Dialética destruidora

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Imagem publicada no perfil do Dino Freitas no Facebook

Quem viu as imagens mostrando gigantescas nuvens de poeira a tomarem de assalto muitas cidades do interior de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, escurecendo o dia e cobrindo tudo com o manto sujo do pó e da fuligem, pode pressentir que algo extraordinariamente anormal entrou em cena. Pior para aqueles que sentiram na pele e nos pulmões o irrompimento do fenômeno macabro.

Para esses, ficou a certeza de que um novo e angustiante tempo foi inaugurado, como se alguém abrisse, de repente, uma fabulosa Caixa de Pandora e de lá emergissem os ventos de um inferno, cuidadosamente preparado desde o surgimento da primeira máquina a vapor. Para os céticos e todos aqueles que não se cansam de usar o cotidiano para chicotear a realidade corrompida pelas redes sociais, o que esses cumulus nimbus de poeira estão a anunciar é a chegada definitiva do progresso na agricultura, não um progresso qualquer, mas um tipo especial que veio de mansinho, como os políticos nacionais, prometendo fartura e lucros para todos.

Para que todo esse desenvolvimento se tornasse possível, seria preciso romper, de uma vez, com as antigas práticas da agricultura familiar e com os velhos ensinamentos adquiridos, por séculos, pelos camponeses. A começar pelo fim do respeito ao meio ambiente, à rotação das culturas e diversificação das espécies. Terminar com a ideia de que a manutenção dos veios d’água é necessária. Acabar com essa mania de produzir adubos a partir do que sobra na lavoura e dos excrementos dos animais. Dar um fim às práticas de manutenção de uma espécie de ciclo completo dentro da terra, aproveitando os resíduos, produzindo bens sem o envenenamento por pesticidas e outros produtos químicos. Enfim, se libertar do passado e abraçar a nova agricultura que já vem com o nome pomposo e estrangeirado de agrobusiness, com sementes geneticamente modificadas e adubos e defensivos proibidos noutros países, importados e que envenenarão tudo, mas que prometem colheitas nunca vistas.

Esse é o progresso brotando no campo e dando um chega pra lá nas modas antigas, trazendo máquinas gigantescas que irão “limpar” o horizonte do mato secular, plantando, em seu lugar, monoculturas a perder de vista, que poderão muito parecer com o antigo milho, mas que têm nome batizado por letras sem nexo e números, tudo num código estranho.

Quem pode admirar esses gigantes de poeira, e tem os olhos postos nos ensinamentos de um passado onde as ideias não envelhecem, mas que, pelo contrário, ganham força viva no presente, logo pode se lembrar da frase, um tanto enigmática, proferida por um pensador de nome Karl Kraus (1874-1936), que costumava dizer que o progresso vinha com o avanço inevitável da poeira, querendo com isso assinalar exatamente o que vem ocorrendo agora no interior do nosso país.

São as frentes de rajada, nome estranho para um fenômeno que veio anunciar a chegada de um tipo de progresso que vem ainda na esteira da Revolução Industrial, mas que coloca países como o Brasil na condição antiquada de colônia ou fornecedor de bens primários mesmo às custas da destruição completa de seu meio ambiente e que opera segundo as regras de um deus ex machina, que virá para resolver o impasse, a contradição entre a produção de bens pela dilapidação do meio que a possibilitou, numa espécie de dialética do mal.

A frase que foi pronunciada:

O objetivo final da agricultura não é o cultivo de safras, mas o cultivo e o aperfeiçoamento dos seres humanos.”

Masanobu Fukuoka

Masanobu Fukuoka. Foto: greenmebrasil.com

Cidade fantasma

Lojas e mais lojas fechando. Pela W3, nas entrequadras, no Setor Comercial. A situação é grave!

Foto: Blog do Ari Cunha
Foto: Blog do Ari Cunha

Doação

Ainda dá tempo de doar lixo eletrônico para o colégio Maristinha. A intenção é consertar o material descartado para uso da meninada de baixa renda. Fale com a coordenadora do projeto Valéria Oliveira, pelo número 99231-1923.

Imagem: reprodução da internet

Sem política

Clubes da cidade têm visitantes indesejados que deixam para trás enorme quantidade de dejetos. Não é possível que essa situação perdure por muito tempo. Não há controle do animal, nem dos carrapatos que ele também espalha por onde anda.

Foto: Gabriel Luiz/G1

Criança

Iniciada a mobilização para o Dia das Crianças. Os batalhões da PM e algumas administrações da cidade começam a recolher brinquedos usados ou novos para distribuir para a meninada de famílias vulneráveis.

História de Brasília

O supermercado da 305 parou de nôvo. Cada vez que a gente dá uma nota, as obras reiniciam, e depois param outra vez. (Publicada em 10/02/1962)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin