Professor da Universidade de Brasília (UnB), o economista José Luís Oreiro se diz assustado com o comportamento dos empresários brasileiros, que aplaudem um político extremamente conservador e retrógrado, como o deputado Jair Bolsonaro, e vaiam Ciro Gomes, com uma extensa folha de bons serviços prestados ao país.
“Estou muito assustado com o apoio dos industriais ao Bolsonaro. Ele não apresenta nenhuma proposta econômica concreta, faz apologia “aos bons e velhos tempos” em que se podia fazer troça das minorias e prega uma luta contra moinhos de vento, como a tal da estátua do Che Guevara no Palácio do Planalto. Aí, quando o Ciro fala em rediscutir a reforma trabalhista com as centrais patronais os sindicatos e as universidades, numa clara tentativa de fazer um pacto social democrata, é vaiado pelos trogloditas da CNI (Confederação Nacional da Indústria)”, diz.
Para Oreiro, a elite brasileira é a vanguarda do atraso. “Não passam de senhores de escravos travestidos de industriais”, afirma. O economista ressalta, ainda, que, em vez de produzirem no Brasil, os empresários se tornaram grandes importadores. “Eles preferem a barbárie à social democracia. Com isso, irão colher a revolução socialista”, acrescenta
O professor recomenda aos empresários que estudem a situação política e econômica da Espanha pouco pré-guerra civil. Segundo ele, o Brasil está caminhando para uma situação semelhante, como polarização e radicalização. “Naquele momento, porém, a Espanha contava com o apoio da Itália e da Alemanha (com suas posições fascistas)”, assinala.
Brasília, 10h35min