O vale dos escombros

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Fernando Haddad. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasília

 

Seria possível, em alguma parte do universo, emitir-se uma moeda digital comum, como o SUR, proposto pelo futuro ministro da Economia, Fernando Haddad, válida para toda a região sul-americana, tendo como objetivo central e estratégico, acelerar o processo de integração político e ideológico de todo o continente?

Essa e outras interrogações estarão em pauta nos próximos dias. Conhecendo-se mais detidamente o universo da América do Sul e, principalmente, a que países essa ideia se liga, a resposta mais sensata à essa questão, seria um não. É impossível lastrear toda e qualquer moeda, digital ou não, a princípios ideológicos. Moedas, por suas características, ligam-se a modelos econômicos específicos e devem, para sua sobrevivência, ser atreladas às regras de mercado e às atividades do livre comércio, o que quer dizer, à iniciativa privada e toda à inércia que a demanda e a oferta proporcionam.

O Brasil que, a duras penas, vem tentando restabelecer um mínimo de respeito, seriedade e aceitação de sua moeda, desde a criação do Real, poderá embarcar nessa doidivana aventura, apenas para assistir, num curto espaço de tempo, o esfarelar da moeda nacional. Mas o que é esse desastre em face do que se pretende? Nas palavras do idealizador da proposta, “A criação de uma moeda sul-americana é a estratégia para acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos. É um passo fundamental rumo ao fortalecimento da soberania e da governança regional, que certamente se mostrará decisivo em um novo mundo”. Esse novo mundo, não passa de restos dos escombros deixados pela Europa Oriental, após o colapso do Muro de Berlim.

Uma herança amaldiçoada que, por falta de espaço no velho continente, veio buscar novas raízes na América do Sul. Alguns economistas, menos enfeitiçados já se perguntam, como pode uma moeda comum, para todo o continente, dar certo, numa região onde sequer tem sido possível a formação de uma zona de livre comércio.

O Mercosul é ainda uma ideia que, pelos desdobramentos políticos sofridos em muitos países, sequer deslanchou de maneira aceitável. O que tem atrapalhado o Mercosul ou o livre comércio é justamente o domínio ideológico em muitos países, avesso à livre iniciativa e a tudo que diz respeito ao livre fluxo de bens serviços.

Economias centralizadas ou estatizadas com o dinamômetro apontando força de ideologias políticas são contrárias ao livre comércio. No máximo, poderíamos restabelecer, entre esses países, o antigo modelo de escambo ou a troca de produtos por produtos in natura. Tudo isso dentro de uma precária união aduaneira burocrática e comandada por sindicatos dos portos, aeroportos e rodovias.

Para se ter uma ideia da paridade ou da disparidade entre as moedas do continente, a moeda venezuelana, depois de seguidas ondas de hiperinflação, foi cortada em nada menos do que 14 zeros para ter algum significado concreto no mundo das moedas. Para que o venezuelano possa comprar o que seria uma cesta básica, seria necessário hoje, um carrinho de mão cheio de dinheiro, pesando aí uns 50 quilos para essa operação. Igualar um Bolívar digital com o Real ou mesmo com o dólar é hoje uma tarefa surreal, tudo por conta do chamado “Socialismo do Século XXI”. É esse o novo caminho proposto. Um atalho pela velha estrada que leva a todos para um vale de escombros.

 

A frase que foi pronunciada:

“Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo apenas com o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade.”

José Mujica

Foto: oglobo.globo.com

 

Reconhecimento

Glen Valente, da EBC, comemora mais um ano de premiação nível 1 na Certificação do Indicador de Governança IG-Sest, em indicador de governança corporativa.

Glen Valente. Foto, Alan Santos

 

Tecnologia

Continuam os estudos do Banco de Amostras, construído em parceria entre o Ministério da Saúde e a Fiocruz. Com condições de estudarem vírus potenciais que podem causar pandemias, o Biobanco recebeu o investimento de 40 milhões de reais. Mais de um milhão e meio de amostras são mantidas em baixa temperatura para os estudos. Essa era uma necessidade antiga do país.

Foto: Bio-Manguinhos/Fiocruz

 

Missão quase impossível

Deputado distrital José Gomes criou o selo Empresa Boa Pagadora no Distrito Federal, pela lei 6.298/2019. Estar em dia com as obrigações trabalhistas, previdenciárias e tributárias e não ter execuções cíveis e fiscais em tramitação. Imagine um selo desses conquistado pelo governo federal ou DF.

José Gomes. Foto: Carlos Gandra/CLDF

 

História de Brasília

Outro, construiu, dentro do próprio lote, um barraco de madeira, onde há residência e um bar para candangos. Essas irregularidades criam uma situação de descrédito para as repartições que são encarregadas de aprovar as plantas, e para as que dão “habite-se”. (Publicada em 14.03.1962)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin