O formigueiro

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Quem observa toda a cena da política nacional hoje, pairando no alto da paisagem como se fosse um pássaro, pode, de maneira mais clara e racional, entender o que ocorre tanto nos bastidores como à luz do dia, com a intensa movimentação de candidatos e partidos rumo as eleições de outubro deste ano.

O atribulado formigueiro de políticos, que vêm e vão buscando parcerias, alianças, federações e mesmo os apoios buscados até onde ninguém jamais pode imaginar evidencia, na grande maioria dos casos, que vem chegando, de fato, à estação dos acasalamentos de ocasião. O ser humano é o único habitante do reino animal que se move apenas por conveniência, sendo todos os seus movimentos orientados por um racionalismo instintivo que busca muito mais do que sua própria sobrevivência.

O que o faz se mover em determinadas direções é a busca pela satisfação de seus desejos íntimos. No caso aqui, o desejo que faz toda essa dança tresloucada do formigueiro dos políticos é o desejo pelo poder. Não um poder qualquer, capaz de satisfazer desejos momentâneos, como é comum a muitos indivíduos, mas o poder de se tornar o controlador daquilo que o formigueiro mais necessita, que é seu suprimento básico. No caso aqui são os recursos da União.

Esse é, do ponto de vista de quem paira sobre toda essa agitação, o leitmotif dessa dança frenética, faltando seis meses para as eleições. Pensar que toda esse bailado e suas pantomimas, cessariam de imediato, retirando essa espécie de açúcar que tanto atrai as formigas. Ou mesmo lançando sobre elas o inseticida da sensatez, na forma do fechamento das porteiras do Estado à sanha sedenta das formigas. Em outras palavras, toda essa agitação seria encerrada de imediato, retirando dessa dança patrimonialista, o acesso aos cofres públicos.

Sem o dinheiro dos pagadores de impostos, o que restaria desse formigueiro seriam alguns espécimes vagando de um canto ao outro, desorientados , sem saber para onde ir ou o que fazer. Antigamente era ditado, de modo furtivo e premonitório, a sentença: “ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil.” O curioso aqui é observar que a manutenção e preservação dessas saúvas é feita justamente pelas formigas operárias, que operam, em grande número, para manter todo esse sistema imutável.

Por outro lado, observa-se também, para a manutenção do status quo vigente a infestação da máquina do Estado, por formigas mais resistentes. Instalados no alto dos três Poderes da República, longe dos inseticidas da ética pública, estariam as saúvas rainhas, responsáveis pela sobrevivência do restante do formigueiro.

Nos intrincados corredores do Estado, um verdadeiro labirinto infindável de túneis e bunkers, essas rainhas estão protegidas, assegurando a continuidade da espécie. Com a quase extinção e enfraquecimento dos tamanduás, que seriam os órgãos de fiscalização, da Polícia Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas da União, Coaf e outros, espécies que poderiam trazer um certo equilíbrio ecológico e político ao formigueiro, o domínio absoluto das formigas, é imposto.

Por certo, essa é uma história que não irá se encerrar depois das eleições. Fechadas as urnas eletrônicas e proclamados os vencedores pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral, em poucos dias, todo o excitado vai e vem das formigas volta a acontecer, dessa vez, para alojar cada uma em seu devido lugar, dando reinício a essa desassossegada movimentação que vai minando e corroendo a terra sob nossos pés.

 

A frase que foi pronunciada:

“Uma geração que muda a lei para nunca ser contrariada não consegue se lembrar de um rei que não seja a própria mesada.”

Em um vídeo anônimo nas redes sociais

 

Virada

Empresa se comprometeu com TSE a segurar megagrupos até o eventual segundo turno da eleição, ou até o ano que vem, diz a imprensa. Não há desespero na causa. Esse aplicativo pode ser substituído pelo Telegram, Tandem, Hello Talk, Speaky, Ablo, Lingbe, e outros tantos. Uma réstia de criatividade e adeus WA!

Foto: Dado Ruvic/Reuters

 

Babel

Caesb não atende pontualmente os prazos estabelecidos por ela mesma para análise de contas. Consumidor que tem a conta retida, por causa desse atraso, recebe mensagem que a conta está atrasada e ele está em débito. O sistema do leiturista não entende o sistema que indica a análise da conta.

Caesb. Foto: destakjornal.com.br

 

Dica

Ótima programação da Rádio Mec agora também em podcasts. É só acessar no Spotify e curtir entrevistas e músicas. De governo em governo, a melhor rádio de música erudita do país sobrevive porque tem qualidade e gente competente trabalhando.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

De ninar

“A Justiça não atende os que dormem.” A primeira lição do Direito pode ser jogada no lixo. O Detran, por exemplo, tem um batalhão de desembargadores que interpreta a lei diferentemente dos juízes de primeira instância, para quem busca a Justiça. Daí, multas de 15, 20, 30 anos atrás jamais prescrevem, mesmo que dezenas de artigos sejam citados como fundamento. O jeito é cantar para que departamentos como esse continuem dormindo.

Foto: detran.df.gov

 

História de Brasília

Como o número de promissória era muito grande, resolveram mandar cobrar. Os colaboradores recebiam e não prestavam conta, e, o mais grave, recebiam de uns médicos e de outros não, havendo, então, a denúncia de que alguns médicos pagavam propinas aos cobradores para receberem de seus doentes. (Publicada em 21.02.1962)

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