Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Esta foi uma semana repleta de emoções. Uma delas foi ver o mar de Margaridas que tomou conta da Capital Federal.
Elas vieram de todos os estados do país em caravanas de ônibus. Algumas, como as paraenses, levaram 1 dia e 10 horas para chegar a Brasília. Outras, como as gaúchas, levaram em torno de 1 dia e 16 horas. Já as potiguaras, levaram 1 dia e 19 horas. Elas ainda caminharam outros 5,8 km até o Congresso.
Essas são distâncias relativas à capital de cada estado. Levando em conta que as Margaridas são trabalhadoras do campo, das florestas e dos rios, o esforço para chegar a Brasília foi muito maior.
Elas foram recebidas pelo Presidente Lula em praça pública que anunciou um pacote de medidas para a reconstrução nacional e o bem viver das mulheres com qualidade de vida para todas as idades.
Precisamos urgentemente de bem viver. A situação da violência contra as mulheres, por exemplo, segue crescendo assustadoramente.
Enquanto a Marcha das Margaridas seguia em direção ao Congresso Nacional recebemos a notícia que mais uma mulher havia sido assassinada pelo ex-companheiro no Distrito Federal.
Anariel Rosa Dias, de 39 anos, foi a 24a. vítima de feminicído em 2023, violência que ultrapassou os 17 assassinatos no Distrito Federal do ano de 2022.
Como se fosse pouco, na quinta-feira, 17, a noite, a líder quilombola baiana Bernardete Pacífico, de 72 anos, foi assassinada a tiros em Salvador. Bernardete, vítima de feminicído político de gênero, era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e vinha denunciando a violência contra os quilombos.
Precisamos urgente de uma Sociedade do Cuidado que se contraponha à Sociedade da Violência e da impunidade. E de um Estado, em todos os níveis, que tome medidas urgentíssimas para educar os homens para a vida e para o respeito às mulheres.
Convenção e Prêmio Zilda Arns
Ainda na quarta-feira estivemos no gabinete do deputado Aliel Machado (PV-PR), presidente da Comissão em Defesa da Pessoa Idosa (Cidoso) da Câmara Federal.
O encontro aconteceu junto com os parceiros do Fórum Distrital da Sociedade Civil em Defesa da Pessoa Idosa e do Grupo de Pesquisa sobre Envelhecimento Saudável da UnB.
Levamos o nosso apoio à ratificação da Convenção Interamericana sobre Proteção dos Direitos das Pessoas Idosas no Congresso Nacional. O deputado Aliel Machado é defensor das pessoas idosas, inclusive das pessoas com demências. Ele apoia a ratificação, cuja votação vai acontecer na próxima quarta-feira, dia 23.
Também solicitamos apoio ao professor Vicente Faleiros, indicado ao Prêmio Zilda Arns de defesa dos direitos da pessoa idosa. Vicente Faleiros é professor emérito da UnB e tem uma longa lista de atividades em defesa das crianças e adolescentes e também das pessoas idosas.
Um dia depois, na quinta-feira, 17, o Conselho Nacional de Saúde aprovou resolução sobre as diretrizes, propostas e moções aprovadas na 17a Conferência Nacional de Saúde.
Entre elas está a Moção 81 protocolada pelo professor Vicente Faleiros em nome dos delegados que defenderam o envelhecimento saudável na 17a. Conferência Nacional de Saúde.
Apoiada pelo Coletivo Filhas da Mãe, a Moção 81 combate a discriminação por idade (idadismo) no setor da saúde e na sociedade em geral. Propõe a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para monitorar e produzir evidências sobre o etarismo no setor de saúde e para sugerir ações para o seu enfrentamento.
A Moção 81 também propõe a ratificação da Convenção Interamericana sobre Proteção dos Direitos das Pessoas Idosas no Congresso Nacional.
A votação do Prêmio Zilda Arns de Direitos Humanos vai acontecer dia 22, terça-feira. Ainda dá tempo de enviar e-mail aos deputados que participam da Cidoso pedindo apoio a Vicente Faleiros que, no mês passado, completou 82 anos de envelhecimento saudável e ativo.
PS: Em Brasília, no final da quarta-feira começaram as buscas pela psicóloga Ivana de Carvalho, vizinha da Cosette na Asa Sul. Estamos na torcida para que seja encontrada com vida.