Assédio moral o trabalho

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com Mamfil e Circe Cunha

Depois de quase duas décadas de sua proposição, o Projeto de Lei 4.742/2001, de autoria do ex-deputado Marcos de Jesus (PE), transformando o assédio moral no trabalho em crime, aguarda apenas uma brecha para ser incluído na pauta de votação do Plenário da Câmara dos Deputados. A nova relatora da proposta, deputada Soraya Santos (PMDB-RJ), apresentou substitutivo em que pede o aumento da condenação de um para dois anos de prisão, além da responsabilização direta do autor desse crime e não mais da empresa, como vinha sendo anteriormente estabelecido. Para a parlamentar, “as mulheres são as mais penalizadas com o assédio”. É necessário, diz, a aprovação desse projeto.

Há várias leis se servem aos juízes de amparo na fundamentação das sentenças. A Carta Magna, a Lei 13.185/15, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática; o Código Civil; a Lei 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais; o Decreto 7.037/2009, que aprovou o Programa Nacional dos Direitos Humanos; o Decreto 6.029/2007, que institui o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal; o Decreto 3.048/99, que aprova o regulamento da Previdência Social; o Decreto 1.171/94, que aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal; o Decreto-Lei 5.452/43, que aprova a Consolidação das Leis de Trabalho; o art.5º do Decreto-Lei 4.657/42, da Lei de introdução às normas do direito brasileiro, que rege que, na aplicação da lei, o juiz atenderá os fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum; o Decreto-Lei 2.848/1940; o Código Penal; a Convenção 11, da Organização Internacional do Trabalho, concernente à discriminação em matéria de emprego e profissão; e Lei 8.213/1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social.

Nos países onde o assédio moral não é tabu, a saída foi registrar as ocorrências como acidente de trabalho. Essa iniciativa foi adotada com base nos estudos da francesa Marie-France Hirigoyen, incansável na luta para esclarecer patrões e empregados, chefes e subalternos sobre como reconhecer o assédio moral, combater, evitar e se defender dessa praga. Graças à divulgação da dissertação apresentada pela dra. Margarida Barreto na PUC /SP, em 2000, sob o sugestivo título Uma jornada de humilhações, o assunto vem paulatinamente ganhando espaço no país nas últimas décadas.

No início deste mês, o Tribunal Superior Eleitoral organizou o Fórum de Debates sobre o Assédio Moral, que contou com a participação do professor Roberto Heloani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que discorreu sobre  “Assédio Moral: a Dignidade Violada”. Ele é especialista no tema e doutor em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro-fundador do site www.assediomoral.org.br. A professora Ana Magnólia Mendes, da Universidade de Brasília (UnB), tratou do tema “Clínica do Trabalho, Sofrimento Ético e Prevenção do Assédio Moral”. A procuradora Renata Coelho, do Ministério Público do Trabalho, expôs sobre  “Assédio Moral Organizacional”, e a professora da UnB Ana Lúcia Galinkin abordou o tema “Assédio Moral e Gênero”.

Segundo o portal www.assediomoral.org, o assédio moral é “a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou mais subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”.

 

A frase que foi pronunciada

“O mais doído é a forma insidiosa como o assédio moral é iniciado. Só fiz alguma coisa quando percebi que estavam tocando na minha identidade, na minha alma.”

Assediada moralmente em depoimento privado.

 

Autossuficientes

» A caminho dos pediatras ou passeando pelo shopping, é comum ver babás levando as crianças no colo, carrinho ou as conduzindo de mãos dadas. Na Inglaterra, os herdeiros do trono dão conta do recado direitinho. As babás, se é que existem, não aparecem.

 

Fundo do poço

»  Em todo o país, os médicos são vítimas de um sistema falido e eivado de corrupção. Em Belo Horizonte, a proposta de aumento salarial foi de 2,53%. É muito humilhante receber essa oferta tendo um trabalho duro e assistindo, pelas mídias sociais, à vida boa de quem enriquece roubando os cofres públicos.

 

Imperdível

»  Amanhã, às 19h, um Concerto Entre Amigos, na Galeria de Arte da LBV. Há limite de público. Carlos Cárdenas, no saxofone, Duly Mittelstedt, ao piano, e músicos convidados. Repertório primoroso em vários estilos. Ingresso R$ 100 com bufê após o concerto.

 

História de Brasília

Não houve nenhuma ordem em contrário quanto à mudança do Ministério das Minas e Energia. A Vale do Rio Doce, que não teve dinheiro para terminar o prédio, atirou-se à obra com imenso ardor e, hoje, centenas de candangos cruzam em todas as direções, para entregar logo o prédio que o ministro pediu. (Publicada em 3/10/1961)

 

Má gestão leva à crise hídrica

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Fôssemos elencar os principais fatores que resultaram na maior crise hídrica de todos os tempos, experimentada agora pelos brasilienses, a questão da má gestão desse recurso preciosíssimo deveria ocupar o primeiro lugar. Por má gestão, incluem-se as de caráter técnico e outras, eminentemente, políticas, mais, precisamente, decorrentes de populismo irresponsável, com forte doses de demagogia e de corrupção.

A falta de água nas torneiras e a ameaça de que o rodízio no abastecimento de água se prolongará por 48 horas seguidas, resultam da mistura desses ingredientes e todos eles decorrem da emancipação política e marota a que a capital dos brasileiros foi induzida a partir da Carta Magna de 1988. Como populismo e planejamento não andam de mãos dadas, o resultado são torneiras secas ou com água cara e de qualidade duvidosa.  Visto pelo lado técnico, o que se pode concluir, logo de saída, é que o crescimento desordenado e explosivo da população não foi acompanhado de um adequado e consistente programa de investimentos, tanto na preservação de nascentes e mananciais quanto na modernização e ampliação dos sistemas de abastecimento, o que fez com que a demanda inflada não acompanhasse a oferta.

Obviamente que fatores climáticos e que fogem da competência direta do GDF tiveram importante papel na crise, mas, de longe, não se configuram entre os principais causadores da escassez crônica de água potável. Nossos políticos locais, embora ainda não dominem a arte da dança da chuva, sabem muito bem como fazer chover em suas próprias hortas, principalmente se essa chuva for em forma de moedas ou de votos.

A transformação das terras públicas em moeda de troca, dentro do princípio “um lote, um voto”, acabou por lançar toda a capital no vale árido e hostil da escassez de água. Durante anos seguidos, essa foi a principal política adotada na capital. A criação desordenada e afoita de enormes conglomerados urbanos, construídos, sem qualquer planejamento, da noite para o dia, ao mesmo tempo em que beneficiavam políticos locais, na consolidação de verdadeiros currais eleitorais, comprometiam seriamente o futuro da cidade e de seus habitantes.

O assentamento de imensas cidades-dormitórios sobre áreas de nascentes e de matas ciliares está entre as causas principais que levaram à atual crise hídrica. Ao contrário do que recomenda o bom senso e a experiência malfadada, a prática ainda é corriqueira e prossegue, apesar das consequências já sabidas.

Um exemplo desse absurdo é constatado na intenção do GDF de implantar a segunda etapa do Setor Habitacional Taquari, na área conhecida como Serrinha do Paranoá. Essa região abriga, segundo os especialistas, centenas de nascentes já mapeadas que alimentam o Lago Paranoá com água de excelente qualidade. Água que pode não carrear votos, mas que vai tornar possível o prolongamento da vida da cidade por mais algum tempo.

 

A frase que foi pronunciada

“A falta d’água pode ser o fim de todas as coisas.”

Filósofo de Mondubim, pensando enquanto lê Tales de Mileto.

 

Muda já!

» Helio Campagnucio nos enviou uma carta que dividimos em notas para resumir a saga que ele e muitos outros consumidores da Caesb vêm sofrendo. Diz o leitor que, há mais de 10 anos, a Caesb cobra 10 metros cúbicos pelo consumo mínimo de água. Mesmo que o consumo efetivo seja de 3 a 4 metros cúbicos. Na maior parte do ano passado, o consumo foi zero, já que a casa ficou fechada. Mas, mesmo assim, foram pagos mensalmente 53 reais para honrar as contas que chegavam .

 

Revolta

» Em julho, inexplicavelmente, veio uma conta de R$ 840, referente ao consumo de 49 metros cúbicos, que, se somado o consumo efetivo de dois anos, não chega a esse patamar. Retiraram o hidrômetro da residência, que nunca teve manutenção em 20 anos, embora fosse cobrada a taxa de manutenção durante anos. A perícia no hidrômetro, sem minha presença, que o hidrômetro está com problema.

 

Abuso

» A empresa monopolista que atua cobrando um consumo mínimo com base em legislação local, o que contraria uma lei federal, vai de encontro ao Código de Defesa do Consumidor,  além de contrariar o Código Civil e outras leis. A legislação que concede a cobrança de consumo mínimo à Caesb não obriga a própria estatal a disponibilizar o total do produto cobrado ao consumidor. Não há boa-fé em se cobrar pelo que não é entregue. Levando em consideração a atual situação de carestia de água, nada mais sensato que cobrar apenas o que for consumido. Correto seria compensar em contas futuras a água não consumida efetivamente.

 

Contraste

» Só em 2017, mais do que os 49 metros cúbicos de água já foram pagos e, agora, cobrados mesmo que não tenham sido consumidos. O patamar de consumo mínimo de 10 metros cúbicos, que são R$ 53, é muito acima do parâmetro da CEB, que cobra por um consumo mínimo de 100KW R$ 15 reais.

 

Para isso?

» Para qualquer consumidor atento a essa situação é desesperador ver a inércia do Ministério Público, a omissão do GDF, do legislativo local e do TJDFT com essa arrogância da empresa e as práticas ilegais, imorais e abusivas. O fim da tolerância chegou quando os salários da Caesb vieram a público.

Filósofo de Mondubim, pensando enquanto lê Tales de Mileto.

 

História de Brasília

Os moradores da 306 (Iapc) estão horrorizados com o que se passa no posto da Texaco, que fica em frente a um dos seus blocos. Brigas, nomes feios, falta de respeito e excessivo barulho são as maiores reclamações. Domingo, ninguém dormiu depois de 4 horas da madrugada, porque dois funcionários estavam brigando.  (Publicada em 3/10/1961)

Reformando ruínas

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Para os brasileiros de boa-fé, soa como verdadeira humilhação saber que servidores do alto escalão dos três poderes da República permaneçam ainda recebendo remunerações mensais que ultrapassam o teto salarial conforme prevê o inciso XI do art. 37 da Constituição. Essa situação ganha contornos ainda mais ultrajantes quando se toma conhecimento que, entre aqueles que percebem os chamados supersalários, a maioria está justamente concentrada no Poder Judiciário, a quem cabe por missão não só dar o bom exemplo de cumprimento da lei, mas observar seus limites, uma vez que se trata de princípio determinado pela legislação em vigor.

A bem da verdade, coube ao Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da Justiça, jogar um balde de água fria na norma, quando estabeleceu, por 10 votos a 1, que quem tiver mais de um cargo público poderá extrapolar o teto salarial, por acumulação de cargos efetivos, como é o caso de professores, médicos, juízes e outros. De outra feita, a Magna Corte aceitou a tese de que gratificações, abonos e outros penduricalhos, aduzidos aos salários, não são levados em conta quando na avaliação das super-remunerações. A hermenêutica não pendeu para a consciência cívica.

Para o contribuinte, é inaceitável o fato de que em plena crise, quando exigências de arrochos são impostas à sociedade e quando se fala em aumento de impostos e outras taxas, servidores, principalmente do Judiciário, continuem a receber tranquilamente salários que, na realidade do país soam como um escárnio.

Caso emblemático vem à tona agora com a divulgação de que o juiz Mirko Vincenzo, da 6ª Vara de Sinop em Mato Grosso, recebeu, em julho, R$ 415,693,02 de salário líquido, sendo que o valor bruto dessa remuneração foi de R$ 503.928,79. Mesmo acrescentando gratificações e vantagens eventuais, chama a atenção que um servidor da Justiça receba quase meio milhão de reais ao mês, enquanto, da própria janela de seu gabinete, possa divisar legião de pessoas em situação de extrema pobreza. Essa situação se torna ainda mais surreal quando se noticia que ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), aos quais cabe fiscalizar o bom andamento das contas e dos gastos públicos, transformaram aquela corte numa espécie de agência de Turismo por Conta da União. Apenas seu presidente, Aroldo Cedraz, passou 61 dias em viagens, 56 deles no exterior, recebendo em diárias e passagens mais de R$ 72 mil.

Nos últimos dois anos, o mesmo ministro passou 171 dias no exterior, visitando 17 países. A situação se repetiu com outros ministros daquela corte, numa demonstração de que existe ainda um enorme e intransponível fosso entre o Brasil real e o Brasil oficial.

 

A frase que não foi pronunciada

“Já está na hora de a Justiça abrir os olhos e se olhar no espelho.”

Turista pensando em frente à estátua de Themis, na Praça dos Três Poderes

 

Anel

» Amanhã, novo desvio no Eixão, sentido Rodoviária/Lago Norte. O DER informa que a mudança começará às 10h. Novo viaduto entre os dois paralelos ao Eixão começam a tomar forma. Até dezembro é a previsão dos bloqueios para a obra.

Saúde

» Também, nesta quinta-feira, às 11h, a Comissão Senado do Futuro, no Plenário 15 da ala Alexandre Costa, apresentará o seminário sobre doenças crônicas não transmissíveis. O senador chileno Guido Girardi, especializado em temas de saúde, é o convidado especial do senador Cristovam Buarque para a ocasião. Girardi legislou sobre o direito dos pacientes, doação universal, fim da caução como garantia ao atendimento, além de leis de controle do tabaco.

 

De graça

» Dois projetos que impulsionam a cena musical da cidade se uniram. Amanhã, o Q Cultural abre a casa, ou melhor, a Quadra 6 do Setor Comercial Sul (SCS), no  estacionamento em frente ao Pátio Brasil, para o coletivo Do Quadrado. Com entrada gratuita, Wilson Bebel e a dupla Tatá e Danu mostram seu trabalho autoral nessa mistura, a partir das 17h30.

 

Participe

» Amanhã também é dia de audiência pública interativa da Comissão Parlamentar de Inquérito da Previdência com representantes do governo federal. A mesa de debate terá como convidados o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Leonardo de Melo Gadelha, o secretário da Previdência no Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, e o representante da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), Fábio Henrique de Souza Coelho. Se você quiser participar com perguntas basta enviá-las para o Alô Senado 0800-61-22-11.

 

Contribuintes

» Assalto do lado de fora do  Banco do Brasil no CA do Lago Norte. O aumento da criminalidade é sentida pelos brasilienses. A impunidade é um estímulo a todas as categorias de crime.

 

História de Brasília

A administração está convalescendo da crise política motivada pela saída do sr. Jânio Quadros. Até agora, foi esta a crise mais cara, que maiores dificuldades trouxe para todo o país. (Publicada em 3/10/1961)

Fazendo a coisa certa

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com Mamfil e Circe Cunha

De frente para o espelho e de costas para a população. Essa continua ser a posição política perseguida com afinco pela maioria dos nossos parlamentares. Desde sempre, a sociedade tem apontado como prioridade máxima, dentro do universo de transformações de que o país necessita, a reforma política. Por esse motivo foi alcunhada de mãe de todas as reformas. O senador Fernando Collor delineou propostas interessantes sobre o assunto. Depois da caça aos marajás, a reforma política seria um tema interessante para o senador defender. Mesmo assim, por mais que se esforce, o parlamento não se move na mesma direção dos anseios populares.

Somente a partir da elaboração de um texto definitivo de reforma política, que atenda aos interesses da nação, será possível se pensar em partir para outras propostas de mudanças que resgatem o país da sua mais severa crise. E é aí que mora o perigo. O texto que avança, agora a passos largos, na Câmara dos Deputados, não só não vem de encontro dos reclamos da população, mas em muitos pontos demonstram o total desprezo e alienação de parte significativa dos legisladores sobre o que ocorre além-muros.

Na verdade, o texto que está sendo preparado a toque de caixa nas comissões, se enquadra muito mais na estratégia pensada para pôr a salvo centenas de cabeças coroadas que estão na mira da Justiça, anistiando uns e soerguendo outros para dentro da blindagem obtida nas urnas. A intenção é aprovar uma meia-sola até a data-limite de 7 de outubro próximo, para que o pacote todo tenha validade nas eleições de 2018.

Obviamente, propostas como o Distritão, ou mesmo o voto distrital misto, previsto para 2022, não são do interesse do eleitor que almeja apenas o voto distrital puro, no qual os eleitos são bem conhecidos da população e, com ela, mantém laços estreitos por serviços relevantes prestados. Para contornar a norma que determinou o fim do financiamento privado os políticos encontraram no chamado Fundão a cura para a ressaca com a perda do dinheiro fácil dos empresários amigos.

Chamada de Fundo Especial de Financiamento da Democracia, a medida prevê a destinação de nada menos do que R$ 3,6 bilhões do orçamento para bancar as despesas das campanhas bilionárias. O Fundão, por pretender arrancar do eleitor/contribuinte recursos que não possui,  nasce sob o signo da maldição popular, e pode, a qualquer momento, desencadear reações imprevistas e indigestas na forma de manifestações virulentas pela insensibilidade com que nossos políticos enxergam a crise medonha.

O que o eleitor almeja, além de campanhas baratas, feitas pelo esforço sincero e próprio dos partidos, são legendas que abracem, como verdadeiras bandeiras, a defesa das necessidades básicas da população, e não o interesse mesquinho de meia dúzia de caciques, que fazem da política meio para  enriquecimento rápido e fácil. O que a população deseja não aparece nas propostas em discussão, o que faz dessa reforma apenas um remendo para um tecido esgarçado e puído que não tem mais jeito de ser remendado. A reforma política que a nação aguarda com ansiedade, definitivamente, não é essa.

 

A frase que foi pronunciada

“Um voto é como um rifle: sua utilidade depende do caráter de quem usa”.

Theodore Roosevelt, 26º presidente dos Estados Unidos de 1901 a 1909

 

Celina

Nosso abraço afetuoso no amigo Celso Kaufman. Celina deixa a comunidade artística desolada. Além das instituições de caridade que ajudava, os artistas de Brasília recebiam o apoio, estímulo e o compartilhamento de um conhecimento vasto em arte. Fica o vazio, mas a lembrança da doçura e da amizade firme na alma.

 

Cariocas

Pode parecer romantismo, mas a atitude dos cariocas resume bem o clima da cidade. Ao ser hostilizado, o árabe que tem uma banca de salgados improvisada recebeu a proteção dos moradores de Copacabana. Protegeram o refugiado com a placa: “Não queremos guerra, queremos esfirras!” É coerente para um país crescido com a força da imigração.

 

Consideração

Se você é pioneiro, certamente já recebeu uma ligação do amigo Geraldo Vasconcelos. Prepare-se para retribuir anotando na sua agenda. O aniversário dele é em Novembro, dia 18.

 

Calma

Provocação ao governador Rollemberg não deve ter resposta. Começam as reclamações pelos megashows em Brasília. Tudo o que os contribuintes querem é ver a verba dos impostos bem usada. Só garantido o pão, deverá ser liberado o circo.

 

Pioneiros

Por falar em verbas, enfim, a comunidade do Gama pode comemorar. A Avenida dos Pioneiros receberá pavimento depois de décadas. Os recursos são do Banco do Brasil e a obra está orçada em pouco mais de R$ 3 milhões.

 

Nadar

Até 23 de agosto estarão abertas as inscrições para o 25h Nadando. É a 24ª edição do evento. No Centro Olímpico da UnB ou na 504 Sul, unidade do Sesc, garanta sua vaga. Mais importante que competir é estar presente.

 

História de Brasília

O subprefeito da Cidade Livre encontrou e fechou dois matadouros clandestinos de porcos. As condições de higiene eram de tal forma precárias que ameaçavam a saúde da vizinhança. (Publicada em 3/10/1961)

Decadência

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com Mamfil e Circe Cunha

 

Na terça-feira, o assassinato brutal da servidora Maria Vanessa, 55 anos, na SQN 408, trouxe, mais uma vez, à tona a questão da insegurança nas quadras residenciais do Plano Piloto. Nesse caso específico, o crime aguardava apenas a hora e os sujeitos para acontecer. Em situações idênticas, com tantos fatores concorrendo para o desfecho do fato, espera-se apenas saber quem vai ser a próxima vítima.

Da mesma forma, permanecendo as mesmas condições, outros crimes de igual impacto virão a qualquer momento. Enquanto as autoridades continuarem surdas aos insistentes apelos feitos diuturnamente pelos moradores daquela quadra, novos episódios de violência ocorrerão. Enquanto não forem adotadas medidas urgentes para deter o consumo e a venda desenfreada de drogas naquela região, rotineiramente denunciados pelos moradores, não haverá sossego nem paz.

Muitos moradores confessam que, quando a noite cai, o pavor de sair do apartamento para dar uma volta pela quadra é tamanho que o melhor é ficar dentro de casa. Nas madrugadas, as discussões e brigas violentas se repetem. Para os moradores, ficou a certeza de que não adianta acionar a polícia. Ela quase nunca aparece, uma vez que apelos semelhantes são feitos a cada minuto por moradores desesperados, principalmente aqueles que habitam nas cercanias de bares e biroscas.

Amedrontados e presos dentro de casa, os moradores daquela quadra assistem, desanimados, à transformação do endereço em um lugar perigoso para si e sua família. Uma das consequências desse abandono e insegurança é que os imóveis têm perdido a cada dia o valor de venda. Transformada em lugar seguro para o consumo de drogas, de sexo, de bebedeira, além de ser usada como banheiro público, a SQN 408, que, no passado, era um endereço tranquilo, próxima à Universidade de Brasília e, por isso mesmo, escolhida como morada por diversos estudantes, foi transformada no que é hoje: manchete de caso policial.

A região, como outras da cidade, ilhadas por bares e botecos de gosto e frequentadores duvidosos, caminha para se tornar mais um lugar onde a violência e o abandono estabeleceram morada fixa. Pior, com a anuência das autoridades. Solução para esse caso específico há. As autoridades e os moradores sabem muito bem o que fazer. Infelizmente, as providências corretas ainda não foram adotadas porque tragédia semelhante ainda não ocorreu com algum figurão da República. Mas ocorrerá. Não tenham dúvidas

 

A frase que foi pronunciada:

“Como a luz numa masmorra faz visível todo o seu horror, assim a sabedoria manifesta ao homem todos os defeitos e imperfeições da sua natureza.”

Marques de Maricá

 

Cientista

» Um braço da USP se estende até Montenegro, a 250 km de Rondônia. O infectologista Luís Marcelo Aranha Camargo foi o precursor dos estudos e obteve o apoio da universidade para instalar o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB5) para realizar atendimentos e pesquisas sobre doenças tropicais.

 

Ação

» Partiu do senador Ricardo Ferraço um requerimento que pede voto de censura ao presidente do país, Nicolás Maduro. A democracia deve ser respeitada conforme tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

 

Saída

» Multiplicam-se as clínicas médicas por todas as regiões administrativas, com preços mais acessíveis. Razão: a falta de atendimento nos hospitais públicos.

 

Cenário (ainda)

» Em pauta, o desemprego. Debaixo de um bloco, três rapazes conversavam. Um, formado em administração, só conseguiu lugar como corretor de imóveis. Outro, formado em marketing, trabalha em uma gráfica. O caçula da turma fala três idiomas, é formado em relações internacionais, está sem emprego e estuda para concurso.

 

Unanimidade

» Aprovado o projeto do senador Cássio Cunha Lima que permite a penalização de juízes que violem direitos ou prerrogativas de advogados. Para Jacques Veloso de Melo, a aprovação da proposta na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) “garantirá ao profissional da advocacia que o exercício da defesa do direito seja respeitado e realizado com todos recursos e instrumentos garantidos em lei”.

 

Para os gênios!

» Da Amazônia à Mata Atlântica, passando pelo cerrado, são inúmeras as oportunidades para tecnologias digitais que podem revolucionar o campo. Se você é estudante e gosta de desafios, conheça os temas do Hackathon Acadêmico Embrapa 2017. As inscrições estão abertas e os eventos acontecem simultaneamente em seis cidades brasileiras. Monte seu time e participe!

 

Exibição

» Novamente a calourada da UnB com consequências indesejáveis. Desta vez foi em um bar entre a 408/409 Norte, quando um rapaz resolveu subir em um semáforo e depois do exibicionismo despencou. A cena foi gravada. A garotada gritava: Cai, cai, cai. Foi o que aconteceu.

 

História de Brasília

Na Superquadra 208 Sul, a administração fez calçadas, para que, nas próximas chuvas, os moradores estejam resguardados da lama. Mas não adiantou nada, porque os próprios moradores estão destruindo essas calçadas, passando carros por cima. (Publicada em 3/10/1961)

As consequências dos desajustes

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Uma sociedade harmônica é aquela que funciona como relógio, em que cada uma das inúmeras partes que a compõem funcionam a contento, visando concorrer para um objetivo comum que pode ser resumido no binômio equilíbrio e paz social. Nesse sentido e diante do quadro geral de crise que, há anos, experimentamos, é perfeitamente possível identificar, em muitas das instituições que integram o conjunto da sociedade brasileira, a necessidade urgente de ajustes profundos e incisivos em muitos de seus elementos, sendo que, em determinados casos, seria preciso substituir alguns modelos por outros totalmente novos, de modo que o conjunto volte a atender aos objetivos para os quais foram criados.

O Estado existe em função da sociedade e não ao contrário, como nos encontramos na atualidade. Toda a organização obedece a um único propósito: atender às demandas do cidadão contribuinte que, afinal, é o provedor da máquina pública, via impostos, e orquestrador de seu funcionamento, por meio do voto nas eleições.

Qualquer outro motivo que tente submeter o cidadão às chamadas razões do Estado são arbitrárias e ferem os princípios básicos da harmonia e da paz social. A crise econômica, o desemprego, a violência urbana, a corrupção de pessoas e de instituições inteiras, a desigualdade social, a falta de ética, a decadência e o abandono das escolas e dos hospitais públicos e outras mazelas presentes por anos em nossa sociedade têm um ponto e uma origem em comum: o divórcio histórico entre o Estado leviatã e o restante da população.

Um bom exemplo desse descolamento entre Estado e sociedade pode ser aferido se observarmos o receituário pregado pelos seguidos governos para conter a crise e o que de fato entende grande parte da população sobre o que deve ser feito. Para o governo, faz-se necessário aumento de impostos, taxas e contribuições em geral. Para os brasileiros, contudo, esses ajustes só terão sentido e eficácia duradoura se forem feitos cortes nos gastos astronômicos da máquina pública, eliminando despesas desnecessárias, como supersalários, mordomias indecentes e privilégios inexplicáveis, além, é claro, do enxugamento e redução no tamanho do Estado.

Obviamente que essas medidas deveriam ser seguidas de outras como o combate, sem tréguas, à corrupção, com a Justiça agindo em sua plenitude. É entre o receituário justo sugerido pelos brasileiros e o que propõe o governo para manter o status quo que reside o impasse que nos mantém presos num passado de subdesenvolvimento, reféns de lideranças obtusas e sem escrúpulos.

 

A frase que não foi pronunciada

“Foi-se o tempo em que o trabalho dignificava alguém. Voltamos a ser engrenagens de um sistema perverso.”

Chaplin, tentando inspirar alguém para um filme

 

Imperdível

» Hoje, às 11h, palestra, no auditório da ADUnB, do cientista Aaron Ciechanover, que recebeu o Nobel de Química, em 2004, com Avram Hershko e Irwin Rose. O evento faz parte das comemorações de 55 anos da universidade.

 

Carta

» Nossos agradecimentos pelo carinho do leitor José Ribamar Pinheiro Filho, que nos acompanha por longos anos. Em sintonia com a coluna, ele elogia o papa dizendo que, “desde que se tornou líder da Igreja Católica, Francisco vem sendo apontado como um dos pontífices mais populares dos tempos modernos, sendo mais admirado até do que João Paulo II. Acho que os gestos humildes do papa Francisco conseguiram ajudar a imagem da Igreja como não acontecia havia muito tempo”.

 

Release

» No próximo dia 12, o Instituto Sociocultural Amigos do Bem (Isabem), localizado em Samambaia Sul, receberá uma grande ação de voluntariado do Itaú Social. A mobilização beneficiará cerca de 200 crianças e adolescentes. Oficinas de mediação de leitura e uso consciente do dinheiro, cortes de cabelo, atendimento odontológico e atividades recreativas. Das 9h às 13h, no Instituto Sociocultural Amigos do Bem (Isabem), na QS 106, Conjunto 2, Lote 2,  Samambaia Sul (atrás do Superbom).

 

Viva o Detran!

» Detran é defendido com unhas e dentes pelos comerciantes do Shopping Popular. Cogitar a mudança do departamento para outro local gerou desespero entre os proprietários dos box.

 

Do Bem

» Quem quiser investir no MovSinfo fará uma boa ação que poderá se estender por todo o DF. Crianças e adolescentes das escolas púbicas de Brasília que fazem parte do projeto estão prontas para alçar voos mais altos pela arte. Vale conhecer. Peça informações pelo telefone 98121.3541

 

Que vergonha!

» Referência no tratamento de Aids, Brasília passa por uma situação constrangedora. Faltam os reagentes que apontam a carga viral dos pacientes. Os estoques do laboratório central da Secretaria de Saúde não têm o material. Imperícia ou negligência?

 

História de Brasília

O DCT (agência do Aeroporto) voltou ao seu antigo box, saindo da ala internacional. São acomodações também acanhadas, enquanto, em frente à administração do Aeroporto, há uma área envidraçada sem uso. (Publicada em 3/10/1961)

Aos bons, o ostracismo

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Por que será que a maioria dos políticos de bom comportamento, ética, com ficha limpa e respeitada por seus eleitores, quase nunca são lembrados ou indicados por seus respectivos partidos para ocupar cargos no governo? Não raro, deputados e senadores de boa índole moral são sempre alijados na hora de se apontar nomes para ocupar funções de relevância no governo ou dentro da própria legenda. E mais: quando votam com os eleitores e cumprem o preâmbulo da Carta Magna, a primeira providência do partido é a expulsão.

Por alguma razão misteriosa ficam no mais absoluto ostracismo, empurrados para o canto da sala, nem sequer participam das reuniões internas, exercendo o mandato numa espécie de gueto, distante do que chamam “grandes discussões”. A primeira explicação que aparece para clarear esse fenômeno talvez seja a sabedoria do filósofo de Mondubim: “Não se convocam ovelhas para a convenção de lobos”.

Por certo que esse dilema deixa à vista um comportamento que, com o tempo, se tornou padrão na maioria dos partidos. Pessoas absolutamente probas não brilham entre seus pares políticos, embora com eles convivam até de forma amigável. Os nomes e as situações em que esses fatos se verificam são numerosos e se repetem com certa monotonia desde o Brasil Império.

Qualquer pesquisa mostra que esse comportamento, além de comum, tem lógica dentro das primícias políticas que ganharam campo entre nós. Como ensinava Maquiavel: “Quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhias mendigos, monges, eremitas e apóstolos”.

A refinada ciência política, tão importante para as relações humanas e para a construção de uma sociedade justa, se degenerou a ponto de se transformar na arte do malabarismo e da prestidigitação malandra. Talvez, por esse motivo, vemos com frequência o desfile dos mesmos e indecifráveis rostos. Entra e sai governo e eles lá estão, com a mesma gravata da sorte e a pastinha sob os braços, repleta de pedidos inconfessáveis e dossiês comprometedores. Nem mesmo mestres do pensamento, como Norberto Bobbio, tinham explicação para o fenômeno que aflige também outros lugares do mundo. “Quando sinto ter chegado ao fim da vida, disse, sem ter encontrado uma resposta às perguntas últimas, a minha inteligência fica humilhada, e eu aceito esta humilhação, aceito-a e não procuro fugir desta humilhação com a fé, por meio de caminhos que não consigo percorrer. Continuo a ser homem, com minha razão limitada e humilhada: sei que não sei”.

Talvez uma explicação para este comportamento político entre nós esteja no fato de que 62% dos deputados na atual legislatura e 73% dos senadores possuem laços sanguíneos com outros políticos.

 

A frase que não foi pronunciada

“A melhor hora para formar o caráter de uma criança é uns cem anos antes de seu nascimento.”

William Ralph Inge, escritor inglês

 

Agefis

» Pouco a pouco, um setor improvisado de galpões na EPPN, altura do condomínio Porto Seguro, está tomando proporções incontroláveis. Colado ao pinheiral do Paranoá, dia a dia aparecem novas construções.

 

Acredite se quiser

» No Brasil, com a violência comparada à guerra de outros países em relação ao número de mortos, já poderiam haver parcerias que favorecessem a doação de órgãos. De acordo com o Ministério da Saúde, 87% dos transplantes de órgãos no país são realizados pelo SUS.

 

Realidade

» A falta de estrutura e de pessoal é tanta, que o IML, para atender a demanda do DF, deixa corpos assassinados mais de 24h expostos. Se morreu perto da família, a situação é mais sofrida.

 

Ah! Bom!

» Chegando 2018 e com ele as eleições é preciso redobrar a atenção nas pesquisas de opinião. As perguntas e porcentagem eram: O que é melhor para o país? Novas eleições, 62%; Temer continuar? 19%; Dilma voltar, 12%; e outras respostas/não sabe, 7%. A fonte da pesquisa é a CUT Vox Populi.

 

DataSenado

» Por falar em pesquisa, no DataSenado, coordenado por Marcos Rubem de Oliveira, a amostra é escolhida aleatoriamente e segue cada parâmetro estatístico, o que atribui a validade científica ao trabalho. Todos os estados do país são consultados nas pesquisas. Há várias enquetes na internet e pesquisas também são feitas por telefone.

 

Solidão

» Lá estava ele. Solitário, com um bambu segurando um cartaz de protesto. André Rhouglas, 56, morador de Ponte Nova, em Minas Gerais, foi o único manifestante na Esplanada na decisão sobre o destino do presidente Temer.

 

Exportação

» Asmarana é um remédio natural elaborado a partir do óleo de rã-touro. Cura a asma. Não é mais encontrado nas farmácias brasileiras. Ao que parece, medicamentos produzidos no Brasil e rejeitados pela Anvisa estão ganhando o mundo.

 

História de Brasília

A possibilidade da venda dos apartamentos aos atuais ocupantes está despertando uma campanha nos ministérios militares, pela qual esses ministérios adquiririam os apartamentos para seu próprio patrimônio e alugariam aos seus integrantes, posteriormente. (Publicada em 3/10/1961)

 

 

      Economia circular

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com Circe Cunha  e Mamfil

Cabem aos seres humanos resolverem , o quanto antes, os problemas criados por eles mesmos , sobretudo no que diz respeito as relações econômicas, baseadas hoje na produção e no consumo em larga escala. Trata-se aqui de um problema de dimensões planetárias e que agora estão a exigir mudanças revolucionárias, a começar pela reeducação de cada indivíduo, colocando-o realisticamente diante da dupla opção: ou mudar a forma e sua relação com o mundo, ou buscar viver em outro planeta distante.

O esgotamento dos recursos naturais é uma realidade inconteste e da qual não há fuga ou plano B. O consumo diário e crescente de sete bilhões de indivíduos tem exigido, cada vez mais, recursos naturais que vão muito além da capacidade do planeta em prover. O resultado dessa de compensação pode ser evidenciado não apenas no grande número de conflitos armados e nas grandes levas de pessoas que migram em busca de oportunidade e alimentos, mas sobremaneira pela transformação paulatina do equilíbrio ecológico, com a advento do aquecimento global , escassez de água e poluição em níveis alarmantes de todo o ecossistema .

Mais do que em qualquer outra época na história da humanidade, estamos postos agora diante de uma grande encruzilhada. Esse é por exemplo a questão dos lixões à céu aberto e os aterros sanitários e que recentemente vem preocupando autoridades e a comunidade aqui no Distrito Federal. Na busca de uma solução adequada para o descarte de tamanha quantidade de lixo e outros dejetos, temos que reformular o problema em sua origem, mudando nossa forma de produzir e de consumi-los .

Dentro dos modelos que temos atualmente de consumismo desenfreado, feitos a qualquer preço, é óbvio que não poderá existir solução definitiva para as montanhas de lixo produzidas diariamente. Algum dia, todo esse lixo acabará por engolir a todos nos. Com a economia compartilhada, em que o indivíduo divide o uso dos bens econômicos duráveis, dispondo para todos o que antes pertencia apenas à uma só pessoa, surgiu também e vem ganhando cada vez mais adeptos a chamada economia circular.

Inscrita no desenvolvimento sustentável, é também conhecida como ecologia industrial e propõe , basicamente, que os resíduos da indústria sirvam para o desenvolvimento de novos produtos, dentro de um ciclo de reaproveitamento dinâmico e constante., mantendo esses resíduos dentro de um modelo circular positivo ou quase infinito. Em seu aspecto prático a economia circular propõe o prolongamento máximo da vida útil dos produtos, objetivando “ manter componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo”.

Dentro desse novo modelo é privilegiada a mobilidade sustentável e o transporte público, entre outras medidas racionais de uso e desuso. Seus princípios são basicamente a preservação e o aumento do capital natural, a otimização na produção de recursos, o fechamento dos ciclos da economia , onde o desperdício não mais existe, os bens são reparados e reutilizados, com as matérias-primas vindas da reciclagem e não mais da extração direta da terra.    Além desses princípios contam também a promoção de um novo paradigma societário, em que as relações sociais entram , transformando o consumidor em utilizador do produto, partilhando em vez de acumulando bens.

Dentro dessa nova forma de pensar a economia do planeta, cunhada em 2011, por Reinaldo Pamponet será importante também na eficácia do sistema, reduzindo danos a produtos e serviços necessários aos humanos como alimentos e habitação. Da economia compartilhada poderá nascer um homem novo ciente de suas responsabilidades com a preservação do planeta e da espécie.

 

A frase que não foi pronunciada:

“ Não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante todos.”

Salvador Allende

 

Trombone

No cafezinho da Câmara um grupo falava sem censura pela altura da voz que o Congresso se transformou em Mercado de Pulgas.

 

Segredo

O próximo capítulo da novela política brasileira será a quebra de solidariedade entre Sindicatos. Os dirigentes que desestabilizaram o grande protesto convocando filiados para antecipar a greve estão na mira dos petistas. O frágil suflê que antecipa as eleições 2018 está quase desandando.

 

Apelo

Fenaj apela para o STF contra a posse de Valéria Baptista Aguiar que foi indicada pela Associação Comercial do Rio de Janeiro para ser suplente na categoria jornalista no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. Como não tem registro profissional da categoria a sugestão da Fenaj é Maria José Braga como titular e Beth Costa para suplência.

 

Na real

Fátima Bezerra disse em uma Comissão que estão comprando mandato parlamentar. Na verdade, os próprios parlamentares são convenientes com essa prática quando permitem que alguém sem ter recebido um voto sequer ocupe as responsabilidades de um senador ou deputado.

 

Ética

Agora, se a senadora Fátima Bezerra se referia ao uso do orçamento público no montante de R$ 4 bilhões para a liberação de emendas, uma lavradora de Buritirama, na Bahia ensina. Receba tudo o que derem de emenda para melhorar o Brasil e mantenha o seu juramento de votar no que for melhor para o país.

 

História de Brasília

Hoje é domingo. Você que tem prestígio na sua repartição, que tem carro oficial sob sua guarda, lembre que o carro não é de sua propriedade. Respeite o que é do governo, para poder merecer essa confiança. (Publicada em 01/10/1961)

 

Ser novo é…

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com Circe Cunha  e Mamfil

Aqui e ali aparecem políticos, no seu sentido real e necessário à comunidade, que se destacam em meio ao mar de egoísmo que inunda a atual legislatura no Congresso Nacional. São esses indivíduos que, justamente por terem luz própria, adquirida tanto na árdua formação intelectual como na experiência de vida, repleta de dissabores e desafios, fazem a diferença e acabam por justificar a própria existência do tão desgastado Poder Legislativo.

Seguidor das ideias de Darcy Ribeiro, também senador e um dos fundadores da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque é um desses raros homens de ideias a habitar o mundo iletrado, primitivo e desleal da política nacional. Talvez por essas características pouco usuais, Cristovam não tenha se destacado como um igual junto aos pares, sendo pouco prestigiado e até alvo de críticas injustas, principalmente vindas de ex-companheiros do Partido dos Trabalhadores.

Seus ex-correligionários não perdoam o fato de o senador ter despertado para o grande engodo que é Lula e seu entorno imediato. O fato de ser atacado agora por petistas só aumenta a certeza de que o representante de Brasília no Senado fez a coisa certa ao despir a fantasia da ilusão, afastando-se do seu conterrâneo, cego de poder e vaidades vãs.

Tampouco a bandeira agitada por Cristovam no Congresso faz sucesso. Falar em educação, em meio a pessoas cujo interesse imediato não vai além das próximas eleições, é como pregar no deserto. Nesse sentido, tanto Darcy Ribeiro como Cristovam Buarque e mesmo outros educadores como Anísio Teixeira, por suas pregações pela importância do saber na vida humana, discursam para plenários vazios, povoados por gente de orelhas moucas e pouco interessada nas coisas do humanismo, da ciência e da cultura.

Por certo, nesta altura de vida, o velho senador já tenha se convencido da ineficácia de revolucionar o país por meio da educação de massa, a partir do Legislativo. A ideia de que o Brasil possa repetir o sucesso da Coreia do Sul, que, pela educação, libertou o país do subdesenvolvimento, parece sonho distante, principalmente nestes tempos em que a falta de alma de nossas lideranças é exposta à luz do dia, para o horror de todos.

No derradeiro artigo em que tratou da importância do novo para a construção do futuro, Cristovam mandou um recado para seus pares ao aconselhar que “o novo está mais no dinamismo decorrente da coesão social do que na disputa de interesses de grupos, corporações e classes”. Na sua opinião, “ser moderno é servir aos interesses do público”. O novo, diz, está na educação de qualidade capaz de construir uma sociedade do conhecimento, da ciência, da tecnologia, da informação, da cultura. Obviamente que pregações com esse teor não possuem o dom de atrair a luz da mídia, muito menos a adesão dos mandatários, mas, sem dúvida, marcam a única direção possível, justamente aquela que, por uma maldição divina, por séculos insistimos em recusar.

 

A frase que foi pronunciada

“A diferença entre um estadista e um político comum é que o primeiro deixa seu país e o mundo muito melhores do que encontrou.”

Mário Vargas Llosa, escritor peruano

 

Do leitor

» As Quadras 108/308 Norte são as únicas fechadas, ou seja, em que a W-1 é interrompida pela existência de uma escola. Se, de um lado, é bom pela tranquilidade de não termos o fluxo de veículos grandes, proporcionando maior segurança às nossas crianças, o mesmo não ocorre em relação às motocicletas (leia-se os motoboys), pois, para evitarem a volta pelo Eixo-N ou pela W/3, o que fazem? Passam sobre as calçadas, grama e ciclovias, pelas laterais da escola, por trás dos prédios das quadras mencionadas ou entre os blocos dos comércios locais, infernizando, à noite principalmente, com mais intensidade nas sextas, sábados e domingos, o sossego dos moradores com o ronco barulhento das motos que, seguramente, ultrapassam os 80 decibéis legalmente estabelecidos. Opinião de José Airton de Brito.

 

Estudos

» Hoje termina a segunda chamada para os CILs. Os Centros Interescolares de Línguas são o que há de melhor na educação pública oferecida pelo governo. O projeto recicla alunos e professores da rede que têm a oportunidade de aprender novo idioma. Só há elogios para essa iniciativa.

 

Metrô

» Por falar em elogios, as estações de metrô continuam limpas e agradáveis. Pena que tenha pouca arte integrada.

 

Estranho

» O caso aconteceu no BRB. Ao depositar um maço de dinheiro recém-retirado de outro banco, com a cinta de papel descrevendo o valor, o cliente recebeu um aviso. Havia uma nota suspeita no conteúdo e por isso foi retirada do valor total do depósito. E ficou por isso mesmo.

 

História de Brasília

Lamentável foi a presença do Departamento Federal de Segurança Pública nesses acontecimentos. Uma nota inverídica, forjada sob o espírito do DIP, falava em princípio de incêndio logo debelado, quando toda a cidade viu o avião se queimar durante uma hora, até que nada mais restasse. (Publicada em 1º/10/1961)

Brasília já é anciã

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com Circe Cunha  e Mamfil

Com mais de meio século de inaugurada, pouquíssimo se comparada às grandes capitais do planeta, Brasília já apresenta sinais visíveis de envelhecimento e decadência precoces. O crescimento desordenado, a partir de meados dos anos 80, propiciado sobretudo por medidas como a emancipação política da capital, acelerou o processo de desurbanização.

A especulação imobiliária desenfreada e a transformação das terras públicas em moeda de troca política em pouco tempo ajudaram a descaracterizar a capital planejada, aproximando-a das demais cidades brasileiras no quesito favelização e caos urbano. A crise econômica, detonada pelos governos petistas no plano federal e local, fizeram o resto.

Hoje a escassez de recursos e o pouco interesse das autoridades só fazem aumentar e prolongar a deterioração da urbe, ameaçando o status de Patrimônio Cultural da Humanidade, reconhecido pela Unesco. O processo de conurbação, interligando as cidades do DF ao Plano Piloto, ocasionado pelo inchaço populacional sem controle e incentivado por falsas lideranças políticas, contribuiu para aumentar, ainda mais, as mazelas da capital, que hoje sofre com problemas típicos de cidades grandes e antigas, como congestionamentos de trânsito diários, superlotação de hospitais e escolas, além de problemas nas áreas de transporte, segurança e de abastecimento de água, de energia e de coleta adequada de lixo.

O resultado do declínio anunciado é que a capital planejada de todos os brasileiros é, hoje, uma cidade caminhando a passos largos para a decadência, sem ter conhecido o apogeu. O mais preocupante é constatar que os bilhões arrecadados anualmente da população, somados aos repasses da União, que totalizam aproximadamente R$ 30 bilhões, não são suficientes para recolocar a cidade nos trilhos da normalidade.

Para uma urbe que ainda é capaz de despertar a curiosidade do mundo pelo arrojo da arquitetura, Brasília fica a dever muito. Nossas ruas são mal-iluminadas, sujas, sem calçadas e sem segurança. Os turistas, quando anoitece, não se aventuram a sair dos hotéis. Nossa principal avenida (W3 Sul e Norte), cortando o Plano Piloto de ponta a ponta, é o retrato do abandono e da falência.

Os principais pontos culturais como o Teatro Nacional, Espaço Renato Russo, Museu de Arte de Brasília (MAB), Biblioteca Demonstrativa e outros se encontram abandonados e em forma de escombros. O mais triste é que esses problemas, que vão se avolumando aos poucos e ganhando proporções de uma catástrofe, foram previstos há muito tempo, aqui mesmo neste espaço, sem bola de cristal e sem exoterismos. Bastou observar o vaivém enlouquecido das saúvas locais, quando se anunciou que Brasília havia, finalmente, atingido a maioridade política. Não deu outra.

 

A frase que foi pronunciada

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos.”

Bertolt Brecht, dramaturgo alemão

 

Beleza

» Festa do Morango é sucesso em Brazlândia. Produtores rurais se reúnem para mostrar o melhor da produção. O pessoal do artesanato aparece também com todo tipo de criatividade em torno do morango. É uma festa bonita que vale para os moradores e para os turistas com ônibus fretados pelos hotéis do Plano Piloto. O evento completa 40 anos com participação das principais entidades representativas da cultura japonesa no Distrito Federal, a Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão.

 

Mais uma

» Por falar em Japão candango, começa no primeiro fim de semana de agosto a Quermesse do Templo Budista. A festa mais concorrida e organizada da cidade. Atendimento rápido nas filas para a compra das fichas e entrega dos alimentos, além do atendimento atencioso.

 

Arrastão

» Passageiros de ônibus para algumas satélites passam por apuros principalmente à noite. Começaram a agir na capital os bandidos que assaltam ônibus. Com o motorista na mira de uma arma, os criminosos, geralmente menores de idade, entram nos coletivos e levam o que podem dos trabalhadores. Alguns ladrões de moto começam o serviço nas paradas. Não há como chamar a polícia. Depois do apuro, são poucos os que acreditam que um Boletim de Ocorrência vá resultar em alguma solução.

 

Mediador

» O apoio do PSDB a Temer tem provocado racha entre correntes do partido. Um grupo quer rompimento imediato, outro defende a permanência na base do governo. O senador cearense Tasso Jereissati, presidente interino da legenda, tem sido mediador dos diálogos. Ele tem defendido o “compromisso com o Brasil”.

 

Pouca verba

» Em Fortaleza, os músicos se reúnem durante o pôr do sol à beira-mar atraindo a população e turistas. O sucesso é tão grande que a Secretaria de Turismo de Fortaleza resolveu apoiar o projeto. O custo-benefício valeu.

 

Xadrez

» O jogo da política traz cenários inesperados. O PSDB ainda está com cada pé em um barco em relação ao apoio ao governo Temer. Quem está no centro do fogo cruzado é o senador Tasso Jereissati, tentando administrar a crise. A frase-chave que ora convence o político mais responsável é: “Nosso compromisso tem que ser com o país.”

 

História de Brasília

Outra posição simpática foi a da Varig, que defendeu o seu prestígio internacional com esclarecimentos cristalinos, fugindo ao rifão já batido de notas oficiais iniciando com o “lamentamos comunicar…” (Publicada em 1/10/1961)