Calcanhar de Aquiles do Brasil: a falta de educação

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aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Pode não parecer para muitos , mas o processo de erradicação completa do analfabetismo é uma condição sine qua non para o desenvolvimento material de um país. Esse fato explica por que não existe, dentro do seleto grupo de países desenvolvidos, nação alguma que tenha alcançado a prosperidade econômica, política e social sem que tenha resolvido, a priori, a superação do problema do analfabetismo.

Essa tese explica também por que o Brasil, em pleno século 21, ainda não conseguiu se inserir entre as potências globais, limitando-se ao voo de galinha dentro do que é chamado países em desenvolvimento. Temos sistematicamente desperdiçado o bem mais precioso para os seres humanos, que é o tempo, prejudicando o acesso de muitas gerações a educação de qualidade. A verdade é que nunca faltou dinheiro para o Brasil investir em educação.

O que falta mesmo é vontade política. Mas convenhamos. Com representantes da estirpe que estamos conhecendo por meio das ações do Ministério Público e Polícia Federal, o que é possível esperar? Como uma pátria pode ser educadora se suas autoridades não receberam educação em casa? A falta de consciência desses criminosos em relação ao ilícito cometido parece a simples falta de um pai ou de uma mãe por perto para colocá-los nos eixos.

Educação é exemplo. Só isso. Simples para quem preza pelas próximas gerações e por um mundo mais justo, solidário e humano. Já o caráter, a índole de um homem, nada mais é do que o seu destino. Nosso descaso secular com a educação é o responsável não apenas pelo ciclo perverso da miséria e do subdesenvolvimento que nos acorrenta, mas, principalmente, pela proliferação contínua de lideranças políticas medíocres para quem a falta de educação da população facilita e eterniza o processo de exploração.

Manter a população na escuridão da ignorância, cria a falsa necessidade de luminares e salvadores da pátria, pretensos portadores da lanterna de Diógenes, mas que são, de fato, postes sem vida e luz própria. Às vésperas em que se comemora o Dia Mundial da Alfabetização (8 de setembro) instituído em 1967 pela ONU, o Brasil tem pouco a festejar.

Segundo Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016, divulgado agora pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil tem 13 milhões de pessoas , com 15 anos ou mais que não sabem ler, nem escrever (analfabetas), sendo que mesmo dentre as pessoas com escolaridade básica, apenas 15 % conseguem realizar, com sucesso, operações simples de aritmética.

Nosso país ocupa a oitava posição, entre as nações do mundo com maior número de adultos analfabetos. Se a situação é ruim no ensino básico, nas séries seguintes, mais avançadas, o problema da má qualidade da educação se repete de maneira monótona. De acordo com o ranking QS World University deste ano, a Universidade de Brasília (UNB) caiu mais de cem posições dentre os centros de ensino superior do mundo, despencando entre as 500 melhores do planeta para posições entre 601 e 650, numa lista com 916 instituições universitárias do globo.

Também em comparação com outras universidades da América Latina, a UnB caiu da 22ª posição, em 2015, para o 32ª lugar este ano. Mesmo diante dos índices e avaliações negativas em educação, o governo parece decidido, dentro do esforço de melhorar as contas públicas, a cortar cerca de R$ 1 bilhão no orçamento do Pronatec, reduzindo o número de vagas e os investimentos no programa em 45%. É o Brasil, deitado eternamente em um berço que parece esplêndido, mas, chegando mais perto, vê-se a ignorância cravada por todos os lados.

A frase que não foi pronunciada

Até criança fala a verdade. Por que esses marmanjos não criam vergonha na cara?

Dona Dita, aborrecida com tantos homens poderosos presos

Bomba

Brasília está em polvorosa com a possibilidade do impeachment ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski. Tudo vai depender do presidente do Senado, Renan Calheiros, se aceitará o documento do Movimento Brasil Livre.

Átrio

Começa a ser pulverizada a iniciativa do Ministério Público Federal em conclamar todas as unidades a dar um basta na corrupção. O Ministério Público do Distrito Federal apresentou um processo contra os ex-administradores regionais de Taguatinga, Carlos Alberto Jales, e de Águas Claras, Carlos Sidney de Oliveira. Há provas de improbidade administrativa.

História de Brasília

Para os que gostam de caça e pesca, vejam esse resultado de fim de semana no nosso Dick Shaw, do Informador: 5 pacas, uma capivara e 80 quilos de tucunaré. Superou o recorde de “conversa de pescador”, que pertencia, até então, ao Auristelio Ponte. (Publicado em 12/9/1961)

Os ventos na política nacional

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Do PMDB já foi dito praticamente tudo. Arca de Noé, sem Noé e sem arca, dizia Jânio Quadros. Do que já foi falado até hoje, mais da metade é francamente desabonador para o maior e mais longevo partido político nacional. A legenda, durante os 20 anos de chumbo, sob o nome de MDB, era vista como esperança e esteio da democracia. Em seus quadros, militavam a nata do pensamento político da época, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e outros personagens ilustres. Durante aquele período, com a reforma partidária que reduziu o espectro político em duas grandes forças, coube ao MDB a missão de abrigar, sob o mesmo teto, todas as tendências, que, à exceção de uns poucos mais aguerridos, se fazia uma espécie de oposição desnutrida ao regime militar.

Aqueles foram os anos dourados da legenda e serviram como aprendizado para o futuro que chegaria ligeiro com a abertura política e com a campanha das Diretas Já . Com a morte de Tancredo e a posse de seu vice, o PMDB, mesmo no poder, caminhou a passos firmes para uma posição de centro-direita. Ocupando ou não a Presidência da República, o fato é que o partido nunca mais largou o poder. De oposição se transformou no que é hoje: um partido permanentemente presente na sustentação parlamentar de governos — qualquer um. Em troca desse apoio, já ocupou praticamente todos os ministérios da Esplanada, bem como as diretorias das maiores e mais ricas empresas públicas, além da Vice-Presidência da República.

É fato que, pelo arranjo que se tem hoje na estrutura político-partidária do país, é impossível governar sem o apoio dessa legenda. Aqueles que tentaram, como Collor e, mais recentemente, a presidente Dilma, foram simplesmente tirados do poder. Esse nicho apoderado pelo partido resulta na mais extravagante, confortável e rendosa posição que uma sigla pode ocupar. Forma a base do governo, quando ele vai bem das pernas. Passa tranquilamente para a oposição quando os ventos mudam e apoia as novas forças nascentes, tão logo essas oportunidades se apresentam. Passou cavalo encilhado na porta, PMDB monta e sai a galope em busca de novos horizontes.

É o pragmatismo elevado à condição do aqui e do agora na quintessência do termo. Quando, recentemente, o partido anunciou seu desembarque da base de apoio do governo petista, começou a contagem regressiva para o começo do fim de Dilma e sua turminha amadora. Antenado com a mudança dos tempos das vontades, o PMDB retirou a escada sob a primitiva e artificial Dilma Roussef, deixando-a dependurada no ar, segura apenas pelos fios do pincel. A gravidade e o peso excessivo do despreparo da presidente fizeram o resto. O golpe, que uma Dilma defenestrada saiu a bradar pelos quatro ventos, foi dado, isso, sim, por um partido que não tolera na mesa de jogos, amadores de qualquer espécie. O que o PMDB fez com a ex-presidente foi um verdadeiro golpe, mas, de mestre.

A frase que não foi pronunciada

“Cristo for vendido por 30 moedas. A UnB por 30 horas.”

Comentários sobre a promessa da nova reitoria da Universidade de Brasília em diminuir as horas trabalhadas sem tocar nos salários

Azarado

Novamente, o ex-senador Eduardo Suplicy tem sua carteira furtada em São Paulo. A primeira vez foi em um show, agora foi na manifestação Fora Temer. Ele registrou Boletim de Ocorrência.

Operação Greenfield

Novamente no centro das atenções os Fundos de Pensão Petros, Previ, Postalis e Funcef. Instituições que tiveram os princípios violados por gestões duvidosas para fins ilícitos e fraudulentos. O juiz que está no caso é o Dr. Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal em Brasília. Em São Paulo até agora foram 17 mandados de condução coercitiva e 44 mandados de busca e apreensão.

Jogos andando

Uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou o texto do projeto de lei que libera o jogo no Brasil. Alguns parlamentares asseguram que ainda esse ano o assunto sera levado ao Plenário.

Ressarcimento aos cofres

Popular, Netinho de Paula usou a imagem da televisão para se candidatar. Anos depois, o ex-vereador de São Paulo foi condenado por improbidade administrativa. Ele precisa devolver o valor adquirido ilicitamente e terá os direitos políticos suspensos por nove anos. Quem decidiu a sentença foi a juíza Carmem Cristina Teijeiro. Se a moda pega aqui em Brasília….

Morango

A cada ano a Festa do Morango em Brazlândia conquista mais admiradores. Bem organizada e recheada de criatividade com preços justos. No próximo ano, poderia dar destaque aos produtos orgânicos. Assim com certeza conquistaria todo o país.

História de Brasília

A carapuça de “donos dos sindicatos” caiu sobre a dos “donos” do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília. Todos eles, um por um, são meus amigos particulares. No total, entretanto, por divergirem de pensamento me mandaram uma carta atrevida. (Publicado em 14/9/1961)

Representação política no DF é caso de polícia

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“Toda a nação tem o governo que merece”, a frase, dita pelo filósofo francês De Maistre, traz, simultaneamente, uma verdade e uma falácia de iguais teor e efeito. A declaração foi feita durante os episódios da Revolução Francesa no século 18, e repetida ainda hoje mundo afora, inclusive no Brasil. Ninguém contesta o fato de que os políticos eleitos para representar a população são escolhidos, em suma, porque se identificam e se parecem com quem os indicou.

A possibilidade de alguém votar num candidato totalmente diferente daquilo que é e acredita é quase remota. Escolhemos nossos representantes com base no que somos e no que queremos para o país. Nossos candidatos são, portanto, esculpidos à nossa imagem e semelhança. Nesse sentido, explicar a existência de tantos políticos com tão baixa qualidade moral para o exercício da representação popular significa apontar o dedo acusatório também para a baixa qualidade dos eleitores.

Na verdade, a frase de De Maistre ficaria mais atualizada se fosse reescrita desta maneira: “Todo eleitor tem o candidato que merece”. No caso de Brasília, submetida à imposição e ao arranjo artificial de ter representantes eleitos para os poderes Legislativo e Executivo, local e nacional, igualou a capital às demais unidades da Federação em todos os quesitos, inclusive, quanto à baixa qualidade de políticos eleitos.

Com um modelo desses, confeccionado sob medida para eleger os maiores aldrabões da redondeza, não surpreende o fato de a polícia, volta e meia, aparecer no encalço dos espertalhões, munida de mandado de busca e apreensão, prendendo e levando para depor autoridades que, por sua significância, deveriam ser exemplos de retidão.

Já foi dito aqui que, no plano nacional, não foi a direita que enxotou o governo petista do Planalto, foi a ação da polícia, a mando do Ministério Público, que fez a casa cair. O resto veio abaixo por inércia própria. Também em Brasília, que copiou o triste modelo, mais uma vez a polícia armada de autorização judicial cercou a Câmara Legislativa e, agora, o Palácio do Buriti, em busca de mais provas para dar continuidade à Operação Drácon. O objetivo é investigar a origem do dinheiro que o PM aposentado João Dias jogou sobre o então deputado Paulo Tadeu, hoje conselheiro no TCDF. Em ambos os casos, fica patente, mais uma vez, que a representação política no Distrito Federal é caso de polícia. Com a palavra, os eleitores responsáveis pelas indicações desastrosas.

A frase que não foi pronunciada

“A minha consciência tem mais peso pra mim do que a opinião do mundo inteiro.”

Marco Túlio Cícero

Do leitor

Em audiência pública no Senado, uma funcionária do Itamaraty rasgou o verbo sobre o assédio moral e sexual que acontece em nossos consulados mundo afora. Agora chega uma denúncia sobre a embaixatriz Tereza Carvalho, em Ancara, Turquia. Embaixatriz e não embaixadora, diga-se de passagem. A denúncia é sobre o suposto desrespeito e a arrogância com que trata os diplomatas e outros funcionários do local. Soube-se que ela e o marido serão transferidos para Moscou. O corpo diplomático de lá está apavorado. Problema para a equipe do ministro José Serra.

Flores

Ângela Amin está fazendo uma campanha intensa em Santa Catarina. O santinho é um pacotinho de sementes de girassol conclamando a população a florir Florianópolis. A estrategista do marketing é aqui de Brasília. Outro material de divulgação é o lápis semente. Quando chega ao fim, basta plantar a ponta que traz sementes.

Vergonha

Direito administrativo e direito constitucional são as duas gelatinas da Justiça. Sem forma definida, adaptam-se ao gosto do freguês. Em matéria de punição, nem se fala. Basta escolher a forma e as gelatinas se adaptam.

Deu na net

Dor de cabeça para o governador Rodrigo Rollemberg. Jefferson Rodrigues Filho, suposto estelionatário, tentou vender informações pessoais do governador à deputada Celina Leão.

História de Brasília

São 5 bilhões de cruzeiros, já vencidos, que a Novacap terá que pagar. É o resultado da política do sr. Jânio Quadros, que autorizava, e o ministro Clemente Mariani não pagava. (Publicado em 13/9/1961)

Ardis

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Com o novo entendimento do Senado de manter os direitos de a ex-presidente exercer funções públicas mesmo depois de cassada, abre-se uma via larguíssima para a reformulação de milhares de outros processos do gênero em que houve a condenação do réu e simultaneamente a perda desse direito de cidadania. Na previsão de alguns juristas, a repercussão em cadeia dessa decisão abarrotará as Cortes com um mar de processos com pedidos de revisão da dupla penalidade. Os efeitos são imprevisíveis, senão catastróficos. Políticos que foram cassados e perderam o direito de exercer função pública por oito anos, como o ex-senador por Goiás Demóstenes Torres e muitos outros na mesma situação, poderão recorrer pedindo isonomia de tratamento.

Também milhares de funcionários do Estado, condenados por corrupção e expulsos do serviço público, pedirão revisão de penas. O efeito cascata de uma decisão, que se comenta, foi discutida e esboçada algumas semanas antes à boca pequena, ao pretender dar interpretação, fora dos trilhos do que diz a Constituição em seu artigo 52, apenas para beneficiar uma única pessoa, conseguiu o feito espetacular de punir sem pena.

Além dos efeitos que essa medida poderá provocar na revisão de condenações passadas, todos aqueles que, de alguma forma, participaram dessa estratégia ardilosa, que no mundo do direito é denominada de chicana, poderão, no decorrer dos desdobramento do caso, vir a prestar esclarecimentos pormenorizados não só à opinião pública, que assistiu a tudo ao vivo e em cores, mas à própria Justiça instada para tanto. Caso seja verificada a armação de uma grande jogada para livrar Dilma da mão certeira da Justiça, o maior prejudicado nesse episódio será justamente o ministro em fim de carreira e duplamente presidente da Suprema Corte e do processo de impeachment, Ricardo Lewandowski.

Para os políticos envolvidos nesses acertos desconcertados, o episódio ficará marcado como acordos e conchavos próprios do métier. Para a sociedade, ficam, além dos prejuízos materiais com o pagamento de toda a gente envolvida no julgamento, os riscos reais de que, confirmada a tese do conchavo nos bastidores, o julgamento vir a ser, na totalidade, jogado na lata de lixo, por estar eivado de ações ilegais.

Se for invalidado por culpa dessas manobras, todo o processo poderá ser anulado. Depois de nove meses de gestação de um processo com amplíssimas possibilidades de defesa, o ponto final foi substituído pelas reticências das incertezas, o que poderá provocar alongamento desnecessário da questão, penalizando, como sempre, os mesmos de todas as vezes em que o sentido de República padece: os cidadãos brasileiros.

A frase que não foi pronunciada

“ O Brasil não é um país para amadores. Nem odiadores.”

Tentativa de explicação dos últimos acontecimentos para os estrangeiros.

Transparência

Nasce na segunda-feira, dia 5, nas primeiras horas da tarde, o novo sistema integrado de Ouvidoria do GDF. A demanda é do Conselho de Transparência e Controle Social que insistiu em melhorar o serviço prestado aos cidadãos. A responsabilidade do governo aumenta. Com o conhecimento dos problemas, as ferramentas para as soluções precisam estar preparadas. A cerimônia será no Salão Nobre do Buriti. A grande novidade desse sistema será a interatividade. Devidamente identificado, o cidadão poderá acompanhar a resolução do protocolo pelo celular. Basta entrar na página ouvidoria.de.gov.br e se cadastrar.

Auditoria

Os três dias que dona Dilma pediu para continuar no Palácio do Alvorada para a auditoria dos bens podem ser estratégicos. Com a enxurrada de protestos sobre a divisão da votação do impeachment, pode ser que ela fique por lá muito mais tempo do que se imagina.

Ação vermelha

Por falar no palácio, o leitor deve lembrar que a primeira providência do Partido dos Trabalhadores quando ocupou o Palácio do Alvorada foi mandar plantar no jardim, flores vermelhas que formavam a estrela do partido. Claro sinal do que viria no futuro. O que o país precisa é manter o pensamento do jardim verde e amarelo.

Nota Legal

Nessa semana, acontecerá a devolução dos créditos em dinheiro do programa Nota Legal. A previsão é que cerca de R$ 4,6 milhões voltem para os quase 35 mil contribuintes que fizeram as indicações em junho.

História de Brasília

Estão falando muito em moratória para o comércio em Brasília. Será um descalabro. Basta que a Novacap pague suas dívidas, e o comércio de Brasília funcionará que é uma beleza. (Publicado em 13/9/1961)

Bonomia enganosa

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aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Passados exatos oitenta anos da publicação da obra Raízes do Brasil, do historiador e crítico literário, Sérgio Buarque de Holanda, a atualidade certeira da obra, em seu enfoque sobre os percalços de nossa formação psicossocial, emerge com um frescor das coisas novas a cada grande crise que vamos experimentando no infindável processo de nossa formação como nação.
As mesmas características peculiares e ruinosas que identificou em nossa formação histórica e que iria permear todas as relações sociais desde a Colônia até a República, caso fosse vivo, reconheceria de imediato não só nas estruturas atuais do PT, mas em todos as dezenas de partidos que hoje lotam o parlamento. Em pleno século XXI ainda persistem as relações do tipo familiar em toda a estrutura política, inclusive nas próprias legendas partidárias onde é comum observar nos chamados núcleos duros, a presença de pessoas aglutinadas muito mais por afinidades pessoais do que por interesses e atributos puramente pragmáticos.

Há inclusive casos concretos de parlamentares eleitos que possuem como suplentes de seus mandatos pessoas da própria família. O “homem cordial”, apontado pelo historiador, como aquele indivíduo que tem dificuldades em separar o público do privado e que povoa a máquina do estado e as legendas com gente, cujo atributo maior é pertencer ao seu círculo íntimo, ainda é fato corrente.

As dinastias se sucedem no poder. Na política, nomes e sobrenomes são passaportes mais eficazes do que currículos acadêmicos. O caso mais emblemático está justamente no Partido dos Trabalhadores, onde a figura do ex-presidente Lula é reverenciada como a grande patriarca da legenda. Como um dos primeiros pensadores a aderir ao Partido dos Trabalhadores, ainda em sua fase embrionária, por sua conhecida independência intelectual, dificilmente Sérgio Buarque de Holanda iria aceitar os desvios de rumo que esta legenda tomou, tão logo chegou ao poder.

A dureza da pedra , dizem, é também sua maior fragilidade. Basta cair para se espatifar em pedaços. As suspeitas que recaem sobre o chefão petista sobre a propriedade ou não de um triplex e um sítio no interior paulista, assim como as relações suspeitas com ricos empreiteiros decorrem desta confusão e dubiedade herdada de nossa formação.

O afastamento, previsto constitucionalmente, de Dilma, foi encarado e mesmo estimulado pelas lideranças deste partido, como uma ofensa pessoal contra um membro da família e não como decorrente de aspectos racionais oriundos de sua total inoperância e acentuada soberba.

Sintomático é observar que durante todo este espetáculo final que marcou o processo de impeachment, em nenhum momento os interesses soberanos da Nação foram mencionados como prioritários, ficando esta questão relegada a um segundo plano. Pobre República.

A frase que foi pronunciada:

“Agora são dois números para denotar sorte. 13 para quem é petista e 31 para quem não é petista.”
Ernesto Goes, o observador

Muito simples
Regra número um para os políticos. Havendo chantagem partida de parlamentares, empreiteiros, doleiros, o caminho é a denúncia. Quem deu a receita foi o senador Ivo Cassol que estranhou o discurso de dona Dilma Rousseff quando disse que vinha sofrendo achaques do deputado Eduardo Cunha.

Próximos capítulos
Dona Dilma Rousseff entra para concorrer pelo voto popular com Paulo Paim e Ana Amélia para ocupar uma cadeira no Senado Federal. Tudo poderá mudar se conseguir se candidatar por São Paulo. Aí concorreria com Marta Suplicy. Bem mais interessante.

Mãos à obra
Líder do governo no Congresso, a senadora Rose de Freitas defende o avanço da economia do país com uma oposição responsável, e não ferrenha. Ajustes econômicos e despertar a confiança dos investimentos são os passos a seguir.

Dica
Leilão do Sesi Senai neste sábado. Visite a página informativo.parquedosleiloes.com.br

Ideias
Um minuto de vídeo, valendo até feito em celular. Assunto: Mulher e a superação da violência. A Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher no Congresso Nacional lança o concurso de vídeo. O prêmio será ter as imagens divulgadas pela TV Senado e TV Câmara. As inscrições já estão abertas e vão até o dia 22 de outubro. Mais informações na Câmara ou no Senado.

As enrolações na história brasileira

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aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Nesses dias árduos para a nação, muitos senadores, principalmente aqueles que buscam aconchego na esquerda, têm feito apelos alarmistas aos seus colegas sobre os perigos que uma decisão em favor do impeachment da presidente Dilma trará para suas biografias. Esses parlamentares vêm brandindo o alerta para a possibilidade de o tribunal da história vir a julgar e condenar no futuro todos aqueles que querem hoje a destituição da presidente.

Obviamente, repetem mais uma narrativa que tentam recolocar em trilhos tortos aquilo que muitos pensadores chamam de trem da história. Fica fácil perceber que, neste caso, quem não saltou do referido trem antes da chegada às estações mensalão e petrolão correu o sério risco de se transformar em cúmplice e vir a sentar também no banco dos réus, quando o tribunal da história for instalado e começar a proferir seu julgamento tardio e derradeiro.

Esse jogo de palavras serve, não só para amparar e dar racionalidade à narrativa daqueles que querem a manutenção do status quo. A tentativa de buscar enquadrar em metáforas a situação real de um país levado às cordas da depressão econômica serve apenas às fantasias do jogo vazio de palavras. Ainda assim, é possível trazer de volta a expressão lata de lixo da história para definir o que muitos acreditam ser uma década definitivamente perdida pelos brasileiros.

Com a confirmação agora do impeachment da presidente por 61 votos, contra 20, fica patente que a maioria daqueles onde o papel de representantes da nação foi confiado, não se deixaram intimidar por expressões fortes da língua e cravaram no presente o voto que põe um ponto final na narrativa surreal que empurrava o país de volta aos anos 1960.

Certo. Quando se fala em política, a dúvida está sempre presente. Pode, sim, ter havido um acordão para cutucar a Constituição Federal. Um lado diz que não houve improbidade, mas aceitou o impeachment, e outro disse que havia sim provas contundentes sobre a improbidade, mas aceitou que a dona Dilma não perdesse os direitos políticos.

Não há a mesma retórica que pregava a importância de ungir com o poder os chamados condutores da história, como as únicas pessoas dotadas de luz e capazes de conduzir toda uma nação ao bom caminho ou seja, no rumo traçado pela onisciência do grande guia. Trata-se de fantasiosa criação que a própria história dos povos, em todo tempo e lugar cuidou de desmentir com exemplos fartos. Metáforas em história servem apenas as fantasias e as alucinações daqueles que acreditam ser possível reger a marcha evolutiva da espécie humana, como se fossem pastores pajeando um simples rebanho de ovelhas.

A frase que não foi pronunciada

“Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades.”

Caio Fernando Abreu, jornalista

Raridade

Lendo o artigo “O tripé básico do atendimento de excelência”, de Erik Penna, é possível ver como o nosso comércio está longe do potencial aceitável. Olhos nos olhos, sorriso e alegria ao atender são as primeiras dicas para o contato com o consumidor.

Anatel

Insuportável a invasão de privacidade sistemática da operadora Claro. Uma ligação aparentemente normal até ser atendida. Ouve-se uma gravação comercial vendendo produtos e ofertas. Um abuso inaceitável.

Introdução

Uma maldade o que a médica do Hospital do Gama fez com a dona Maria Vidal. A médica a aconselhou a fazer o exame com urgência e atenderia depois para ver o resultado. Como essa possibilidade é remota em um hospital público, a família se uniu para poder pagar mais de R$ 400 pelo exame.

Desenvolvimento

Felizes por terem seguido o conselho da doutora, levaram o exame para a análise, conforme o prometido. A resposta da profissional da saúde foi: “Aqui não há encaixe. Consulta só daqui a um mês. Se eu disse que atenderia, não me lembro. É a sua palavra contra a minha”. Dona Maria, com mais de 70 anos de idade, não lê, não escreve. Está apavorada.

Conclusão

“Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.” Só para lembrar a profissional novinha e arrogante o que ela jurou quando escolheu a profissão.

História de Brasília

Um técnico vale tanto, que vejam o caso da Polícia. O sr. Jânio Quadros trouxe para Brasília o cel. Jaime Santos. Hoje, maior número detesta o sr. Jânio Quadros, e maior número admira o cel. Jaime Santos, pelo seu trabalho bem feito e bem orientado. Técnico é assim: fica. O político é assim: passa. (Publicado em 13/9/1961)

Questões paralelas

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Vinte e sete anos depois daquela manhã fria de 9 de novembro de 1989, em que o muro de Berlim foi demolido a unha pelos alemães dos dois lados da fronteira, os ventos que marcaram simbolicamente o fim do comunismo na Europa parecem ter chegado ao Planalto Central do Brasil e, em forma de redemoinho, começaram a varrer para longe as folhas secas do que restou desses 13 e longos anos de petismo.

Por mais de uma década, os brasileiros tiveram a oportunidade de experimentar os frutos insípidos dessa doutrina. Pelas gigantescas e espontâneas manifestações populares que incendiaram as avenidas de todo o país, o povo deu mostras claras de que não gostou do que provou, principalmente, pelo modelo de comunismo made in Brazil, confeccionado sob medida para tornar próspera a numerosa nomenclatura do partido.

Na Alemanha, o muro resistiu por 28 anos — quase uma geração. No Brasil do nós contra eles, o muro durou exatos 13 anos, que coincidentemente é o mesmo número da legenda que tentou cobrir de vermelho um pais tropical multicor e sestroso. Não tinha como dar certo.

O desmonte desse tipo peculiar de fazer política e de governança começou a ser feito e a ruir ainda em 2005, com os episódios ainda pouco esclarecidos do mensalão. De lá para cá, buscou-se inventar um país novo ,usando receitas velhas como manual de procedimento. A falta de seriedade, somada ao sentido de onipotência cavalar, próprios daqueles que acreditam ser condutores do processo histórico, minou por dentro as expectativas de um governo que se pretendia longevo.

Enquanto a revolução não se instalava de vez de norte a sul do país, os novos combatentes cuidaram de transformar a própria vida, agregando a ela, na forma de consultorias, palestras e doações generosas de empresas, o vil metal capitalista. Erra quem acredita que o desmanche dos ideais trazidos pelo PT foi obra de uma direita raivosa e ciumenta, como querem fazer acreditar.

Quem, de fato, desbaratou o aparelho foi a polícia a mando do Ministério Público e de um bando de jovens procuradores, sem vínculo algum com ideologias de qualquer gênero. Quem descerrou a cortina desse espetáculo farsesco, mostrando os bastidores de um mundo em estado de caos, apenas encoberto pela propaganda tonitruante oficial, foram os homens da lei. Claro que, nesse caso, a polícia contou também com a ajuda despretensiosa de alguns ratos que habitavam esse teatro e que cuidaram, à sua maneira, de roer os pilares que sustentavam o majestoso edifício da república bolivarianista do Brasil.

A frase que não foi pronunciada

“Usei armas pela democracia e acabei matando a República.”

O leitor é livre para colocar a frase na boca de quem quiser.

Agenda

Hoje, no Museu da República, Auditório II, haverá o lançamento do livro Diversos dias – uma vivência teatral colaborativa da poética plenitude do ser, de Mônica Gaspar. Ela narra o processo de construção, em processo colaborativo, da peça Diversos Dias, cujo elenco foi formado por pessoas da comunidade de Brasília, com ou sem diagnóstico de deficiência, que se propuseram a compor a oficina de teatro do I Festival de Cultura Inclusiva do DF, em 2013. Às 19h. Versões em audiobook.

Educação é tudo

Onde está o caminhão da EBF que presta serviços ao GDF? Há árvores em desespero. Plantas que alcançaram dezenas de anos parecem ser cortadas sem motivos, sem técnica, sem fundamentação. Não temos, neste país, o respeito à natureza. Consequência da falta de educação. Árvores centenárias, pela Europa, crescem perto de prédios, em estacionamentos ou à beira de lagos. Ninguém se aproxima para destruí-las. Se o fizessem, seriam detidos pela lei.

Simples assim

Tratores e serras elétricas precisam ser acompanhadas por satélites. Controle perfeitamente viável. Só assim há como manter o futuro do meio ambiente saudável.

Tecnologia

Agradecimentos aos leitores que têm elogiado os blogs dos jornalistas do Correio Braziliense. Vitor Baravelli Perez e equipe pegaram no pesado para deixar uma página leve, amistosa e com acesso livre.

História de Brasília

Não se nega ao goiano o privilégio de ser prefeito de Brasília, mas não se pode admitir a expressão “será dada ao PSD de Goiás”, porque isto implica em barganha, é ilegal, é imoral. (Publicado em 13/9/1961)

Dilma, quid ploras?

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Nem ao menos na hora mais grave para todos e particularmente para ela se ouviu, no discurso derradeiro de Dilma Rousseff perante os senadores, qualquer lampejo de sinceridade, capaz de iluminar a própria defesa com os traços incontestes da verdade. Com isso, o pronunciamento, em forma de defesa, ficou mais uma vez, na água rasa da propaganda dos pretensos feitos espetaculares do governo.

A verdade não está no texto preparado a muitas mãos, ela está presente e pode ser encontrada nos fatos detectados pelos cinco sentidos de cada um dos 12 milhões de desempregados e dos muitos outros milhões de jovens que ainda não entraram nas estatísticas e seguem sem perspectivas de trabalho.

Os fatos estão nas gôndolas dos supermercados, onde os preços dos alimentos disparam a cada dia. O julgamento de Dilma pelo Senado é muito mais do que um veredito sobre seu governo. Alcança de forma muito mais ampla todo um jeito peculiar de fazer política e que acabou por levar a prisão e a pesadas penas figuras de destaque de seu partido.

A cooptação de apoio por meio de pagamentos mensais ou o fortalecimento dos cofres de seu partido e de seus apoiadores é apenas a ponta visível de uma enorme montanha de outros escândalos. Ao desaguar no Senado os momentos finais do julgamento da presidente, o que esta alta Corte está fazendo na realidade é dando prosseguimento à vontade soberana da maioria dos representantes da população com assento na Câmara dos Deputados.

Por sua vez, fica entendido também que o principal motivo que desaguou no processo de impeachment não foi, como querem fazer crer, levado por vingança pessoal do ex-presidente da Câmara. O catalisador para afastar Dilma foi dado primeiro pelos gigantescos e espontâneos manifestos de rua, contra o qual não há o que se duvidar. Mas, na origem de todo o processo, que poderá levar sua defenestração definitiva, estão características de sua personalidade irrascível, incompatíveis para o exercício do cargo numa República em que os Poderes têm o dever precípuo de se entender e de bem se relacionar.

Pelo que se tem visto até aqui, a escolha antinatural de Dilma para suceder Lula, com base apenas nos índices de popularidade de seu antecessor, se mostrou um desastre de grandes proporções e que nunca mais deve ser repetido. Nem mesmo nesta hora grave seu partido teve o juízo de se recolher constrangido diante da sucessão de erros. Preferiu transformar o momento triste em material para um documentário feito sob medida e que trará a visão obtusa dessa legenda sobre esse episódio. Por que choras, Dilma? Para aparecer bem na fita, diz seu íntimo.

A frase que foi pronunciada

“ – Como é que o Jornal do Senado publicou uma foto da presidente Dilma no plenário antes que ela chegasse ao Senado?

– Seu bobo! Ela usou a mesma roupa no dia 2 de fevereiro, dia em que a foto foi tirada. Por isso parece que a foto é de hoje!”

Conversa amena ontem entre funcionários da Casa na chegada da dona Dilma

Opinião

Nosso leitor conta que em 2011 viajou para o Canadá e foi tratado no aeroporto de Toronto como suspeito de ser bandido da máfia italiana ou terrorista palestino. Logo depois, foi liberado. A filha, canadense, filha de canadense, depois de passar 20 dias no Brasil, foi detida no aeroporto de Nova York e perdeu o avião para Montreal. “Em verdade, as autoridades desses países ‘civilizados’ são muito arrogantes e trabalham sob estresse” comenta o depois de ler a coluna intitulada “Hora de descer do pódio”.

Transporte

Outra carta de leitor devidamente identificado que prefere que o nome não apareça na coluna dá a sugestão ao governo Rollemberg de estimular duas empresas diferentes para as linhas do transporte público de Brasília. Acredita ele que só assim a qualidade poderia melhorar.

Leitura

Hoje, às 19h, no Carpe Diem, na CLS 104, lançamento do livro de Rubi Germano Rodrigues – A Teoria dos Princípios….de Platão.

Autonomia

Nada escapa aos Antagonistas. O site mostrou que José Eduardo Cardoso ajudava dona Dilma nas questões colocadas onde ela deveria responder por opinião própria. Hoje, o portal publicou que depois da acusação acabou a cola

História de Brasília

O fato de ser do PSD ou de ser de Goiás não implica na importância do partido ou do Estado. São valiosos, mas dentro dos seus quadros, dentro de suas funções. Uma coisa é PSD, outra coisa é Goiás, e outra coisa muito diferente é Brasília.(Publicado em 13/09/1961)

Compasso de espera

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Desde que foi iniciado o processo de impeachment da presidente Dilma, o país inteiro entrou numa espécie de compasso de espera. Para uma nação envolta na maior recessão de toda a sua história, aguardar de forma passiva o desfecho do julgamento da presidente só tem feito piorar a situação econômica de todos, adiando decisões importantes e quem sabe, perdendo o time e a oportunidade de serem adotadas corretivas adequadas.

Enquanto o relógio permanece girando, os índices econômicos negativos, alojados hoje no que os economistas já identificam como depressão, o chicote do desemprego, segue batendo forte no lombo dos brasileiros. Somente em julho cerca de 9,5 mil vagas simplesmente evaporaram. No ano todo, segundo o Cadastro geral de Empregados e Desempregados (Caged), já são mais de 623 mil empregos que desapareceram. A reversão total desse quadro geral de desempregados, que já ultrapassam os 11 milhões de brasileiros, consumirá alguns anos de intenso esforço. Mesmo nos redutos tradicionais e berço do petismo, o desemprego nas indústrias automobilísticas é altíssimo.

Enquanto a economia patinar numa taxa de crescimento perto de 1%, os especialistas asseguram que será impossível a geração de postos de trabalho. Em dois anos, o Produto Interno Bruto recuou mais de 7%, sendo praticamente impossível retomar o caminho de volta antes de pelo menos cinco anos. Para o Partido dos Trabalhadores ser apeado do poder pelo o que é chamado de conjunto da obra, em que se destaca justamente a destruição de milhões de postos de empregos, soa quase como veredito derradeiro para a legenda e pode enterrar por muito tempo também as pretensões políticas do grupo.

Nesse sentido, as presenças tanto da presidente afastada Dilma Rousseff, quanto do ex-presidente Lula no plenário do Senado, amanhã, poderá conferir às etapas finais do julgamento de impeachment um teor histórico dos mais preciosos. Transmitido ao vivo para todo o país e para o mundo, nesse julgamento, quem efetivamente estará sentado no banco dos réus será precisamente aquele que pediu abertamente aos eleitores de todo o país que votassem em sua candidata como se fosse nele próprio. Nas voltas que o mundo deu, o prestidigitador se vê agora com as cordas de sua própria marionete presas em volta de seu pescoço.

A frase que foi pronunciada

“Quem quer pegar uma galinha não fala Xô!”
Senador Telmário Mota, explicando o PT

Dados
Entre 2012 e 2015, jovens de 13 a 15 anos passaram a buscar profissionais de saúde 14% com maior frequência. Em parceria com o IBGE, os ministérios da Saúde e da Educação atestaram um indicador impressionante. Entre os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, 55,3% buscaram um profissional da saúde no ano passado.

Indefinição
Por falar em números, a Câmara de Comércio Americano (Amcham) divulgou uma enquete, em que ouviu 155 diretores financeiros sobre o atual momento econômico brasileiro, ajuste fiscal e perspectivas. Para 48% dos diretores e dos gestores financeiros, a votação do impeachment está atrasando investimentos e decisões estratégicas empresariais.

Importante
Enquanto dona Dilma visita o Senado amanhã, vão participar da audiência pública sobre o novo regime fiscal e o teto de gastos global da União, na Câmara dos Deputados: Arionaldo Bonfim Rosendo, subsecretário de Planejamento e Orçamento do Ministério da Saúde, representando o ministro Ricardo Barros; Mauro Guimarães Junqueira, presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde; Alessio Costa Lima, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação; e Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal. Anexo II plenário 13.

Noite agradável
Bela a coleção de artes do advogado Pedro Gordilho. Ele recebeu amigos para a assinatura do catálogo das peças expostas em sua residência. A equipe da coluna Visto, lido e ouvido agradece as belas palavras na dedicatória.

Portal
A OAB aproveita o mês do advogado para preparar um site mais amigável, interativo, educativo e transparente. O mote permanece: “Advogado valorizado e cidadão respeitado.”

História de Brasília

A informação extraoficial que se tem é a de que a Prefeitura será “dada ao PSD de Goiás”. Prefeitura não se dá, Brasília não se concede. Escolha-se um técnico da equipe que a construiu, e seja este, o prefeito.(Publicado em 13/9/1961)

Hora de descer do pódio

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Não é de hoje que brasileiros de todas as idades e gêneros em viagem para o exterior enfrentam os rigores kafquianos das autoridades de imigração, principalmente quando o destino é para os Estados Unidos, o Canadá e a Europa. Vistos pela ótica burocrática dos departamentos que cuidam da entrada de estrangeiros, todos os cidadãos da América Latina, assim como aqueles vindos das nações do chamado Terceiro Mundo, são imediatamente identificados como imigrantes potenciais que estariam dispostos a tudo para entrar e permanecer indefinidamente em seus territórios.

Separar, nessas grandes levas de pessoas, aquelas que realmente anseiam permanecer naqueles países, mesmo sob a condição de imigrantes ilegais, daquelas que apenas querem viajar e conhecer novas terras e novas culturas, não é tarefa das mais simples. Por via das dúvidas, as autoridades americanas e europeias, diante dos constantes atentados terroristas e da grande movimentação atual de refugiados, passaram a tratar como suspeitos todo e qualquer viajante, principalmente os oriundos do Hemisfério Sul.

Diante dos novos desafios de segurança mundial que se impõe, o simples ato de viajar a turismo para fora do país passou a requerer muita disposição e coragem para enfrentar a peneira fina feita pela imigração externa. Ainda assim, e talvez por esses motivos, têm havido repetidos e lamentáveis excessos. Em um mundo em permanente estado de alerta, os viajantes com bons propósitos e com a documentação em ordem acabam sendo duramente penalizados e, não raro, ficam traumatizados com a experiência vivida lá fora. Esse é justamente o caso atual da estudante brasileira de 16 anos, barrada pela imigração no aeroporto de Detroit, nos Estados Unidos, e que há 15 dias se encontra presa e incomunicável num presídio para imigrantes na cidade de Chicago.

As autoridades americanas não dão mais detalhes por motivo de segurança. O Itamaraty, sempre a reboque das notícias e distantes das agruras sofridas pelos brasileiros no estrangeiro, se limitou a reconhecer que desconhece os motivos da detenção da jovem pelos americanos. Os pais da brasileira vivem momentos de aflição e asseguram que jamais vão pôr os pés novamente naquele país. A aflição deles é também de muitos brasileiros maltratados como seres inferiores nos guichês de imigração desses aeroportos. O que mais surpreende é que esse tratamento primitivo parte justamente dos países desenvolvidos que se vangloriam e apregoam as delícias de seu alto estágio civilizatório. Para um país, como os EUA, que já alcançou a lua, falta ainda muito chão a percorrer até reconhecer a arrogância e enxergar as consequências que ela traz para o mundo.

A frase que não foi pronunciada

“Até Ravel era usado em tortura. O que é constantemente repetido enlouquece qualquer um!”

Alguém irritado saindo do plenário do Senado

Querido por todos

Comentário geral sobre o senador Paulo Paim. A melhor defesa até agora a favor da dona Dilma Rousseff. No entanto, o PT nunca confiou um cargo importante para ele, que na sua grandeza parece não se importar com isso.

Problema

Continua o problema entre a Volkswagen e o Grupo Prevent. A produção no Brasil está parada por falta de peças.

Ação

Se a situação estava grave, agora vai piorar. Convênio entre GDF e UnB rompido causa greve dos estudantes de medicina. Eles querem continuar os atendimentos nos hospitais da região leste: Paranoá, São Sebastião e Itapuã.

Distrital

Câmara Legislativa recebe representações contra distritais citados na CPI da saúde. Agora cabe ao Ministério Público e Polícia Civil a firmeza que a população anseia. Enquanto os eleitores não aprendem a votar o papel do Ministério Público e Polícia Civil dobra de responsabilidade.

História de Brasília

Está de pé, o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 13/9/1961)