Eleições, guerras e jogos mortais

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: reprodução da internet

 

Até as próximas eleições, o Brasil e o mundo irão presenciar e sentir os efeitos dos acontecimentos que, por hora, vão sendo delineados no horizonte. Há um longo percurso a ser vencido até 2 de outubro, tanto no ambiente interno como no resto do planeta. Não adianta fechar os olhos para fatos que vão se materializando diante de nós. A possibilidade da eclosão de uma guerra entre a aliança militar do Ocidente, representada pela Otan, a Rússia, que ameaça invadir a vizinha Ucrânia, põe o mundo em sobressalto, desviando a atenção e as preocupações da humanidade para um conflito que possui tudo para incendiar o resto do planeta, com consequências que certamente irão afetar o Brasil e todo o continente sul-americano.

Centenas de milhares de soldados, de ambos os lados, já posicionados naquelas fronteiras, e a grande concentração de armas letais, naquele cenário de pré-guerra, parecem confirmar que, mais uma vez, estamos diante de um conflito de grandes proporções, que ameaça se alastrar para o resto do mundo.

Diante desses jogos de guerra, onde as indústrias de armamentos, em aliança com as forças militares, dão as cartas, pouco espaço resta para a racionalidade. Em vista de um cenário dessa natureza, onde as incertezas e a morte prematura da verdade são evidências certas, as eleições gerais no Brasil perdem muito de sua importância, podendo todo o pleito desse ano ser obscurecido por questões mais prementes.

Por outro lado, a possibilidade de um conflito dessas proporções, somado ao avanço espetacular de mais uma variante da Covid, no qual os índices de mortalidade podem atingir picos extremos, dentro e fora do país, sinaliza para grandes e perturbadores acontecimentos. Obviamente que os oportunistas, sempre de plantão e prontos para tirarem proveitos desses fatos, irão aproveitar o momento de distração e apreensão geral para fazer passar projetos de interesses flagrantemente contrários ao bom senso e à ética. Nesse caso, podem ser incluídos aqui as propostas que acenam para a volta dos cassinos ao país, conforme tem prometido e se empenhado, pessoalmente, o próprio presidente da Câmara dos Deputados.

Pode ser que, em meio aos obuses e às fumaças do tiroteio que ocorre lá fora, tal proposta, que benefício algum trará aos homens de bem desse país, passa sem ser vista. Na torcida por esse retorno ao inferno dos cassinos, estão os próceres do crime organizado, que encontrarão nessa atividade uma espécie de banco oficial onde lavar os rendimentos de seus crimes.

Também a bancada do jogo, que por hora se organiza no Legislativo, empenhada nessa cruzada de morte, vislumbra, nessa aprovação, apenas ganhos imediatos e financeiros, pouco ou nada preocupada com o dia seguinte a essa aprovação.

Surpreende que, em tempos tão adversos como esse que agora vivemos, quando a classe política deveria estar buscando caminhos seguros para preservar algum futuro digno para as próximas gerações, estejam elas empenhadas na aprovação de jogos de azar para o enriquecimento de clãs do crime.

A população que mal encontra dinheiro para se alimentar, por certo, não tem recursos para serem lançados nas mesas de bacarat ou de roletas. A nossa guerra é contra o crime e a violência que consome o país. Dar mais munição para essas forças do mal é apostar no aumento de mortos. “Tomem tenência, suas excelências, já que vergonha parece não mais fazer efeito sobre vós!”

A frase que foi pronunciada:

Onde quer que homens civilizados tenham pela primeira vez aparecido, eles foram vistos pelos nativos como demônios, fantasmas, espectros. Nunca como homens vivos! Eis aí uma intuição inigualável, um insight profético, se é que algum já chegou a ser feito.”

E.M. Cioran

E.M. Cioran. Foto: reprodução da internet

Jubileu de Prata

Com 25 anos de idade completados no dia 9 desse mês, a Rádio Senado foi um motor conduzido por Fernando César Mesquita, inaugurando uma nova era da Comunicação Social do Legislativo no país. Logo depois, vieram as emissoras da Câmara dos Deputados, da Justiça, das Forças Armadas e das Assembleias Legislativas.

Ilustração: senado.leg

Nota

Candidatos que querem usar o nome da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, estimularam o envio de nota esclarecedora para a imprensa. A CNA não se reuniu com pré-candidatos à Presidência da República e não envia representantes ou realiza encontros paralelos com candidatos à presidência. O que acontece em ano eleitoral é um evento público, com cobertura da imprensa, onde a CNA e outras entidades ligadas ao agronegócio apresentam propostas, sugestões e prioridades aos candidatos.

História de Brasília

Duas firmas, entretanto, Motornei e Alvorada, ganharam lotes em Taguatinga mas nunca deles tomaram posse. Agora, que a Prefeitura determinará um gabarito que valorizará em muito os terrenos, já começam os movimentos para a posse dos mesmos. (Publicada em 17.02.1962)

Quem quer dinheiro?

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Foto: Kay/Unsplash

 

Não se enganem: nenhum cidadão brasileiro de bem preocupado com o futuro do país e com as novas gerações apoia a liberação dos jogos de azar e a volta dos cassinos ao Brasil. A regulamentação dos cassinos, dos caça-níqueis, dos bingos e mesmo o jogo do bicho, ativamente tramado dentro do Congresso Nacional por grupos de parlamentares que enxergam benefícios nessas contravenções, interessa, sobremaneira, a contabilidade e a receita de diversas organizações criminosas, que terão nessa atividade um alvará e uma licença para a lavagem de dinheiro sem maiores esforços, sem medo da polícia e da Receita Federal.
A liberação dos jogos e a volta dos cassinos não interessam ao professor, ao médico, ao pesquisador, ao trabalhador braçal, ao motorista, ao balconista e uma infinidade de outros profissionais sérios que labutam arduamente no dia a dia para garantir sustento e segurança alimentar a sua família. Essa é uma proposta que interessa apenas àqueles que lucrarão com a miséria alheia.
Na mecânica de corporações como os cassinos, para cada sortudo que sai no lucro, corresponde a outros mil que sofreram prejuízos e perdas. Não há mágicas. Tudo é montado para ludibriar o jogador e a fiscalização, quando existe. Eis aqui um típico projeto que agradará às máfias dos caças-níqueis, aos contraventores, aos contrabandistas, aos corruptos, que podem usar a jogatina para justificar desvios de recursos públicos, aos traficantes e a toda uma cadeia de criminosos, para quem os cassinos representam uma bênção e uma liberdade para delinquir.
Num momento em que o Brasil vive uma de suas maiores crises humanitárias, com centenas de milhares de mortos, desemprego, inflação, insegurança, crise hídrica histórica e uma das piores imagens no exterior, nossos representantes ainda encontram tempo, disposição e indiferença com o que acontece a sua volta e se debruçam em propostas que, mais uma vez, poderão beneficiá-los, em detrimento da nação.
Estivéssemos em um país sério, os representantes da população estariam cuidando de aprovar as reformas políticas, fiscais e tributárias que a população aguarda. Estariam resolvendo questões como a prisão em segunda instância e não tirando poder do MP. O fim do foro privilegiado, como luta o Podemos. Estariam preocupados com os gastos públicos, com as emendas individuais, de bancada e de relatores, que são inócuas e um acinte para os cidadãos.
Essa história, como dizia o filósofo de Mondubim, é “conversa para levar gato para nadar”. Dizer que a liberação dos jogos e dos cassinos gerará empregos e renda para os estados e que só existirão em resort, é uma falácia. Os próprios auditores fiscais, que conhecem a dificuldade que existe para cobrar dívidas dos caloteiros profissionais, sabem muito bem que os efeitos negativos que virão com essas liberações superam infinitamente quaisquer possíveis ganhos econômicos.
Atividades paralelas à jogatina, como o tráfico de drogas, a corrupção, a prostituição, a lavagem de dinheiro e outros crimes, ganham mais espaço e mais poder de atuação à sombra dos cassinos e em torno das mesas de bacará. O que está sendo arquitetado na surdina, dentro do Legislativo e a toque de caixa, é a derrota das leis, do combate ao crime e a ascensão e o fortalecimento do crime organizado e de seus padrinhos do colarinho engomado.
A frase que foi pronunciada:
“Jogos de azar. A maneira segura de conseguir algo por nada. ”
Wilson Mizner, dramaturgo
Wilson Mizner. Foto: amazon.com
Câmara
Deve ser votado no plenário do Senado importante projeto aprovado pela Câmara dos Deputados sobre a semana de conscientização sobre o TDAH. Trata-se do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, que merece atenção, principalmente, dos pais e mestres. Muitos lidam com crianças com TDAH sem conhecer o diagnóstico.
Foto: colegiodosjesuitas.com
Livros
Duas ótimas notícias. Aberta, a Biblioteca Nacional está com a frequência cada vez maior. Com livros, internet e salas de estudo à disposição dos interessados. Os 1.500 livros doados pelo Boulevard Shopping para crianças carentes estão sendo devorados pela criançada. Sem oportunidade de manusear livros, as crianças agraciadas com a doação estão descobrindo um mundo novo.
Foto: agenciabrasilia.df.gov
Filósofo
Muito interessante o registro de Ari Cunha na história de Brasília, que pode ser lida abaixo. Ele sugere a numeração das áreas da cidade, exatamente como são hoje. Essa é a nossa responsabilidade. Ter cuidado com a capital, desde o primeiro dia de vida.
História de Brasília
Assim, as quadras da W-3 teriam a numeração das superquadras, correspondentes em centenas. Seria assim: superquadra 105, superquadra 305, na W-1 e Quadra 505 e 705, na W-3. (Publicada em 10/02/1962)

A ilha do Tesouro

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Um dos entraves à roubalheira daqueles que obtêm recursos públicos por meios ilícitos, seja por peculato, seja por corrupção passiva e ativa ou outras modalidades criminosas, é que não existe ainda no mercado um saponáceo totalmente eficiente para lavar e branquear eficazmente o dinheiro sujo. Para tanto, os finórios recorrem à compra de bois, cavalos, imóveis, joias, obras de artes e outros bens em nomes de terceiros e laranjas para, posteriormente, tentar conferir certa cor de legalidade ao que foi tungado inapropriadamente.
Ocorre, como sabem muito bem aqueles que investigam de perto esses casos tão comuns no país, que, ao primeiro sinal de que o pó do esquecimento começa a cobrir esses casos, os larápios buscam uma maneira de fazer com que esses recursos camuflados se transformem em bens de luxo, que lhes tragam satisfação material e status. E é aí que podem ser pegos, dependendo da pronta ação da Justiça e, obviamente, de quem está por trás desse feito delituoso. Tem sido assim por décadas. Por décadas, também, esses fatos têm tido como sujeito principal agentes políticos, eleitos justamente para que os recursos públicos tenham como destino certo as necessidades básicas da população.
São, como repetia o filósofo de Mondubim, raposas cuidando da integridade do galinheiro. Para cometer crimes, os larápios se valem, muitas vezes, da morosidade da Justiça e, ainda, da blindagem proporcionada pelo mandato contra incômodos legais. Situações desse tipo, em que agentes públicos dotados da mais alta missão dada pelo voto direto se envolvem em desvios de recursos que, ao fim e ao cabo, pertencem aos próprios eleitores, tornaram-se não apenas corriqueiras e sem solução justa, mas, nestes tempos de inversão de valores, há casos em que quem termina condenado são aqueles que ousam denunciar ou condenar essas más práticas.
Esse avesso do avesso da ética permite a esses ladravazes desfilarem livremente sua empáfia em público, ocasião em que passam a culpar a imprensa, a injustiça e a perseguição política, num enredo por demais conhecido de todos. Do alto de suas mansões milionárias, contemplam, ao longe, a Praça dos Três Poderes, como piratas a espreitar, do mar, a ilha do tesouro. Nesse caso, do tesouro público.
A frase que foi pronunciada:
“O bom político veio para servir. O mau veio para ser servido.”
Dona Dita, pensando enquanto faz crochê
Sempre alerta
Tayd e Taym Alnassan são aplicados escoteiros de Brasília. A Abertura Regional Escoteira 2021 está totalmente repaginada, completamente adaptada à pandemia. Com atividades desafiantes on-line, fomos provocados pelos irmãos sírios para uma delas: fotos intrigantes do início de Brasília. Postamos, a seguir, todas as fotos que enviamos como colaboração à gincana.
Fila do leite?
Que palavras teriam sido ditas?
A torre de TV ainda sem a torre de TV
Turbina da barragem
Procura-se catalisador
O que não dá para repensar é a vida dos empresários. O número de gente desesperada aumenta. E é justamente essa gente que engendra a roda da economia. Política pública emergencial, gestão de crise, falta um programa catalisador, que converta essa temporada nociva para a economia em projetos criativos que enriqueçam a atmosfera nacional.
Manifestação em frente à casa do governador. Foto: Carlos Vieira/CB/DAPress
Haja meditação
NET e Claro, no Setor de Mansões do Lago Norte, acumularam nova função. No lugar de informar a velocidade da rede, passaram a testar o nível de paciência dos clientes. Em tempos de home office, o investimento deveria ser mais efetivo.
Foto: divulgação
Fica a dica
Para um nada consta na CEB, bastava o número do cliente. Hoje, é uma burocracia fenomenal. Fica a dica para os novos gestores que começaram a trabalhar na CEB, privatizada ontem: melhorar o relacionamento com os usuários, descomplicando o acesso a informações pelo site.
Foto: portalvarada.com
Atualizado
Está quente o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Decretos atentam contra a democracia, gasto recorde dos recursos do FNSP, violência contra a mulher, reconhecimento fotográfico e erros judiciais, fake news e racismo, debate sobre armas no mundo. Veja a seguir.
História de Brasília
Para os que sabem que eu sirvo à prefeitura, tenho a informar que não sou funcionário. Sirvo através de um contrato, não serei atingido pela “dobradinha”, mas a defendo, porque vejo um motorista na prefeitura ganhar 15 mil cruzeiros, enquanto um do Supremo Tribunal Federal ganha mais de cem mil cruzeiros. E ambos têm a mesma profissão. (Publicado em 27/01/1962)