. Chegar lá implica mudança de mentalidade, caminho lento e penoso. Nós, indivíduos, também temos compromissos. O 15 da Cop-15 provoca. Agenda com 15 medidas simples e acessíveis pode fazer a diferença.

Mudar a cultura do desperdício é indispensável. Que tal apagar as luzes de ambientes vazios? Evitar o pinga-pinga de torneiras? Dizer não ao vazamento de vasos sanitários? Desligar tomadas de eletrodomésticos fora de uso? Abaixar o fogo depois da fervura? Esnobar as sacolas de plástico? Reduzir o tempo do banho? Sem transporte público, combinar carona com amigos ou vizinhos?

Mais. Fazer coleta seletiva de lixo e encaminhar o produto para cooperativas de reciclagem? Doar livros para bibliotecas, escolas ou amigos? Repassar sapatos, bolsas e roupas aposentados? Deixar geladeiras e despensas respirar? Dar utilidade a brinquedos entulhadores? Passar louças e panelas pra frente? Não jogar lixo nas vias públicas, rios ou lagos? É pouco? Talvez. Mas, como diz o jovem da história, faz diferença.