No mundo do faz de conta

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Tirinha de Ricardo Coimbra

 

         Dizem que não é o poder que parece atrair nove em cada dez candidatos a cargos públicos em nosso país. Fosse apenas isso, a nação brasileira teria encontrado o paraíso na Terra. O que parece atrair os candidatos a cargos públicos em nosso país é o que o poder traz consigo, um outro elemento que parecem buscar mais do que o Santo Graal: o acesso quase ilimitado aos recursos públicos. O poder, ao que se sabe, é uma abstração.

         Muitos foram os políticos que, ao perceberem esse fato, abriram mão do poder em troca do dinheiro fácil. Os escândalos produzidos por nossa elite política, ao longo das décadas, confirmam que essa é uma tese já pacificada e, contrariamente ao que se acredita, aceita por todos nós, como algo inerente à vida política. Muitas também foram as cenas, vistas por todos os brasileiros, na qual políticos importantes apareciam guardando grandes maços de dinheiro, em situações que nos enchiam de um sentimento de vergonha alheia. Do outro lado do oceano, dizia Margareth Thatcher que “Nunca esqueçamos esta verdade fundamental: o Estado não tem fonte de dinheiro senão o dinheiro que as pessoas ganham por si mesmas e para si mesmas. Se o Estado quer gastar mais dinheiro, somente poderá fazê-lo emprestando de sua poupança ou aumentando seus impostos. Não é correto pensar que alguém pagará. Esse “alguém” é “você”. Não há “dinheiro público”, há apenas “dinheiro dos contribuintes”, fato não absorvido pela maioria dos representantes do povo brasileiro.

         A atração fatal que o dinheiro exerce sobre nossa classe política não possui uma explicação no mundo da racionalidade e da ética. Antigamente, no tempo de nossas avós, era costume acreditar que, ao bem alheio, devia-se todo o respeito e vênias, pois ele sempre parecia chorar pelo seu verdadeiro dono.

         É preciso lembrar que a política nasceu sem a necessidade de intermediação ou do poder do dinheiro. Há sempre um risco na mistura do dinheiro com a política. Sobretudo com o dinheiro público. Aqueles que insistem em não entender essa lógica, acabam unindo a ganância humana ao materialismo e a posse de riqueza, esquecendo todo o resto. Talvez isso explique porquê boa parte daqueles que ocupam ou já ocuparam cargos públicos situam-se hoje nos pontos mais altos da pirâmide de renda. Nesse caso, quanto mais poder, mais largas são as avenidas que levam à riqueza pessoal. Lógico que, no meio desse caminho, há que se criar cenários que iludam a plateia, com um benefício aqui e outro acolá ou uma falsa imagem de benfeitor ou protetor dos mais necessitados.

         Com uma constatação tão crua como esta, é de admirar que, passados tantos séculos, ainda existem aqueles que só enxergam virtudes nos políticos nacionais. Óbvio que também existem exceções em meio a essa ninhada faminta de políticos. Os observadores da cena política nacional notam que, com o passar do tempo, desfrutando das delicias que o poder propicia, os eleitos pelo povo mudam de figura. Passam a engordar, ficam com a pele mais brilhante, mudam o guarda-roupa e vão adquirindo uma feição ou caricatura mais próxima àquela mostrada pelos ricos de nascença. Mas, visto de perto, esses personagens apresentam o que são: uma embalagem vazia. Nossa classe política é formada, em sua maioria, por sibaritas convictos. Não só eles como também os altos funcionários do Estado, todos devidamente dotados de blindagem contra as bisbilhotices dos curiosos pelo odioso foro de prerrogativas de função.

         Com essa armadura, livram-se das maldições alheias e dos rigores das leis. Toda essa preleção vem a propósito de uma constatação simples e básica: o dinheiro ou, pelo menos, as malas de dinheiro têm feito muito mal a nossa classe política. A começar pelos Fundos Públicos Partidários e Eleitorais. Mal acostumados à fartura de dinheiro público, nossos representantes já não conseguem nos representar, sendo apartados da população e conduzidos para o mundo da fantasia e do faz de conta.

 

A frase que foi pronunciada:

“A paciência é uma virtude, exceto quando se trata de separar os inconvenientes.”

Margaret Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Temporada de Chuvas

Uma sala de monitoramento das chuvas no DF está funcionando.

A Adasa é a responsável pelo maior número de equipamentos do Sistema de Monitoramento de Chuvas Urbanas Intensas (Simcurb) | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília

 

Beleza BSB

Amigas entusiasmadas vendo a folhagem rosa de cor aveludada das sapucaias no Eixão. Poucas pessoas sabem, mas as castanhas são muito saborosas.

Fruto da Sapucaia. Foto: instagram.com/arvoresdocerrado

 

História de Brasília

Brasília entra hoje em seu terceiro ano de vida. Vamos esquecer suas mazelas, por enquanto, e mostrar o outro lado, também. Vamos lembrar o rush dos tempos de sua construção. No auge das obras, os caminhões da Novacap rodavam, por dia, o equivalente a duas vêzes a volta da Terra. (Publicada em 21.04.1962)

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