O bondinho do Pão de Açúcar

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Márcio Cotrim
 
Antes, falemos do berço da expressão pão de açúcar. Ela vem do tupi pau-nh-açuquã, nome dado pelos tamoios, primitivos habitantes da baía da Guanabara. Significa morro alto, isolado, pontudo. Segundo Vieira Fazenda, no apogeu do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil, depois da cana espremida, fervida e com o caldo apurado, os blocos de açúcar ganhavam um aspecto de sino de igreja, e assim eram transportados para a Europa. A semelhança do penhasco com essa forma do barro teria originado o nome.
 
Em 1817, a montanhista inglesa Henrietta Castairs, de 39 anos, foi a primeira pessoa a escalar o morro do Pão de Açúcar, uma senhora façanha para a época. Em 1908, o engenheiro Augusto Ramos, decidido a facilitar o acesso ao local, idealizou a construção de um caminho aéreo dotado de cabos de aço suspensos. Houve crítica e até galhofa. Alguns chegaram a sugerir que a linha do futuro teleférico ligasse diretamente o Pão de Açúcar ao Hospício Nacional!
 
Mas Augusto Ramos não desistiu. Com base em sua sólida formação técnica, conseguiu do prefeito do então Distrito Federal, Serzedelo Corrêa, autorização para realizar a grande obra. Inaugurado em 1912, foi o primeiro teleférico instalado no Brasil e o terceiro no mundo. Ao ver a nova fisionomia do Pão de Açúcar, o escritor Coelho Netto, num lampejo de inspiração, cunhou o termo Cidade Maravilhosa para o Rio de Janeiro.
 
Carinhosamente chamado de bondinho pelos cariocas, o veículo comportava 24 passageiros e fazia o trajeto em 6 minutos. Nos anos 90, até para lhe aumentar a rentabilidade, passaram a funcionar dois bondinhos em cada linha no sistema vai-vem o que, além de multiplicar a capacidade do transporte, impulsionou o turismo.
 
Nesse contexto favorável, a empresa administradora do serviço passou a promover festas no alto do Pão de Açúcar, ao mesmo tempo em que aprimorava as instalações e a cozinha do restaurante lá existente. Além de excelente culinária, uma das mais belas vistas do mundo.
 
O bondinho continua indo, vindo e deslumbrando as gentes, a 396 metros de altura . . . 

 
MOSQUETE – Uma das primeiras armas de fogo usadas pela infantaria, no século 16. Evolução do arcabuz, semelhante a uma espingarda, mas muito mais pesado, com o cano de até um metro e meio sob culatra de madeira. Predecessor da espingarda moderna, o mosquete foi muito importante para os espanhóis. Sem ele, teria sido impossível a brutal conquista dos impérios inca e asteca, e dos povos maias do Novo Mundo – ai dos vencidos! A palavra teria origem no italiano moschetto, que, por sua vez, viria de moschetta, pequena pedra disparada pela balista e vocábulo derivado de mosca. No século 17, a maioria dos exércitos europeus dispunha de tropas de mosqueteiros, que se tornaram populares ao grande público quando estrelaram o filme “Os Três Mosqueteiros”, baseado no livro igualmente famoso de Alexandre Dumas. Conta a história do jovem D’Artagnan, que vai a Paris buscando tornar-se membro do corpo de elite dos guardas do rei, os mosqueteiros. Lá chegando, conhece três mosqueteiros chamados os inseparáveis: Athos, Porthos e Aramis. Juntos, os quatro enfrentarão grandes aventuras a serviço do rei da França, Luís XIII e, principalmente, da rainha Ana d’Áustria. Vencem todos os perigos e se distinguem nas guerras contra os inimigos da França. Marcaram época e deram fama a astros do cinema como Errol Flynn, Douglas Fairbanks Jr., Virginia Mayo e outros menos aplaudidos mas igualmente queridos . . .  

 
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O leitor Jânio da Costa Silva Júnior, de Taguatinga, DF, solicita o berço da raça canina denominada Bull Terrier, que alia a força dos cães tipo bull com a energia e determinação dos terrier.
 
Ela remonta a 1830, quando as raças Bulldog e Old English Terrier, já extintas, foram cruzadas para dar origem ao chamado bull and terrier, cão de combate, que enfrentaria, em arenas, touros (daí o nome bull), leões e até escravos.
 
Ele varia de cor e tamanho. Por volta de 1860, o inglês James Hinks, de Birmingham, da mistura com o English Terrier branco desenvolveu novo tipo de cão homogêneo, branco puro com a cabeça mais longa e focinho proeminente.
 
Hinks foi acusado de transformar um cão de luta num animal de exibição em exposições, com imaculada pelagem branca e cabeça extravagante.
 
Proibidas as lutas de cães, foi reconhecido como raça legítima e a única de olhos triangulares. Passaram de “gladiadores” a “Cavaleiros Brancos”, dado seu perfil gentil, afetuoso e de aparência nobre, fiel ao seu dono. Pode viver de 10 a 14 anos.
 
Por falar em cão, ele é tido como o melhor amigo do homem, mas, para Vinícius de Moraes, o melhor amigo do homem é mesmo o uísque, o cão engarrafado . . .
 
(Coluna publicada na Revista do Correio, que circula aos domingos no Correio Braziliense)