Depois de cometer todos os pecados possíveis em 2014, Brasil aposta em um quinteto para tomar a taça do time do papa na Libertadores

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San Lorenzo, o time do papa, defende o título 

Imagem: Reuters/Osservatore Romano

Se uma taça tem poder de perdão, o futebol brasileiro começa a temporada no confessionário da Libertadores. Depois de cometer todos os pecados possíveis e imaginários em 2014, o país campeão 17 vezes, com 10 times diferentes, pede clemência depois de um ano marcado por transgressões. Como se não bastasse a perversidade da Seleção com sua torcida no 7 x 1 diante da Alemanha, duas infrações graves ainda aguardam indulto dos deuses da bola.

Em 2014, nenhum time brasileiro chegou à final dos dois principais torneios de clubes do continente. A Libertadores foi vencida pelo San Lorenzo — o time do papa Francisco. A Copa Sul-Americana ficou com o River Plate. Em uma prova mais recente de fragilidade diante dos vizinhos, a Seleção Brasileira Sub-20 terminou em quarto lugar na competição da categoria. Para variar, deu Argentina.

A fé que move o sonho de reconquistar a América está depositada nos cinco times brasileiros campeões da Libertadores classificados para a 56ª edição do torneio. A missão de tomar a taça do time do papa está delegada a viciados em títulos. O São Paulo busca o tetra. Cruzeiro e Inter caçam o tri. Corinthians e Atlético-MG sonham com o bi. Em caso de sucesso, o futebol nacional sairá do purgatório, ao menos até a Copa América do Chile. Do contrário, continuará ajoelhado rezando por um milagre.

Vice da Copa do Mundo e atual campeã da Libertadores, da Sul-Americana e do Sul-Americano Sub-20, a Argentina vive tempos abençoados desde a ascensão do papa Francisco no Vaticano. Os hermanos usarão os poderes espirituais para deter o Brasil. O San Lorenzo defenderá o título. Boca Juniors, River Plate, Estudiantes, Racing e Huracán são os demais representantes do país na fase de grupos. Por sinal, o Boca tem a chance de igualar o recorde de conquistas do Independiente. Ausente nesta edição, o arquirrival é o único heptacampeão na história da Libertadores.

Mesma ladainha

No século 21, o título sul-americano só não ficou com clubes brasileiros ou argentinos três vezes em 14 torneios. Em 2002, deu Olimpia, do Paraguai. Dois anos depois, a surpresa foi o Once Caldas, da Colômbia. Na edição de 2008, a LDU, do Equador, deu a volta olímpica no Maracanã

Candidatos a zebra não faltam. Nas últimas edições, Defensor, do Uruguai; Nacional, do Paraguai; e Independiente Santa Fé, da Colômbia, pintaram nas semifinais. Nesta edição, é bom ficar de olho no Atlético Nacional, de Medellín, campeão em 1989, e no Independiente Santa Fé.

Se mantiver a tendência dos últimos três anos, a Libertadores deste ano terá um campeão inédito. Foi assim com Corinthians (2012), Atlético-MG (2013) e San Lorenzo (2014). O atual detentor do troféu é um sinal dos novos tempos para o futebol brasileiro. Não basta ter dinheiro — um dos diferenciais da hegemonia verde-amarela de 2010 a 2013. O quinteto brasileiro terá de jogar muita bola na edição que tem tudo para ser uma das mais equilibradas dos últimos tempos.

CONHEÇA AS CHAVES DOS BRASILEIROS NA “LIBERTA”

GRUPO 1

A chave do Atlético-MG não é fácil. O Independiente Santa Fé ganhou dois títulos colombianos em 2014 e tenta se recuperar da má campanha na Libertadores passada. O Colo Colo tem no currículo um título continental e 30 chilenos. O Atlas incomodará, principalmente, no México.

 

O centroavante argentino Lucas Pratto é candidato a artilheiro do Galo (Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

O centroavante argentino Lucas Pratto é candidato a artilheiro do Galo

Atlético-MG

Título: 1 (2013)

Time-base (4-4-2)

Victor

Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Pedro Botelho

Luan, Leandro Donizete, Rafael Carioca e Dátolo

Carlos e Lucas Pratto

Técnico: Levir Culpi

Estádio: Independência, em Belo Horizonte

 

Independiente – COL

Título: não tem

Time-base (4-4-2)

Zapata

Anchico, Mina, Meza e Mosquera

Arias, Seija, Torres e Pérez

Páez e Morelo

Técnico: Gustavo Costas (ARG)

Estádio: El Campín, em Bogotá

 

Colo Colo – CHI

Título: não tem

Time-base (4-4-2)

Villar

Fierro, Vilches, Maldonado e Beausejour

Vecchio, Valdes, Baeza e Delgado

Suazo e Paredes

Técnico: Héctor Tapia (CHI)

Estádio: Monumental, em Santiago

 

Atlas – MÉX

Título: não tem

Time-base (4-4-2)

Villar

Pérez, Kannelmann, Venegas e Castillo

Ramírez, Marcos da Silva, Millar e Medina

Caballero e Barragán

Técnico: Tomás Boy (MÉX)

Estádio: Jalisco, em Guadalajara

 

GRUPO 2

É a chave mais forte. São três campeões continentais. O atual, San Lorenzo, o Corinthians, vencedor do torneio em 2012, e o São Paulo, tri em 1992, 1993 e 2005. O time do papa Francisco não é a única preocupação. Campeão uruguaio de 2014, o Danúbio exige respeito.

 

Luis Fabiano ainda não tem o título

São Paulo

Títulos: 3 (1992, 1993 e 2005)

Time-base (4-4-2)

Rogério Ceni

Bruno, Dória, Rafael Tolói e Reinaldo

Ganso, Denílson, Souza e Michel Bastos

Técnico: Muricy Ramalho

Estádio: Morumbi, em São Paulo

 

San Lorenzo – ARG

Título: 1 (2014)

Time-base (4-4-2)

Torrico

Buffarini, Cetto, Caruzzo e Más

Mercier, Mussis, Kalinski e Barrientos

Blanco e Cauteruccio

Técnico: Edgardo Bauza (ARG)

Estádio: Nuevo Gasómetro, em Buenos Aires

 

Danubio – URU

Títulos: não tem

Time-base (4-4-2)

Ichazo

Peña, De los Santos, Formiliano e Ricca

I. González, G. González, Sosa e Tabárez

Castro e Fornaroli

Técnico: Leonardo Santos

Estádio: Jardines del Hipódromo, em Montevidéu

 

Vágner Love: aposta do Corinthians (Mauro Horita/AGIF)

Vágner Love: aposta do Corinthians

Corinthians

Títulos: 1 (2012)

Time-base (4-4-2)

Cássio

Fagner, Felipe, Gil e Fábio Santos

Jádson, Ralf, Elias e Renato Augusto

Emerson Sheik e Guerrero (Vágner Love)

Técnico: Tite

Estádio: Arena Corinthians, em São Paulo

 

GRUPO 3

Bicampeão brasileiro, o Cruzeiro tem tudo para ter a melhor campanha geral. O único perigo é o Huracán. O bom time argentino volta à Libertadores após 42 anos. Vice venezuelano em 2014, o Mineros não assusta, assim como o Universitario, campeão do Torneio Clausura.

 

Leandro Damião é uma das novidades do Cruzeiro na caça ao tri

Cruzeiro

Títulos: 2 (1976 e 1997)

Time-base (4-2-3-1)

Fábio

Mayke, Léo, Paulo André e Mena

Henrique e Willians

De Arrascaeta, Marquinhos e Willian

Leandro Damião

Técnico: Marcelo Oliveira

Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte

 

Mineros – VEN

Títulos: não tem

Time-base (4-4-2)

Romo

Vallenilla, Machado, Cuevas e Sampedro

Cabello, Acosta, Jiménez e Pérez

Valoyes e Cabezas

Técnico: Marcos Mathias (VEN)

Estádio: Cachamay, em Ciudad Guayana

 

Universitario de Sucre – BOL

Título: não tem

Time-base (4-4-2)

Robledo

Loras, Filippetto, Ballivian e Cuéllar

Bejarano, Saucedo, Camacho e Cuesta

Ribera e Castro

Técnico: Julio César Baldivieso (BOL)

Estádio: Olímpico Patria, em Sucre

 

Huracán – ARG

Títulos: não tem

Time-base (4-3-3)

Diaz

Macinelli, Echevarría, Domínguez e Balbi

Villarruel, Vismara e Toranzo

Gamarra, Abila e Torassa

Técnico: Néstor Apuzzo (ARG)

Estádio: Tomás Ducó, em Buenos Aires

 

GRUPO 4

O Internacional não terá vida fácil. Emelec e Universidad de Chile foram campeões no segundo semestre no Equador e no Chile, respectivamente. Outro problemão é altitude de La Paz. O The Strongest não abre mão de roubar pontos dos adversários 3.600m acima do nível do mar.

 

Inter buscou Anderson no Manchester United para o torneio continental (Alexandre Lops)

Inter buscou Anderson no Manchester United para o torneio continental

Internacional

Títulos: 2 (2006 e 2010)

Time-base (4-2-3-1)

Alisson

Léo, Ernando, Réver e Fabrício

Nilton e Aránguiz

D’Alessandro, Vitinho e Anderson

Nilmar

Técnico: Diego Aguirre (URU)

Estádio: Beira-Rio, em Porto Alegre

Emelec – EQU

Títulos: não tem

Time-base (4-3-3)

Dreer

Guagua, Achiler, Bagui e Giménez

Mena, Quiñonez e Bolaños

Lastra, Fernández e Quintero

Técnico: Gustavo Quinteros (BOL)

Estádio: George Capwell, em Guaiaquil

 

Universidad de Chile – CHI

Título: não tem

Time-base (3-4-3)

Herrera

Magalhães, González e Rojas

Fernández, Suarez, Lorenzetti e Pereira

Espinoza, Benegas e Canales

Técnico: Martín Lasarte (URU)

Estádio: Nacional, em Santiago

 

The Strongest – BOL

Título: não tem

Time-base (4-4-2)

Vaca

Wayar, Centurión, Martelli Díaz e Torrico

Cristaldo, Chumacero, Castro e Bajter

Pablo Escobar e Ramallo

Técnico: Néstor Oscar Craviotto (ARG)