Muito pouco

Publicado em Íntegra

O outro assunto discutido é a falta de divulgação sobre o planejamento para a recuperação do Rio Doce. Até agora, a UnB e outras universidades do país constataram o que a empresa responsável pelo desastre não fez: presença de chumbo, ferro, manganês, arsênio e alumínio. A punição dos responsáveis é diretamente relacionada ao poder aquisitivo dos atingidos.

A matemática do impeachment

Publicado em Íntegra

Fatos e números têm o poder de descerrar a cortina de fumaça do ilusionismo, apresentando ao estimado público os bastidores do Estado, conforme ele é, não conforme querem que ele pareça ser.

Por trás das grossas cortinas de veludo vermelho, representado pelo marketing oficial, maciço e poderoso, o que se vê é um país que segue em desabalada queda. Em qualquer direção que o cidadão voltar o olhar e a atenção, os dados numéricos, apurados sem a interferência do governo, se mostram extremamente negativos.

Antigamente os boletins escolares traziam a cor azul para representar as notas no intervalo de 50 a 100 e vermelha para as nota de zero a 49. Visualmente, tinha-se noção geral do desempenho do aluno pela predominância de uma cor sobre a outra. Azul para o que era positivo e vermelho para o negativo.

Indicador que mostra, com clareza, a performance do governo é apresentado agora pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Há exatamente 10 anos, o Brasil, segundo o Pnud, apresentava índice de desenvolvimento humano, entre 177 países pesquisados, a 63ª posição, com 0,79 pontos, graças, sobretudo, aos avanços nas áreas de educação e longevidade. Na ocasião, 12 países da América Latina tinham desempenho superior ao brasileiro, com a Argentina ocupando a 34ª posição, com IDH de 0,863.

De lá para cá, o planeta deu 10 voltas completas em torno do Sol. Ao longo desse período, o país tomou rumo descendente e desabou nos degraus do IDH, ocupando agora, de acordo com o mais recente relatório (2014), a 75ª posição entre os 188 países avaliados. Note-se que o IDH ainda não traz a avaliação do Brasil em 2015, que agora vai se encerrando.

O ano de 2015 é avaliado por muitos economistas como totalmente perdido em termos de crescimento e melhora nos indicadores sociais, o que certamente vai forçar ainda mais para baixo esse último ranking das Nações Unidas. De acordo com o especialista no assunto, Ricardo Paes de Barros, do Insper, a longa crise que se anuncia ainda para os próximos anos vai jogar os pobres de volta para fora da estrada.

Mais do que as pedaladas fiscais, usadas não para os programas sociais, como afirma o governo, mas para tapar rombos grosseiros no Orçamento feitos para atender as diretrizes ideológicas do Partido dos Trabalhadores, o roteiro que leva Dilma ao impeachment é pavimentado pelas notas vermelhas que recheiam o boletim da marionete aprendiz de presidente. A reprovação de Dilma pelo grosso da população torna evidente o fim de um ciclo que se quer esquecido como lembranças de um tempo ruim. Digamos, de herança maldita.

Meio Ambiente

Publicado em Íntegra

Atenção, professor Júlio Gregório. Segue uma sugestão literária para ser adotada por toda a rede pública de ensino. Lançamento do livro Faço, separo, transformo, de Marcelo Capucci e Marcos Linhares, na próxima segunda-feira, a partir das 18h30, no Carpe Diem da 104 Sul.

Divulgue

Publicado em Íntegra

Ontem a Associação Brasileira dos Papilos copistas Policiais Federais lançou campanha nacional para divulgar o Banco Nacional de Biometria de Pessoas Desaparecidas. O fim de ano foi escolhido para fazer um apelo de divulgação do banco de dados para que as pessoas com parentes perdidos tenham um local como base de busca.

Saída

Publicado em Íntegra

Havia uma discussão intensa entre manifestantes na Esplanada sobre outra forma de protesto, talvez mais eficiente: se os altos impostos têm servido mais à corrupção que aos serviços prestados pelo governo à população. Se o próprio governo descumpre a Constituição, então, que os impostos sejam pagos sub judice. Que sejam depositados na Justiça até que o governo cumpra a obrigação de usar a verba pública para o bem comum.

Capital de lata

Publicado em Íntegra

Basta circular pelas principais ruas e avenidas do Plano Piloto para constatar a invasão de verdadeiro exército de lata, formado de quiosques de todo o tipo e finalidade e, agora, os chamados food truck. Eles tomaram de assalto a capital do país. Para uma cidade que se pretendia minimamente planejada, a multiplicação desordenada dessas estruturas metálicas fixas e motorizadas ameaçam qualquer pretensão de urbanidade e lançam, no terreno incerto do caos, uma metrópole que ainda integra o seleto rol dos sítios tombados pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Na ânsia de angariar simpatias (leia-se votos), as autoridades do poder público do Distrito Federal, incluídos o Executivo, o Judiciário e principalmente o Legislativo, de forma leniente e açodada, vêm permitindo que a cidade caminhe para se transformar numa gigantesca favela de folha de flandres, do tipo feira dos importados. Para tornar o processo ainda mais rápido, as normas regulamentando a invasão vêm sendo tocadas no melhor estilo fast food.

A comunidade segue desprotegida pela vigilância sanitária sem saber o que está acontecendo. O que surgiu como comércio provisório para atender necessidades pontuais, em pouco tempo se transformou em problema de grandes dimensões e caminha para se tornar situação irreversível, desordenada e caótica, capaz de inviabilizar de vez a gestão dos espaços públicos da capital.

Para o comércio local tradicional, a concorrência com o exército de lata pode ser fatal. No caso do food truck, a afirmação de que se trata de tendência mundial não significa nada. A conhecida precariedade dos serviços de fiscalização do Contran e da Anvisa serão, obviamente, estendidos a esses novos prestadores de serviços, transformando o que já é insuficiente em algo corrente.

Ao inchaço da capital, com a proliferação de invasões e de condomínios ilegais em terras públicas, com trânsito congestionado com mais de um milhão de automóveis entulhando as ruas, vem se somar, agora, o novo flagelo urbano representado por latas fixas e sobre rodas espalhadas por todo canto. O que hoje parece tendência ingênua e sem maiores consequências, aponta para um futuro em que Brasília pode se transformar num imenso mercado de lata a céu aberto.