A casa e as incertezas da pandemia na poesia de José Luís Peixoto

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A pandemia tem colocado em causa muitas certezas e o escritor português José Luís Peixoto anda pensando sobre isso. Além de levá-lo para um estado de fragilidade e medo, o mesmo que acometeu o mundo, o caos gerado pelo novo coronavírus também levou Peixoto de volta à poesia. Regresso a casa é um livrinho de poemas nascido da pandemia, gestado durante a primeira quarentena em Portugal e repleto de reflexões sobre o ser humano, o pertencimento, a individualidade, a convivência e a percepção do outro.

Rosa Montero reedita livro sobre mulheres com 90 novos perfis de ilustres desconhecidas

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Rosa Montero é viciada em biografias. Em casa, em Madri, ela guarda uma biblioteca com centenas de volumes desse gênero. Neles a escritora espanhola vislumbrou, pela primeira vez, lá pelo início dos anos 1990, a vontade de escrever um livro inteiro sobre mulheres históricas desconhecidas. “Como leitora assídua de biografias, descobri várias mulheres fascinantes que eram completas desconhecidas”, conta Rosa. “Eram absolutamente fascinantes e eu caí nelas por pura casualidade, com biografias que me levavam a outras biografias.” Na época, ela decidiu se aprofundar nas histórias dessas figuras, que renderam várias colunas para o jornal El País e o livro Nós, mulheres, publicado em 1995. 

Michel Laub e os dois lados de um país

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A certa altura de Solução de dois estados, a cineasta alemã que produz um documentário sobre a violência brasileira se dá conta de que sua entrevistada não consegue separar o lugar do ódio e da vingança e o espaço íntimo no qual nada disso existe, mesmo quando se perde alguém em ações violentas. No novo romance de Michel Laub, essas duas noções estão em constante embate e servem de arena para os sentimentos conflituosos que povoam as mentes de Raquel e Alexandre.

Cinco autores para pensar o racismo ontem e hoje

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Frantz Fanon foi um dos maiores pensadores pós-coloniais da França. James Baldwin, um dos nomes mais importantes da literatura americana dos anos 1950 quando o assunto é racismo e colonização. Ralph Ellison, também americano, venceu o National Book Award de 1953 com um livro no qual o personagem se tornava invisível graças à sua cor negra. A britânica Bernardine Evaristo tem sido celebrada como a voz literária negra mais importante da cena inglesa contemporânea quando se trata de escrever sobre a diáspora africana. A pandemia continua seu curso, ficar isolado ainda é o único remédio contra o coronavírus e, apesar de amargo, pode ser atenuado com boas leituras. Então, na esteira de um 2020 marcado pelos protestos contra o racismo em todo o mundo, que tal começar 2021 prestigiando autores preocupados em compreender questões cruciais para a sociedade contemporânea? O Leio de tudo fez uma seleção de lançamentos recentes disponíveis em e-book ou no site das editoras, todos assinados por nomes fundamentais do pensamento negro mundial. 

Racismo, violência e relações familiares no terceiro romance de Jeferson Tenório

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Jeferson Tenório sempre gostou de escrever, mas nunca havia pensado em entrar para a faculdade de letras até ser abordado pela polícia, aos 18 anos, quando saía do trabalho numa pizzaria de Porto Alegre. O episódio desencadeou um processo de consciência racial e literária cujo fruto é um respiro profundo para a literatura brasileira contemporânea. O avesso da pele, que acaba de ser lançado pela Companhia das Letras, deveria ser lido por brasileiros de todas as idades, cores e formações. Terceiro romance do autor, o livro fala de uma realidade conhecida por muitos brasileiros cuja cidadania é usurpada todos os dias e de várias formas, do desprezo do Estado pela educação ao descaso diante das estatísticas raciais.

As viagens literárias de José Luís Peixoto

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José Luís Peixoto nunca teve a Tailândia como um destino dos sonhos. Foi por uma coincidência que acabou pisando no país pela primeira vez e, por escolha, pela segunda. “Sempre sonhei com a Ásia, não especificamente com a Tailândia”, conta. No entanto, em 2012, durante uma viagem a Macau, o escritor se viu diante da oportunidade de conhecer a Tailândia. Deveria por lá desembarcar para escrever para uma revista de turismo e colocou como primeiro desafio retirar da própria mente a capa de exotismo que o visitante europeu geralmente projeta no país. Deu tão certo que ele voltou uma segunda vez e, dessas viagens, trouxe o livro O caminho imperfeito, recém-publicado pela Dublinenses. “A Tailândia foi-se instalando, foi ganhando lugar. De algum modo, essa evolução está muito ligada ao modo como a Ásia foi ganhando um espaço na minha vida. Ao ponto de, nos últimos anos, ter passado, pelo menos três meses da cada ano na Ásia”, revela o autor. 

Pandemia é cenário para ficção de autores brasileiros

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O zumbi tem seu lugar no folclore brasileiro. Por aqui, ele é o corpo-seco, o unhudo, o menino respondão e malvado que, de tão ruim, não foi aceito nem no céu, nem no inferno. Ficou por aí, entre as árvores e as folhagens, zanzando meio morto, meio vivo, mais morto do que vivo. A metáfora era perfeita para a ideia do editor Marcelo Ferroni, que há anos queria fazer um livro de zumbi à brasileira. Convencido de que esse tipo de literatura tem qualidade e conteúdo, encontrou abrigo na editora Luara França, que abraçou a ideia de convidar outros autores e transformar quatro textos escritos individualmente em um romance. O resultado está em Corpos secos, lançado pela Alfaguara no finalzinho de março e que traz incrível eco contemporâneo com pandemias e mundo paralisado, apesar de ter sido pensado e escrito entre 2018 e 2019.

Quatro livros para refletir sobre as lutas femininas

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Quer aproveitar o embalo do dia 8 de março e ler algo relacionado ao tema? A história do Dia Internacional da Mulher começa lá no fim do século 19, com a luta pelos direitos civis, pela igualdade, pelo voto e por uma série de reivindicações que, até hoje, ainda estão em processo de conquista. Então, para dar crédito ao movimento, conhecer um pouco da escrita produzida por mulheres que pensaram esses temas, seja na ficção, seja no campo da reflexão, sempre acrescenta. E o mercado editorial brasileiro é bem servido do tema, então vai aqui uma lista de quatro livros para você mergulhar em discussões como o feminismo negro, as mulheres e a ditadura brasileira, o abuso e a espera pelo pedido de desculpas.  

Desencaixados e solitários

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Controle nasceu de uma encomenda para uma coletânea que envolvesse música e bandas específicas. A coletânea não saiu, mas Nanda, ou Maria Fernanda, tomou forma e o primeiro romance de Natalia Borges Polesso, felizmente, ganhou vida. Controle vem embalado por New Order e Joy Division em um texto cheio de referências afetivas para quem foi adolescente nos anos 1980 ou 1990.

Houellebecq cria personagem trágico e comovente em ‘Serotonina’

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Desilusão, pessimismo, ironia e sexo formam cartilha inevitável quando se trata dos romances de Michel Houellebecq, mas essa combinação está especialmente provocativa e quase sentimental em Serotonina, o sétimo romance do autor francês. Aqui, essa mistura resulta em um livro comovente, embora essa definição possa soar estranha quando se trata do enfant terrible da literatura contemporânea francesa. Mas Florent-Claude Labrouste — que não gosta do próprio nome por achá-lo delicado demais para a virilidade de sua aparência — é comovente na sua miséria e endossa um paradoxo sempre presente na obra do francês: a possibilidade do amor e da felicidade como algo confinado ao plano da fantasia e ao fracasso certo.