Categoria: ÍNTEGRA
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Circe Cunha e MAMFIL
Com a judicialização da questão do reajuste das passagens de ônibus e do metrô, e a vitória do Executivo no embate, as oposições ao governo Rollemberg, finalmente, encontraram o mote político que buscavam para justificar a declaração de guerra ao Palácio do Buriti, arrebanhando para essa empreitada todo um conjunto de siglas que praticamente tinham desaparecido do horizonte depois do desmonte do lulopetismo.
Não se enganem nessa questão. O que interessa de fato à parte significativa da Câmara Legilativa do Distrito Federal (CLDF) não é exatamente o peso dos reajustes no bolso do trabalhador. PSol, Juventude Socialista do PDT, Central Geral dos Trabalhadores e outros grupos, que sempre orbitaram como parasitas em torno do governo populista passado, querem desestabilizar a atual administração a todo custo.
O que move esses grupos, sob a batuta da CLDF, é a disputa nua e crua por nacos do poder. Os trabalhadores estão, mais uma vez, sendo usados como massa de manobra. Com o desmascaramento dos oportunistas, o tempo das ilusões ficou para trás e não dá mais para acreditar nas boas intenções dessa gente. Na peleja sem heróis, o GDF deveria organizar um amplo debate, ao vivo, envolvendo o corpo técnico do governo, o Conselho de Transporte, empresários e todos os segmentos da sociedade verdadeiramente preocupados com a questão dos transportes públicos, para que a razão e a verdade retornassem, naturalmente, para o lado correto. É sabido que as fraudes na utilização dos vales-transportes vêm se multiplicando a cada dia. É por esse bueiro, cuja profundidade se desconhece, que escoam recursos públicos preciosos.
O que é preciso é que a população veja e entenda, de forma clara e didática, o que dizem as planilhas e quais os meios reais de ajuste dos preços das tarifas com base principalmente nos cortes de despesas desnecessárias e no racionamento do sistema. Em tempos de inflação alta e de forte desemprego, falar em aumento de tarifas é comprar briga com a população. Mesmo assim é possível chegar a um consenso aceitável, que atenda a todas as partes, principalmente os usuários que bancam o sistema. Para isso, o primeiro passo, e talvez o mais difícil, seja organizar um sistema eficiente de comunicação entre o GDF e a população.
O que não é razoável é querer atender a todos de forma plenamente satisfatória, a menos que se faça como a maioria dos políticos que, nessas horas, prefere optar pelo caminho mais fácil, empenhando a alma e a dignidade. O que parece ser absolutamente impossível, nestas circunstâncias, é satisfazer o apetite pantagruélico da classe política local e muito menos o dos grupos de aproveitadores que rondam o governo como mariposas em volta da luz.
A frase que não foi pronunciada
“País desenvolvido não é aquele em que o pobre anda de carro. É aquele em que o rico anda de transporte público.”
Pensamento urbano
História de Brasília
As explicações de que são necessárias essas viagens são, vamos dizer assim, do tempo do presidencialismo. Isso porque não é possível que o presidente e o primeiro-ministro vivam em Brasília, enquanto os ministros restantes só possam viver na Guanabara. (Publicado em 21/9/1961)
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Circe Cunha e MAMFIL
Se fosse depender hoje apenas da percepção geral da população brasileira sobre corrupção, nosso país poderia estar em situação muito pior do que a apontada agora pelo ranking da Transparência Internacional (TI), que situou o Brasil na 79ª posição entre os 176 países pesquisados.
As descobertas feitas até agora pelas equipes de procuradores e investigadores que cuidam da Operação Lava-Jato, considerada por muitos o maior caso de corrupção não só no Brasil mas também no planeta, pelo volume de dinheiro desviado, ao mesmo tempo em que empurraram nosso país para uma posição vergonhosa na lista, ajudarão, no futuro próximo, a mostrar para o resto do mundo que algumas de nossas instituições estão se empenhando, ao máximo, para pôr fim à corrupção secular que nos consome.
Não é por outro motivo que a sociedade vem demonstrando publicamente seu apoio às pessoas e às instituições que cuidam com seriedade do assunto e criticando, ou mesmo hostilizando com ameaças físicas, os envolvidos nesse caso nebuloso. “O Brasil conseguiu trazer isso à luz. Isso tem impacto negativo inicial. Daí a perda da 76ª posição no ano passado para a 79ª agora. Mas isso pode ser também uma virada do país. A gente, a partir do enfrentamento, pode começar a ganhar posições e dar um salto positivo efetivo”, avalia o representante da TI no Brasil, Bruno Brandão.
No âmbito mundial, a ONG chama a atenção para a facilidade que ainda existe para pessoas e grupos poderosos escapar da fiscalização interna em seus países e mesmo da fiscalização internacional, com o refúgio em paraísos fiscais espalhados pelo planeta. Ao fugir dos impostos devidos na origem, esses grupos ajudam a alimentar o ciclo vicioso da corrupção, da desigualdade e da concentração de riquezas nas mãos de poucos privilegiados desonestos.
Para a TI, a corrupção sistêmica, conforme revelada recentemente pelos chamados Panamá Papers, ajudam no aumento da desigualdade social, ao mesmo tempo em que geram ambiente favorável ao aparecimento e fortalecimento de políticos populistas, como vistos na última década no Brasil e agora nos EUA com Trump.
Nesse contexto, tanto o lulopetismo quanto o trumpismo se assemelham em número, gênero e grau. “Durante 2016 vimos que, em todo o mundo, a corrupção sistêmica e a desigualdade social se reforçaram reciprocamente, o que tem provocado decepção nas pessoas, principalmente em relação à classe política”, assinala o comunicado da TI, para quem essas práticas resultam em violação dos direitos humanos, freio ao desenvolvimento sustentável e, por tabela, incremento à exclusão social, com o aumento da pobreza e da violência.
Tudo a que assistimos agora no Brasil. Outro aspecto ligado à corrupção aqui em nosso país, em vários capítulos, foram as seguidas tentativas de reprimir a sociedade civil (nós contra eles) e as ações visando limitar a liberdade de imprensa (dita mídia golpista). Até mesmo as seguidas tentativas de fragilizar a ação da Justiça, por meio da criação de órgãos e conselhos fiscalizadores formados por entidades socias ligadas ao governo e à aproximação perniciosa do Executivo das antigas e perpétuas elites clientelistas, deram forma e conteúdo ao governo passado e seu modus operandi. Tudo o que experimentamos está presente na raiz das graves mazelas.
A frase que foi pronunciada
“Um muro já entre Trump e os EUA!”
Alguém sensato
História de Brasília
Outra coisa é referente ao ministério. Quase sempre ausente do Distrito Federal, o ministério tem preferido o gabinete do Rio enquanto os outros dois poderes, Legislativo e Judiciário, têm a sede no DF. (Publicado em 21/9/1961)
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Circe Cunha e MAMFIL
Está complicada a vida no Distrito Federal, cuja qualidade de vida ganhou fama mundo afora. Problemas e mais problemas têm surgido diariamente, atormentando a vida de todos. Congestionamentos constantes no trânsito, principalmente nas vias que dão acesso ao Plano Piloto, racionamento e má qualidade da água, faltas e cortes de luz repetidos, especulação imobiliária, precariedade do transporte público, aumento dos índices de poluição do ar e desmatamento e aterramento de nascentes.
Não há exagero nas reclamações. A lista de queixas inclui ainda poluição sonora e visual, sujeira e lixo amontoados por toda a cidade, esgotamento da capacidade dos aterros sanitários, multiplicação das invasões e de assentamentos precários, descaracterização da cidade com puxadinhos e outros aleijões arquitetônicos.
Mas não acabou. Há também reformas e construção de elefantes brancos onerosos e desnecessários, aumento assustador da violência e da criminalidade urbana, escolas e hospitais públicos superlotados e de baixa qualidade e aumento geométrico de tributos para cobrir rombos crescentes.
O desânimo só aumento diante da perda da qualidade geral de vida, da decadência e da desvalorização dos espaços urbanos, da incapacidade dos órgãos de segurança e de saúde de atenderem a tantos chamados diários, da corrupção e dos desvios de recursos públicos constantes numa máquina pública inchada e ineficiente, das notícias constantes sobre negociatas envolvendo agentes públicos, tribunais e órgãos de fiscalização.
Esses e muitos outros pesadelos, que, até bem pouco tempo, eram problemas típicos de grandes cidades brasileiras, já fazem parte de nosso cotidiano. E, pior, vieram para ficar. O mais perturbador é que essas pragas foram libertadas quase de uma só vez de dentro do baú dos políticos locais. Durante três décadas, essa foi a semente plantada por eles no planalto central. É essa a colheita que temos agora. A capital está seriamente doente.
A frase que foi pronunciada
“O imposto é a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas.”
John Garland Pollar
Abuso
» É certo que haja livre concorrência, mas aceitar um refrigerante por R$10 é fora de propósito. A reclamação chegou de um leitor e turista horrorizado com o preço cobrado no Aeroporto de Brasília.
Leitor 1
» Por falar em aeroporto e leitor, Roldão Simas envia opinião para a redação com o seguinte teor: “Nas vias de acesso ao centro da cidade, as placas indicativas assinalam Brasília em vez de Centro, (termo correto e usado nas cidades do mundo inteiro). Isso ocorre, por exemplo, na saída do aeroporto bem como na EPTG desde Águas Claras para o centro da cidade.
Leitor 2
» O aeroporto fica em Brasília, Águas Claras fica também em Brasília, que é o nome da cidade capital federal. E completa: “O centro de Brasília é o cruzamento do eixo rodoviário com o eixo monumental. Fica na Estação Rodoviária. Todo o mundo sabe disso”.
Impressionante
» Falta muito para que a alimentação no Brasil seja saudável. O uso de gordura em frituras, a falta de frutas, legumes e verduras na alimentação, o excesso de sal e açúcar, além do abuso de salgadinhos industrializados para as crianças são o cenário para tantos obesos morando à beira mar.
Educador
» Mário Sérgio Mafra, superintendente da Fubrae, nos conta numa missiva que tentou implementar no Brasil a estrutura e funcionamento da Escola da Ponte, hoje as mais adiantadas da Europa. Elas tratam do interesse dos alunos como prioridade para o aprendizado. Mesmo lutando para implementar a metodologia educacional de cultura colaborativa, Mafra não encontrou gestores que o ouvissem. “A ideia ficou estancada nos ouvidos moucos dos tomadores de decisões educacionais. O Brasil perdeu o norte e dificilmente sairá desse hiato pedagógico. Estamos a remendar o modelo educacional do século 19.”
História de Brasília
A verdade dessa afirmativa está no fato de alcançarmos a primeira metade de mês de governo e nenhuma providência de alto alcance ter sido tomada até agora. (Publicado em 21/9/1961)
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Circe Cunha e MAMFIL
Um dos fatores da escolha do DF para ser a capital se deu pela riqueza de mananciais na região (Águas Emendadas). Porém, o crescimento populacional acima do esperado e a ocupação irregular do solo levaram à situação limite em que vivemos. A avaliação vem sendo feita pelo engenheiro e especialista em crise hídrica Demetrios Christofidis, para quem a escassez e a carência no abastecimento de água são realidade que precisa ser enfrentada não apenas com novas formas de captação, mas, sobretudo, com o aumento da eficiência da rede, principalmente por meio de ações que minimizem a perda e o desperdício em todo o sistema.
Assim como é certo que, ao fim de cada mês, chega a conta individual de consumo de água à residência, a grande conta coletiva, resultante de anos e anos de uma política irresponsável que levou políticos locais a negociar terras públicas em troca de votos, chegou e os valores são altíssimos — praticamente impagáveis. É precisamente nesse ponto que reside a grande diferença entre o político oportunista, cujo horizonte se estende até as próximas eleições e o estadista, que tem visão do futuro e sabe bem das consequências de seus atos. Pior é que todas as causas diretas que levaram à preocupante situação de escassez no abastecimento persistem inalteradas.
O quadro que se tem hoje no Distrito Federal, relativo à questão do abastecimento de água, exige que a solução do problema de modo satisfatório obedeça ao que diz tanto a Lei do Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007), bem como as diretrizes contidas na política nacional de resíduos sólidos PNRS (Lei nº 12.305/10). Sem o prévio cumprimento desses instrumentos legais, qualquer ação visando a solucionar o grave problema no abastecimento de água de qualidade para os habitantes da capital do país será inócua.
A medida que propugna pela captação de água do Lago Paranoá, que para muitos equivale a beber da própria urina, corre o risco de se transformar numa solução fácil, ou mesmo um grande engodo. Além do aumento contínuo na oferta de água, com cada assentamento irregular que surge sendo prontamente atendido com rede de abastecimento, o desperdício, que ronda 25%, precisa ser prontamente contido. Aliás, essa questão precisa ser discutida e repensada. A Caesb e a CEB são as primeiras a chegar aos loteamentos ilegais e irregulares, o que parece uma incoerência com as leis. Certamente, se Caesb e CEB não fizessem ligações em áreas invadidas, a grilagem não valeria a pena.
O assoreamento e a poluição de mananciais são problemas que perduram e necessitam da ação firme dos órgãos de fiscalização para impedir o comprometimento dos recursos naturais. Em 1969, a Caesb foi criada também com a responsabilidade de proteger os mananciais, o que, convenhamos, não cumpre. Há ainda quem proponha, corretamente, a transformação do Parque recreativo da Água Mineral em estação exclusiva para a captação e abastecimento de água. De toda forma, nenhuma solução será definitiva e correta se não forem implementadas políticas que ponham fim à indústria criminosa de invasões, defendida pela classe política com assento na Câmara Legislativa e por empresários inescrupulosos de olho apenas no lucro fácil e rápido. Afinal, comprometer o abastecimento de água significa inviabilizar a própria capital.
A frase que foi pronunciada:
“Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles.”
Lições de Nicolau Maquiavel
História de Brasília
Tanto o presidente da República quanto o primeiro ministro ainda não puderam começar a trabalhar, só atendendo a pedidos. Os corredores do Planalto estão atopetados de pedintes de todos os estados, em busca de cargos, posições e mando. (Publicado em 21/9/1961)
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Circe Cunha e MAMFIL
Para os que creem nas armações do destino, tal qual concebido pela antiguidade clássica grega, Brasil tem sido, nas últimas décadas, o alvo predileto dos caprichos das Moiras. Justamente nos momentos-chaves, quando se imagina que o país vai finalmente engrenar a marcha rumo ao pleno desenvolvimento econômico e social, interrupções abruptas e inesperadas surgem como num passe de magia e tudo regressa ao ponto de partida.
No caso atual, com a morte súbita do ministro do STF Teori Zavaschi , o sentimento da maioria da população brasileira é de que nem bem inaugurada, a obra de passar o país a limpo ameaça desabar diante de nossos olhos. E, mais uma vez, não há nada que se possa fazer para impedir o colapso do sonho de um Brasil contra a corrupção.
Impossibilitados de controlar o leme desse país que, mais uma vez, é levado pelas correntezas da incerteza a destinos ignorados. A decepção com o futuro do país tem sido o mote na vida dos brasileiros que pensam nos netos. Com o fim do governo JK, em 1960, o que os brasileiros informados da época esperavam é que, na sequência viriam outros presidentes eleitos democraticamente e seguiria na trajetória desenvolvimentista inaugurada em 1955. Com o curto mandato de Jânio Quadros, precipitado, segundo dizem, por uma ressaca monumental, no Palácio da Alvorada, à época, deserto e mal-assombrado, o que se seguiu foi uma posse improvisada de um vice despojado dos poderes e, malvisto pelos quartéis.
A Guerra Fria, que não nos dizia respeito direto, acabou empurrando o país para a aventura da tomada do poder à força pelos militares, evitando-se, assim, que o país rumasse ligeiro para um modelo de comunismo, também estrangeiro, e que tinham na União Soviética e na China seus exemplos máximos. Decepção geral. A democracia interrompida ficaria de molho por mais duas décadas.
Mais uma vez o destino cortou os fios da esperança, com Tancredo Neves internando em estado grave, o homem escolhido que não chegou a assumir. José Sarney, com todas as dificuldades para firmar a economia, conduz a redemocratização do país, com a promulgação da Constituição de 1988.
Na sequência, pelas Diretas Já, Collor cativa a população como o caçador de marajás. Com apenas dois anos no poder, cai em desgraça por ter tocado no brio dos ricos e por ter levado ao desespero, a classe média. Faltava base de sustentação no Legislativo. Mais uma decepção. Na sequência, assume seu vice, um mineiro tímido, de que não se esperava muito, mas que teve a clareza de entregar a acadêmicos conceituados a resolução para uma economia há muito estagnada. Fez-se luz no fim do túnel.
Seguem-se anos de relativa bonança, com a modernização da estrutura econômica do país. Como fim do governo FHC, quem assume é um operário cheio de discurso e prosa. Empatia com o povo como nunca vista entre os presidentes. Abraços e beijos sinceros. Mas o poder nos corrompe, disse Maquiavel, e mostra o que estava escondido.
Dois anos depois, eclode o escândalo da compra votos e de consciência de parlamentares. Com o mensalão, vem outra decepção. Com a base parlamentar nas mãos, o operário consegue se reeleger e fazer a sucessora. Nesse período os cofres públicos estão sendo dilapidados com uma voracidade jamais vista. Com os milhões de desviados até dos próprios operários, Dilma se elege numa campanha caríssima.
Tem início a nova matriz econômica que arruinaria profundamente o Brasil, levando todas as agências de risco do planeta a classificar o país como caloteiro. Os capitais saem em debandada. Dilma se reelege com base em falsas promessas, e escondendo de todos a precária situação financeira do país. Dois anos depois é deposta pelo Congresso.
Decepção geral, principalmente da classe trabalhadora que se vê traída e esfolada. A essa altura, o escândalo da Lava-Jato é do conhecimento de todos. Seguem manobras de bastidores de toda ordem para suavizar o episódio da maior roubalheira da história. Figurões do governo e do empresariado são presos.
Seguem-se mais decepções à medida que a população toma ciência sobre a real situação do país e sobre os malfeitos do governo. No STF, uma série de decepções por conta do corporativismo ou mesmo por conta da ligação de ministros da Corte com o partido dos trabalhadores, aumenta a apreensão da sociedade de que tudo vai, mais uma vez, acabar em pizza. Teori assume a relatoria da Lava-Jato. Quando tudo parecia retornar aos trilhos, morre o ministro da Suprema Corte no qual a população depositava total confiança. Decepção novamente.
A frase que foi pronunciada
“Árvores são poemas que a terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio.”
Gibran Kahlil Gibran
História de Brasília
O regime parlamentarista não vai durar muito. Pelo menos, é o que se pode prever através deste meio mês de governo. (Publicado em 21/9/1961
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Circe Cunha e MAMFIL
Nenhuma reforma do ensino público que se pretenda eficaz e efetiva, moderna e produtiva pode prescindir da valorização da cultura nacional. É por meio do que foi produzido no país, nos últimos cinco séculos, nas mais diversas áreas do conhecimento, que os jovens de hoje poderão saber melhor e mais a fundo o que é e qual é a importância da cultura brasileira para a formação não apenas de sua geração, mas de todas que os antecederam e as futuras. A informação aprofundada sobre a vasta cultura brasileira deveria se constituir no ponto central da formação de nossos alunos, ressaltando os valores que sempre lhes são familiares. É pelo conhecimento do imenso legado deixado à sua disposição por legiões de brasileiros que nossos jovens poderão buscar a própria identidade, comparando, em cada grande obra, resquícios da própria realidade.Ao identificar na produção nacional traços da própria formação, os alunos encontrarão o verdadeiro porto seguro de onde vão zarpar para outras aventuras do conhecimento, sem perigo de se perder no caminho. É preciso que a reforma seja assentada basicamente naquilo que de melhor a nação possui. É por meio da cultura que é possível entender o exato sentido de nação. Nenhum grande país pode construir sua pujança alijando de sua origem a produção cultural. A cultura nacional de um povo talvez seja sua maior e mais preciosa riqueza e, quanto mais repartida, mais rica se torna pela contribuição contínua de todos, principalmente dos jovens.
Todos os países desenvolvidos não se furtam de constantemente mencionar os nomes e as obras daqueles compatriotas que ajudaram a construir e dar feição ao que são hoje. É preciso resgatar para o presente e apresentar a nossos jovens todos os brasileiros que fizeram de suas vidas um trabalho diário em nome da nação. Nenhum conceito de nação é completo se lhes falta a cultura. É a cultura que identifica e dá sentido à Nação. São esses produtores de cultura que esculpiram o brasileiro atual e que precisam estar onipresentes ao longo de toda a jornada de nossos alunos, moldando-lhes o caráter com o exemplo de suas obras.É preciso ensinar às crianças e aos jovens que cada feito, desses brasileiros ilustres, representou um tijolo a mais na construção daquilo que somos hoje e que a obra ainda não está completa. Qualquer reforma de ensino para valer deve apresentar aos alunos uma longa lista de nomes ilustres e de suas realizações, nas várias áreas do saber e das artes que servirá como farol a indicar caminhos e para mostrar que esse lado do Brasil, que sempre deu certo, é o país possível e que, afinal, importa a todos nós.
Melhor do que reformar o currículo do ensino público é revolucioná-lo com a introdução de uma massiva lista de grandes realizadores nacionais, apresentando aos mais jovens o quão imenso é o tesouro à sua disposição. Toda essa fabulosa mina de riquezas, criada por brasileiros de todas as condições sociais e econômicas ao longo do tempo, está ao alcance daqueles que se propõem a buscá-la. É necessário, pois, dar a conhecer a todos os pequenos brasileiros o mapa da mina.Trata-se do que é nosso, nossa carteira de identidade, com nossa digital impressa. Qualquer reforma do ensino para valer deve pelo menos começar com uma lista que contenha nomes como Rachel de Queiroz, Chiquinha Gonzaga, Chica da Silva, Anita Malfatti, Zilda Arns, Maria Quitéria, Cora Coralina, Bertha Lutz, Clara Sverner, Magdalena Tagliaferro, Alice Piffer Canabrava, Pixinguinha, Radames Gnatalli, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gilberto Gil, Joao Gilberto, Vinicius de Morais, Tom Jobim, Caetano Veloso, Maria Bethania, Gal Costa, Nise da Silveira, Adriene Baron Tacla, Suzana Herculano-Houzel, Camargo Guarnieri, Villa-Lobos, Guerra Peixe, Ernesto Nazareth, Adoniran Barbosa, Dias Gomes, Guimaraes Rosa, Euclides da Cunha, Quintino Cunha, Neusa França, Darlan Rosa, Claudio Santoro, Hugo Rodas, Alexandre Ribondi, Plínio Mósca, Castro Alves, Olavo Bilac, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Pacetti, Guignard, Omar Franco, Sebastião Salgado, Martins Penna, Alberto Nepomuceno, Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Paulo Freire, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Rui Barbosa, Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Hildete Pereira de Melo, Lígia M. C. S. Rodrigues, Luiz Gonzaga, Alice Piffer Canabrava, Carlos Chagas, Osvaldo Cruz, Di Cavalcanti, Portinari, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Ignácio de Loyola Brandão, Rubem Fonseca, Luís Fernando Veríssimo, Érico Veríssimo, Aleijadinho, padre José Maurício, padre Antônio Vieira, Alline Campos, Daiana Ávila, Tábita Hunemeier, Cecília Salgado, Karin Menéndez–Delmestre, Elisa Orth.
A frase que foi pronunciada
“Pintei meu pensamento aqui.”
Colunista, escolhendo as cores
História de Brasília
Façam assim. Fichem o candango, deem comida por uma semana, enquanto ele vai embora ou se emprega. Assistência social não é dar meio de vida sem trabalhar. Braço parado quer emprego e não esmola. (Publicado em 21/9/1961)
Do ponto de vista do marketing, é certo que as rebeliões em vários presídios do país resultaram num sucesso estrondoso sem igual. As organizações criminosas obtiveram exposição na mídia nacional e estrangeira que mesmo aquelas empresas mais famosas do planeta não conseguiriam, ainda que investissem centenas de milhões de reais. Para o crime organizado, a divulgação de suas ações e poderio foi feita sem gastar um só centavo. Para isso, recorreram ao capital que tinham à mão, no caso, a vida de uma centena de presos que foram sacrificados com a degola no altar da impunidade. Nesse caso, pode-se afirmar, com certeza, que a missão foi cumprida à risca.
Além da exposição de seu poder intimidatório, as organizações obtiveram o que esperavam do Estado: a transferência dos líderes da rebelião e de facções para presídios federais, onde as condições carcerárias são bem melhores e onde se encontram também seus comparsas. Para organizações de qualquer espécie — exceto, claro, aquelas de cunho secreto —, imagem é tudo, mesmo as mais tenebrosas. Sem a propaganda dos feitos criminosos, não há como causar o efeito desejado de incutir o medo em uns e provocar o respeito e a admiração em outros, principalmente perante os novos integrantes e futuros pretendentes.
Pertencer a esses grupos do crime, que ganham manchetes aqui e alhures, é tudo que os neófitos desejam. Nesse sentido, é bom observar o que alguns países, como Portugal, procedem em relação a situações semelhantes. Naquele país, considerado hoje um dos mais seguros de toda a Europa, quando um criminoso cai nas malhas da Justiça e é condenado, praticamente ele some do horizonte e é deletado da sociedade até o último dia de sua condenação. Nem mesmo a impressa sensacionalista tem acesso ao seu paradeiro. Trata-se de um morto-vivo, cujo destino só interessa à Justiça que o condenou.
No Brasil, as penitenciárias, no entanto, transformadas em escritórios centrais do crime, toda a divulgação é permitida. Para isso, retardam, ao máximo, a simples instalação de bloqueadores de celulares. Aliás, nesse ponto, é bom destacar que os sinais de celulares funcionam bem melhor intramuros do que fora das prisões, onde os consumidores são tosquiados pelas operadoras omissas.
Vivemos uma contradição: prendemos, mas queremos permitir mordomias, como visitas íntimas, churrascos, bebidas, drogas, e um entra e sai de pessoas das mais diversas, que, em parte, fazem o papel de pombos-correio. Em democracias muito mais justas do que a nossa, os presos não têm direito a conversas particulares e outras regalias comuns em nossas cadeias.
Qualquer pesquisa feita entre as classes menos favorecidas, justamente as mais prejudicadas pela criminalidade, mostrará que elas desejam uma atitude mais dura por parte das autoridades. Teorias como a humanização de presídios é coisa de discurso de pessoas situadas no alto da pirâmide social. O povão quer mesmo é que bandido pague sua pena, de preferência trabalhando enquanto cumpre a condenação, até para reparar o mal causado. Que trabalhe para pagar pelo que come e pelo abrigo.
Neste mês, as revoltas nas penitenciárias empurraram das manchetes dos jornais a Operação Lava-Jato e colocaram em seu lugar o morticínio de presos. Para não ser acusado de omisso e sob forte pressão dos governadores, a maioria da base política, o presidente Temer resolveu colocar as Forças Armadas para garantir a segurança nos presídios.
Especialistas alertam para o perigo de lançar as FA em missões que não dizem respeito a seu papel constitucional. Muito mais proveitoso do que colocar mil homens das FA, seria utilizar essa força especialíssima para formar um forte cordão de segurança ao longo dos milhares de quilômetros de nossas fronteiras com os países produtores de drogas e vendedores de armamentos.
A população carcerária hoje é de 600 mil presos, outros 400 mil condenados e com mandado de prisão aguardam na fila. Além disso, não há controle do tempo de internação, o que, com a tecnologia disponível, deveria ser automático. Cumpriu a pena, liberdade imediata. Infelizmente, até hoje um problema simples como esse não foi resolvido. A impressão do cidadão comum é que estamos enxugando gelo sob o Sol. A situação ameaça sair dos muros frágeis das prisões e ganhar as ruas, já excessivamente violentas do país. Soluções extremas não chegariam à origem do problema, que está nas escolas abandonadas, sem equipamentos, com professores desprestigiados e mal pagos.
>>A frase que foi pronunciada
“O caráter de alguns homens públicos é como o próprio cheiro de corpo. Só incomoda os outros. ”
Dona Dita, lendo jornal
>>História de Brasília
O ministério do Trabalho está dano comida de graça aos candangos, à custa do Saps. Mas não tem nenhum controle, e muita gente está mandando chamar parente para viver à custa do governo. (Publicado em 21/9/1961)
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Circe Cunha e MAMFIL
A afirmação, que à primeira vista pode parecer falsa, tem sido encarada por muitos países como algo possível e vem ganhando a cada dia uma legião de adeptos e entusiastas com a ideia de que nada se perde, tudo se transforma. Tudo pode ser reinserido na cadeia de consumo de modo a racionalizar e perpetuar o ciclo de produção, tão necessário para a geração de riqueza e empregos.
Nesse contexto, o lixo é visto como ouro, bem precioso. Mas, para chegar a esse ponto, são necessárias uma preparação prévia e a introdução de muitas mudanças e alterações de antigos hábitos e costumes. A questão vem a propósito da transferência gradual do lixão da estrutural para o novo local, situado na DF 180, próximo a Ceilândia e Samambaia, segundo prevê a Lei 12.305110, conhecida por Política Nacional de Resíduos Sólidos.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a nova política vai “instituir a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo”.
Para uma cidade que pretende servir de modelo para o restante do país, a questão do adequado manejo do lixo urbano é, talvez, a mais importante de todas as políticas a serem implantadas a médio prazo. Antes de tudo, impõe-se apresentar a proposta aos garis, mostrando a importância do manejo do descarte reutilizável. São os garis os primeiros a manusear o lixo seletivo. É importante que tenham conhecimento do futuro do material. A geração do número de empregos, as formas de reutilização, a importância de reaproveitamento, os desafios à criatividade.
O segundo passo são as escolas. Há que envolvê-las no assunto. Elas são a base para a formação de cidadãos conscientes sobre a importância da questão do lixo urbano. Desde lições preliminares de urbanidade, como o lixo no lixo, até a conscientização da família para a questão.
Também o saber das universidades deve ser incorporado ao terna, com a criação de cadeiras que tratem especificamente do tema, de modo que se busquem soluções racionais para este que é um dos maiores problemas da atualidade.
Somente com o poder multiplicador das escolas é possível chegar a uma solução razoável para tratar o descarte responsável. O governo e os órgãos a ele subordinados devem dar o exemplo internamente, na minimização do consumo de todo material que possa gerar lixo e, sobretudo, empreender campanhas para tratar o assunto com a seriedade requerida.
Nesse ponto, a fiscalização sistemática para o correto manuseio do lixo torna-se necessária e urgente, estabelecendo pesadas penas para quem deposita lixo de forma inadequada, como vem se tornando habitual na cidade. Circular pelas quadras comerciais hoje é experiência desagradável, dada a quantidade de lixo estocado de forma incorreta em contêineres superlotados e malcheirosos. E visível, ao final do dia, quando o lixo do comércio local é recolhido, a presença de chorume escorrendo rua abaixo, inundando o ar de mau cheiro insuportável.
Diariamente são gerados aproximadamente 3 milhões de toneladas de lixo doméstico em todo o DF. Trata-se de problema de enormes proporções, que requer ação rápida e constante, sob pena de, no futuro, inviabilizar ambientalmente a própria cidade.
A reutilização e o reaproveitamento dos materiais sólidos em centros especializados e modernos de triagem têm sido solução correta e econômica tanto para os catadores como para o próprio governo. É preciso incutir nos brasilienses a ideia e a importância da reciclagem.
Em alguns países vem ganhando força a construção de fábricas que utilizam roupas usadas como matéria-prima para a fabricação de papel de ótimo padrão e fios e tecidos de algodão de excelente qualidade. Com 7 bilhões de habitantes, o planeta já não consegue mais suprir a demanda de consumo. O futuro é da reciclagem, da reutilização dos materiais e do repensar o consumo do sistema capitalista selvagem, que enxerga o meio ambiente apenas como objeto para a geração de lucros sem fim.
Pode ser interessante fazer visitas guiadas das escolas aos lixões, para que os novos alunos tomem ciência, in loco, do tamanho do problema e do perigo que correm no futuro caso não repensem imediatamente seus padrões de consumo e de comportamento.
>>A frase que não foi pronunciada
“Esse silêncio político é apenas o preparo da receita de sempre para o ano que se inicia.”
Alguém pensando depois de uma reunião de partido
>>História de Brasília
Ajude a Câmara Júnior, na Campanha de Trânsito. Não precisa dar dinheiro. Basta cumprir o Código, respeitar os outros e, quanto ao mais, procure defender a si próprio sem sacrificar ninguém. (Publicado em 211911961)
DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
Circe Cunha e MAMFIL
Quais são as relações que poderiam haver entre as atuais rebeliões com dezenas de mortes nos presídios do Amazonas, Acre, Rio Grande do Norte e outros, com a chamada rota do Solimões e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)? Em documento datado de 2010, e enviado ao Palácio do Planalto, o Serviço Antiterrorismo da Polícia Federal elaborou, ao longo de quatro anos, um minucioso mapeamento das rotas de tráfico de armas e drogas e das bases de operação das Farcs em território nacional. A rota, extremamente lucrativa e pouco vigiada, se estendia ao longo do Rio Solimões na Amazônia e se constituía, à época, na principal fonte de recursos para as guerrilhas de narcotraficantes colombianos e posteriormente para as facções do crime organizado, que passaram a ver, naquele longo trecho, um meio fácil de obter grandes somas de dinheiro.
Facções, como a Família do Norte (FDN), conhecida agora dos brasileiros, depois das chacinas no Presídio Anísio Jobim, em Manaus, se fortaleceram como grupo criminoso graças às facilidades oriundas da rota ribeirinha. PCC e CV também utilizavam o percurso para comprar armas e drogas que circulavam livremente pela região. A ligação entre os grupos do crime organizado e as Farc rendeu muito dinheiro para todo mundo, até que a FDN resolveu se apoderar, sozinha e à força, desse território, considerado sua terra natal.
Com o processo de pacificação da Colômbia, as Farc deixaram o território livre para a ação dos bandos do crime organizado do Brasil. Em 2010, a PF enviou o seguinte relatório ao governo: “O curso das investigações, desenvolvidas sob a denominação Rota Solimões, deixou claro que a organização criminosa formada principalmente por colombianos trasladou suas bases operacionais para território brasileiro, aproveitando a vastidão da zona de fronteira pouco guarnecida para se homiziarem (esconderem) das ações do governo colombiano”.
Naquela ocasião, soube-se que o território brasileiros já não era apenas rota de passagem, mas base fixa para os negócios da guerrilha e do crime organizado local. A essa altura, a PF e o Exército já tinham traçadas todas as estratégias para bloquear o avanço da guerrilha sobre o território nacional, então o Palácio do Planalto usou de todo o seu poder não apenas para deixar esfriar a situação, como ainda fez diversas gestões de bastidores para amenizar a reação contra os narcoguerilheiros, considerados pelo governo petista como companheiros de jornada.
Dessa atitude oficial, de aparente neutralidade, é que tanto os terroristas colombianos quanto o crime organizado se aproveitaram para seguir se fortalecendo, enriquecendo às custas do contrabando de armas, drogas e tudo mais. A convivência entre os diversos grupos, longe dos olhos da lei, afastada por pressão de cima, favoreceu a cada um individualmente e, na ocasião, era comum a troca de ensinamentos nas artes de guerrilha e noutras modalidades de crime. A partir do enfraquecimento das Farc e com o conhecimento de que a rota Solimões era uma mina de tesouros fabulosa, começaram os conflitos entre os grupos do crime organizado, que resultaram nas chacinas brutais. Portanto, foi, com a bênção do governo da época, o início dessa história a cujo desfecho assistimos agora.
A frase que foi pronunciada
“Para escrever bem deve haver uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida.”
Joseph Joubert
Tarifas
» Caso a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada pelo governador Rodrigo Rollemberg, contra a decisão da Câmara Legislativa, que vetou o aumento das passagens de ônibus e metrô, venha a ser acolhida pelo Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), o que poderia ser uma questão de negociações envolvendo Executivo e Legislativo poderá se transformar num embate de proporções dramáticas.
Tarifas 2
» Com os ânimos acirrados e em busca de ganhar espaço positivo junto à população a CLDF pode ter encontrado o leitmotiv que procurava para dar início a um desgastante processo de impeachment contra Rollemberg.
Tarifa 3
» Gente querendo puxar o tapete do governador não falta. Dentro do Palácio do Buriti, a quem sempre torceu para isso, inclusive, plantando factoides na imprensa. Dentro da Câmara Legislativa, tem também aquela turma, alvo da Operação Drácon, que espera para dar o troco.
Tarifa 4
» Nesta hora, é bom que o governador mantenha o bom senso, amparado pela legalidade e pela legitimidade de suas ações e não se deixe intimidar. Caso venha se tornar refém da voluptuosidade dos deputados distritais, seu mandato pode ser considerado definitivamente findo.
Tarifa 5
» Tão importante quanto o reajuste honesto nas passagens, é a manutenção da redução de gastos que a população reconhece como supérfluos, como é o caso dos R$ 62 milhões cortados da CL para despesas com viagens, diárias e outras perfumarias. De Brasília desde os primeiros tempos, Rollemberg não precisa de conselhos para saber o
que a população apoia e o que condena.
História de Brasília
O balcão de fórmica, também é muito bom, mas só dá passagem pela abertura da balança, obrigando a todos passarem por uma estreita abertura. Logo mais, nas chuvas, quando o DAC chamar algum despachante, ele terá que ir pelo lado de fora, na chuva, para atender à administração do aeroporto. (Publicado em 21/9/1961)
DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
Circe Cunha e MAMFIL
Ainda não foram devidamente contabilizados pela economia do lazer os prejuízos decorrentes da corrupção e da violência generalizadas que ocorrem no país. Mas, pelo que se comenta lá fora, a situação interna não recomenda a vinda de turistas, não só pelos serviços de baixa qualidade oferecidos, pelos quais são cobrados preços altíssimos, mas, sobretudo, pelos riscos de morte que correm aqueles estrangeiros que perambulam distraídos por nossas cidades, hostis, violentas e sujas.
Nos últimos três anos, as imagens que o mundo tem recebido quase que diariamente do Brasil mostram membros da elite política e os mais ricos e influentes empresários do país chegando às sedes da Polícia Federal, em longas filas, de cabeças baixas, algemados e com as mãos para trás. Também são mostradas na tevê, sem cortes, as dezenas de presos degolados por ordem das facções criminosas que agem e comandam o milionário comércio de drogas e armas de dentro das masmorras.
O que os comentaristas e os editoriais estrangeiros apontam, com seriedade, é que o submundo da criminalidade em todas as suas vertentes vem perpassando todo o Estado brasileiro. A diferença básica com a corrupção praticada nos estamentos superiores e por gente refinada é que, nesse patamar, os lucros são infinitamente maiores e a divisão do butim é feita em restaurantes caríssimos, sem maiores alardes e, como manda a boa educação, sem cabeças cortadas. De toda forma, os assaltos praticados pela elite política em conluio com os empresários espertalhões causam danos bem maiores a longo prazo, condenando gerações inteiras de brasileiros ao subdesenvolvimento e à indigência eterna.
Em 1655, padre Antônio Vieira apontava o dedo para ferida histórica e vale a pena replicar o registro: “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (…) os ladrões que mais própria e dignamente merecem esse título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.”
Estragos à imagem do país não ficam só na foto, têm reflexos diretos e pesados na própria economia, afastando investidores, dificultando concessão de créditos, cancelando projetos e colocando o Brasil na dianteira daqueles países do qual o melhor é passar longe e esconder o dinheiro. Com imagens como estas, exibidas à exaustão em todo o mundo, o maior prejudicado acaba sendo o já incipiente turismo local. Que família de turistas estrangeiros virá ao Brasil descansar sabendo que aqui se rouba até tampa de bueiro? São assaltados nos táxis, nos hotéis, nas praias, pelos comerciantes e pelo governo por meio de uma diversidade de taxações excessivas e abusivas. Acostumados a explorar o turista e não o turismo, o que ainda sustenta esse setor não foi criado por nós e se resume à belezas naturais espalhadas por todo o território nacional , principalmente ao longo de milhares de quilômetros junto à costa do Atlântico.
A frase que foi pronunciada
“Não se alcança a harmonia quando todos tocam a mesma nota.”
Doug Floyd
Enletrando
» Brasília, um tapete de cor. Poesia de Gil Guimarães, patrimônio cultural da humanidade, exposto no aeroporto. Vale apreciar. Guimarães, com mais de 80 anos, tem o mesmo vigor de um adolescente defendendo as ideias.
No calor
» Brasília por trás das obras. Um livro que está no forno e será lançado pelo poeta e engenheiro
Futuro próximo
» Juscelino Kubitschek apareceu em sonho para o poeta Gil Guimarães pedindo um monumento JK no Universo, que será instalado no Memorial JK, enaltecendo a participação de todos os pioneiros na construção da cidade. Oscar Niemeyer, Lucio Costa e JK estão à frente da construção da capital, mas vários engenheiros, arquitetos e políticos foram de fundamental importância para que a cidade brotasse das pranchetas. É um sonho justo. Certamente terá o apoio de Anna Christina e Paulo Otávio.
Escolas públicas
» Seria um ganho para os alunos de Brasília uma palestra com o engenheiro e poeta Gil Guimarães. Que os diretores preocupados com a importância da história da cidade aproveite essa gente experiente que deu a vida pela mudança da capital.
História de Brasília
A Panair, Pan American, Varig e Real já resolveram à sua moda o problema de jogar as malas pela cerca porque falta um portão. Mas é deselegante. Retiram uma parte da cerca, puseram de lado, e deixaram o trânsito livre para os carrinhos bagageiros. (Publicado em 21/9/1961)