Copom reduz Selic para 4,5% e sinaliza “cautela” para próximos cortes

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 4,5% ao ano, em linha com a expectativa do mercado. A decisão foi unânime. Contudo o colegiado sinaliza fim do ciclo de cortes iniciado em julho. “”O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”, disse a nota divulgada nesta quarta-feira (11/12).

 

Com a queda da Selic, a taxa de juros real (descontada a inflação) do Brasil está cada vez mais próxima a de países desenvolvidos, ou seja, 1,23% anuais, se considerarmos o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses encerrado em novembro, de 3,27%. Não à toa, fluxo de saída de dólares do país é crescente no ano. Somou US$ 30 bilhões no acumulado do ano até 6 de dezembro, conforme dados do Banco Central desta quarta-feira.

 

Um dos principais indicadores de risco do mercado, o CDS (Credit Default Swap) com vencimento em cinco anos estava em 113,9 pontos, dado 8,9% inferior aos 125,1 pontos de 4 de dezembro. No ano, a queda acumulada chega a 45,24%. No entanto, esse patamar ainda é alto comparado com países desenvolvidos, como Estados Unidos (15,70 pontos) e França (18,90 pontos), ou mesmo com emergentes, como China (38,09) e Índia (70,10).

 

“O Brasil ainda é um país com risco elevado se comparado com outros países, e, por isso, existe um fluxo de saída é grande de investidores. Eles preferem mercados mais estáveis do ponto de vista de risco”, explicou a economia Juliana Inhasz, professora do Insper.

 

Na avaliação da economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara, ainda há espaço para um novo corte na Selic, no início do ano que vem. “A atividade ainda etá fraca, com inflação no fim do ano está ainda bastante confortável e a valorização do câmbio e do preço de algumas commodities não contaminou as projeções de inflação para o ano que vem e isso mostra que é possível um novo corte nos juros pelo BC”, apostou. Pelas projeções dela, a Selic poderá encerrar 2020 em 4,5%, porque a inflação ainda ficará abaixo da meta, de 4% anuais, em torno de 3,5%.

 

Fomc mantém taxas

Mais cedo, o Fomc, comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) decidiu manter a taxa básica de juros entre 1,5% e 1,75% ao ano, após três cortes, devido ao cenário com indicadores macroeconômicos mais favorável. A manutenção era esperada pelo mercado, e, portanto, não houve surpresas, segundo os analistas.

 

“As informações recebidas indicam que o mercado de trabalho permanece forte e que a atividade econômica tem crescimento a uma taxa moderada. A média da massa salarial tem sido solida nos últimos meses e a taxa de desemprego baixo”, destacou o comunicado dos diretores do Fed, liderados por Jerome Powell. A nota ainda sinaliza que a inflação está controlada, abaixo da meta de 2% ao ano, assim como manteve a expectativa de inflação no longo prazo nesse mesmo patamar.