Brasília não merece

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Renato Alves/Agência Brasília

 

Ainda com relação à questão da revitalização do Setor Comercial Sul, proposta pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em conjunto com a Câmara Legislativa, o que mais surpreende, em toda essa discussão, é a ausência e a atitude de alheamento, tanto dos departamentos do GDF que cuidam disso quanto das instituições de ensino e pesquisa pertencentes às universidades públicas e privadas que lidam com o intricado assunto do urbanismo.

Nesse ponto, todos parecem fazer cara de paisagem, deixando tão importante assunto ao alvitre de políticos e de empresários de visão utilitarista e curta. Todos afoitos na tentativa de solucionar um problema que, por sua complexidade e organicidade, não pode ser tratado de forma isolada, ainda mais por pessoas não gabaritadas para tão delicado tema.

A transformação de parte do Setor Comercial Sul em moradias, como parece ser a proposta do GDF, poderá, em última análise, vir a ser uma opção viável apenas numa etapa final, depois que forem devidamente cuidados os problemas com a decadência crônica apresentados pelas avenidas W3 Sul e Norte. De maneira até simplória, seria preciso que aqueles que vão se debruçar sobre esse importante assunto visualizem todo o Plano Piloto do alto, (bird view), como fazem os verdadeiros urbanistas, para entenderem o desenho no seu todo.

Dessa forma, poderiam começar a ter uma pálida ideia do contexto geral e de sua mecanicidade complexa. Entender essa questão, em seu conjunto, facilitaria a compreensão de todo o sistema urbanístico e, quem sabe, abriria clarões para iluminar o caminho a ser percorrido na confecção de um projeto digno de uma cidade tombada, projetada por figuras do mais alto refinamento que o país já teve tanto em arquitetura quanto em urbanismo.

A intervenção isolada apenas no SCS não resolveria a questão da revitalização dessa área, como criaria outros problemas ainda inexistentes nessa região. Criar ambiente de moradias não se resolve apenas fazendo adaptações em antigos edifícios comerciais. É importante que se discuta a interligação de todo o conjunto central da capital.

O projeto de Lucio Costa, ao obedecer à orientação de eixos básicos entrecruzados selou, de forma indelével, o destino urbanístico da própria capital. Desse modo, os eixos ou artérias comunicam o que a cidade tem de saudável e de enferma também. Por isso mesmo, não se permitem intervenções dissociadas do conjunto.
Como foi mencionado nesse mesmo espaço, na coluna anterior, todos os eixos ou linhas ortogonais irradiaram para as áreas centrais da capital e dela refletem o que a cidade tem de orgânica. Esse é um tema central e de vital importância para entender Brasília.

Como visto, não se trata aqui de uma questão a ser resolvida apenas no âmbito político. E muito menos restrito aos empresários locais, reconhecidamente ávidos por brechas legais para aumentarem seus lucros. O que esses atores parecem não perceber, ou fingem entender, é que o Setor Comercial Sul integra, por suas características de projeto urbano, concebido por Lucio Costa, uma extensão natural da própria W3 Sul, assim como o Setor Comercial Norte, em relação à W3 Norte. Ambos representam a integração e o interligamento dessas duas artérias comerciais, deixadas, por décadas ao abandono. É preciso, pois, cuidar para que essa proposta de rezoneamento não se transforme numa espécie de zoneamento de uma zorra deixada para outros governos e para outras gerações. Brasília não merece.

 

A frase que foi pronunciada:
“Arquitetura é, antes de mais nada, construção, mas construção
concebida com o propósito primordial
de ordenar e organizar o espaço
para determinada finalidade
e visando a determinada intenção.”
Lúcio Costa, arquiteto, urbanista, professor nascido na França.

Lúcio Costa e presidente JK. Foto: arquivo.arq

 

CEB
Espalham, pelas redes sociais, que funcionários da CEB começam a articular uma greve. Nada de privatização é a opinião.

Cartaz publicado na página oficial do Sindsasc no Instagram

 

Elas
A mulher brigava com o marido aos tapas no gramado perto da Funarte. Estava ensandecida. Era quem agredia o marido. Um transeunte viu a cena e o desespero do marido e gritou se poderia ajudar em alguma coisa. “Pega a minha filha no carro!” A criança tremia de pavor. Há mulheres agressoras e há maridos que não registram ocorrência.

 

Na mesma
Festas de fim de ano, confraternizações a todo vapor. Convites por todos os lados. Sem a consciência da população, a questão pandemia deverá se estender por 2021.

Charge do Jorge Braga

 

História de Brasília
Na homenagem dos Diários Associados ao prefeito Sette Câmara, um detalhe muito comentado foi o sapato e a boca da calça do prefeito completamente enlameados. (Publicado em 16/12/1961)

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