Economia real

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Charge: Fernando Cabral/PSDB

 

        No bê-á-bá das escolas de economia, há muito, sabe-se que o tão almejado equilíbrio nas contas públicas, medida fundamental para combater a inflação e, consequentemente, o déficit no Orçamento, é a primeira e, talvez, a única ação prática para reordenar e cortar os gastos públicos. A medida é necessária, sobretudo, para manter a saúde da moeda, no nosso caso o Real. Todos os países do Ocidente que passaram por crises econômicas seguiram, invariavelmente, esse receituário. Claro que nesses casos as primeiras medidas miram os gastos supérfluos, como é o caso dos supersalários, das mordomias e privilégios de toda a ordem.

         Um dos grandes problemas com a desorganização das contas públicas é que ela afeta, justamente, a moeda do país, que, em muitos casos, é o verdadeiro calcanhar de Aquiles de toda a economia. A persistência na extrapolação dos gastos públicos, acaba por provocar um efeito sistêmico na economia, dando, às contas do governo, um caráter inercial, ou efeito “bola de neve. Surge como resultado do que os economistas denominam como inflação inercial, ou seja, passa a ganhar vida própria, retroalimentando-se e projetando seus efeitos nefastos para o futuro. Eis a grande dificuldade no seu controle.

         Essa e outras lições devem ser aprendidas, se não por questões de racionalidade ou mesmo por amor ao país e respeito a sua população. Neste ano, o Real irá completar 30ª anos de existência. Deveria, em razão da idade adulta, já ter aprendido com os erros do passado, sobretudo após o ano de 2003. De lá para cá, as lições e todo o receituário para a boa condução da economia, mantendo o país nos trilhos do bom senso, foram sendo descartadas uma a uma, sob a falsa justificativa de que essas eram medidas do tipo neoliberal, conservadoras e outros epítetos de ordem puramente ideológicas.

         O resultado dessa análise é a inflação acumulada desde a implantação do Plano Real, que chega hoje à casa dos 700%, ou seja, R$ 100,00 em 1994, que na época daria para encher um carrinho nos supermercados, hoje equivale a R$ 12,00.

         A moeda, o ativo mais importante da economia de um país, perdeu, significativamente, seu poder de compra. Na raiz do problema se alinham, além dos gastos e do descontrole nas contas públicas, um misto entre a má aplicação dos recursos e a corrupção desenfreada. Para se ter uma ideia da perda de compra de nossa moeda, basta dizer que, quando o Real foi lançado em 1994, o arroz de primeira linha custava R$ 0,64 o quilo. Hoje, o quilo desse produto básico da alimentação dos brasileiros custa em torno de R$ 11,00, uma alta de quase 500%. O mesmo ocorre com o feijão, que custava na época R$ 1,11 o quilo. Hoje, esse produto está sendo vendido nos supermercados por R$ 9,00 ou uma alta de 700%. O mesmo ocorre com a paridade da moeda frente ao dólar. Em 1994, era possível comprar US$ 1 com R$ 1. Hoje a moeda americana custa algo como R$ 5,00. Frente ao dólar, o Real teve uma desvalorização em torno de 400%. Não é pouco.

        É preciso destacar aqui que foi a independência do Banco Central, das intromissões do governo, que permitiu que o Real não perdesse, ainda mais, seu valor de face. A questão fundamental nesse momento é observar que, se nada for feito, corremos o risco de voltarmos à estaca zero, anterior a 1994, com o estouro nos gastos públicos, alta da inflação e mais perda no poder de compra do Real. Tudo porque as diretrizes sensatas para a economia, trazidas pelo Plano Real, continuam sendo desprezadas ou sequer seguidas minimamente.

 

A frase que foi pronunciada:

“Fizemos (o Plano Real) em menos de quatro anos, faremos em quatro anos mais do que em toda a história do nosso país. É ou não é demagogia dizer que este país não olha para o social? É ou não é palavra vã, que se perde, por certo, diante dos fatos? Contra os fatos não há retórica”.

FHC no discurso dos quatro anos do Real

Foto: divulgação

 

Reforma

Um Vade Mecum por ano mostra como as nossas leis são transformadas continuamente. A Agência Senado anuncia que dia 26 deste mês a comissão de juristas conduzida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apresentará o texto do anteprojeto do novo Código Civil. Renovado e adaptado à nova era digital.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Seja feita

Deputado Reginaldo Veras foi injusto com o governador Ibaneis. As ações preventivas da Dengue também são de responsabilidade da população. Pode ser que faltem campanhas publicitárias de esclarecimento em como contribuir. Acontece que a Dengue está matando em todo o país. No DF, está definida a limpeza, visita de agentes de saúde e fumacê.

Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

Abrolhos

Policial que foi obrigado a usar câmeras corporais nas abordagens resmungou para os colegas: “Nossos representantes no Congresso também deveriam usar uma câmera dessas. Seria interessante.”

Foto: criador de imagens do Bing

 

História de Brasília

É precise que a polícia entenda que sua verdadeira missão não é matar, maltratar, espancar, torturar. Polícia tem sentido social, polícia deve significar ajuda e nunca uma arma de coação. (Publicada em 21.04.1962)

Quo vadis, Brasil?

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Os líderes dos países do Brics na foto oficial da cúpula, tirada na 3ª feira (22.ago). Da esq. para a dir.: os presidentes Lula (Brasil), Xi Jinping (China) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), o premiê Narendra Modi (Índia) e o chanceler Sergey Lavrov (Rússia)…
Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/internacional/brics-termina-com-vitoria-da-china-e-sem-vantagem-real-para-brasil/)
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          Desde sempre, sabe-se que as companhias, com os quais o indivíduo anda e se relaciona, de certa forma, definem quem ele é, e quais os seus propósitos. Essa é uma sentença que pode valer tanto para pessoas como para países.  No caso do Brasil, tendo como base a composição de países que integram o BRICS – Brasil, Rússia, China e África do Sul -, as características internas de cada país-membro, sobretudo no que diz respeito à importância que cada um dedica a fatores como a democracia, vemos que nosso país não vai em boa companhia.

         Mesmo agora, com a adesão de novos países ao Bloco, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Etiópia e Irã, o que se observa, deixando de lado os pretensos ganhos econômicos que isso possa representar internamente, há de se refletir muito sobre a qualidade dessas companhias, a grande maioria representada por ditaduras primitivas, que desprezam coisas como direitos humanos e outros valores caros ao Ocidente.

         Pensar que os indivíduos podem ser um em casa e outro na rua, seria desacreditar que a sentença antiga que diz que “costume de casa se leva à praça” também está errada. A não ser que o Brasil se encaminhe também para ser uma ditadura, como muitos hoje apontam, cedo ou tarde, o caráter interno desses Estados integrantes dos BRICS, irá dominar também todo o Bloco, fazendo, desse conjunto, não apenas um clube de vantagens econômicas, mas um aglomerado de países dispostos e orientados estrategicamente para enfrentar o Ocidente, sua cultura e valores, inclusive com o uso de uma força conjunta.

         Não seria surpresa se, por detrás de todos os arranjos econômicos e comerciais dos BRICS, não estariam também esforços para a constituição de uma organização nos moldes da OTAN. Que resultados esperar, do ponto de vista do desenvolvimento humano, baseado na qualidade de vida e segurança das populações de cada país membro, quando se observa que muitos deles não respeitam e até oprimem quaisquer manifestações internas de seus cidadãos, por maior representatividade que possam ter?

         Quem se dedicar a um estudo mais aprofundado, de cada país-membro dos BRICS, com seus novos componentes, verá que a maioria deles consta na lista de negra das organizações internacionais que lutam em defesa da democracia e dos direitos humanos. Brasil está perfilado ao lado de ditaduras ferrenhas, compondo um bloco que, a despeito de suas ideias econômicas, não são bem vistos pela maioria dos países do Ocidente. Que estratégia seria essa de se colocar um país fincado no ocidente, contra os ideais do próprio Ocidente?

          De certo, esses estrategistas do Exército Brancaleone não entenderam ainda que geografia é destino. Aliar-se a países que não escondem suas teses antiamericanas, no caso específico do Brasil, só pode render dessabores dos mais perigosos. O pior é que a população é quem irá pagar por essas sandices geopolíticas. Que cooperações e parcerias do tipo políticas, esperar de ditaduras? Um sinal sintomático, e até de mau agouro, sobre o futuro do BRICS foi dado por ninguém menos do que o ditador e candidato a uma vaga no Bloco, Nicolás Maduro, da Venezuela. Disse ele, com todas as letras: “Apostamos no BRICS como parte de um novo mundo, de um novo equilíbrio, como parte do conceito geopolítico bolivariano de um mundo de equilíbrio, um mundo de iguais.”

         Que mundo seria esse? Uma observação atenta sobre o que acontece hoje na Venezuela, seria um pesadelo transplantar toda aquela miséria e opressão para outros países. Quo vadis, Brasil (aonde vais)?

A frase que foi pronunciada:

“Instituições internacionais como o Conselho de Segurança, a Assembleia Geral, o G20, os BRIC, o FMI, etc., continuam a ser pouco mais do que uma extensão dos valores e interesses (cada vez mais conflituantes) dos Estados-membros.”

Ian Bremmer

Ian Bremmer. Foto: Eurasia Group

 

Cuidados

Quase todas as ofertas pelo WhatsApp funcionam como isca para um golpe que pode dar muita dor de cabeça. Depois de pesquisarem as amizades pelas redes sociais, os criminosos concluem qual o interesse da vítima: festas, música, crochê e por aí vai. Daí, com um convite especial, ele pede para confirmar a senha do WhatsApp que é instalado em outro aparelho. Daí por diante, pedidos de depósitos aos amigos e familiares. O mais interessante é que, mesmo com a exigência de um CPF na compra de um chip ou mesmo com as taxas de segurança pagas aos bancos, não é tão fácil localizar os meliantes.

Charge do Thyagão

 

Tecno

Na Indonésia e em outros países, é possível encontrar uma câmera com sensor térmico que aponta os viajantes com temperaturas maiores que as normais.

Foto: CNN (19.jun.2020)

 

História de Brasília

A agressão ocorreu próximo ao Cota Mil, quando a guarnição de RP fugindo às suas finalidades, considerou o jornalista um elemento de alta periculosidade.

Desfiles 2024

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Ala da Vai-Vai que representou policiais como demônios. Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

 

          Não é de hoje que a população brasileira, mesmo aquela que não acompanha o carnaval e não presta atenção na evolução das escolas de samba pelas avenidas do país, sabe que essas agremiações, por razões históricas, geográficas e mesmo por pressão de todo o tipo, mantêm estreito relacionamento com o mundo da contravenção e mesmo da criminalidade.

         Não se descarta aqui, nessas relações atuais, a proximidade com o tráfico e com as milícias. Antigamente esses relacionamentos ficavam apenas restritos aos banqueiros do jogo de bicho. Mas é preciso entender que o crime em nosso país tem evoluído muito, ganhando até status de empresas multinacionais. Dizer que as escolas de samba são infensas a essa proximidade, pode parecer até eufemismo, quando se percebe que muitas dessas escolas já estão literalmente sendo comandadas por sequazes do crime.

         Por certo os carnavalescos mais tradicionais, não aprovam essas relações. Mas o que podem fazer, diante do poderio da grana e das ameaças de morte, que essas facções fazem? As secretarias de turismo e os governos locais, mesmo na esfera federal, fingem que nada disso existe. Afinal essa infiltração dos criminosos nas escolas de samba, são realizadas de modo discreto e longe da observação do grande público.

         Toda essa situação pode até parecer surreal, mas o que representa isso, quando se verifica que mesmo nos poderes legislativos de muitos estados da federação essa presença hoje já é uma realidade? Extensas áreas geográficas de muitas metrópoles brasileiras, dominadas pelo crime organizado, são consideradas regiões proibidas para todos aqueles candidatos, que não são apoiados pelos criminosos.

         Quem se elege nessas regiões, possui, no mínimo, a bênção dessas organizações. Essa situação e outras relativas à realidade nacional têm produzido um efeito negativo sobre as escolas de samba e mesmo sobre o carnaval tradicional, afastando, dessas folias, as famílias e grande número de antigos foliões.

         O carnaval não é mais o que era, reclamam muitos saudosistas, que desistiram dessas festas. A criminalidade em geral, que hoje anda muito segura de si e que até é saudada por carnavalescos, como vítimas da sociedade e truculência da polícia, aproveita as festividades de Momo para praticar mais crimes, em meio ao tumulto geral estabelecido e diante da má vontade de agir das autoridades.

         Ir para as delegacias, registrar boletins de ocorrência sobre crimes ocorridos nas folias, é perda de tempo. Ricos saem como culpados de derem parte. Para completar essa realidade, que em si já é fora da curva da normalidade civilizatória, registre-se ainda que às vésperas do carnaval, em todo o país, caravanas e mais caravanas de ônibus lotadas são vistas nas ruas de todo o país, liberando em baciadas, presos e condenados por diversos crimes, todos beneficiados pelo instituto da saidinha, livres para curtir, ao modo deles, os dias de folia.

         É a escola do crime que pede passagem. Também pudera. Situação inusitada como essa só poderia acontecer mesmo num país onde autoridades, do mais alto nível de importância política destinam milhões de reais para que escolas de samba criem enredos especiais elogiando esses padrinhos. Pensar que nos estados de origem desses personagens políticos folclóricos, por falta de recursos, nem mesmo saneamento básico é encontrado. É o Brasil desmiolado do samba no pé que sai às ruas desfilando seus trapos e suas mazelas.

A frase que foi pronunciada:

“Há pessoas que usam máscaras de janeiro a janeiro. O carnaval não se acaba na quarta- feira de cinzas. Dói saber !”

Leônia Teixeira

Sem doença

Hora de redefinir ‘vacinação’. O que está acontecendo contradiz a terminologia. O significado é claro: “Ato ou efeito de vacinar visando gerar uma imunidade ativa, específica contra uma doença.”

Foto: Takeda/Divulgação

 

Inferno

Ao se aposentar, o trabalhador é identificado por bancos que ligam pelo menos 18 vezes ao dia oferecendo empréstimo consignado ou outros serviços. Mais ligações do tipo spam desligam imediatamente ao serem atendidas.

Foto: Divulgação/ALEMS

 

Carnaval

No Parque Olhos D’Água, as Lagartixas Chorosas deram um show de bom humor e musicalidade. Carnaval assim dá gosto!

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Precisamente

Daniel Brian parecia ter uma bola de cristal. Na sexta-feira, primeiro dia em que a cidade pretendia aquecer os tamborins, o francês fechou as portas. Parece que sabia sobre a quantidade de água que cairia do céu.

 

História de Brasília

A última vítima das guarnições de Rádio Patrulha foi o jornalista Caio Caiubi representante da “Visão” do Distrito Federal.

Eis a questão

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Charge do Zé Dassilva

 

Acerca da Ética, os dicionários ensinam se tratar de um ramo da filosofia que busca explicar os princípios que norteiam o comportamento humano, com relação ao respeito às normas e aos valores da realidade social, no intuito de valorizar as regras de conduta moral dos indivíduos em suas relações com seus semelhantes.

Para o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), a ética é estabelecida de dentro para fora, a partir da razão humana, com seu talento em criar regras de conduta e de convivência, tornando-as verdadeiras bússolas morais às quais denominou Imperativo Categórico. Para Santo Agostinho (354-430 d.C.), a ética estaria ligada ao amor, sobretudo ao amor a Deus, longe das necessidades materiais. Para ele, a liberdade de vontade inerente ao homem deve ser orientada sempre para o bem em busca de uma harmonia individual e coletiva.

Já para outro filósofo da Igreja Católica, Tomás de Aquino (1225-1274), a ética está centrada no pensamento metafísico, a partir do agir humano. Também chamada de Ética Tomista, ela se centra na contemplação do criador. Mesmo para os gregos da antiguidade clássica, como é o caso de Aristóteles, a ética, que poderia ser definida como costume, hábito ou caráter, estava relacionada intrinsecamente com a ideia de felicidade e virtude. Para muitos gregos, a tendência natural do ser humano era a busca pela felicidade e para o bem.

         Para Nicolau Maquiavel (1469-1527), seriam duas concepções de éticas diversas. Uma ligada à tradição cristã, que visava a salvação da alma, e uma outra ética ligada à política, que tinha como finalidade última a salvação do Estado e que abria exceções nesse caso: mentir quando necessário, ser mau quando for o caso e, ao mesmo tempo, parecer bom e piedoso. Realista ao extremo, costuma dizer: “Os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo (plebe) sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo.”

         Na visão do chamado “pai da Psicanálise”, Sigmund Freud (1856-1939), não existe uma ética nascida no coração do homem, essa noção passa a existir à medida em que o sujeito se vê imerso dentro do campo da cultura. Para ele, a ética irá se delinear como uma limitação da pulsão (força dinâmica) e poderia estar na raiz de algumas patologias psíquicas. Na psicanálise, a ética está inserida no inconsciente e traduz um sentimento de que existe, sim, um mal-estar próprio à condição humana. Para Freud, a ética tinha sua origem na tentativa dos indivíduos de justificar, racionalmente, sua conduta moral para assim ficar em paz com sua própria consciência e em paz com seus semelhantes próximos. No entanto, a concepção que se tem hoje sobre ética, diante da modernidade e da contemporaneidade, está ligada às novas relações entre os homens e às recentes instituições, com o objetivo de combater desmandos e abusos.

         Desse modo, a Ética moderna se liga agora mais às motivações institucionais e legais, deixando a questão da moralidade em segundo plano. Com isso, é na forma da lei que a noção de ética se liga hoje. Não surpreende a quantidade de códigos de ética existentes atualmente. Por todo o lado e, sobretudo, nas instituições, os códigos de ética e de conduta estão presentes. São os códigos de ética médica, da advocacia, da igreja, das universidades, da imprensa, do comércio, dos órgãos do governo, das empresas e por aí vai. Fala-se muito, hoje, em governança, transparência, e outros termos e neologismos, cheios de significados e muitas vezes vazios de afirmação efetiva. A questão aqui e no resto do mundo é saber onde estaria a ética nesses novos tempos.

         Para alguns observadores da modernidade, a ética, como a conhecemos, ao longo da história humana, foi exilada, para alguma ilha distante, justamente por apresentar o abismo existente entre os homens públicos e a própria noção de Ética que trazemos ainda guardada dentro do peito e que se refere a conceitos como bom caráter, boa conduta, integridade moral, evolução espiritual e outros valores que devem permanecer eternamente válidos, sob o risco de cairmos todos na vala comum da animalidade e da insanidade.

         Hoje, a mais acertada definição de ética fica por conta do filósofo de Leme, Millôr Fernandes (1923-2012). Como ele dizia, criticando nosso conceito moderno de ética: “meus princípios são rígidos e inalteráveis. Eu porém, nem tanto.” Ou simulando um diálogo entre dois políticos: “mas de uma coisa o senhor poder estar certo. Se algum dia em abrir mão de minhas convicções morais, a preferência será sua.” A relatividade imposta ao conceito de democracia valeira também para a ética. Somos o que somos? Ou não somos mais nada? Eis a questão.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Um homem sem ética é uma fera solta neste mundo.”

Albert Camus

Albert Camus. Foto: wikipedia.org

 

Vamos para o trabalho

Casos em que funcionários precisam levar crianças ao trabalho causam dúvidas na reação dos vigilantes. O problema é que as instituições não podem ser responsabilizadas por qualquer acidente com os pequenos. Caso resolvido pondo, à disposição dos pais, um termo de responsabilidade pela criança durante a visita. Ver o pai ao telefone no trabalho, as máquinas a todo vapor, os restos de bobinas espalhados no chão para receber a tinta das canetas coloridas… Ou a mãe cuidando das comunidades carentes de atenção. Aferindo a pressão arterial daquelas idosas com o rosto marcado pelo sofrimento, ou da vacina dada nos filhos de ministros da Justiça com sotaque engraçado. São memórias valiosas e todos devem ter esse direito.

Foto: meon.com

 

História de Brasília

Nessa mesma data, já que o assunto é telefone, o DTUI entregará o aparelho 2-9999 o que quer dizer que estarão aplicados os 3 mil terminais nesse ano. (Publicada em 01.04.1962)

A fuga dos cérebros

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Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

 

          Com o fim do Imposto estadual sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), conforme proposta recente trazida e já aprovada da Reforma Tributária ou Arcabouço Fiscal, alguns reveses ou ajustes começam a surgir em diferentes partes do país.

         No caso de São Paulo, maior locomotiva econômica do país, essa nova situação terá que ser feita com muita cautela e estudos. Um desses casos aqui e que merece maiores precauções diz respeito à remuneração dos docentes das universidades públicas daquele estado e que muito se assemelha a outras unidades da Federação. O salário dos professores universitários, em grande parte, tem, como uma das fontes de receita, a cota fixa de quase 10% da arrecadação local do ICMS.

         Embora muitas Universidades gozem de autonomia financeira, é desse e de outros mecanismos que conseguem pagar a folha salarial de seus professores. No caso específico de Brasília, o funcionamento da UnB, um complexo de instituições e centros acadêmicos, tão ou mais difíceis de gerir do que uma cidade de médio porte, sua fonte de financiamento está prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA), que define o montante a ser direcionado à Universidade. Esse valor gira hoje na casa de R$ 1.8 bilhão, sendo 85% destinados a despesas obrigatórias com salário de pessoal, os outros 15% vão para custeio e demais investimentos.

          Com os cortes propostos pelo governo atual para a educação, esses valores foram alterados para baixo. Mas a questão que importa aqui, além dos muitos problemas enfrentados hoje pelas universidades públicas, diz respeito à remuneração dos professores e pesquisadores. Com o fim do ICMS, essa questão irá ganhar ainda mais elementos de preocupação. É sabido, e isso não é segredo para ninguém, que a remuneração dos professores sempre foi um problema central dessa profissão.

         Não é por outra razão que, a cada ano, as escolas e universidades em todo o país vêm perdendo profissionais descontentes com os salários. Por outro lado, o incremento, cada vez maior, dos centros de pesquisa e de laboratórios de tecnologia privados acaba atraindo os melhores cérebros dessas instituições de ensino, pagando melhores salários e ofertando melhores condições de trabalho. Esse fenômeno ocorre, principalmente, nos países desenvolvidos, que passam a atrair mão de obra especializadíssima para seus centros de pesquisa. A fuga de cérebros para esses centros prejudica muito a continuidade e a qualidade de nossas universidades e instituições de ensino. Basta dizer que a formação desses professores e pesquisadores requer muitos anos de estudo e grandes investimentos, a maioria feita com recursos públicos.

         Para um país como o nosso, onde a qualidade de ensino tem ficado muito aquém das nações do primeiro mundo, esses desfalques acarretam anos de atraso em desenvolvimento científico e uma quantidade incalculável de prejuízos econômicos de longo prazo. Basta dizer que pesquisadores brasileiros do programa de doutorado sanduíche da Capes, órgão ligado ao MEC, dizem recorrer à venda de plasma, racionamento de comida e doações para conseguir se manter no exterior, conforme divulgado no dia 06 deste mês, nas páginas do caderno Educação Uol. Problema dessa natureza e que diz muito do que somos hoje poderia, em parte, ser remediado com a adoção de um novo modelo salarial para o funcionalismo público.

         Nesse novo modelo, a remuneração dos professores universitários, em fim de carreira e com dedicação total, bem como os pesquisadores de ponta, seria tomada como o teto salarial para o Brasil. Com isso, ninguém, nem mesmo os ministros das altas Cortes, ganhariam mais do que os professores e cientistas, invertendo a lógica danosa que hoje está vigente em nosso país.

         Como justificativa desse novo modelo, basta lembrar que todos aqueles que hoje se enquadram dentro da elite do serviço público estão nessa posição graças aos esforços e trabalho persistentes de seus professores, do básico à universidade.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Temos um sistema que tributa cada vez mais o trabalho e subsidia o não trabalho.”

Milton Friedman

Foto: wikipedia.org

 

Reconhecimento

Apesar do desprezo da sociedade para quem cuida de limpar as cidades do Brasil, catadores que reciclam mais de 60% do plástico descartado buscam uma conversa com o presidente Lula. Há esperança. É hora de dar medalhas para esse pessoal.

Foto: cl.df.gov

Classe

Com o advento da Internet, não teremos, em 60 anos, papeis e fotos para ler sobre a história do país. Soube que Maria Ester Bueno teve outra sorte. Está lá. Registrada na famosa Enciclopédia Britânica, a biografia e os detalhes de quando venceu nas quadras inglesas.

Maria Esther Bueno após conquistar, aos 19 anos, o título de simples de Wimbledon em 1959 — Foto: Allsport Hulton/Archive

 

História de Brasília

No próximo dia 21 de abril será instalado o primeiro telefone no Setor de Indústria e Abastecimento. Notícia em primeira mão para uma área vasta com grande necessidade de comunicação. (Publicada em 01.04.62)

Mea Culpa

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Charge do Cazo

 

           Até que ponto o fenômeno da violência em nosso país, uma das mais altas em todo o mundo, pode ser considerado uma questão social, ligada, sobretudo, a fatores como desigualdade econômica existente em nossa sociedade? Essa é, entre muitas outras questões, o ponto de partida para que se compreenda essa que é uma das maiores preocupações de nossa população nos dias de hoje.

          Um outro problema inserido nesse debate, que já se estende sem conclusões por décadas, é o de saber que, tomado sob o ponto de vista eminentemente político, com todos os vieses ideológicos que isso comporta, a violência se multiplica, chegando mesmo a ganhar um preocupante crescimento exponencial, à medida em que decrescem as respostas efetivas ao seu combate. Isso significa que, mais importante até do que entender esse fenômeno de forma acadêmica e sonolenta, é pôr em prática, logo de início, as medidas previstas nos códigos legais, de forma ágil e sem hesitações.

         É da hesitação da justiça, em cumprir seu papel, que se aproveitam os malfeitores para persistirem na criminalidade. A reincidência no cometimento de crimes é, entre nós, o fator que mais tem contribuído para a escalada da violência. Não é por outro motivo que os operadores de justiça, principalmente aqueles que trabalham na ponta, como os policiais, já chegaram a uma conclusão assustadora: os marginais perderam o medo ou respeito pelos agentes da lei. Debocham dos policiais, e até zombam de juízes, sem receio algum de que isso vá resultar em mais penalidades.

         Um outro problema de grande importância, também já constatado, é que o interior das cadeias e presídios nacionais, seu dia a dia, é hoje controlado pelo próprio crime organizado. Isso significa que quem dá as cartas dentro desses estabelecimentos correcionais são os mesmos que cometeram crimes. Dentro desses recintos, existe até mesmo regras e leis próprias, redigidas e cobradas pelos detentos. É nessas prisões que se encontram as mais organizadas, profícuas e bem montadas universidades do crime. É um mundo paralelo que as autoridades fingem desconhecer.

         Há quem afirme inclusive que os presídios ajudam a multiplicar o número de criminosos. Fosse esse um mundo totalmente fechado e blindado do exterior isso não teria maiores problemas. A questão aqui é que de dentro dos presídios, mesmo os de maior segurança, partem, diariamente, ordens e serviços que devem ser cumpridos por aqueles que estão fora de seus muros. Essa intermediação é feita ou por familiares ou mesmo por uma legião de advogados de defesa, que levam e trazem mensagens, tanto de dentro para fora como de fora para dentro. Há uma espécie de status quo antigo que ninguém ousa alterar ou pôr fim. Somente por essa realidade visível, é possível intuir que mais do que um problema social, o crescimento da criminalidade e da violência dela decorrente é sistêmica e estrutural, e está incrustado e enraizado dentro do próprio sistema. Só não vê quem não quer.

         Mais importante até do que identificar o fator social, como causa primeira da criminalidade, é reconhecer que o nutriente dessa máquina infernal, que infelicita hoje os brasileiros, é dado por um elemento que não aparece nos estudos acadêmicos e científicos: a corrupção. É ela que nutre e perpetua o crime. Observem que, em países onde a corrupção é um traço insignificante, os índices de criminalidade praticamente inexistem ou são também insignificantes. Descontadas as proporções, dentro dos presídios, são replicadas e espelhadas as mesmas práticas corruptas que se observam para além de seus muros. É disso que estamos falando. Muito antes de ser um problema social e até político, a violência decorre de um ato de mea culpa, vindo daqueles que possuem responsabilidade sobre essa calamidade.

A frase que foi pronunciada:

“Você está na prisão. Se você deseja sair da prisão, a primeira coisa que deve fazer é perceber que está na prisão. Se você pensa que é livre, não pode escapar.”

G.I. Gurdjieff

G.I. Gurdjieff. Foto: ggurdjieff.com

 

Cuidados

Mais de 7 milhões de brasileiros foram ludibriados por golpes em 2023. As informações foram divulgadas na pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), em parceria com a Offerwise Pesquisas. clonagem do cartão de crédito e/ou débito (6%); compra de produtos em anúncios falsos postados em redes sociais clonadas de amigos e/ou conhecidos (4%); transações financeiras na conta bancária sem autorização (3%); emissão de cartões de crédito sem autorização usando documentos falsos, perdidos ou roubados (3%); empréstimo do nome sem autorização usando documentos falsos, perdidos ou roubados (3%).

Foto: Mohamed Hassan / Pixabay

 

História de Brasília

Na pista da última corrida, próximo à chegada, havia um barraco onde estava escrita a cal a palavra ‘perigo’. O dr. Comparator da Consispa, atualmente em São Paulo, contando isso a amigos, foi em todos os buracos de São Paulo, precisaria de uma turma de duzentos homens trabalhando durante cinco anos para consertar. (Publicada 01.04.1962)

Do escambo à economia virtual

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Imagem: Shutterstock

 

          Nada é mais consumido no mundo de hoje do que a ficção em forma de literatura, cinema e outras artes. A propósito, a própria arte, em suas manifestações abstratas, podendo ser tudo aquilo que o freguês deseja ver, também segue o mesmo rumo e é consumida, com avidez, como sendo um oásis de segurança em investimentos.

Com esse introito o que se busca é demonstrar que os rumos tomados hoje pelas ciências humanas da economia, seguem, cada vez mais imbicados rumo ao mundo virtual, onde a ficção e a realidade se fundem num mesmo bem, cujo valor está suspenso no ar, à espera de uma nova movimentação das peças nesse tabuleiro de nuvens.

Voltando os olhos para trás e percorrendo o longo caminho erguido pelos seres humanos para a criação de bens de consumo, verificamos que toda a produção de riqueza parece ter se iniciado com a troca de bens, onde o valor do produto era aferido por sua necessidade imediata. Do escambo, as primeiras civilizações passaram a comercializar seus produtos, tendo como ponto de atividade geográfica, os entroncamentos dos caminhos, onde todas as estradas se entrecruzavam, dando origem às primeiras feiras. Até aí nenhuma novidade para quem segue as trilhas da história.

O ponto de inflexão fica situado com a popularização da moeda, nascida, nesses locais, como bens de troca. Surge aí, talvez a primeira ficção econômica e ao mesmo tempo real. Lastreado em ouro ou prata, esse bem de troca logo ganhou a preferência do mundo antigo. Aqui, pouco importavam as batatas ou o trigo, mas a bolsa de moedas e o tilintar dos metais preciosos.

Um mundo inteiro de produtos reais poderia ser representado agora pela posse de uma pequena quantidade desse mineral em forma de discos minúsculos. Dessa evolução, tomada pelos bens materiais em direção à abstração e à ficção, surgem, nesses mesmos espaços de feiras de comércio, a nota promissória e o embrião das primeiras casas bancárias. É nesse ponto que a transformação da riqueza ganha seu maior impulso rumo ao mundo da ficção.

         Somente o poder de abstração da espécie humana, fator que, por excelência, a diferencia dos demais animais, foi capaz de transmutar as riquezas materiais em bens que, ao fim e ao cabo, estavam apenas estampados numa folha de papel, garantidos por garatujas e selos de parafina. Nada mais irreal do que aquilo que não está ao alcance dos olhos e sob o controle dos sentidos. Nenhuma outra revolução na economia foi tão radical e definitiva como a criação do sistema bancário. Obviamente que, com os bancos, veio o sistema financeiro. Dando um grande salto no tempo, até os dias de hoje, vemos que o mundo moderno já não pode mais se desvencilhar do sistema financeiro, pois é ele que, em última análise controla o setor produtivo, regulando até o setor responsável pelo consumo.

         Nessa encruzilhada dos bancos, quatro caminhos ou mercados tomam direções diferentes: o de capitais; o de crédito; o de câmbio e o monetário. Nesse patamar, as riquezas e os bens materiais, somem de vista, passando a compor o mundo virtual, onde as oscilações de preços e outros fatores abstratos dão um novo sentido a economia. Pensar que esse é o fim de todo um ciclo percorrido pela riqueza é também uma ilusão.

          Nada termina nessa estação do trem da história econômica. Mas, além dessa estação, vislumbram-se ainda outros nascentes modelos econômicos, ainda mais abstratos e irreais, criados agora com a introdução do mundo digital e da internet na economia. Nesse estágio, a própria moeda física deixa de existir e todos os ativos do mundo surgem agora como aquele pintor, que ficou suspendo no ar, segurado apenas pela brocha colado ao teto.

         Não bastassem os mercados futuros, onde as certezas são dadas com base em incertezas, surgem agora as criptomoedas ou criptoativos, também conhecidos como cyber moedas. Com isso, a validade das transações passa a ser dada por intermédio da tecnologia. Curiosamente, o criador desse novo modelo econômico, em 2009, um tal Satoshi Nakamoto, nunca foi agraciado com o Nobel de economia, por sua invenção. Mais curioso é saber que as criptomoedas não são lastreadas a uma reserva financeira ou a um bem físico.

         É aí que a ficção na economia ganha ainda mais elementos irreais. Seu valor é dado pelos ventos do mercado, seguindo as antigas leis de mercado, no embate esterno entre oferta e procura. A questão toda aqui envolve a credibilidade ou a falta dela em relação aos governos e aos Estados. De fato, sãos governos e seus respectivos bancos centrais, de todo o mundo, sobretudo de países como o Brasil e outras economias cambaleantes, que perderam a credibilidade, devido a excessiva criatividade com que lidam com os números.

          Quanto mais criativas as pedaladas fiscais nas contas públicas, mascarando os números, mais e mais, a moeda fiduciária, ou aquela garantida pelo governo, perde seu valor de face. É nesse faz de conta que a ficção, representada pelas criptomoedas, surge até com mais concretude e certezas do que as moedas nacionais, como é o caso do Real. A noção moderna ensina que, no mundo virtual, o dinheiro está bem mais seguro e protegido do que nos cofres dos bancos centrais.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os pobres ficam ainda mais pobres quando têm de sustentar os burocratas nomeados supostamente para enriquecê-los.”

Mário Henrique Simonsen

História de Brasília

Entre as duas pistas da W3RN há seguidas lagoas, que poderiam ser extintas, bastando um pequeno movimento de terra da Esplanada dos Ministérios. (Publicada em 01.04.1962)

O Brasil vai melhorar

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Lula e Haddad (Fotos Roque de Sá/Agência Senado e Douglas Magno/AFP)
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-nova-crise-do-governo-lula-e-que-envolve-haddad

 

         Muito tem se falado e especulado sobre os entraves seculares ao desenvolvimento do país, reunidos num conjunto que passou a ser conhecido como Custo Brasil. Educação, saúde, segurança nas estradas, portos, aeroportos, ferrovias, burocracia, logística, energia e uma infinidade de setores mal resolvidos, o que tem adiado, sine die, o verdadeiro dia da independência dos brasileiros.

         As raízes dessas mazelas, perdidas nas brumas do tempo, possuem, contudo, uma ramificação comum, bem identificável e que sempre esteve presente ao longo de nossa história. Mesmo reconhecendo a inutilidade na busca de culpados por nosso compromisso com o futuro, não deixa de ser sintomático que, na origem de nossos males, figuram, em primeiro plano e isoladamente, nossas lideranças políticas. Não todas elas, mas a grande e significativa maioria. Desse modo, não é exagero afirmar que, à baixa qualidade de nossos representantes políticos, devemos todo nosso subdesenvolvimento.

         A razão dessa tragédia nacional situa-se muito além das características pessoais de cada um deles, totalmente alheios ao que se entende por espírito público. Ao reuni-los em núcleos maiores denominados partidos políticos, que nada mais são do que espécie de clube fechado, multiplicam-se suas forças, ao mesmo tempo em que se tornam impermeáveis às influências das ruas e de qualquer fiscalização externa. Excetuando os períodos monocráticos experimentados pela sociedade, não seria demais conjeturar que nossas urnas eleitorais, muito mais do que portais de entrada para o mundo da democracia, têm representado uma verdadeira caixa de Pandora, que uma vez aberta, libertam uma fila de pessoas sem soluções a apresentar.

         Ao Custo Brasil, agrega-se, como fundamental, o Custo Político. Esta sensação ficou ainda mais evidenciada para a população em geral com a eleição e as posses da nova legislatura e com a eleição e posse dos membros do Executivo. Em ambos os casos, houve o tradicional festejo dos eleitos, com seus familiares e apoiadores. Muita comida, muita bebida, tapinhas nas costas aos novos membros do clube que chegam. Tudo muito animado e distante, anos luz, da população, convidada apenas para bancar os festejos, cada vez mais caros, na forma de impostos crescentes.

         Há uma crise sendo anunciada e o problema maior é que não existe, no horizonte imediato observável, ninguém com a capacidade e credibilidade para chamar todos a razão, apaziguando o país. É em momentos assim que a nação necessita de personagens com a capacidade de liderança, guiando todos para o vale da concórdia. Se tivermos que aguardar o surgimento de lideranças, tal como tivemos durante a pandemia, estamos literalmente no sal e entregues à própria sorte.

         De fato, estamos todos numa espécie de vácuo ou deserto árido, de homens e ideias. É preciso, neste momento, dar o nome aos bois, mostrando a todos quem foram os verdadeiros atores a deflagrar essa crise.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Sentindo que Peter estava voltando, a Terra do Nunca acordou novamente para a vida. Devíamos usar o mais-perfeito e dizer acordado, mas acordado é melhor e sempre foi usado por Peter.”

James M. Barrie

James M. Barrie. Foto: Barrie, 1893 – Coleção Granger, Nova York

 

Incômodo

Veja, a seguir, o tamanho da construção misteriosa que brota às margens da mata ciliar no trecho 9 do SMLN, onde não há vizinhos. Já são 3 andares. Buscas dos moradores do trecho dão conta de que a venda do terreno foi feita pela Novacap. Há que se esclarecer.

Foto: Arquivo Pessoal

 

Barreira

Em várias cidades do país, não há cancela por onde passam os trens. As travessias são feitas quase sempre sem cuidado. Vale pensar em nova legislação que dê mais segurança para a população com o controle do fluxo.

 

Incrível

Quem procura acha. Há realmente passagens de avião para Goiânia, por exemplo, saindo de Brasília por R$128,42.

Foto: kayak.com

 

Lupa

Se todas as emendas saídas do parlamento brasileiro pudessem ser rastreadas pela população valeria mais a pena pagar os impostos. Assim, o que é obrigação de serviço pelo Estado teria a participação do contribuinte.

Charge do Cazo

 

História de Brasília

Firmado o convênio para a Construção em Brasília pela Novacap, do edifício do Itamarati. Tomara que não aconteça o que está acontecendo com o Banco do Brasil. O prédio está sendo construído e a diretoria que funcionava em Brasília, foi embora. (Publicado em 01.04.1962)

Vivendo no mundo virtual

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Foto: jundiai.sp.gov

 

         Livros e teses abordam que o uso prevalente de um computador ou tablet, tanto em sala de aula quanto em casa, podem prejudicar muito mais do que ajudar no desempenho dos alunos. Principalmente quando o computador é o centro da atenção, e não o estudante. Experiências pontuais mostram que alunos que foram obrigados a deixar o computador de lado em suas tarefas diárias apresentaram notas 18% superiores em comparação com aqueles que usaram sistematicamente os meios digitais em suas atividades escolares.

         O renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveu uma pesquisa intensa por dois anos, logo que os computadores começaram a ser introduzidos nas escolas norte-americanas. Foram três grupos divididos de quase oitocentos alunos matriculados do ensino médio. Para um país como os Estados Unidos, onde a porcentagem no uso de computadores no ensino saltou de 3%, em 1994, para 94% em 2005, a relevância desse estudo mostra que essa nova ferramenta, a despeito de suas possibilidades quase infinitas, não corresponde, necessariamente, para melhorar o complexo processo didático do ensino-aprendizagem.

          Pode parecer até uma contradição ter que reconhecer que, em pleno século XXI, a mais festejada tecnologia de nosso tempo, apresente fatores negativos, capazes até de retardar o pleno desenvolvimento das características cognitivas dos alunos. Nesse caso específico trata-se do desenvolvimento natural da mente, ao entrar em contato com fatos relativos ao conhecimento, da percepção da realidade, ao discernimento entre o certo e o errado, enfim ao juízo de valores, sua hierarquia, submetendo todos esses elementos ao escrutínio do raciocínio.

          Quando as respostas aparecem, como mágica, na tela, todo esse importante processo e esforço cognitivo, vai ficando como que atrofiado ou malformado. Acreditar que o mundo está ao alcance de um click no botão do computador nem sempre é verdade. Para a Educação e processo de ensino, há a possibilidade de mau uso dessa ferramenta tecnológica nas escolas, sobretudo quando não se conhecem seus efeitos a longo prazo numa população ainda em formação, e, portanto, aberta a tudo.

         Aprender a estruturar o conhecimento exige ferramentas próprias e naturais ao ser humano, desenvolvidas ao longo de milênios e que foram capazes de conduzir o cérebro para a elaboração do raciocínio abstrato, da criatividade e tantos outros atributos que fizeram da humanidade o que ela é hoje. Ciente desses riscos, alguns países do primeiro mundo e que foram pioneiros na introdução da informática nas escolas, como é o caso da Suécia, que desde 1990 implantou o modelo onde 100% do ensino era digital, parecem ter acordado para os problemas trazidos pela moderna opção.

         Os resultados de colocarem as escolas e os alunos vagando no mundo virtual, tiveram um alto preço cobrado agora, na forma de uma acentuada queda no desempenho das crianças em leitura e interpretação de textos; num declínio visível das estratégias relativas à criatividade. Tudo isso somado às críticas severas de especialistas em saúde, que perceberam os malefícios da exposição prolongada dos alunos na frente de computadores no que se refere à visão, postura e habilidade da escrita, além de ansiedade, depressão, vício e problemas de comportamento.

         O que as autoridades daquele país tiveram que reconhecer, depois de investidos milhões de euros na implantação de escolas digitais, foi que métodos simples, como a volta de livros físicos poderia trazer benefícios aos alunos que nenhuma tela de computador poderia substituir. A constatação geral, depois de quase duas décadas utilizando ostensivamente computadores em sala de aula, foi que os jovens submetidos a essas “inovações” passaram a saber menos, a raciocinar com mais dificuldade, perdendo o poder de concentração.

          A ortografia, ferramenta essencial que estabelece conexão direta com o cérebro, também foi nitidamente prejudicada. As estratégias pedagógicas agora, depois de experiências como essa, devem ser outras. Mesmo a neurociência, envolvida nesse problema, apoia o retorno do ensino físico. Outras áreas do saber como a psicologia também reforçam a necessidade de se repensar o ensino digital. A sensação dos envolvidos nessa questão é um paradoxo. Nunca, diante de uma massa colossal de informação instantânea, posta hoje à disposição de todos, os jovens, curiosamente, parecem demostrar um baixíssimo nível de conhecimento e compreensão do mundo atual.

         Exercícios simples como redigir textos manualmente foi, dentre os muitos prejuízos, o que mais chamou a atenção de todos. Além disso, foram verificados prejuízos na comunicação e interação entre os jovens, dificuldade de dialogar e discutir problemas, tudo ocasionado pelo retardamento no desenvolvimento cognitivo.

         Trata-se de uma situação real, cuja experiência pode servir muito bem para escolas brasileiras, sobretudo para o ensino público, em que os computadores podem, ao mesmo tempo, minorar a má formação dos professores, o pouco interesse das autoridades na melhoria do ensino, e a conhecida malevolência presente em muitos de nossos alunos. De certo, os problemas do ensino em nosso país jamais serão resolvidos, mesmo em parte, empurrando os alunos para o mundo virtual onde tudo pode acontecer, inclusive nada.

A frase que foi pronunciada:

“A arte de pensar está se perdendo porque as pessoas podem digitar uma palavra e encontrar um resultado e pensam que isso é a resposta para tudo”.

Tom McCarthy

Tom McCarthy. Foto: goldenglobes.com

 

História de Brasília

Coisa fora do plano de Brasília: a TV Alvorada está no setor residencial, a Rádio Educadora do Ministério da Educação está no setor das grandes áreas(escolar) e a oficina da Disbrave está no Setor Comercial Residencial (Publicada em 01.04.1962)

A ciência como futuro do planeta

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Foto: Nasa/Noaa/Goes/Project

 

Muitas décadas antes da virada do século, os estrategistas chamavam a atenção para a enorme importância econômica que a tecnologia iria adquirir para os países. Chegaram a afirmar que aquelas nações que resistissem em investir maciçamente em pesquisas variadas, ficariam para trás, correndo o risco de se tornarem dependentes de países que avançaram e investiram em ciências. Não deu outra.

Hoje, o que se observa é que vários países que não seguiram esses conselhos tornaram-se dependentes econômica e até politicamente de nações que buscaram na ciência novos referenciais e fontes de riquezas e prosperidade. Para os países que hoje se encontram no seleto e fechado grupo de nações desenvolvidas, as universidades e os laboratórios de pesquisa estatais e privados receberam grandes investimentos.

O recrutamento de cérebros, dentro e fora das fronteiras, passou a ser a norma. Altos salários e excelentes condições de trabalho foram oferecidos para pesquisadores e cientistas de todo o mundo, das mais diversas áreas. Nessa corrida em busca de uma nova espécie de ouro, o Brasil e outros países, que não fizeram esse tipo de planejamento, ficaram para trás, e hoje têm que se submeter às exigências e aos caprichos das nações cientificamente mais dotadas.

Em qualquer área da ciência que se vislumbre, é patente que o Brasil e outros países deste continente dependem de tecnologia, insumos e outros recursos materiais e humanos vindos do estrangeiro. Trata-se aqui de um atraso, que, pela persistência das precárias condições atuais, não será vencido ou equiparado nas próximas décadas.

No Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde as tecnologias da informática avançaram como nunca e mesmo em regiões localizadas entre Harvard e o excelente Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), uma legião de cientistas pesquisa novos medicamentos e os avanços científicos acontecem em ritmo alucinante.

A cada dia, novas tecnologias e medicamentos são criados ou aperfeiçoados. Também, a cada descoberta e avanço, bilhões de dólares fluem para esses centros. Não seria exagero dizer que boa parte da humanidade depende desses centros científicos para vencer os desafios do futuro. Não é por outra razão que o governo americano e as mais ricas famílias do planeta estão investindo bilhões de dólares nesse novo nicho.

Aos cientistas, normalmente oriundos das mais prestigiosas universidades do mundo, são oferecidas cifras astronômicas, comparadas aos astros do esporte. Os investimentos privados nas áreas de pesquisa, sobretudo de medicamentos novos para a cura do câncer e mesmo de doenças cerebrais, são cada vez maiores.

O desenvolvimento de equipamentos de exames clínicos seguem o mesmo modelo. Ciência é economia. Basta, nesse caso específico, notar que, entre as maiores empresas ou indústria farmacêuticas do mundo, surgem empresas como a americana Johnson & Johnson, a suíça Novartis e Roche, a Pfizer ou Viatris; a francesa Sanofi; a Merkel, da Alemanha; a GlaxoSmithKline, da Inglaterra; a AstraZeneca, empresa anglo-sueca; a Bayer da Alemanha; a Gilead, americana, e outras criadas em países que investiram grandes recursos em pesquisas científicas.

 

A frase que foi pronunciada:
“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.”
Louis Pasteur

Louis Pasteur. Foto: Arquivos fotográficos, Paris

 

Akneton
Celso Pires Araújo, cantor e ator de longa data, que enriquece a cidade com sua criatividade, apareceu de Batman nas paredes externas do Teatro Nacional, para lembrar o que determina a Constituição, quando dá ao Estado a responsabilidade de garantir a cultura ao povo. Mais um ano, a arte da capital está sem o abrigo.

Teatro Nacional, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil

 

Livro
Voltamos das férias, por isso não houve tempo hábil de divulgar o Caderno de Viagens de Miguel Gustavo de Paiva Torres. O livro foi lançado pelo editor Carlos Leal e a Francisco Alves Editora. Adquira a obra na Livraria da Travessa no Casa Park.

Miguel Gustavo de Paiva Torres. Foto: contextoalagoas.com

 

Solução
Imaginem um país onde a população unida paga as melhorias dos hospitais, escolas, transportes e segurança tendo desconto no imposto de renda pelo feito. Certifique-se: o antônimo de emenda é fé!

 

Boa ideia
Adotando a régua da Justiça para a contagem de tempo em dias úteis, o mesmo poderia ser estipulado na marcação das férias pelos trabalhadores regidos pela CLT. Trinta dias úteis de descanso.

Imagem: reprodução da internet

 

História de Brasília

Antes de uma semana, após falar na Câmara dos Deputados contra o número de viaturas da polícia, o deputado Bezerra Leite precisou de uma radiopatrulha na sua cerâmica, tendo sido atendido prontamente, graças ao equipamento contra o qual ele falara no Congresso.