Desenhando a própria forca

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com Circe Cunha  e Mamfil

Se for analisada de perto e pela lupa da razão, por certo que a crise cíclica que assola o país e particularmente os estados, tem, como alguns de seus componentes básicos e originários, a total falta de competência, preparo e disposição da maioria das autoridades responsáveis pela administração da máquina pública.

É certo que, ao se aliar a incompetência e o despreparo habituais de nossas lideranças políticas aos atributos nefastos da corrupção e da falta de ética — que rói por dentro os recursos que seriam destinados ao bem-estar — à seguridade e à segurança da sociedade, o que vemos e sentimos bem na nossa frente é um país mergulhado no mais absoluto caos.

Em outras palavras, o que temos no comando da administração pública de modo geral, com as exceções de praxe, são dirigentes subescolarizados. E o que é pior: coniventes com práticas desleais, para não dizer criminosas. A falta de preparo intelectual é, em nosso caso, substituída pela mais refinada esperteza, misturada com uma certa dose de malemolência, que faz da população presa fácil e dócil para a perpetuação dessas anomalias históricas.

De outra forma, como explicar que, sendo o quarto maior mercado de automóveis do mundo e o quinto produtor global desse bem econômico, ocupamos o primeiríssimo lugar do planeta no quesito preço alto dos carros? Como entender que, sendo o maior produtor mundial de proteína animal, com o maior rebanho bovino da Terra, os preços desse produto internamente são os mais altos e, portanto, mais inacessíveis à população?

Da mesma forma, como explicar que, sendo o Brasil um dos campeões globais na produção de grãos, persistimos com valores tão altos? Com 8,5 mil km de costa marinha, nosso peixe é o mais caro. O mesmo se repete com a extração e o refino do petróleo. No entanto, contamos com a gasolina e o diesel mais caros e de qualidades duvidosas do que países onde não se acha uma gota sequer de petróleo.

Uma das explicações que melhor nos aproxima da verdade dos fatos é que prosseguimos com uma das maiores e mais vorazes máquinas públicas do planeta. Operada e habitada por uma elite, na sua maior parte formada por pessoas oriundas de nossas escolas deficientes que insistem em manter o comportamento duvidoso e oscilante de seus ancestrais. E que, obviamente, só estão onde estão porque anseiam ser iguais aos seus antepassados, dentro da perspectiva de que “quem sai aos seus não degenera.”

É por motivos prosaicos como esses que chegamos ao ridículo de assistirmos impassíveis à publicação agora de um edital público oferecendo prêmios às melhores ideias para a geração de receitas extra-tributárias para o Governo do Distrito Federal, organizada pela Escola de Governo (EGOV). É o mesmo que sugerir aos enforcados que projetem um modelo inovador de força ou de guilhotina.

 

A frase que foi pronunciada

“O principal ‘veneno’ da educação dos filhos é a culpa. Culpa de trabalhar fora, quando pensa que devia estar com os filhos. Culpa de estar com os filhos, quando acha que devia estar trabalhando.”

Içami Tiba

 

Saúde

» Hospital Sirio-Libanês, unidade de Brasília, inicia uma campanha com a intenção de chamar a atenção da população da cidade para o câncer de cabeça e pescoço. Esse é o quinto tumor mais comum do mundo. Hoje é o Dia Mundial de combate às duas doenças. Sintomas como nódulos ou caroços no pescoço, feridas na boca que não cicatrizam, dificuldade para engolir ou respirar, e alterações persistentes na voz devem ser observados com atenção. Segundo o oncologista Igor Morbeck, é importante consultar-se regularmente com um dentista. “Geralmente, o dentista é o profissional habilitado para o diagnóstico precoce”, destaca.

 

Memória

» É sempre prazeroso encontrar alguém para rememorar Brasília nos primeiros tempos. De repente, atendo a ligação da dona do Mundo da Criança, única loja de brinquedos da cidade nos anos 1960. Dona Eunice Beze. Com uma memória prodigiosa, ela resolveu, para o bem da história da cidade, escrever um livro sobre tudo o que foi, segundo ela, visto, lido, ouvido e vivido na época. Aguardamos ansiosos pelo resultado.

 

Show

» Agnaldo Timóteo vem a Brasília em 25 de agosto. O nome do show é: “Obrigado, Cauby”. Os ingressso já estão à venda no Teatro dos Bancários ou nas lojas bilheteriadigital.com.

 

Decibéis

» Todas as lanchonetes, pizzarias e restaurantes que entregam em domicílio têm uma fila de motoqueiros aguardando a vez para trabalhar. Ao receber a encomenda, aceleram as motos, muitas com o escapamento furado, o que aumenta o barulho. O resultado disso são moradores com os nervos à flor da pele, não conseguindo dormir até que o comércio feche as portas. Fica a dica para o Ibram, Detran e quem mais de direito.

 

História de Brasília

Há uma revolta popular, de norte a sul, contra as barganhas eleitorais, ou em troca de “apoios”. A insistência do PSP em receber melhor parte do bolo para dar apoio ao primeiro-ministro, a barganha em torno da Prefeitura de Brasília, o escândalo em torno de eleição de atuais governadores por estados diferentes, tudo isso está irritando terrivelmente o povo, e seus líderes precisam tomar conhecimento disso. (Publicada em 01/10/1961)

Por Brasília

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Infelizmente, as heranças pesadas deixadas para Rollemberg por administrações passadas, quando os cofres públicos foram esvaziados pela incúria e pela corrupção, tiveram o efeito prolongado de contaminar seu mandato, provocando estragos e desconfianças no seio da população que ainda não foram totalmente sanados.

A sociedade brasiliense reclama, nestes tempos de tristes revelações feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, que, a partir de 2018, sejam adotadas novas fórmulas e novos métodos de governo, com o enxugamento radical da inchada máquina pública, com total transparência e eficiência. Obviamente, novo modelo de administração vai requerer, também, não apenas novos nomes, mas a indicação de pessoas totalmente ilibadas, sem máculas na Justiça e com notória experiência técnica e política.

Velhos conchavos e velhos arranjos, feitos apenas para turbinar chapas de ocasião, com currais eleitorais e interesseiros, representam, além de retrocesso a um tempo em que o governo era montado e organizado apenas para atender a gula desmedida dos dirigentes e seu grupo, uma aposta errada e arriscada.

A capital do país merece e reclama uma administração com nomes e modelos totalmente opostos a todos esses que até agora têm se insinuado e se apresentado como candidatos. Uma simples visita aos sites dos tribunais demonstra que a maioria dos nomes que aparecem à baila para disputar as próximas eleições no DF, em todos os cargos disponíveis, tem velhos rostos, com velhas propostas, e que, por várias vezes, demonstraram, na prática, os viciados e velhacos modelos de fazer política.

A insistência na escolha do que já foi testado e reprovado N vezes, por seus efeitos deletérios e pelos prejuízos que ainda provocam para a cidade, merece muito mais do que uma simples análise política, uma análise psicológica que explique certas tendências mórbidas por parte dos eleitores em repetir experiências mal-sucedidas.

 

A frase que foi pronunciada

“Deixemos entregues ao esquecimento e ao juízo da história os que não compreenderam e não amaram esta obra.”

Juscelino Kubitschek

 

Impunidade

» O foro privilegiado é fermento e instrumento da impunidade que nós temos hoje neste país. Há países, como Estados Unidos e França, que têm foro privilegiado para presidente e ministros, mas não têm para presidente do parlamento, para parlamentares, para governadores, para prefeitos; países como Alemanha e Itália, apenas para o presidente; a Inglaterra, a Argentina e o Chile não têm para ninguém. Parte do discurso de Reguffe pela aprovação do fim do foro privilegiado.

 

Ideia

» Divulgado pelo e-saude do Ministério da Saúde, um aplicativo em que os pacientes podem obter a informação do posto de saúde ou hospital mais próximo à residência. Melhor seria se a lista trouxesse os médicos de plantão, assim a população teria ferramentas para cobrar pelo atendimento.

 

Incoerência

» Enquanto a Agefis acaba com as pensões na W3 Sul com o argumento de que se trata de área residencial, o plano do GDF é liberar comércio nas residências do Lago Norte.

 

Resposta

» Anualmente, o Sebrae atende a pelo menos 2,5 milhões de pessoas, entre empresários e potenciais empreendedores. O Sebrae, portanto, considera um equívoco interpretar o registro de irrisórias 70 manifestações em um dos canais como sinal de declínio do atendimento da entidade.

 

Dados

» Ocorre que, depois de uma operação investigativa, o grupo Cascol sofreu intervenção do Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Houve o compromisso de que um quarto dos postos da cidade não participariam mais de cartel. Sobre o novo preço estipulado de surpresa, não foi obedecida a anterioridade nonagesimal.

 

Senado

» Senado anuncia para o fim do recesso quatro comissões de inquérito: duas sobre investigações do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social e empresas do grupo JBS. A CPI dos Maus-Tratos às Crianças, criada em abril, e a CPI da Previdência.

 

Infância

» Acontece nesta semana em São Luís, no Maranhão, o Encontro pela Infância do Estado. Secretários estaduais, prefeitos e Unicef, representado por Anyoli Sanabria López, chefe na Amazônia, discutindo estratégias

sobre como melhorar a vida das crianças maranhenses por meio da realização do Selo Unicef. As informações são de Ida Pietricovsky de Oliveira.

 

História de Brasília

Já que o assunto é Nordeste, o governo precisa ver que de lá surgirá o grande movimento de renovação social e precisa se enquadrar logo nesse movimento, respeitando-lhe as bases e podando as arestas dos arrivistas que surgirão fatalmente. (Publicada em 1/10/1961)

Personagens menores da República

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Num autêntico Estado Democrático de Direito, as instituições republicanas exercem papel fundamental e devem responder no âmbito de suas responsabilidades. Para tanto, esses organismos devem fazer por merecer a mais irrestrita e ampla confiança, de modo que os cidadãos percebam que, no comando do país, nos mais altos escalões da máquina pública, tomam assento os melhores nomes da nação. Ocupam altos cargos homens e mulheres, bem preparados tecnicamente e de comportamento ético irrepreensível. Obviamente, para atingir esse Olimpo, esses indivíduos especiais foram submetidos às mais duras provas, sendo selecionados entre o que o país tem de melhor em material humano. Quando alguns desses requisitos deixam de ser atendidos, o Estado começa a derivar para o caminho das incertezas, da falta de confiança e de apoio da população. A força dos que estão assentados em posição de mando e controle é, ao mesmo tempo, a sua maior fragilidade.

Expostos à vigilância diuturna da sociedade, num tempo de amplas comunicações, qualquer vacilo põe por terra reputações e currículo num piscar de olhos. Dessa forma, não se podem simplesmente deixar de lado, varrendo para baixo do tapete, as diversas revelações que vão vindo à tona com as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal acerca dos megaescândalos descobertos até o presente, principalmente no que diz respeito à extensa lista de nomes que aparecem nesses episódios.

Muito se tem falado sobre o envolvimento de políticos e personalidades famosas nos atos  sombrios. Os muitos inquéritos abertos e algumas poucas condenações havidas não tiveram ainda o condão de fazer com que os citados nesses casos rumorosos tenham tomado a iniciativa pessoal de se afastarem dos altos cargos que ocupam até a conclusão final da Justiça. Motiva alguns desses personagens a permanecerem no exercício das nobres funções a certeza da impunidade, a blindagem do foro de prerrogativa, a morosidade da Justiça e a pouca memória dos cidadãos.

Em todo caso, fica a certeza de que muitos desses personagens estão a léguas de distância de merecerem de fato a posição que ocupam. Falta, à maioria de nossas lideranças nesta República tão enxovalhada, o real sentido de nobreza e de desprendimento do cargo ou função e, quando pairam dúvidas sobre as condutas morais, escondem a cabeça num buraco, feito avestruzes assustados, ou se fingem de mortos, como se já não estivessem de fato aos olhos da nação.

 

A frase que foi pronunciada

“Vamos testando a paciência, primeiro aumentando o preço do combustível, que certamente cairá como o efeito dominó nos preços dos supermercados. Se der tudo certo, a população só bater panelas, votaremos o novo Código Penal à nossa moda.”

Diálogo imaginário da ópera de Jorge Antunes

Um governo para nenhum povo.

 

Piratas do Norte

» Mascarados no meio da noite invadem barcos no Rio Amazonas, atacam passageiros e roubam cargas. Quanto mais a população da Amazônia cresce, mais drogas e gangues vão loteando a região. Por enquanto, não há capacidade estrutural do governo de manter a segurança em barcos. Que funcione de dica proativa do policiamento lacustre em Brasília.

 

Administração

» Como é o caso do governador Rollemberg, quem vem depois da bandalheira tem o dobro de esforço para se equilibrar. Pedro Taques, que no Senado foi brilhante, pena como governador de Mato Grosso. Precisa retomar um projeto fraudulento pagando o dobro para salvar uma linha de BRT (com ônibus) no lugar do plano inicial com vagões de trem, que já foram adquiridos e estão parados.

 

Na final

» Levantamento do Congresso em Foco atesta que seis em cada 10 senadores são alvo de inquéritos. Por enquanto, isso quer dizer muito pouco. Depois da sentença é que se conhece a verdade.

 

Na gaveta

» O então deputado federal Expedito Neto estava de olho para autorizar o uso do bitcoin já cobrando taxas e impostos. A inteligência dessa moeda virtual está justamente na descentralização. Talvez taxassem o criador da internet, algum site ou, quem sabe, um algoritmo. A notícia foi publicada pela Agência Câmara.

 

Lá e cá

» Vou conversar com Claudia Lyra para saber sobre a viabilidade de adotar em Brasília a ideia da equipe do governador João Doria. Ele pensa em atrair as seguradoras de veículos para premiar motoristas que conseguirem um ano sem multas.

 

Proteste

» Com o aumento súbito dos combustíveis, a única forma de protestar é exigir a nota fiscal. Mas, para isso, precisaria haver a obrigação dos postos de entregar a nota em menos de dois minutos.

 

Quem?

» Por falarem em protesto, a iniciativa da Caesb de colocar hidrômetros individuais em salas comerciais foi inteligente e prejudicial. Contra a regra do Estatuto do Consumidor, mesmo que a quantidade de água do consumo mínimo não seja entregue, é devidamente paga. Algum deputado distrital tem coragem de apresentar projeto de lei a favor do consumidor?

 

História de Brasília

» Esta a razão pela qual os alojamentos ainda não foram inaugurados, já que são destinados a abrigar os funcionários da Novacap. (Publicada em 1/10/1961)

Robin Hood às avessas

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Em setembro de 2016, o ex-presidente Lula tirou, da dobra da manga do uniforme vermelho, mais uma de suas incontáveis pérolas de filosofia rasa. Embora tenha escapado pela boca sem antes ter passado pelo cérebro, a fala do chefão do PT traduz, a seu modo e até de forma inconsciente, o que muitos políticos pensam sobre questões como a ética e a probidade no trato com a coisa pública. A declaração foi dada no Instituto Lula e, ao contrário do que ele esperava, não gerou aplausos.

Disse Lula: “A profissão mais honesta é a do político. Porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem de ir pra rua encarar o povo e pedir voto. O concursado, não. Se forma na universidade, faz o concurso e tá com o emprego garantido pro resto da vida”.

Em situação de normalidade, a frase não mereceria, sequer, ser citada. Mas em se tratando destes tempos estranhos em que forçosamente estamos metidos, a fala expõe a realidade cruenta apresentada ao distinto público pelas investigações do Ministério Público e pela Polícia Federal. Os nossos políticos, de qualquer matiz ideológica, acusados de corrupção, se uniram e agiram para saquear justamente os recursos destinados às camadas mais necessitadas da população. E o pior: fizeram concurso público para isso, através do voto. Como investir em educação seria o primeiro passo para acabar com a mamata, os eleitores deseducados e desinstruídos caem na rede sem se debater.

Invariavelmente os representantes da sociedade encarnaram, por aqui, uma espécie de Robin Hood às avessas, roubando dos pobres e miseráveis para dar aos ricos e milionários. Não se sabe muito bem ainda a razão para tamanha maldade, mas o fato é que as descobertas feitas pela polícia mostraram que as investidas feitas por esses malfeitores contra a população mais carente não respeitaram nenhuma regra humana.

Sem remorsos e sem medo dos castigos terrenos ou celestes, nossos políticos se lançaram, feito hienas, em cima dos recursos da merenda escolar, mesmo naquelas localidades mais miseráveis. Caíram matando em cima dos recursos para a saúde, para a reforma de hospitais, para a compra de medicamentos e aparelhos, não importando quão necessitadas fossem essas áreas.

Indiferentes, não pouparam nem os empréstimos consignados, feitos pelos aposentados em momentos de aflição e descontados a peso de ouro nos contracheques. Insatisfeitos, atiraram-se sobre os recursos dos fundos de pensão, amealhados por anos pelos funcionários das estatais.

Por falta de segurança até um feto paga. Se sobreviver, será paraplégico, porque levou um tiro enquanto estava no ventre da mãe. A violência aumenta com o poderio das organizações criminosas, que, de tão organizadas e com discurso coerente, são respeitadas até por quem deveria exterminá-las.

Usaram o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que representa a poupança de uma vida inteira, que seria, por lei, propriedade do trabalhador, para investirem em negócios suspeitíssimos de amigos e comparsas, gerando perdas incalculáveis aos poupadores e lucros imorais para si e seu bando.

Mesmo agora são feitas revelações surpreendentes dessa razia contra os brasileiros mais pobres. Com a prisão dos magnatas das empresas de ônibus, no Rio de Janeiro, a população tomou conhecimento de que o roubo não ficava apenas nas licitações viciadas e nos descaminhos do dinheiro destinado ao transporte público.

Bem disse o ministro Luís Roberto Barroso durante aula inaugural para alunos de direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A corrupção se disseminou no Brasil “em níveis espantosos, endêmicos.Não foram falhas pontuais, individuais, pequenas fraquezas humanas. Foi um fenômeno sistêmico, estrutural, generalizado. Tornou-se o modo natural de se fazer negócios e política no Brasil. Esta é a dura e triste realidade”.

A cada aumento abusivo de passagem autorizada pelo Executivo local, aumentavam na mesma proporção as recompensas de caixa para o governador Sérgio Cabral, conhecido no submundo como “cabra” e seus assessores diretos. A depressão econômica e os 14 milhões de desempregados são apenas a parte mais visível e alardeada desses malfeitos repetidos. A outra face dessa infâmia entra para as estatísticas incontáveis de mortos. Assassinados pela ganância e pelo despreparo para a gestão pública. Crianças, idosos e trabalhadores ainda morrem por absoluta falta de atendimento e socorro de um estado exaurido e em situação falimentar.

 

A frase que não foi pronunciada

“Nós, representantes do caráter do povo brasileiro…”

Sugestão para o preâmbulo da Carta Magna

 

Ambiente acadêmico

» Tanta polêmica com os trotes em universidades. Democracia não é falta de regras. Veteranos envolvidos em trotes violentos devem ser jubilados. Crie-se a regra. Simples assim.

 

UnB

» A Universidade de Brasília organizou uma comissão de moradores, grupo consultivo com criação aprovada pelo Centro Administrativo. O objetivo é melhorar a eficiência da gestão dos imóveis residenciais da UnB. No mínimo, o que se espera é a visão de reconhecimento do trabalho dos professores, como rege a primeira lei sobre o assunto. Exploração econômica é inaceitável nessa região.

 

História de Brasília

Vocês não viram, mas eu vi o que fez um chapa amarela do Senado, às 13h10 de ontem. Aumentou a velocidade no pátio em frente ao Jardim da Infância da Caixa Econômica, depois subiu a calçada e saiu sobre o passeio em direção à W3. (Publicada em 30/9/1961)

Assunção de Fábio ao mundo real

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No dicionário da língua portuguesa, assunção significa o ato ou efeito de assumir a responsabilidade, de modo a se situar num horizonte mais acima e adiante, elevando-se a uma dignidade superior. É o que os cristãos afirmam ter acontecido a muitos santos e, sobretudo, à própria mãe de Jesus, elevada ao céu em corpo.

Santidade à parte, o que ocorre no mundo dos mortais é uma busca natural, insana e constante para escapar do vale das sombras do anonimato e da indiferença dos semelhantes. Para aquelas pessoas que, de alguma maneira, alcançaram a fama e o estrelato, metade do esforço para se destacar da massa humana já foi completada. Resta, no entanto, outra etapa, talvez ainda mais difícil, que é a de manter-se no topo, em equilíbrio e sem tropeços. Acreditem: não é tarefa fácil.

Com a fama, nestes dias de intenso tráfego de informações em rede sociais, a visibilidade do indivíduo é tão onipresente e massacrante que sua identidade se dilui como o sal na água, restando não mais o sal e a água isolados, mas outro composto distinto. Essa situação de perda da identidade se agrava ainda mais quando o indivíduo entra em conflito aberto com o mundo a seu redor, que insiste em não respeitar sua privacidade, principalmente nos pequenos momentos em que os astros se permitem ser eles mesmos e nos permitem sermos nós mesmos com manias e imperfeições. Para quem entra na gaiola de vidro da fama e, portanto, no campo de visão do público em geral, a exposição excessiva mata como irradiação intensa.

Dessa forma, pequenos deslizes cabem melhor em pessoas anônimas. Para quem assume o topo, imperfeições humanas não são permitidas, sobretudo vícios, sejam eles quais forem. Esse parece ser o caso do ator de novelas e galã de televisão Fábio Assunção. Flagrado pelas câmeras indiscretas da população de uma pequena cidade do sertão de Pernambuco em que, depois de uma bebedeira que parece ter sido descomunal, o ator, visivelmente descontrolado, deu um show de interpretação, dessa vez na peça da vida real, do vício, sem brilho e sem aplauso da galera.

Diariamente a mesma cena se repete com milhares de atores desconhecidos e maltrapilhos nas cracolândias das grandes cidades para a indiferença geral da população, que olha acostumada para a cena. Eram queridos para a família, admirados pelos companheiros de trabalho, divertidos para os vizinhos. Importantes em si. Para Assunção, no entanto, é diferente. Aquelas cenas, sem edição, irão, para toda a vida, marcar a trajetória de ator, insistindo em retirar-lhe a máscara de galã bem comportado e de herói das meninas.

Na vida sem o faz de contas, aquele é o comportamento que se espera de pessoas normais, mas que adoeceram seriamente. A “assunção” para o fundo do poço. Talvez seja dali, desse ponto que o ator, livre de seus personagens, tentará se reerguer para prosseguir, como todo e qualquer ser humano, anônimo ou não. Carregando a própria personalidade, com orgulho e sabedoria. Não apenas para que os outros o vejam, mas para que ele se reconheça em si mesmo.

 

A frase que foi pronunciada

“Ajudei a libertar milhares de escravos. E ajudaria muitos outros se eles soubessem que eram escravos”.

Harriet Tubman, ativista americana que, no século 19, lutou contra a segregação racial em seu país.

 

Novidade

» Henrique Debiasi fala do DRES — diagnóstico rápido da estrutura do solo. O estudo foi desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina e pela Embrapa com diversas instituições na parceria. O resultado obtido vai permitir a rápida identificação do solo, o que facilitará a tomada de decisão para a prática de manejo. A notícia foi publicada no portal da Embrapa.

 

Passeio

» Expotchê é uma feira já tradicional na cidade. Amanhã começa e vai até 9 de julho. A novidade este ano será uma galeria de arte em que o escolhido para mostrar as obras foi o artista plástico Ralfe Braga.

 

Leitor

» Mesmo com o mercado de trabalho em crise, a perseguição aos que trabalham é insana. Pequeno empresário, com toda a documentação em ordem, foi autuado com a acusação de não ter registro profissional. O problema maior é que o trabalhador tem o registro. Por isso, vai precisar de tempo, gasolina e paciência para provar que é inocente. É insano.

 

História de Brasília

Aquele desvio pelo Supremo e a contramão na subida da rampa da Câmara são condenáveis, porque, para evitar isso, bastaria que os soldados se postassem na calçada da praça ou do próprio Palácio do Planalto, deixando o trânsito livre. (Publicada em 29/9/61)

Problemas não se afastaram de Temer

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com Circe Cunha e MAMFIL

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Quando um presidente viaja, costuma levar consigo, além de membros da equipe ministerial, as crises internas e contradições do governo. Num mundo globalizado, as comunicações, a espionagem industrial e tecnológica, a biopirataria, o monitoramento constante, feito por uma infinidade de satélites que circundam o planeta a cada instante, e outras ações do gênero geram tamanho volume de informações sobre determinada nação que não seria exagero reconhecer que os países do Primeiro Mundo conhecem nossa realidade e mazelas muito mais do que nós próprios. Nesse sentido, quando um chefe de governo viaja ao exterior, seus anfitriões já sabem, de antemão, de quem se trata, o que tem para oferecer e o que, eventualmente, pedirá em troca.

Com a viagem do presidente Michel Temer à Rússia e à Noruega não foi diferente. Obviamente que, em nosso caso atual, dado a conjuntura complicada que vai se formando em torno do presidente, seu desempenho como “caixeiro viajante do Brasil” fica comprometido e delimitado, quer por motivos pessoais de intranquilidade ante o desenrolar dos acontecimentos, quer por motivos políticos, com a perda crescente de apoio interno.

As imagens que foram vistas nas duas visitas a esses países do norte da Europa mostram um presidente extremamente tenso, como se a cabeça pesarosa tivesse ficado por aqui. A Rússia, confundida pelo nosso governo como União Soviética, é integrante do bloco econômico Brics, e é vista com muita ressalva pelos vizinhos próximos desde 2009, quando empreendeu um corte drástico no fornecimento de gás a muitos países europeus, prejudicando centenas de milhares de lares e empresas do continente, e passou a pressionar militarmente a Geórgia e outros antigos satélites.

Além da assinatura de atos bilaterais com vista à intensificação nas relações econômicas, sobretudo exploração de gás e petróleo, a visita de Temer a Putin serviu para estabelecer compromissos genéricos, como a implantação dos acordos de Paris e de combate à corrupção e de  antiterrorismo. Dois assuntos que, para a Rússia e para muitos países em crise econômica e política, ficam mais na retórica, à mercê das circunstâncias geopolíticas do momento.

Ao contrário do que ocorre em nosso país, a crise política na Rússia é facilmente resolvida e debelada com a prisão de opositores e outros métodos do gênero. Do ponto de vista de muitos analistas, a viagem de Temer, neste momento particularmente delicado, serviu mais para passar uma ideia de normalidade nas ações do governo através da intensificação de agendas positivas que, de certa forma, serve também para afastar o presidente das intensas pressões e preocupações internas.

Na Noruega, quase 10 mil km de distância do Brasil, a visita se deu, descontando as gafes (como chamar o monarca daquele país de rei da Suécia), sob protestos de ambientalistas e representantes indígenas e organizações não governamentais. Naquele país nórdico, a questão da destruição contínua das florestas tropicais ganhou maior relevo com a decisão do governo norueguês de cortar em 50% o dinheiro destinado ao Fundo Amazônia, destinado ao monitoramento, ao combate ao desmatamento e à promoção do uso sustentável da floresta.

Desde 2008, a Noruega destinou quase R$ 3 bilhões para essa finalidade, demonstrando conhecer, melhor do que nossos governantes, a importância desse ecossistema para o futuro do planeta e para a humanidade. Na visita àquele país escandinavo, Temer teve que ouvir diretamente da premiê, Erna Solberg, a cobrança de soluções e de “limpeza” para os casos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato. Para quem tentou se afastar da crise interna e buscar algum conforto alhures, Temer deve voltar ao Brasil com a orelha ardendo.

 

A frase que não foi pronunciada

“Joesley estar solto não é um paradoxo. É um mistério que em breve será desvendado.”

Ulysses Guimarães, contando um pedacinho da novela

 

Fita

» Por falar em mistério, foi muito interessante ver a foto dos senadores comemorando a vitória da votação da reforma trabalhista na CAS. Estavam exaltados demais para um treino. Comemoraram a final que nem começou ainda. Mas, pela performance, muitos eleitores acreditaram na força do grupo. Agora é esperar os arranjos para a votação no plenário.

 

Bremmer X Temer

» No início do mês, o presidente da Eurasia, Ian Bremmer, cientista político norte-americano especializado em política de países estrangeiros, avaliou que o impeachment do presidente Michel Temer teria um caminho longo e incerto. Conseguir dois terços de votos da Câmara dos Deputados para começar já é difícil. O pior da história é ter que se defender de uma gravação ininteligível.

 

Como será?

» Uma das parábolas interessantes de Jesus é quando ele chama Pedro para andar sobre as águas. Não deu. Faltou fé. Assim está o PSDB em relação ao PMDB. Pelo interesse, valeria a união, mas, se os escândalos continuarem, adeus, 2018.

 

Com “e”

» Como é perfeccionista, Rosane Garcia evita nossas transgressões vernaculares na coluna. Dad Squarisi também. Mas o excesso de zelo tirou o verdadeiro sentido da frase de ontem que estampava uma parede da Rodoviária: Abaixo o capetalismo!

 

Release

» Brasília sedia hoje o Simpósio  Oncologia Integrada IV, promovido pelo Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês —Unidade Brasília, que discutirá tendências e atualizações da área. Entre os temas que serão discutidos está o uso da computação cognitiva no combate ao câncer, com a participação da dra. Alice Landis-McGrath, membro do grupo IBM Watson Health Oncology e Genomics de São Francisco.

 

História de Brasília

Nós, como cidadãos, não poderíamos polemizar com o presidente da República, mas é hora de esclarecer. O sr. Alencar Araripe agiu parcialmente julgando atos aprovados pela diretoria anterior e provou que não merece continuar no lugar. (Publicada em 29.9.1961)

A importância do ensino da arte

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com Circe Cunha e MAMFIL

Já houve quem vaticinasse com absoluto propósito: fora das artes, não há salvação possível para o indivíduo e muito menos para a humanidade. Para alguns antropólogos, é a faculdade de produzir arte, de abstrair e de interpretar os signos do mundo que diferencia o homem racional do restante dos animais. Em maio, completou um ano da aprovação da Lei 13.278/16, que incluiu o ensino de artes visuais, dança, música e teatro nos currículos das escolas públicas e privadas de todo o país.

Na ocasião, a lei estabeleceu prazo de cinco anos para que as escolas pudessem se adequar às novas diretrizes, promovendo a adequada formação de professores desses conteúdos. “Esse é um projeto que só traz vantagens, ao incluir o ensino da arte nos currículos das escolas. Sem isso, não vamos conseguir criar consciência 0nem ensinar aos nossos jovens a deslumbrar-se com as belezas do mundo, o que é tão importante como fazê-los entender, pela ciência, a realidade do mundo”, avaliou o relator da matéria, senador Cristovam Buarque.

De lá para cá, apesar dos esforços, pouca coisa mudou. O prazo para a capacitação do pessoal que vai trabalhar os novos conteúdos ainda está correndo. O que mais tem preocupado os especialistas em educação artística não é tanto a formação técnica de professores, mas a falta dos envolvidos no processo da noção sobre a importância do estudo das artes para a compreensão do mundo ao redor e suas consequências para a formação de nova mentalidade diante da avalanche de informações e imagens que tem invadido a vida moderna.

“A arte não é babado cultural, nem é enfeite para pendurar na parede”, ensina a professora Ana Mae, uma das maiores especialista em arte-educação do país, para quem a introdução do ensino das artes nas escolas poderá ampliar não só a inteligência dos alunos, mas principalmente a capacidade perceptiva que eles aplicarão em qualquer área da vida. A arte, ensina Mae, envolve, além da inteligência e do raciocínio, o afetivo e o emocional. “Não se conversa sobre sentimentos nas escolas”, lamenta a educadora, lembrando que as atividades artísticas estimulam o senso de coletividade e de trabalho em grupo.

A escritora e intelectual norte-americana Camille Paglia, da Universidade de Artes da Filadélfia, no livro mais recente, Imagens cintilantes, afirma que: “O olho sofre com anúncios piscando na rede. Para se defender, o cérebro fecha avenidas inteiras de observação e intuição. A experiência digital é chamada interativa, mas o que eu vejo como professora é uma crescente passividade dos jovens, bombardeados com os estímulos caóticos dos aparelhos digitais. Pior: eles se tornam tão dependentes da comunicação textual e do correio eletrônico que estão perdendo a linguagem do corpo”.

De acordo com Paglia, para sobreviver a essa “era da vertigem” em meio a tanta poluição visual, precisamos de foco e de “reaprender a ver”. Para tanto, a pensadora propõe salvar as crianças, oferecendo a elas a oportunidade de percepção por meio da contemplação da arte. O exemplo das escolas-parques, idealizadas e erguidas pelo educador Anísio Teixeira, apresentou, de forma revolucionária, a ideia, avant garde do ensino integral, em que o aprendizado das artes era parte importantíssima do currículo e ferramenta essencial para entender a cultura, o país, o mundo e, principalmente, conhecer a si próprio, que é onde tudo começa e acaba.

 

A frase que foi pronunciada

“A personalidade tem o poder de abrir muitas portas, mas o caráter deve mantê-las abertas.”

Autor desconhecido

 

Susto

»Como tudo no Brasil, só é definitivo o que for provisório. Depois de vários investidores aplicarem em LCI (Letra de Crédito Imobiliário), a regra mudou. O mínimo para investimento passou de mil reais para R$ 80 mil.

A fuga segue a direção do Tesouro Direto.

 

Nadar

»Não é a primeira vez que se vê jacaré no Lago Paranoá. Considerando que, desde a década de 70, visitantes do Pantanal trazem filhotes de jacarés e levando em conta que o réptil vive 70 anos, é melhor ter mais gente do Ibram navegando pelo lago.

 

Maior índice

»O deputado Alberto Fraga protestou no Plenário contra o TJDFT, que, segundo o deputado, tem ignorado a Lei 9.099.  Diz o parlamentar que a vantagem dessa lei é acelerar os atendimentos de ocorrência policial de baixo potencial ofensivo. Os termos circunstanciados devem ser lavrados pela PM, que está na rua fazendo a prevenção. A briga se dá a partir da Associação de Delegados que não reconhece da PM como autoridade policial. Quem perde nessa briga é o cidadão. O número de carros arrombados na cidade aumentou nos últimos meses e nada tem resolvido. Nem registrar ocorrência, nem procurar pelo socorro dos policiais militares.

 

História de Brasília

Resta enaltecer o trabalho dos funcionários da Varig, como de todas as demais companhias, que providenciaram tudo que estivesse a seu alcance, contanto que a tragédia diminuísse ao mínimo.(Publicado em 28.9.1961)

De volta ao passado

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aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Parece ser o enredo atual adotado pelos Estados Unidos, desde que os eleitores resolveram guindar ao cargo de presidente dessa grande nação o dublê do reality show The Apprentice e milionário polêmico, Donald Trump. Do ponto de vista dos nacionais que o elegeram, Trump está fazendo a coisa certa e de acordo com sua plataforma eleitoral. Do ponto de vista do restante do planeta, que tinha nos EUA uma referência para a garantia das liberdades individuais, aquele país está vivendo a maior crise de identidade de todos os tempos.

Obviamente, nesses assuntos internos prevalecem sempre a soberania e a independência do país mais rico do mundo, e não devemos nos imiscuir. Mas, quando essa guinada à direita conservadora acaba afetando diretamente nosso país e continente, é preciso tecer algumas considerações à guisa apenas de busca de entendimento sobre as repercussões dessa nova orientação do grande irmão do Norte.

Com a chegada de Trump ao poder, os EUA começaram a ensaiar um fechamento de suas fronteiras para o mundo, contrariando o próprio princípio de sua formação histórica, destacado na tábua que a Estátua da Liberdade segura numa das mãos em que se lê: “Dai-me os seus fatigados, os seus pobres, As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade O miserável refugo das suas costas apinhadas. Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades, Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado”. Para aquelas levas de imigrantes que ajudaram a construir a América. Este é, sem dúvida, um tempo triste.

Na sequência dos atentados terroristas ocorridos em todo o mundo, o governo do presidente Trump resolveu endurecer na concessão de vistos de entrada naquele país, inclusive, com relação aos brasileiros. Novos e extensos questionários serão feitos aos candidatos ao visto de entrada nos EUA. Agora, fará parte do novo sistema burocrático vasculhar informações disponíveis nas redes sociais nos últimos cinco anos, além de informações pessoais de até 15 anos atrás.

Também poderão ser pedidas informações sobre os números de passaportes anteriores, endereços de e-mail e números de telefones, além de endereços e históricos de empregos e de viagens anteriores. Caso as autoridades considerem insuficientes as informações, poderão ser requisitados dados adicionais. De acordo com as novas orientações, as informações são necessárias para a segurança interna do país, sendo também da responsabilidade de cada servidor americano verificar as informações dos solicitantes e, em caso de qualquer dúvida, negar prontamente o visto de entrada.

Ao endurecimento nas fronteiras, segue-se também o endurecimento com relação aos compromissos assumidos no Acordo de Paris, que trata das mudanças climáticas. Como maior poluidor do planeta, ao lado da China, caberia aos EUA um compromisso maior com o planeta. Dessa forma, cumprindo promessas de campanhas, o governo Trump anunciou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, por considerá-lo desvantajoso para a economia norte-americana. Dessa forma, o tratado internacional, que previa até 2030 uma limitação no aumento de 1,5ºC da temperatura do planeta, ficará completamente prejudicado.

Para todos aqueles que têm sentido na pele as  alterações desastrosas do clima em todo mundo, essa é, sem dúvida, uma volta ao passado que não mais existe e uma aposta em um futuro de privações, que, com certeza, virá, caso o efeito estufa torne o planeta impróprio à presença humana. Com Trump no poder, o próprio povo americano e o restante da humanidade têm uma certeza: não há possibilidade mínima de os EUA fazerem a coisa certa.

 

A frase que foi pronunciada

“Não existe Plano B porque não existe Planeta B”

Ban Ki-Moon, na Organização das Nações Unidas

 

A história se repete

No portal notibras.com.br, há uma enquete com a seguinte pergunta: “Se houver eleição indireta, quem seria, na sua opinião, o melhor candidato? Um militar, um jurista, um empresário ou um político? Total de votos: 733, dos quais 505 foram para o militar. A sequência continuou. Um jurista, com 115 votos; um empresário, 60; e um político, 53, ou 7% das intenções.

 

Caro demais

Tinha muita gente horrorizada de ter que pagar R$ 40 para ver uma exposição de arte. Muitos questionam se esculturas de Lego seriam obras de arte. São. A exposição é espetacular. Mas continua sendo estranho pagar essa fortuna para cada um da família poder apreciar o trabalho.

 

Aeroporto

“Escolher dinheiro em vez de poder é um erro que quase todos cometem.” O cartaz se refere ao famoso seriado House of Cards, do Netflix. A faixa estava no aeroporto com a intenção de cutucar os políticos. Poucos se importaram.

 

História de Brasília

Relógio de ponto no Planalto. A decisão é do sr. João Braz, que está pondo muita ordem no Palácio. A portaria, também, melhorou, e muito. Pessoal atencioso e bem-educado, dá todas as informações.(Publicado em 20/8/1961)

Chega logo Copa do Mundo!

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aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Depois das delações bombásticas da dupla caipira, Joesley e Wesley, a mesma que parece ter comprado , à preço de banana, boa parte da república, nada menos do que duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) entraram em fase de gestação . No Congresso Nacional já foi lido, inclusive, o requerimento para a criação de uma Comissão mista, para apurar as relações suspeitíssimas, envolvendo as empresas JBS e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

Pelas possíveis consequências que advirão para muitos dessas devassas, entende-se porque, até agora, não houve indicação, por parte das principais lideranças, dos nomes para formar a CPI. Seja qual for o encaminhamento dado pelos parlamentares à esse caso, o fato é que os desdobramentos dessas investigações são imprevisíveis e terão que vir, necessariamente à reboque do que a polícia e Ministério Público já tem conhecimento.

O problema com Comissões dessa natureza é que os reais objetivos dos políticos nestas investigações não estão claros. Para aqueles que acompanham de perto esse assunto, a formação de uma CPMI agora,  de forma tardia, esconderia , no seu âmago, uma estratégia para tumultuar o processo , enquanto se buscaria uma fresta legal por onde muitos envolvidos tentariam escapar. O que parece pesar nas delações da dupla da JBS é que pelas gravações ´colhidas nos depoimentos fica patente e debochadamente claro que todas as doações eram, na verdade, propinas .

Sem credibilidade e vivendo seu pior momento junto a população , os congressistas vão ter que se desdobrar muito para mostrar serviço nestas apurações e andar a passos largos, já que em 2018, ano de eleições, ninguém quer ficar chamuscado na foto de candidato.

 

A frase que foi pronunciada:

“ O maior erro dos “espertos” e achar que podem fazer todos de otários.”

Jô Soares

 

Fato gerador

Fizeram as contas. Se toda a corrupção for extirpada da sociedade brasileira, os prejuízos causados nos últimos anos estarão pagos em 2060.

 

 

Mal na fita

 

Samba, futebol e corrupção. As façanhas do Brasil tomam as manchetes nada elogiosas pelo mundo. Por curiosidade vejam as manchetes nos jornais alemães:  Die Welt – Barão da carne mergulha Brasil no caos na Alemanha,

Wirtschaftswoche – O grande prato de carnes

Frankfurter Allgemeine Zeitung–Temer mobiliza militares contra manifestantes.

Der Tagesspiegel – Brasília queima .

 

Caos

 

Arthur Maia, deputado federal pela Bahia já avisou que com a situação política do jeito que está sendo levada fica impossível organizar a votação da reforma da Previdência, da qual é relator.

 

Pecado

 

Falta mobilização mais efetiva das entidades pró-vida nas manifestações contra a descriminalização do aborto. A 10a edição da “Marcha pela Vida” e o “Grande Ato contra o Aborto” não contou com a presença de muitos por divulgação ineficiente.Com a Internet à disposição, isso é um pecado capital!

 

Como começou

 

Só para lembrar, o primeiro aborto aprovado por lei aconteceu em 1973 no famoso caso Joe contra Wade, nos Estados Unidos. Jane Roe era o pseudônimo de Norma McCorvey que faleceu em fevereiro desse ano. Norma declarava em todas as entrevistas que cada vez que a imprensa a levava ao passado ela era obrigada a encarar o maior erro de sua vida. Sua declaração diante da Suprema Corte foi falsa.

 

É alguém

 

Norma McCorvey queria apenas se livrar do filho de um homem que ela não amava. Por isso mentiu sobre um estupro que nunca houve. Hoje, para convencer qualquer Corte basta instalar um datashow no plenário e mostrar as imagens dentro do ventre materno durante o procedimento do aborto. O feto reage, tenta se proteger, tem o batimento cardíaco acelerado. É um assassinato previsto  no art. 121 do Código Penal.

 

Release

 

Desemprego alcança 14 milhões de pessoas.

 

 

Agenda

 

No Brasil 21 é possível ter uma alimentação saudável e saborosa. Em parceria com a clínica Ravenna, o restaurante Norton elaborou um menu sob a coordenação da chef Myriam Carvalho e Isadora Fadul, a nutricionista. Proteínas, saladas, caldos e sobremesas caprichadas. Vale conhecer. Para os combos há desconto.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Hospital Distrital, ao receber a notícia, enviou, imediatamente, uma equipe de médicos e enfermeiros, e um pequeno hospital ambulante foi transportado para o local. (Publicado em 28/09/1961)

O príncipe e o mendigo

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Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

No clássico de 1881 “O príncipe e o mendigo” , Mark Twain elabora uma estória , perfeitamente factível, da troca de um príncipe , por um mendigo, baseada apenas na incrível semelhança física que havia entre estes personagens. Para tanto , bastou que ambos trocassem de vestes para que a trama se desenrolasse, enganando todo mundo, inclusive o próprio rei Henrique VIII.

Nos tempos atuais, houve relatos parecidos , com os serviços secretos de países da antiga Cortina de Ferro, utilizando sósias de altos dirigentes para missões de risco, provando que aspectos circunstanciais ,como a aparência física, podem definir a posição e o futuro não apenas de pessoas, mas de nações inteiras. Quanto a isso, os antigos costumavam dizer que o mundo gira como uma roda gigante justamente para alternar indefinidamente as posições de cada um neste planeta, colocando no alto hoje, quem esteve, por baixo, ontem e vice-versa.

Apogeu e ruína, compõem lados opostos da mesma moeda, a moeda da vida. Nossa história recente, está repleta de casos envolvendo personalidades políticas que experimentaram a glória e a desonra e, em nenhum desses momentos, foram capazes de avaliar e aprender quão fútil e transitório é cada uma dessas fases. Num país em que a injustiça e a desigualdade são sentidas pela população desde 1500, não surpreende que nossa elite política ainda permaneça alheia e indiferente a realidade em volta, sobretudo quanto as flagrantes diferenças com que são tratados pelo Estado, os membros do governo e o restante dos brasileiros.

O caso, revelado agora, do ex-ministro Guido Mantega, que mantinha na Suíça uma conta secreta com U$ 600 mil, prova que , ao chefe geral da pantagruélica Receita Federal tudo é permitido, inclusive possuir conta milionária no exterior, sem declarar a justiça tributária. Caído em desgraça, por conta das múltiplas delações, Mantega começa a experimentar o outro lado da moeda, embora, como todos na mesma situação, não tenha aprendido nada e nem esquecido nada.

Na leva dos cinco milhões de refugiados que tiveram que abandonar a Síria as pressas, deixando tudo para trás, estava o artista plástico Abdalla Al Omari. De posse das únicas armas que domina,  Omari começou a pintar a série “Vulnerabilidade” , retratando líderes mundiais como refugiados comuns, vivenciando as mesmas situações de agruras experimentadas pelos migrantes forçados. Na série aparecem em filas gigantescas os presidentes Bashar Al Assad, Nicolas Sarkozy, Donald Trump, Obama, Kim Jong Un e outros, vestindo trajes comuns, sujos e com a expressão desesperadas de quem não tem para onde ir nem para onde voltar . “Queria imaginar como todos estes líderes poderosos se veriam calçando nossos sapatos” afirmou o artista, para quem esse trabalho foi uma reação pessoal e uma doce vingança, feita com arte.

No Brasil nossa série Vulnerabilidade é retratada ao vivo através da presença de ilustres políticos colocados a frente do Juiz Moro. Nestas imagens reais, nossas elites políticas mais e mais se parecem com aquilo que sempre foram: meliantes comuns postos no banco dos réus, não por motivos ideológicos e nobres, mas por razões descritas no Código Penal, Código Civil, Constituição, Código Tributário, Lei de Execução Penal, Lei de Improbidade Administrativa e outras tantas leis que preveem a conduta ilícita. Nossos príncipes ,são  na realidade, mendigos comuns, alçados ao poder , por obra e desgraça  de um povo que com o seu voto ainda não teve acesso

 

A frase que foi pronunciada:

“ A nação é conduzida pela ignorância da nação.

Uma nação sem consciência protesta contra si própria.”

Gilberto Angelo Begiato

 

Decepção

Auris populi não é auris Dei. Assim começou o protesto de um leitor que pede para não ser identificado. Ele comenta o show do Fagner no Ulysses Guimarães. Ruído e barulho entrecortados por música foi uma sequência de assassinatos. As músicas de Belchior foram literalmente executadas, atesta o leitor. O mais interessante de tudo foi a felicidade da plateia. “100% compreensível, continua, considerando que vivemos em um país assolado pela incultura e pelo som automotiva. Lamentável, ver um criador imolar sua obra tão delicada e sensível por um punhado de dinheiros e de aplausos.

Conhecimento

A ministra Cármen Lúcia deixará marca importante no Conselho Nacional de Justiça. Apaziguará o processo Judicial Eletrônico com a integração dos sistemas dos tribunais. A tramitação dos processos comporá um sistema único e similar que conversará com o sistema antigo sem a necessidade de substituição.

Humanizar

Quem acha que o governo gasta muito com remédios de alto custo deveria ler a carta de Shara Nunes Sampaio, Procuradora da Associação Brasileira de Assistência à Fibrose Sística. Mãe de portador da doença que é crônica, Dra. Shara colocou os pingos nos is respondendo a um editorial que criticava a judicialização do acesso a saúde. Ao autor ela aconselhou que deveria se limitar a criticar a roubalheira dos políticos, porque essa é a raiz da falta de verbas para o sistema de saúde do país. Diz ainda fechando com o coração inconformado:

“      Eu entendo! Os doentes não podem pagar por uma matéria que os defenda em um grande jornal do país! Aliás eles não conseguem sequer pagar o tratamento!” encerrou a missiva.

 

História de Brasília

Não houve, entretanto, necessidade de sua intervenção, a não ser em alguns casos em que o nervosismo do povo provocava acidentes como desmaios. (Publicado em 28/09/1961)