Lideranças que se embevecem com o poder. Só isso.

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Crises, mesmo as provocadas por sucessão de eventos em que a falta de ética pública foi o ponto comum, têm o poder de reacender na nação o desejo sincero na correção de rumos. É essa a chance que se apresenta agora ao país: mudar, deixando de lado fórmulas que provaram não servir aos interesses da sociedade. Para uma crise que se apresenta com séria profundidade, contaminando não só o aparelho de Estado, mas a própria sociedade, sequestrando-lhe a chance de segurança e bem-estar mínimos, somente reformas profundas serão capazes de produzir efeitos satisfatórios, afastando, de vez, a reincidência de antigos males. A começar pela reforma política, eliminando a miríade de legendas, acabando, de vez, com tradição arraigada de que a carreira política é o caminho mais curto para a espetacular e imediata prosperidade econômica.

Na raiz da crise brasileira atual está a falta de preparo prático e intelectual dos ocupantes de cargos públicos. A começar pela chefia do Executivo. Para esse cargo, nas condições em que ele se apresenta, com demasiada concentração de poderes e enormes responsabilidades administrativas, o mínimo que deveria ser levado em conta, como condições sine qua non, seria o preparo do candidato para o cargo. Ou seja, para o cargo de presidente da República somente seriam considerados aptos candidatos que passaram pela administração pública de base como prefeitos e governadores e que tiveram, obviamente, a gestão devidamente aprovada pela maioria da população.

A crise atual, experimentada de forma desesperançosa pelos brasileiros, é a prova maior e acabada do despreparo e da gestão com colaboradores corruptos. Esse despreparo, catalisado ainda pelo senso de onipotência e soberba, elevara às alturas a dissintonia entre o real e o fictício, entre o ético e o oportunismo ligeiro. Alçados à condição de soberanos, dentro de um modelo de presidencialismo de cooptação, Lula e sua criação juntaram a falta de preparo evidente e o voluntarismo caboclo, em que as ações de governo ficam sujeitas a instintos e pulsão primários, tipo faro político, desprezando experiências, vivências, saberes e ciência, consideradas coisas de burguês. Uma simples comparação entre o currículo pessoal do presidente do EUA ou da chanceler alemã dá pequena noção do quão distante estamos do conceito de estadista. Para um rebanho que segue um pastor cego (sem conhecimento), o abismo é a paragem derradeira e certa.

 

Brilho

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Luísa Francesconi, mezzo-soprano, e a soprano Gabriella Pace brilharam no canto lírico em português. O presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, João Guilherme Ripper, gravou várias óperas na nossa língua. As cantoras abraçaram a causa e fazem parte do projeto

Refletir

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Interessante notar que o sucesso do Uber em Brasília foi firmado pelos taxistas. A proposta do Uber agrada à população e é firmada em vários países servindo melhor o consumidor. Além disso, há mais segurança, conforto, compromisso e preço previamente ajustado sem contato com cédulas e moedas.

Pátria Educadora

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Na UnB, a Secretaria de Gestão Patrimonial tem página no portal da universidade que mais parece imobiliária. Trata do patrimônio público como verdadeiro achado. Vende com o marketing dos negociantes. Enquanto isso, nossos cientistas e intelectuais que compõem o corpo docente amargam ter que desembolsar o que pedem a inflação e a ganância para poder morar com decência.

Valeu

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Uma beleza o espaço para praticar exercícios físicos no Lago Norte, próximo ao Centro de Saúde. Alguns aparelhos são adaptados para cadeira de rodas e todos têm inscrição em Braille. Pena não terem escolhido local com sombra já feita.

Carta à Rollemberg

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quando as urnas indicaram, no segundo turno, que Rodrigo Rollemberg seria o novo governador da capital federal, os brasilienses e, principalmente, os candangos suspiraram aliviados. Finalmente um legítimo filho do cerrado (nascido no Rio de Janeiro em 1959, veio com a família para Brasília em 1960) fora ungido com a nobre e árdua missão de resgatar a cidade, depois de décadas, das mãos de forasteiros e alienígenas de toda ordem.

Administrar uma cidade sui generis no mundo, patrimônio cultural da humanidade, ícone do movimento modernista, erguida no momento de maior otimismo dos brasileiros, era tarefa que cabia melhor a quem é do lugar e que habitou, desde a infância, num gigantesco canteiro de obras e pôde assistir de perto como se transforma sonhos e utopias em concreto armado.

Para aqueles que presenciaram o plantio das primeiras árvores, presas a ligas de borracha a estacas de madeira da cor verde; do brotar dos gramados, protegidos, com zelo, pelos fiscais DPJ, os graminhas, que muitas vezes confiscavam a bola das peladas, sob protestos e sem cerimônias; para quem nadou no Lago Paranoá ainda em formação ou mesmo o atravessava de jipe quando ainda era só a cratera. Ou quem brincou nas areias junto às construções, nas manilhas, e perambulou pela cidade, quase provinciana, tranquila e sob o céu espetacular do cerrado; para todos esses que aqui experimentaram o idealismo puro da juventude: e para os muitos anônimos que penaram os desvãos da vida, despencando dos andaimes ou simplesmente sendo sepultados pelos desmoronamentos de valas instáveis e profundas, numa época em que os direitos trabalhistas eram solenemente ignorados.

É para todos esses que retirastes a espada encravada na rocha. Governador é, antes de tudo, um saco de pancada, sujeito à ira constante da população e sempre aquém dos desejos infinitos do cidadão. De toda forma, é preciso ficar atento a um ponto essencial: nenhuma qualidade se destaca mais num administrador, seja ele quem for, do que o amor verdadeiro pelo lugar. Esse sentimento é mais intenso ainda quando ambos crescem juntos, atravessando infância, adolescência e juventude. Há a necessidade do fazer, do aparecer, do mostrar, do realizar. Quem votou com consciência precisa se convencer de que votou bem.

A cidade se transformando além da janela, enquanto o espelho assiste silente às modificações físicas do corpo e da alma. É essa identidade entre a sua pessoa e a cidade que levou a maioria dos brasilienses a reconhecer em você alguém qualificado para essa tarefa, que, muito mais do que uma posição de destaque pessoal, é um lugar de onde o fogo arde com mais intensidade e onde o sucesso e a ruína estão separados apenas pelo fio de navalha.

As chaves da cidade, depositadas em suas mãos, servirão tanto para abrir portas de oportunidades para todos, como servirão também com serrar a passagem dos aproveitadores, políticos oportunistas, especuladores e demais mercadores de ilusões que sempre enxergaram a cidade como uma mercadoria de lucro rápido e fácil. Cuide da cidade com se cuidasse de si, afinal ambos fazem parte do mesmo conjunto, têm a mesma história. A diferença é que um é a semente e o outro, a árvore frondosa de muitas sementes que virão.