Um Dia Houve Uma Artista de Crochê

Publicado em Alzheimer

Ana Castro, Cosette Castro & Convidada

Brasília – No dia internacional do Idoso e da Idosa, data instituida pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1990, nós, do Coletivo Filhas da Mãe,  reforçamos a importância do envelhecimento ativo.

Não concordamos com a  Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID 11, proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) que deverá entrar em vigor no dia 02 de janeiro de 2022. A partir desta data, a CID 11 passa a considerar velhice como doença.

Desde julho de 2021, o Coletivo Filhas da Mãe se juntou à campanha  #velhicenãoédoença solicitando que o termo velhice seja retirado do documento da OMS.

Existe vida depois dos 60 anos. E vida com qualidade, criatividade,  sonhos, projetos,  saúde e muita atividade.

No Brasil vivem mais de  34 milhões de pessoas acima dos 60 anos  responsáveis por 23% do consumo de bens e serviços no país.  Ainda assim,  governo e meios de comunicação  teimam em fazer de conta que este é um país eternamente jovem.

Ao contrário. Somos também o país que envelhece mais rapidamente no mundo. E  somos um dos países  mais fragilizados quanto ao cuidado e respeito ao  envelhecimento.

Não contamos até o momento com políticas nacionais de cuidado que  se preocupem realmente com a prevenção de doenças e estimulem o envelhecimento ativo dos idosos e seus cuidadores, envolvendo estrategicamente toda a família.

Temos, sim, o Estatuto do Idoso, embora parte das políticas públicas neste setor  ainda não tenham sido  implementadas.

Para comemorar os +60, o Coletivo Filhas da Mãe  está disponibilizando a sétima edição do Estatuto do Idoso, publicado pela Câmara dos Deputados  gratuitamente online.

Esta edição  inclui a Lei do Atendimento Prioritário, a Política Nacional do Idoso, a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), o Benefício de Prestação Continuada para o Idoso, a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos (OEA, 2015), o Plano de Ação Internacional sobe o Envelhecimento (Madrid, 2002) e os Princípios das Nações Unidas para as Pessoas Idosas (ONU, 1991).

Já no Projeto Fototerapia 2021 – Relatos da Memória desta sexta-feira, convidamos a funcionária pública aposentada Milena Souto Maior Medeiros para nos falar sobre sua mãe, Maria Concionila Souto Maior Medeiros, de 93 anos.

Milena Medeiros – “Hoje dei-me conta que minha mãe, até pouco tempo uma artista de crochê, já não consegue pregar um simples botão.

Saltou-me à alma a trama da vida e a complexidade de sentimentos causados pela perda e desorganização cognitiva diária decorrentes da demência senil de minha mãe.

Última vez que minha mãe se arrumou para sair com as amigas antes da pandemia

Foi um choque! Mas serviu de alerta para aprender a viver um dia de cada vez, sem me ater ao que ficou para trás, uma história lindamente escrita. E para estimular com intensidade, dedicação e muito mais amor o que ainda transborda de sua mente”.

Estamos terminando o Projeto Fototerapia 2021, Relatos da Memória, relativos ao Setembro Roxo, mês mundial de conscientização sobre o Alzheimer, mas até o final do ano estaremos publicando outros relatos que recebemos neste período. Agradecemos a todas as pessoas que contribuíram compartilhando suas histórias.

#alzheimerquebreosilêncio     #alzheimerfalardiminuiador

Em Tempo: Somos idosas, sim! Com muito orgulho.

2 thoughts on “Um Dia Houve Uma Artista de Crochê

  1. Bom dia. Temos muito a comemorar e muito a continuar lutando, especialmente contra a inclusão do CID 11 de velhice como doença. É tudo que um governo fascista quer ver na lei. Sou um velho de 65 anos e já estou na Ceilândia – Brasília, DF para continuar na luta. Muito obrigado pelo artigo.

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