Volpon1 Foto: Raimundo Sampaio/D.A Press

UBS revisa projeção de queda do PIB brasileiro de 7,5% para 5,5%

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

Uma dia depois de o Ministério da Economia manter as previsões de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 em 4,7%, o banco suíço UBS alterou de 7,5% para 5,5% a estimativa de recuo do PIB brasileiro, devido à melhora nos indicadores recentes de atividade. Para 2021, a expectativa é de crescimento de 3%, abaixo da projeção anterior, de 3,5%.

 

O economista-chefe da instituição financeira, Tony Volpon, prevê que o PIB do segundo trimestre deverá encolher 10,9% na comparação com o mesmo período de 2019, e, nos seguintes, registrar avanços de 6,8% e de 2,1%, conforme nota divulgada nesta quinta-feira (16/07).

 

O economista disse que a mudança ocorreu devido a uma “série de fatores” e avaliando que o impacto do auxílio emergencial de R$ 600 para os trabalhadores informais está sendo “bem sucedido no apoio à renda”. Outro aspecto destacado por Vopon é o fato de a China, maior importador de produtos brasileiros, estar passando por uma forte recuperação.  

 

“A incerteza (no Brasil) diminui, mas é provável que permaneça elevada”, informou o economista, destacando que a desconfiança em relação ao país tem sido alta desde 2014. “Assumimos alguma melhoria contínua em reação a um ambiente político menos polarizado e uma agenda de reforma renovada”, apostou.

 

O UBS prevê, ainda, pelo menos mais um corte na taxa básica de juros (Selic), de 0,25 ponto percentual, de 2,25% para 2% ao ano. Esse patamar deverá ser mantido até o segundo trimestre de 2021, voltando a subir no trimestre seguinte, até terminar dezembro em 4,25% anuais

 

Riscos de um “abismo fiscal”

 

Volpon reforçou que existe um debate em andamento sobre a extensão do programa do auxílio emergencial e uma possível consolidação dos gastos sociais, agora, atingindo 18% do PIB, em um programa permanente chamado de Renda Brasil.

 

“Os resultados desse debate serão vitais para as perspectivas de crescimento, uma vez que uma consolidação fiscal muito rápida pode criar um ‘abismo’ para crescimento”, alertou no comunicado. A previsão do UBS para a dívida pública bruta aponta para 95,8% do PIB no fim do ano e continuará subindo em 2021, quando encerrará em 97,3% do PIB.

 

Pelas projeções do banco suíço, o deficit primário das contas públicas em 2020 deverá chegar a 14,7% do PIB, “o pior resultado da história”.

 

Brasília, 15h01min