Cacos de verdade

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: reprodução da internet

 

Ao leitor, todas as vênias e direitos. Com esse mote simples, fica patente que as redações em todo o mundo e, com elas, os escribas devem, doravante, começar a considerar a atenção dada pelos leitores ao que diariamente é publicado nos periódicos daqui e d’além mar. É para eles que escrevem os jornalistas e não para as autoridades e todos aqueles que momentaneamente estão no poder. Eles se vão. Os leitores ficam.

A maior catástrofe que pode ocorrer a um jornal não é a falta de tinta ou papel, mas o abandono e a debandada dos leitores. Sem eles, todo o universo da imprensa escrita se desfaz em pó. Por isso chega a ser surpreendente que muitos periódicos, envoltos numa disputa insana contra as redes sociais, numa batalha em que quem mais irá perder é o próprio leitor, não tenha se dado ao trabalho de abrir amplos espaços para a manifestação livre dos leitores. Afinal todos tem o que dizer, todos são também fontes de notícias e de avaliação do que acontece no nosso país e no mundo.

Uma receita como essa poderia, logo de saída, fazer com que o leitor deixasse a posição de expectador passivo, adentrando como partícipe no mundo da notícia. Com isso, o que se quer deixar claro, é que os espaços reservados aos leitores, deveriam ser enormemente ampliados, abrindo oportunidades, para uma multiplicidade de assuntos, que, ao fim e ao cabo, interessam a todos. São milhares ou, talvez, milhões de jornalistas informais espalhados por todos os cantos, prontos para reportarem os fatos. Nessa leva imensa de consumidores e fornecedores de notícias, estão desde os funcionários públicos até os trabalhadores do mercado informal.

Ao contrário do que em certa ocasião afirmou um desses próceres de passagem pelo poder, as mídias sociais, incluídos aqui os periódicos, que abrem espaço para um fórum de leitores, não deram voz aos imbecis, mas àqueles que também têm o que dizer, mesmo que isso não seja do agrado de certos ouvidos áulicos. No passado, algumas redes de televisão e estações de rádio abriam espaços dentro dos noticiários para uma espécie de “povo fala”, onde a população podia falar sobre um determinado assunto de interesse geral. Nessas ocasiões, não raro, algumas observações feitas por esses entrevistados de ocasião não só resumiam tooa o fato, como ainda abriam questões que não haviam sido pensadas sobre esse assunto. Dizer que a voz do povo é a voz de Deus é um desses casos que resumem a importância desses fóruns de leitores. O fato é que a ninguém é garantido o direito sobre a verdade, já que, nesse ponto, os filósofos concordam que a verdade não é absoluta e concreta, mas, ao contrário, está dissolvida no ar, em milhões de pedaços.

Todos carregamos, nas mãos, um pedaço dessa verdade. Os periódicos, como veículos de comunicação devem se abrir para esse fato. Afinal quem mais experiencia a economia popular, um ministro da fazenda, de passagem e alijado da realidade mundana, ou uma dona de casa que todos os dias vai às compras? Outro fato a ser observado numa sociedade que evolui com o tempo é que o formato de notícias, o mesmo nos últimos dois séculos, precisa também acompanhar essas mudanças, inserindo, em seu rol de informações, os milhares de setoristas plantados em seus postos de vigilância.

Essa população subaproveitada representa uma fonte inesgotável de notícias, pois formam aquilo que poderíamos chamar de “os olheiros da notícia”. Depois da notícia em si, o que mais interessa aos leitores, não importando o meio ou a mídia em que está se informando, é a opinião daqueles que também leram essa notícia. Os comentários servem, assim, como um parâmetro dando, precisamente, a média das opiniões sobre o assunto, fornecendo uma reflexão segura sobre o que está em pauta. Aos leitores, portanto, toda a atenção. Ver, ler, ouvir e compartilhar o que eles têm a dizer é o que demais importante há que se fazer para reunir os pequenos cacos de verdade dispersos no ar.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quem confere significado e utilidade ao jornal é o leitor.”

Dona Dita

 

 

Direito de ir e vir

As brigas entre moradores de rua e o assédio aos transeuntes das quadras na Asa Norte têm sido a marca da pouca atenção do governo. O que se vê é a falta de iniciativa e apoio para uma morada decente tanto para os abandonados quanto para os pagadores de impostos.

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Pres

 

História de Brasília

Depois outra notícia circulou. É que havia caído um raio na antena do aparelho, e inutilizou-o. Ninguém sabe de fato a razão ou as razões, mas sabe que o equipamento está fora de uso e os médicos não foram sequer procurados para devolver o transistor que tinham sempre ao bolso. (Publicada em 29.04.1962)

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