Período de seca: as duas primeiras rodadas da “Lampions League” registram a pior média de público do torneio regional desde 2013

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Nem o atual campeão, Sport, encheu a Ilha neste Nordestão

Crédito da imagem: Paulo Paiva/DP/D.A. Press

Programada para ser um sucesso na bilheteria, a Copa do Nordeste passa por um momento de declínio nas arquibancadas. A média de público das duas rodadas disputadas na edição de 2015 é de 3.850 pagantes por partida. Parece razoável por se tratar de um começo de temporada, mas não é. A essa altura do campeonato, as últimas duas edições do torneio atraíam mais gente aos estádios. Os argumentos dos clubes vão da tabela elaborada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que prevê só um jogo no fim de semana, contra oito em 2014, e 12 em 2013, ao pré-carnaval da região.

A Copa do Nordeste é disputada no atual formato desde 2013. Naquele ano, as duas rodadas iniciais bombaram. A média chegou a 6.592. O sucesso na largada seria comprovado ao término daquela edição. O torneio teve o melhor público do primeiro semestre, na comparação com todos os campeonatos estaduais do país. Até os badalados Carioca, Paulista, Mineiro e Gaúcho ficaram no chinelo. A média atual depois de 10 jogos é de 3.850, ou seja, 42% inferior à de dois anos atrás. Na comparação com a temporada de 2014, a queda livre é de 30%.

O pior público da Copa do Nordeste em 2015 perde até para o abandonado Campeonato Candango. Socorrense, do Sergipe, e Sampaio Corrêa, do Maranhão, mediram forças diante de 27 testemunhas no Tremendão, em Itabaiana (PI), e arrecadaram R$ 540. Descartando as partidas com portões fechados no DF devido à falta de alvarás, o torneio local viu Luziânia e Brasília empatarem por 0 x 0 diante de 109 pagantes no Bezerrão. Até a renda de R$ 1.090 supera a do pior borderô registrado no Nordestão.

O preço do ingresso não pode ser justificativa para a diminuição do interesse pela presença in loco no estádio. O Piauí, por exemplo, cobra R$ 10 pelo bilhete, ou seja, um valor praticamente simbólico. Atual campeão da Copa do Nordeste, o Sport estipulou no mínimo R$ 15 (meia). O discurso de que algumas arenas são acanhadas também é ruim. O torneio tem quatro estádios da Copa do Mundo de 2014: Arena das Dunas, Castelão, Fonte Nova e Pernambuco. Como na primeira fase não há capacidade mínima exigida pela CBF, o velho discurso de que “a minha casa é pequena” não cola.

Tabela

Um dos argumentos até certo ponto aceitáveis para a queda de público é a programação dos jogos. Os clubes reclamam que, na edição anterior, houve muitos jogos da fase de grupos no fim de semana. Neste ano, a tabela prevê apenas um confronto no sábado ou no domingo. Por sinal, foi disputado em data e horário esdrúxulos. O Moto Club recebeu o Náutico, em São Luís, às 19h30 de um sábado de carnaval. Apesar do gol contra do departamento técnico da entidade máxima do futebol brasileiro, 2.188 torcedores foram ao Castelão. No ano passado, oito partidas aconteceram no fim de semana: três no sábado e cinco no domingo. A estratégia alavancou a média de público.

Até o carnaval antecipado em algumas cidades do Nordeste é usado como argumento para o desinteresse. No Recife, por exemplo, a pré-folia começou com duas semanas de antecedência. O clássico entre Sport e Santa Cruz, em 31 de janeiro, pela primeira rodada do hexagonal final do Campeonato Pernambucano, teve de ser antecipado para sábado em benefício do Bloco das Virgens, que sai em Olinda, arrasta 200 mil pessoas e dificulta o trabalho da Polícia Militar no futebol.