Rebeliões nos presídios e as Farc

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Quais são as relações que poderiam haver entre as atuais rebeliões com dezenas de mortes nos presídios do Amazonas, Acre, Rio Grande do Norte e outros, com a chamada rota do Solimões e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)? Em documento datado de 2010, e enviado ao Palácio do Planalto, o Serviço Antiterrorismo da Polícia Federal elaborou, ao longo de quatro anos, um minucioso mapeamento das rotas de tráfico de armas e drogas e das bases de operação das Farcs em território nacional. A rota, extremamente lucrativa e pouco vigiada, se estendia ao longo do Rio Solimões na Amazônia e se constituía, à época, na principal fonte de recursos para as guerrilhas de narcotraficantes colombianos e posteriormente para as facções do crime organizado, que passaram a ver, naquele longo trecho, um meio fácil de obter grandes somas de dinheiro.

Facções, como a Família do Norte (FDN), conhecida agora dos brasileiros, depois das chacinas no Presídio Anísio Jobim, em Manaus, se fortaleceram como grupo criminoso graças às facilidades oriundas da rota ribeirinha. PCC e CV também utilizavam o percurso para comprar armas e drogas que circulavam livremente pela região. A ligação entre os grupos do crime organizado e as Farc rendeu muito dinheiro para todo mundo, até que a FDN resolveu se apoderar, sozinha e à força, desse território, considerado sua terra natal.

Com o processo de pacificação da Colômbia, as Farc deixaram o território livre para a ação dos bandos do crime organizado do Brasil. Em 2010, a PF enviou o seguinte relatório ao governo: “O curso das investigações, desenvolvidas sob a denominação Rota Solimões, deixou claro que a organização criminosa formada principalmente por colombianos trasladou suas bases operacionais para território brasileiro, aproveitando a vastidão da zona de fronteira pouco guarnecida para se homiziarem (esconderem) das ações do governo colombiano”.

Naquela ocasião, soube-se que o território brasileiros já não era apenas rota de passagem, mas base fixa para os negócios da guerrilha e do crime organizado local. A essa altura, a PF e o Exército já tinham traçadas todas as estratégias para bloquear o avanço da guerrilha sobre o território nacional, então o Palácio do Planalto usou de todo o seu poder não apenas para deixar esfriar a situação, como ainda fez diversas gestões de bastidores para amenizar a reação contra os narcoguerilheiros, considerados pelo governo petista como companheiros de jornada.

Dessa atitude oficial, de aparente neutralidade, é que tanto os terroristas colombianos quanto o crime organizado se aproveitaram para seguir se fortalecendo, enriquecendo às custas do contrabando de armas, drogas e tudo mais. A convivência entre os diversos grupos, longe dos olhos da lei, afastada por pressão de cima, favoreceu a cada um individualmente e, na ocasião, era comum a troca de ensinamentos nas artes de guerrilha e noutras modalidades de crime. A partir do enfraquecimento das Farc e com o conhecimento de que a rota Solimões era uma mina de tesouros fabulosa, começaram os conflitos entre os grupos do crime organizado, que resultaram nas chacinas brutais. Portanto, foi, com a bênção do governo da época, o início dessa história a cujo desfecho assistimos agora.

A frase que foi pronunciada
“Para escrever bem deve haver uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida.”
Joseph Joubert

Tarifas
» Caso a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada pelo governador Rodrigo Rollemberg, contra a decisão da Câmara Legislativa, que vetou o aumento das passagens de ônibus e metrô, venha a ser acolhida pelo Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), o que poderia ser uma questão de negociações envolvendo Executivo e Legislativo poderá se transformar num embate de proporções dramáticas.

Tarifas 2
» Com os ânimos acirrados e em busca de ganhar espaço positivo junto à população a CLDF pode ter encontrado o leitmotiv que procurava para dar início a um desgastante processo de impeachment contra Rollemberg.

Tarifa 3
» Gente querendo puxar o tapete do governador não falta. Dentro do Palácio do Buriti, a quem sempre torceu para isso, inclusive, plantando factoides na imprensa. Dentro da Câmara Legislativa, tem também aquela turma, alvo da Operação Drácon, que espera para dar o troco.

Tarifa 4
» Nesta hora, é bom que o governador mantenha o bom senso, amparado pela legalidade e pela legitimidade de suas ações e não se deixe intimidar. Caso venha se tornar refém da voluptuosidade dos deputados distritais, seu mandato pode ser considerado definitivamente findo.

Tarifa 5
» Tão importante quanto o reajuste honesto nas passagens, é a manutenção da redução de gastos que a população reconhece como supérfluos, como é o caso dos R$ 62 milhões cortados da CL para despesas com viagens, diárias e outras perfumarias. De Brasília desde os primeiros tempos, Rollemberg não precisa de conselhos para saber o
que a população apoia e o que condena.

História de Brasília
O balcão de fórmica, também é muito bom, mas só dá passagem pela abertura da balança, obrigando a todos passarem por uma estreita abertura. Logo mais, nas chuvas, quando o DAC chamar algum despachante, ele terá que ir pelo lado de fora, na chuva, para atender à administração do aeroporto. (Publicado em 21/9/1961)

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