Categoria: machismo
Em 2008, a poeta Angélica Freitas passou uma temporada na Holanda, Não tinha um tostão no bolso, mas tinha uma bicicleta velha e um cartão de biblioteca. O combo permitiu muita leitura e o tempo deu início à gestação de Canções de atormentar. Nos anos seguintes, Angélica foi morar na Argentina e em Pelotas. Só voltou para São Paulo em 2017. “Escrevi muito nessa época, inclusive o poema que dá título ao Um útero eu escrevi quando estava em Delft. O que acontece é que eu abro o caderno e deixo as coisas acontecerem, normalmente, e às vezes elas acontecem. E quando elas acontecem é muito claro pra mim. Esses poemas são os que quero mostrar”, conta.
Quer aproveitar o embalo do dia 8 de março e ler algo relacionado ao tema? A história do Dia Internacional da Mulher começa lá no fim do século 19, com a luta pelos direitos civis, pela igualdade, pelo voto e por uma série de reivindicações que, até hoje, ainda estão em processo de conquista. Então, para dar crédito ao movimento, conhecer um pouco da escrita produzida por mulheres que pensaram esses temas, seja na ficção, seja no campo da reflexão, sempre acrescenta. E o mercado editorial brasileiro é bem servido do tema, então vai aqui uma lista de quatro livros para você mergulhar em discussões como o feminismo negro, as mulheres e a ditadura brasileira, o abuso e a espera pelo pedido de desculpas.
Nas fotografias oficiais, Marie Curie parece uma mulher fria e dura. Era, talvez, a única postura possível para que uma cientista do sexo feminino e com uma mente brilhante fosse levada a sério no final do século 19. O que não se vê nessas imagens é o lado passional e humano de Marie. Esse, que todos nós temos em algum momento da vida, foi devidamente calado e amordaçado. Afinal, estudar física e química, ser pioneira no ramo da radioatividade, conseguir isolar isótopos radioativos, descobrir o rádio e o polônio e ganhar dois prêmios Nobel era pouco para que uma mulher fosse reconhecida como algo mais do que uma simples dona de casa naquele fim de século. Marie, que além de tudo era polonesa, ou seja, uma estrangeira em uma França bastante preconceituosa, precisava parecer um homem para levar crédito.
Nova edição de ‘Reinações de Narizinho’ discute racismo e machismo
É interessante a solução encontrada por Marisa Lajolo e pela Companhia das Letras para lidar com o racismo incutido em Reinações de Narizinho. Ficou decidido que as personagens de Emília e Narizinho questionariam os termos polêmicos, mas também aqueles menos corriqueiros nos dias de hoje, além das palavras um pouco mais rebuscadas. A solução funciona muito bem nos dois últimos casos e é até divertida, mas nem sempre convence quando se trata do ranço racista do autor. É difícil justificar o injustificável, mas é melhor que se aponte os trechos e se fale sobre eles do que deixá-los soltos. É sempre bom lembrar, no Brasil de hoje e especialmente para as crianças, que racismo, preconceito e machismo existem, estão até na nossa literatura e não se pode fazer vista grossa para eles
De vez em quando, surgem fenômenos literários como Kristen Roupenian, que conseguem adiantamentos milionários por livros que ainda não escreveram e, ao final, compensam o burburinho com textos que são puro deleite. Cat person e outros contos é um desses casos. O nome da autora viralizou na internet em dezembro de 2017, quando a revista The New Yorker publicou o conto Cat person. Roupenian contava a história de um encontro meio desastroso entre uma moça de 20 anos e um homem de 34.
Cinco autoras contemporâneas para você conhecer no Dia da Mulher
No Brasil, as mulheres representam 51,48% da população. São maioria, segundo dados do IBGE de 2015. Mas esse número cai drasticamente quando se trata de livros publicados e da quantidade de escritoras no país. De acordo com pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que analisou as publicações de grandes editoras brasileiras nos últimos 49 anos, mais de 70% dos livros publicados são assinados por homens. No entanto, as mulheres escrevem. E muito. Os números do mercado editorial têm várias explicações, entre elas o preconceito de que mulheres escrevem sobre assuntos femininos e o fato de muitas terem menos tempo para a escrita porque são responsáveis por duplas jornadas de trabalho.
Já fez sua lista de leitura para 2018? Veja aqui o que as editoras lançam este ano
Quer preparar a lista de leitura para 2018? Tá na hora. O ano mal começou e ainda dá tempo de planejar o que ler. O Leio de tudo preparou uma seleção pinçada entre as previsões de lançamentos das editoras. Veja o que vem por aí.
Vamos falar sobre essa moça, essa Rupi Kaur, nascida na Índia, de nacionalidade canadense, detalhe importante para os versos que ela escreve. Você já deve ter ouvido falar dela. Rupi ficou famosa nas redes sociais com poeminhas feministas, versos curtos, ora contundentes, ora simplórios e infantis demais, o que já rendeu boas críticas por aí. Milk and honey, publicado no Brasil como Outros jeitos de usar a boca, vendeu um milhão de cópias e saiu no Brasil em 2015. A nova edição da Planeta vem com capa dura e os poemas em inglês, língua original da escrita da autora. Falando de traumas, sobrevivência, dor e cura, mas também de amor, raça e relacionamentos, a poesia de Rupi causa uma certa emoção mesmo naqueles que não compartilham sua origem sofrida e complicada.
Lacração, apropriação cultural, racismo e linchamento nas redes em novo livro de Francisco Bosco
O que o clipe de Mallu Magalhães, o caso do turbante de Thauane Cordeiro, as marchinhas de carnaval e o episódio da cantora baiana Marcia Castro têm em comum? Todos ganharam enorme repercussão graças ao que o filósofo Francisco Bosco chama de “novo espaço público brasileiro”. E todos representam uma nova maneira de lidar com as lutas identitárias. Foi para refletir sobre esse espaço e qual seu impacto na sociedade que Bosco escreveu A vítima tem sempre razão?.