A dança macabra

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge: “Lawrence Journal-Word”, de 13 de outubro

A possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial tem sido objeto de crescente preocupação em 2025, impulsionada por uma combinação de fatores geopolíticos, tecnológicos e sociais. Pelo panorama global, as tensões crescentes já são uma realidade que vai sendo construída peça por peça. O cenário internacional atual é marcado por múltiplos conflitos simultâneos e uma crescente fragmentação da ordem mundial.

Exemplos podem ser conferidos agora no Conflito Rússia-Ucrânia, uma guerra contínua intensa, com a Rússia utilizando mísseis hipersônicos e drones, enquanto a Ucrânia realiza ataques com drones em território russo, incluindo Moscou. Também já anda tenso o conflito Índia-Paquistão. Lembrando que, em maio de 2025, a Índia lançou a “Operação Sindoor” contra alvos no Paquistão, resultando em retaliações e dezenas de mortos. Este conflito marcou a primeira guerra de drones entre duas nações com armas nucleares. No Oriente Médio, a escalada entre Israel e Irã, com envolvimento de grupos como o Hezbollah, aumenta o risco de um conflito regional mais amplo. Existem ainda tensões entre os EUA e a China, com disputas comerciais e militares no Indo-Pacífico, especialmente em torno de Taiwan e do Mar do Sul da China, criando assim uma extensa e complicada região que tem se mantido em alerta máximo nesses últimos anos. Observa-se, ainda, o chamado “Eixo da Revolta”, que vem a ser uma Nova Aliança crescente entre Rússia, China, Irã e Coreia do Norte. Essa aliança, mesmo informal, busca desafiar a ordem global liderada pelo Ocidente, coordenando esforços militares, econômicos e diplomáticos.

Todos esses acontecimentos simultâneos fazem andar o Relógio do Juízo Final, que já indica um Alerta Máximo. O Relógio do Juízo Final, que simboliza a proximidade de uma catástrofe global, foi ajustado em 2025 para 23h58min31s, o mais próximo da meia-noite desde sua criação.

Fatores como a guerra na Ucrânia, tensões nucleares e o uso de inteligência artificial em armamentos contribuíram para esse ajuste. Segundo prevê a própria ferramenta tecnológica, denominada Inteligência artificial e com base numa série de dados dispostos em sua memória, há um Risco de Escalada de uma guerra generalizada. Estudos indicam que modelos de linguagem avançados podem adotar comportamentos em escalas crescentes e em simulações de conflitos, incluindo decisões de primeiro ataque nuclear. Isso levanta preocupações sobre o uso de IA em decisões militares e diplomáticas de alto risco.

A percepção pública também indica a existência de um medo generalizado, nos quatro cantos do mundo, de um conflito de grande envergadura. Pesquisas revelam que entre 41% e 55% dos cidadãos em países europeus e 45% nos EUA consideram provável uma Terceira Guerra Mundial nos próximos 5 a 10 anos. Além disso, a maioria acredita que tal conflito envolveria armas nucleares e causaria mais mortes que a Segunda Guerra Mundial. Embora não haja uma previsão definitiva de uma Terceira Guerra Mundial, o acúmulo de conflitos regionais, alianças estratégicas desafiadoras e avanços tecnológicos em armamentos aumentam, significativamente, os riscos de uma escalada global. A vigilância internacional, a diplomacia eficaz e o controle sobre tecnologias emergentes são, aparentemente, essenciais para evitar um conflito de proporções mundiais.

Aliás, em termos de diplomacia, o nosso século parece ser ainda mais carente do que no passado. A distância e o tempo que separa essa nova geração dos conflitos ocorridos durante a Segunda Grande Guerra tem feito com que as pessoas percam a real dimensão do horror representado por um conflito de grande porte, onde o inimigo passa a estar em toda a parte. A Segunda Guerra Mundial terminou há quase 80 anos. A maioria das pessoas que vivenciaram diretamente seus horrores não está mais viva. O que restam são memórias institucionalizadas – em museus, livros didáticos e discursos oficiais – mas cada vez mais distantes da experiência emocional coletiva.

Gerações pós-Guerra cresceram em relativa estabilidade, especialmente no Ocidente, sem vivenciar bombardeios, racionamentos ou genocídios em larga escala. A guerra passou de um trauma vivido a um tema de filmes e séries, muitas vezes romantizado ou transformado em espetáculo.

Essa desconexão com o passado faz com que o horror de um conflito total seja subestimado ou visto como uma abstração, o que torna a sociedade mais vulnerável à aceitação passiva de discursos belicistas. O que se vê é uma diplomacia enfraquecida, multipolarizada e caótica, pois, comparando com o pós-guerra, observa-se que as instituições multilaterais (como a ONU) estão, nesse momento dramático de nossa história, enfraquecidas, sem autoridade real para prevenir ou punir agressões. A diplomacia multilateral – antes valorizada durante a Guerra Fria como meio de contenção – hoje dá lugar a ações unilaterais, guerras híbridas e alianças de ocasião. O mundo está cada vez mais multipolar, com potências regionais (Rússia, China, Turquia, Irã) desafiando normas internacionais.

Há uma crise de confiança generalizada: líderes populistas tendem a demonizar a diplomacia, tratando-a como fraqueza, e a valorizar a força como instrumento de afirmação nacional. Enfim temos um cenário que vai se armando ao fundo, pronto para que o drama da guerra possa atuar, mostrando a dança macabra das foices.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A guerra assume tantos disfarces que às vezes é chamada de paz.”

Drummond

Carlos Drummond de Andrade. Foto: Arquivo Nacional

 

História de Brasília

É preciso que a Associação Profissional se transforme logo em sindicato para extinguir a picaretagem que está se espalhando demais em Brasília. Agora, fundaram uma tal de Associação dos Profissionais de Imprensa Periódica de Brasília, que está vendendo “carteirinha” a dez mil cruzeiros. (Publicada em 04.05.1962)

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