Categoria: literatura
Nascida em Boston, uma das cidades mais literárias dos Estados Unidos, terra de Edgar Allan Poe, Ralph Aldo Emerson e Sylvia Plath, Otessa Moshfegh ganhou da crítica literária a etiqueta de voz de uma geração, mas acha a classificação estranha. “Passei a maior parte da minha vida jovem intrigada pelo comportamento humano, enquanto meus colegas e amigos pareciam não se incomodar. Eu não os entendia, e eles não me entendiam. Então, como eu poderia acabar sendo uma voz para qualquer um além de mim mesma é algo milagroso”, pondera, embora reconheça que toda uma geração se identifique facilmente com seus personagens por conta da carga de tédio e alienação que carregam.
Confira os lançamentos que acabam de chegar ao mercado editorial
Como o mundo funciona — Um guia científico para o passado, o presente e o futuro De Vaclav Smil. Tradução: Antenor Savoldi Jr.. Intrínseca, 400 páginas. R$ 69,90 Como a humanidade criou a energia elétrica, os combustíveis, os motores e microchips par chegar ao que chama de civilização moderna e ao desastre climático? Vaclav Smil, especialista em temas como renovação […]
A escrita ligeira e certeira de Santiago Nazarian em “Veado assassino”
Depois de cinco anos escrevendo o que chama de “livro-pesquisa”, Santiago Nazarian resolveu mergulhar em um projeto, digamos, ligeiro. Para tal, criou um personagem muito específico e uma trama nada convencional. Em Veado assassino, 13º romance do autor, um adolescente não binário assassina um presidente de extrema direita. A ação já ocorreu quando tem início a narrativa. Na verdade, o livro apresenta uma conversa entre o protagonista e um interlocutor cuja profissão não está explícita. Pode ser um jornalista, um psicanalista ou outro profissional.
Saia da frente do meu sol De Felipe Charbel. Autêntica Contemporânea, 136 páginas. R$ 38,90 Um tio aparentemente sem passado e sem história é o ponto de partida desse romance baseado em uma história real. Foi depois que o autor encontrou uma pasta com documentos e fotos que reconstituíam um passado sobre o qual ele nada sabia que teve a […]
Um episódio real e chocante despertou no português Miguel Sousa Tavares a urgência de escrever o romance Último olhar. Durante a pandemia, o autor leu em um jornal a história de um ônibus apedrejado na Espanha ao transportar idosos infectados com o novo coronavírus. “Tropecei nessa história de um ônibus dos velhos, no sul da Espanha, que estavam sendo mudados para uma espécie de sanatório e foram apedrejados. Como se fazia na idade média. Hoje essa história é tão impressionante que, de repente, me pus a pensar quem seriam os velhos que iam no carro, aquela gente que parecia normal. E comecei a congeminar toda uma história grande à volta do assunto”, conta. “É um livro escrito por causa e durante a pandemia, quando eu estava isolado numa casa de campo fazendo uma espécie de diário sobre o que acontecia em Portugal e no mundo, coisas que achava que devia guardar para memória futura e que mais tarde podíamos não lembrar.”
Desaparecimento de crianças é tema de romance de autora indiana
Jai tem 9 anos e mora em uma favela de uma metrópole indiana. Certo dia, os coleguinhas de escola e de brincadeiras de rua começam a desaparecer. A turma do menino então se junta e incorpora todo o espírito dos detetives tantas vezes vistos em filmes na televisão para traçar estratégias de busca dos companheiros. As crianças são mais sérias […]
Diorama é uma cena reconstituída com detalhes que a tornam muito realística em um cenário com personagens tridimensionais. Costuma ser usada em museus, especialmente os de história natural, para representar como viviam os ancestrais do homem e quais eram as aparências da fauna e da flora que os rodeavam. Muitas vezes, nessas reconstituições, usa-se animais empalhados que podem conferir um […]
Ricardo Lísias começou a dar forma a Uma dor perfeita ainda no leito da UTI. Internado com covid-19 durante duas semanas entre março e abril de 2021, o escritor tinha acesso a um telefone celular por meio do qual trocava mensagens com a mulher, alguns amigos, a mãe e o editor Marcelo Ferroni. Deste último veio a sugestão de pensar em um livro. Quando teve alta da UTI e foi para o quarto, Lísias passou então a tomar notas para o relato. Graças às enfermeiras, conseguiu papel, caneta e uma pasta para dar início à escrita.
O igarapé educa para atenção, nome é uma palavra habitada, nossa língua é nosso comportamento e o tempo é uma mentira que impede de viver. Quando Valter Hugo Mãe toma a dianteira da língua portuguesa, o leitor pode sentar e se maravilhar com algumas das mais belas frases da literatura contemporânea. Como um Manoel de Barros português, ou um José Saramago brasileiro, Hugo Mãe, que nasceu em Angola, cresceu em Portugal e tem um afeto declarado pelo Brasil, consegue transformar a leitura em uma emoção só. Coloque nisso uma história brasileira, violenta como foi a colonização, trágica como foi a matança dos índios e a escravização dos africanos, e fica difícil não querer derramar uma lágrima aqui e outra ali.
Ensaios de Carola Saavedra refletem sobre o lugar da literatura
Cada um dos temas de O mundo desdobrável – Ensaios para depois do fim poderia render um romance. E em cada um desses temas surge a pergunta “mas o que é literatura?”. O novo livro de Carola Saavedra pode ser descrito como uma reunião de ensaios sobre coisas do cotidiano. Plantas, família, origens, ancestralidade, pandemia, isolamento. Há um pouco de tudo nessas 210 páginas traçadas, como diz a autora, do ponto de vista de uma escritora, e não de uma pesquisadora.