Saúde Brasileiros são maioria entre profissionais estrangeiros na área da saúde em Portugal. Foto: JEFF PACHOUD/ AFP

Mortes de grávidas e de bebês derrubam ministra da Saúde de Portugal

Publicado em Economia

Uma sequência de mortes de grávidas e de bebês por falta de atendimento adequado derrubou Marta Temido do Ministério da Saúde de Portugal. Ela estava no cargo desde 2018 e passou por três governos. Na carta de demissão, ela disse não ter mais “condições de permanecer” na função.

 

Portugal enfrenta grave falta de médicos e de enfermeiros devido ao grande número de aposentadorias e à fuga de profissionais do setor público para a iniciativa privada e outros países, como Inglaterra e Alemanha, onde os salários são maiores.

 

Desde junho, hospitais de várias localidades suspenderam o atendimento a gestantes. Com os serviços restritos, muitas mulheres tiveram que se deslocar pelo país em busca de apoio. Bebês e grávidas morreram no meio do caminho.

 

O caso mais recente ocorreu no sábado (27/08), em que uma grávida, de 34 anos, morreu de parada cardíaca depois de ser transferida de um hospital de Lisboa por falta de vaga na maternidade. Ela era indiana e estava há pouco tempo em Portugal. Uma cesariana salvou a vida da criança.

 

Críticas e desconfiança

 

As críticas ao primeiro-ministro, António Costa, são enormes. Políticos de todas as tendências pedem ações rápidas para reverter o desmonte do Sistema Nacional de Saúde de Portugal, que sempre foi apontado como referência.

 

Líder do PCP, que apoia do governo, a deputada Paula Santos afirmou que o primeiro-ministro deve assumir suas responsabilidades e precisa agir imediatamente para recompor o sistema da saúde, uma exigência da população.

 

O vice-presidente do PSD, Miguel Pinto Luz, disse que “foi preciso a morte de mais uma grávida” para que a ministra da Saúde fosse demitida. Para ele, o governo sempre colocou “sua ideologia à frente do que era mais importante, a saúde dos portugueses”.

 

Quando houve a primeira morte de um bebê porque a mãe não teve atendimento adequado, em junho, em Caldas da Rainha, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, ressaltou que era um caso isolado. Mas a realidade se impôs.

 

No entender de especialistas, é preciso uma ampla reforma do Sistema Nacional de Saúde de Portugal, a começar por pagar melhor os profissionais, para atrair os profissionais de que tanto precisa.

 

O Ministério Público abriu investigação para apurar as condições que levaram à morte da mulher no sábado, depois de ser transferida do Hospital Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier.