Corrupção afeta o turismo

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Ainda não foram devidamente contabilizados pela economia do lazer os prejuízos decorrentes da corrupção e da violência generalizadas que ocorrem no país. Mas, pelo que se comenta lá fora, a situação interna não recomenda a vinda de turistas, não só pelos serviços de baixa qualidade oferecidos, pelos quais são cobrados preços altíssimos, mas, sobretudo, pelos riscos de morte que correm aqueles estrangeiros que perambulam distraídos por nossas cidades, hostis, violentas e sujas.

Nos últimos três anos, as imagens que o mundo tem recebido quase que diariamente do Brasil mostram membros da elite política e os mais ricos e influentes empresários do país chegando às sedes da Polícia Federal, em longas filas, de cabeças baixas, algemados e com as mãos para trás. Também são mostradas na tevê, sem cortes, as dezenas de presos degolados por ordem das facções criminosas que agem e comandam o milionário comércio de drogas e armas de dentro das masmorras.

O que os comentaristas e os editoriais estrangeiros apontam, com seriedade, é que o submundo da criminalidade em todas as suas vertentes vem perpassando todo o Estado brasileiro. A diferença básica com a corrupção praticada nos estamentos superiores e por gente refinada é que, nesse patamar, os lucros são infinitamente maiores e a divisão do butim é feita em restaurantes caríssimos, sem maiores alardes e, como manda a boa educação, sem cabeças cortadas. De toda forma, os assaltos praticados pela elite política em conluio com os empresários espertalhões causam danos bem maiores a longo prazo, condenando gerações inteiras de brasileiros ao subdesenvolvimento e à indigência eterna.

Em 1655, padre Antônio Vieira apontava o dedo para ferida histórica e vale a pena replicar o registro: “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (…) os ladrões que mais própria e dignamente merecem esse título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.”

Estragos à imagem do país não ficam só na foto, têm reflexos diretos e pesados na própria economia, afastando investidores, dificultando concessão de créditos, cancelando projetos e colocando o Brasil na dianteira daqueles países do qual o melhor é passar longe e esconder o dinheiro. Com imagens como estas, exibidas à exaustão em todo o mundo, o maior prejudicado acaba sendo o já incipiente turismo local. Que família de turistas estrangeiros virá ao Brasil descansar sabendo que aqui se rouba até tampa de bueiro? São assaltados nos táxis, nos hotéis, nas praias, pelos comerciantes e pelo governo por meio de uma diversidade de taxações excessivas e abusivas. Acostumados a explorar o turista e não o turismo, o que ainda sustenta esse setor não foi criado por nós e se resume à belezas naturais espalhadas por todo o território nacional , principalmente ao longo de milhares de quilômetros junto à costa do Atlântico.

A frase que foi pronunciada

“Não se alcança a harmonia quando todos tocam a mesma nota.”

Doug Floyd

Enletrando
» Brasília, um tapete de cor. Poesia de Gil Guimarães, patrimônio cultural da humanidade, exposto no aeroporto. Vale apreciar. Guimarães, com mais de 80 anos, tem o mesmo vigor de um adolescente defendendo as ideias.

No calor
» Brasília por trás das obras. Um livro que está no forno e será lançado pelo poeta e engenheiro

Futuro próximo
» Juscelino Kubitschek apareceu em sonho para o poeta Gil Guimarães pedindo um monumento JK no Universo, que será instalado no Memorial JK, enaltecendo a participação de todos os pioneiros na construção da cidade. Oscar Niemeyer, Lucio Costa e JK estão à frente da construção da capital, mas vários engenheiros, arquitetos e políticos foram de fundamental importância para que a cidade brotasse das pranchetas. É um sonho justo. Certamente terá o apoio de Anna Christina e Paulo Otávio.

Escolas públicas
» Seria um ganho para os alunos de Brasília uma palestra com o engenheiro e poeta Gil Guimarães. Que os diretores preocupados com a importância da história da cidade aproveite essa gente experiente que deu a vida pela mudança da capital.

História de Brasília
A Panair, Pan American, Varig e Real já resolveram à sua moda o problema de jogar as malas pela cerca porque falta um portão. Mas é deselegante. Retiram uma parte da cerca, puseram de lado, e deixaram o trânsito livre para os carrinhos bagageiros. (Publicado em 21/9/1961)

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