Jogos de azar e azar da população

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Orlando

Para um país que não consegue, sequer, debelar o crime organizado, que cresce a cada ano se infiltrando na máquina do Estado, a liberação dos jogos de azar vem para complicar enormemente o problema da criminalidade, facilitando a lavagem de dinheiro e favorecendo a práticas delituosas. Como é de conhecimento da população brasileira, que está cada vez mais desprotegida e entregue à própria sorte. A expansão das organizações do crime dentro do Estado vai sendo revelada dia a dia, como é o caso da exploração de postos de combustível, transporte urbano e outras modalidades, todas voltadas para dar aparência legal ao dinheiro dessas organizações. Pior é que o crime organizado não se contenta apenas com esses negócios aparentes e já investem pesado no financiamento de candidatos a cargos eletivos por todo o país.

A ideia era revogar importantes trechos da Lei de 1946 para liberar bingos, cassinos, jogo do bicho e apostas em corridas. A votação do PL 2.234/2022, do ex-deputado Renato Vianna, que já passou pela Câmara e agora aguarda conclusão no Senado, já recebeu diversas emendas. Parece que a meta é tornar a população, já endividada refém da jogatina, apesar das falsas promessas de fiscalização dessas atividades. O fato é que o Brasil é um país vulnerável, em todos os sentidos, ao crime organizado e à violência dele decorrente.

Embora parte da população diz apoiar a legalização dos jogos de azar, iludida com a possibilidade na criação de mais empregos e sob as promessas de condições regulatórias eficazes, o temor é grande em relação ao uso dessas atividades para lavagem de dinheiro e expansão do crime organizado. Lembremos que, recentemente, foi revelado que, ao menos, 941 postos de combustíveis em 22 estados estão sob suspeita de controle por facções como o PCC, Comando Vermelho e Família do Norte, que operam esses nichos sob o olhar displicente das autoridades, movimentando milhões de reais por dia. A verdade é que o crime organizado tem lucrado mais com combustíveis (R$ 61,5 bi/ano) do que propriamente com tráfico de cocaína, que gira em torno de (R$ 15 bi/ano).

Em operações denominadas “Rei do Crime” e “Boyle”, descobriram-se esquemas sofisticados do PCC para lavagem de dinheiro via postos e distribuidoras de derivados de petróleo. A situação não é nova e desperta grande preocupação da sociedade. Por outro lado, há confirmações de que as redes criminosas têm se infiltrado em empresas de transporte, creches, asilos, lojas etc., criando uma fachada legal para lavagem, e movimentam milhões em eleições e financiamento de candidaturas. A Operação Lava Jato, iniciada pelo “Posto da Torre” em Brasília, mostrou como o crime se valeu do setor de combustíveis para lavar dinheiro e financiar campanhas, envolvendo corrupção em níveis altíssimos. A fórmula é simples: Crime organizado + negócios lícitos = poder institucional.

Estima-se que cerca de R$ 6 bilhões/ano são lavados formalmente no país,  o que enfraquece a própria integridade do Estado. Vemos ainda que o financiamento de políticos e campanhas são cada vez mais comuns. A influência financeira no processo eleitoral é realidade: mafiosos financiam candidaturas, aproximam-se do poder e expandem seu alcance. Com isso, a população não tem a quem recorrer. Ao legalizar jogos de azar sem estrutura robusta de controle eficaz, o que se tem é o uso dos recursos do Bolsa Família direcionados para apostas, agravando o problema da pobreza. Nada menos do que R$ 3 bilhões em agosto de 2024 foram utilizados para esse fim, o que, por sua vez, estimula o crescimento de uso de cassinos clandestinos e sem lei.

Paralelamente, o SUS já enfrenta custos altíssimos com tratamento de dependência de jogos, sem nenhum preparo, nem recursos adequados para isso. A liberação irrefletida dos jogos de azar pode se transformar num acelerador da corrupção e da lavagem de dinheiro. Nenhuma arrecadação fiscal e geração de empregos serão suficientes para a empreitada dos jogos valer à pena.

 

A frase que foi pronunciada:

“Cuida de evitar os crimes, para que não sejas obrigado a puni-los.”

Confúcio

Foto: reprodução da internet

 

Viagem grátis

Mesa para dois. Brasília, nosso patrimônio, com Bárbara Lins. As entrevistas com Liliane Cardoso despertam, nos candanguinhos que aqui nasceram, uma saudade dos tempos em que a capital crescia ao mesmo tempo que aquelas crianças. Numa conversa descontraída, Liliane traz, aos internautas, memórias embrulhadas na história da cidade. É uma viagem no tempo, revigorante. Veja a seguir.

 

História de Brasília

O panorama napolitano de roupas ao vento nas janelas e nos corredores, outrora privilégio das quadras 409-10 já se estendeu à Asa Norte. O Bloco 42 comanda o espetáculo. (Publicada em 05.05.1962)

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