CBPILU100820151160PIB Foto: Kleber Sales/CB/D.A Press

Credit Suisse mantém previsão do PIB de 2022 e piora a de 2023

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Em meio à piora das condições financeiras globais e o aumento do risco fiscal doméstico, que pesam sobre o crescimento econômico e sobre as contas públicas, o Credit Suisse piorou as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023. O banco suíço reduziu de 0,9% para 0,2% a previsão de crescimento do PIB em 2023 e manteve em 1,4% a estimativa de expansão do PIB deste ano — estimativa melhor do que no início do ano, quando a instituição previa taxa negativa em 0,5%.

 

De acordo com fontes do governo, em 2023, as bombas fiscais que estão sendo armadas pelo governo Jair Bolsonaro (PL) e o Congresso com o “pacote de bondades” vão explodir no colo dos brasileiros. Técnicos estão com dificuldade para estimar o tamanho do rombo no teto de gastos no ano que vem que, segundo uma fonte próxima à equipe econômica, já não existe mais devido ao grande número de auxílios que estão sendo criados fora da regra.

 

“Após forte crescimento econômico no primeiro trimestre de 2022, esperamos que a economia desacelere para o resto do ano devido à menor poupança das famílias, menor impacto da reabertura da economia e efeitos defasados ​​das taxas de juros domésticas mais altas. Para o próximo ano, esperamos que as condições financeiras globais mais apertadas, devido à pressão inflacionária mais persistente, afetem negativamente o crescimento econômico doméstico, principalmente por meio da menor demanda externa e da necessidade de manter uma política monetária doméstica restritiva por um período prolongado”, destacou o relatório dos economistas Simone Srour, Lucas Vilela e Rafael Castilho.

 

“Os riscos para o crescimento do PIB estão inclinados para baixo, pois o crescimento global pode ser menor do que nossas expectativas atuais e a aversão ao risco doméstico pode aumentar com as próximas eleições presidenciais”, acrescentou o documento, que demonstrou preocupação com a piora das contas públicas desde o ciclo anterior de aumento dos juros nos Estados Unidos, pois a dívida pública bruta em relação ao PIB aumento 13 pontos percentuais, para 78,5%, na comparação com 2015, e “é a segunda maior entre os países emergentes”. 

 

“Atualmente, o crescimento do PIB está próximo do potencial e a população ocupada expandiu-se significativamente. Em 2015, o Brasil teve inflação e taxas de juros muito altas, ao contrário de outros mercados emergentes, enquanto, atualmente, a inflação e as taxas observaram aumentos acentuados, mas em linha com seus pares. As contas externas também melhoraram, uma vez que a conta corrente deverá apresentar superávit este ano contra um déficit em conta corrente de 3,1% do PIB em 2015”, destacou o texto do Credit.

 

Além disso, o fato de que os dois candidatos à frente das pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro defendem aumento do gasto público, também foi apontado pelos economistas como motivo de preocupação.  “O foco do investidor estará na agenda de consolidação fiscal do administração entrante: A combinação de taxas de juros reais sendo superior ao crescimento econômico, déficits primários recorrentes do governo central, e a dívida bruta elevada colocou a dívida pública do país no que vemos como um caminho insustentável a médio prazo”, alertaram os economistas. “A política fiscal da nova administração, e sua capacidade de implementar tal política, deve ser o foco principal dos investidores durante a eleição presidencial para ser realizada em outubro”, recomentou o relatório.

 

Pelas estimativas dos economistas do Credit, o  processo de desinflação no país provavelmente levará mais tempo sem uma retomada mais forte do processo de consolidação fiscal. Eles esperam que  a inflação fique acima do limite superior da meta de inflação em 2022 e em 2023, totalizando três anos consecutivos de descumprimento da meta, sendo, 7,6%, neste ano, 5,9%, em 2023. Em 2021, a inflação oficial registrou alta de 10,06%, acima do limite superior da meta, de 5,25%. Neste ano, o  teto da inflação  é de 5%, e, no ano que vem, passa para 4,75%.