Herdeiros do ódio

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO
Criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960

Com Circe Cunha  e Mamfil

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Charge do Spacca

Não falar ou discutir determinados assuntos, por qualquer razão, longe de ser uma solução racional, resolve apenas o problema daqueles que acreditam que o que não é exposto e mantido longe da luz simplesmente passa a inexistir. Durante muito tempo essa foi a estratégia utilizada para manter certos temas na caverna escura dos tabus, longe do olhar inquisidor da multidão.

Com o advento do liberalismo e principalmente de sua filha dileta, a liberdade de expressão, aos poucos, as caixas-fortes que mantinham certos assuntos segregados no porão foram sendo arrombadas uma a uma. No entanto, o que foi revelado em seu interior, muito mais do os segredos inomináveis, eram apenas as idiossincrasias humanas, tão cheias de contradições, compostas por luz e sombra, amor e ódio.

Na verdade, o maior dos tabus é justamente o segredo em torno dos tabus. Exemplos desse comportamento típico de nossa espécie, em exibir o que nos orgulha e ocultar o que nos constrange, estão por toda parte e revela nosso modo dúbio de ser e agir. Durante muito tempo, as famílias que tinham entre seus membros indivíduos com problemas mentais escondiam como podiam esse fato da sociedade, mantendo o doente preso e acorrentado, num quarto bem fechado, ou mandando-o para longe, onde seriam internados, como um condenado, numa espécie de hospício, prisão ou outra instituição do gênero.

Com isso, colocavam sobre o episódio uma lápide pesada e o assunto era sepultado para todo o sempre, deixando de existir. Do mesmo modo eram tirados de circulação os leprosos, os homossexuais, os hereges, os revolucionários e todos os diferentes. Incluíam-se nesse imenso rol de degredados do paraíso, todos os que, seja por questão racial, de cultura, de crenças religiosas ou políticas, isso sem falar naqueles que foram condenados pela justiça, cumpriram suas penas, mas, jamais, conseguiram se reintegrar aos demais.

Párias de uma sociedade, que se quer homogênea e em busca da eterna perfeição, esses excluídos, pela quantidade, dariam para povoar todo um novo planeta. Surpreende que, em pleno século XXI, às vésperas do desembarque humano em Marte, a humanidade ainda não tenha superado esses traços selvagens que ainda nos ligam aos nossos primos símios.

O ódio parece ser a marca desse século, desde o seu rompimento. A derrubada das torres gêmeas em Nova Iorque marcou a entrada da humanidade numa nova era, marcada pelos atentados terroristas, pelos massacres de inocentes, pela intolerância a tudo e a todos.

A misandria, que é o ódio ao homem machista, veio se compor com a misoginia que é seu oposto, mas que, ao fim, ao cabo, são as duas faces de uma mesma patologia que renega o diferente. Na religião, na política, no futebol e em quaisquer outras atividades, edificadas para o entendimento e regalo humano, o que parece prevalecer também, e cada vez mais, é a violência passional, fútil e despropositada. Com isso, o melhor lugar do mundo, o menos hostil e relativamente mais seguro, passa a ser a nossa própria casa, onde nos fechamos, como uma tartaruga dentro do próprio casco, alheios a tudo.

Mesmo a liberdade de expressão, tão cara aos liberais de todo o planeta, sofre os ataques das notícias falsas, implantadas para disseminar o ódio e desconfiança. A imprensa mente, os governos mentem, os pastores mentem, os pais de família mentem, os professores mentem, e assim vamos criando novos tabus, aprisionando-os em quartos seguros, protegidos pela escuridão.

O mundo repetia o filósofo de Mondubim, é a expressão do que somos, e o que somos e demonstramos na atualidade não é grande coisa.

 

A frase que foi pronunciada:

“Perseverança é o trabalho árduo que você faz depois de se cansar de fazer o trabalho duro que já fez.”

Newt Gingrich, hoje analista político.

 

Conservação

Chegou o momento de destacar equipe para conservar as passagens dos viadutos entre quadras da cidade tanto da Asa Norte como da Asa Sul. Estão com buracos, ferros expostos, paredes sem acabamentos, tetos arranhados por caminhões, lama. Sabe-se lá como anda a infraestrutura.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Transporte

Voltam os piratas com toda a força. Transportes ilegais param nos pontos de ônibus da capital com total liberdade. Passageiros prejudicados pela demora do transporte público escolhem colocar a segurança em risco.

Foto: g1.globo.com/distrito-federal

Versão

Turistas não escondem, à primeira vista, a decepção com a iluminação natalina da cidade. Mas ao ouvirem o argumento de que isso não é prioridade em momento de crise, onde a economia nacional foi estraçalhada pela corrupção, acabam elogiando o esforço.

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Para a diretoria da CASEB: muita gente, muita mesmo, tem reclamado contra os transviados alunos daquele estabelecimento, em número reduzido, mas perigoso. (Publicado em 08.11.1961)

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