A bondade como tema escolar

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Foto: g1.globo.com

Richard Davidson, PHD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva, vem chamando a atenção de estudiosos e professores de todo o mundo com sua teoria de que a base de cérebro saudável é a bondade. Ideias desse tipo, que fogem ao padrão exigido pela racionalidade das pesquisas, desde sempre foram vistas pela ciência com certa desconfiança e não raro, viraram alvo de zombaria, colocando seus defensores em posição ridícula.

Com a popularização das noções de inteligência emocional e sua importância para o desenvolvimento integral do indivíduo, conceitos como bondade, empatia, gentileza, compaixão, ternura e mesmo amor e outros do gênero, que antes ficavam restritos ao mundo da poesia e da ficção romântica, vêm ganhando adeptos em todo o planeta, não apenas entre as pessoas comuns, mas sobretudo entre aqueles que se dedicam aos estudos da neurociência.

Na área de educação esses conceitos também têm despertado interesses e não seria exagero afirmar que, num futuro próximo, tais concepções poderão estar no núcleo de formação de muitas universidades. Foi seguindo um conselho dado, não por outro pesquisador, mas pelo próprio Dalai Lama, líder espiritual do Tibet, que Richard Davidson direcionou suas pesquisas em neurociências para os aspectos da gentileza, da ternura e da compaixão.

Umas das coisas mais importantes que descobri sobre a gentileza e a ternura, diz o pesquisador, é que se pode treiná-los em qualquer idade. Os estudos nos dizem que estimular a ternura em crianças e adolescentes melhora os resultados acadêmicos, o bem-estar emocional e a saúde deles. Com isso é possível não apenas reduzir sensivelmente os casos de bullying nas escolas, mas preparar o indivíduo para no sentido de torná-los mais solidários, compassivos, características fundamentais para as sociedades de um mundo superpopuloso e em vias de esgotamento de seus recursos naturais.

Ideias como essa encontram amparo também em muitas teses atuais de pedagogos de que já alertaram para o perigo da precariedade da educação atual. Sem educação, dizem os atuais pedagogos, os homens matarão uns aos outros. Estudos atuais sobre o comportamento comprovam que a inteligência sem a bondade é cega e desajeitada.

Para alguns cientistas mais radicais, a bondade é a forma mais aprimorada de inteligência, pois conduz o indivíduo à empatia com o mundo, com as pessoas e com os problemas que a cercam. Da mesma forma, alguns cientistas enxergam a indiferença para o mundo ao redor, como uma comprovação da falta de inteligência.

Nesse sentido, não pode haver inteligência, da forma que se entende hoje, onde faltam bondade e compaixão. Conceitos dessa natureza são cada vez mais perseguidos pelas mais modernas escolas do mundo, pois essa é a principal tarefa de toda a boa escola.

Educadores estão convencidos hoje de que a educação, concebida lá atrás e que visava a preparação de pessoas como força de trabalho, obedientes e mecanizadas, não mais tem lugar na atualidade e que educação como forma de seleção empresarial está com os dias contados, pelo menos nos países que já compreenderam a importância de trazer ao conhecimento aspectos essenciais a todos os seres humanos como é o caso da compaixão e da bondade.

Para o educador Cláudio Naranjo, “quando há amor na forma de ensinar, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo”. Obviamente que no caso brasileiro, onde a educação vive ainda com carências básicas, como teto para cobrir escolas, carteiras para os alunos sentarem, banheiros e outras necessidades primárias, conceitos como esse soam tão estranho e bizarro como outros que pregam a escola sem partido e outros temas. Pesquisas atuais nas bases neurais da emoção que têm como centro novos modelos para o florescimento humano, são o que existe de mais promissor nas áreas de educação em alguns lugares do mundo e anunciam uma nova revolução nos métodos de ensino. Esse tema é, para muitos, o caminho mais prático e seguro para mudar o mundo futuro, livrando os seres humanos da escravidão política, militar, religiosa, libertando os espíritos do fanatismo, do materialismo, revivendo o humano adormecido em cada um. Trata-se de uma tarefa e tanto.

 

A frase que foi pronunciada:

“A função da educação é ensinar a pessoa a pensar intensamente e a pensar criticamente. Inteligência mais caráter – esse é o objetivo da verdadeira educação.”

Martin Luther King

Imagem: pensador.com

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Ontem, ouvi a pior. Uma ameaça de curra contra meninas de 12 e 13 anos. É melhor evitar quanto antes um novo caso como o de Aida Cury, de triste lembrança para a sociedade de todo o país. (Publicado em 08.11.1961)

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