Minervino Júnior/CB Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press

Aproximação entre Ibaneis e Lula começou na posse do governador

Publicado em Eixo Capital

Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos

O discurso do governador Ibaneis Rocha (MDB) na posse para seu segundo mandato indica que ele já começou a colocar em prática a aproximação com o presidente Lula. Ibaneis defendeu união e pacificação para encerrar divergências na polarização entre lulistas e bolsonaristas. Depois, Ibaneis esteve na Presidência da República, na posse dos novos ministros. Começou a construir o entendimento tão importante para o sucesso da gestão no Distrito Federal, que depende de recursos federais.

Sem confronto
A dobradinha Ibaneis-Celina vai equilibrar o jogo com lulistas e bolsonaristas. Enquanto o governador se aproxima da base do presidente Lula, a vice mantém o diálogo aberto com o grupo político e eleitores de Jair Bolsonaro. A estratégia envolve ainda uma postura sem conflito com nenhum dos dois lados. Apesar da ligação com Bolsonaro, Celina não vai bater no governo Lula. Tudo em nome de uma boa relação com o Palácio do Planalto.

Juntas contra “comunistas”

A senadora eleita Damares Alves (Republicanos) e a deputada federal reeleita Bia Kicis (PL-DF) estavam próximas na posse dos deputados distritais na Câmara Legislativa. Ao tirarem uma foto e Damares disse: “Já vamos avisando que vamos dar muito trabalho aos comunistas lá no Congresso Nacional. Aguardem”. São as duas parlamentares mais identificadas com a base bolsonarista.

Recursos cobiçados por governadores
Vem aí um novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e programas federais de desenvolvimento com recursos da União, cobiçados pelo governadores. Em pronunciamento ontem no Congresso, o presidente Lula disse que vai procurar os 27 governadores para definir prioridades para a retomada de obras paralisadas. Lula disse que há 14 mil no país. “Vamos retomar o Minha Casa Minha Vida e estruturar um novo PAC para gerar empregos na velocidade que o Brasil requer. Buscaremos financiamento e cooperação — nacional e internacional — para o investimento, para dinamizar e expandir o mercado interno de consumo, desenvolver o comércio, exportações, serviços, agricultura e a indústria”, disse Lula. O governador Ibaneis Rocha diz que não há obras paradas no DF, mas projetos sim. É o caso, por exemplo, da expansão do metrô.

Emoção
Foi emocionante, independentemente de posições políticas, ver a diversidade e a cachorrinha Resistência subindo a rampa do Palácio do Planalto.

Caneta emprestada
A vice-governadora Celina Leão (PP) assinou o termo de posse com a caneta emprestada pelo presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), José Cruz Macedo.

Anderson assume hoje
Ao dar posse para seu secretariado ontem, o governador Ibaneis Rocha (MDB) deixou uma dúvida ao manter o secretário de Segurança, Júlio Danilo. Mas a posse do ex-ministro da Justiça e Segurança Anderson Torres na equipe de Ibaneis está prevista para ocorrer hoje, apesar da pressão de ministros e aliados do presidente Lula, contrária à nomeação. Nomear Anderson ontem tiraria o protagonismo de Júlio Danilo no dia posse de Lula, tendo ele coordenado todas as ações de segurança contra protestos e manifestações.

Flávia Arruda foi à posse de Lula
Ex-ministra-chefe da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, a deputada Flávia Arruda (PL-DF), esteve ontem na posse do presidente Lula no Congresso. A postura despertou duas visões: a de que Flávia, traída por bolsonaristas durante a campanha ao Senado, estava marcando uma posição contra o ex-presidente; outros consideraram a presença natural pelo fato de Flávia ser deputada federal e estar acompanhando a posse do novo presidente. À coluna, Flávia disse que estava exercendo seu papel como parlamentar. “Sou e sempre fui do diálogo, das pontes, do respeito à democracia”, disse.

Sósia de Max Maciel
Um dos integrantes da comitiva do presidente Lula na subida à rampa do Palácio do Planalto, Weslley Viesba Rodrigues, foi confundido com o deputado distrital Max Maciel (PSol), que tomou posse ontem para o primeiro mandato. O estilo é bem parecido. Metalúrgico do ABC Paulista, Weslley estava usando um boné idêntico ao usado pelo distrital. A confusão foi tão grande que Maciel teve de explicar nas redes sociais que se trata de um quase sósia. “Informo que, infelizmente, não sou eu o aba reta misterioso”, postou o distrital.

Novos episódios
A senadora Leila Barros (PDT-DF) postou uma mensagem entusiasmada sobre o governo que começou ontem: “Hoje o Brasil começa a escrever um novo capítulo de sua história. A minha expectativa é a de que as páginas em branco dos próximos quatro anos sejam preenchidas com episódios de empatia, solidariedade, união, esperança, paz, prosperidade, alegria e fé no futuro”. Logo Leila, que sempre buscou uma distância do PT, a ponto de ter saído do PSB pela aproximação com Lula. No PSB, ela poderia ter construído uma ampla frente de partidos de centro-esquerda em torno de sua candidatura ao Palácio do Buriti. A história hoje poderia ser diferente.

Pernambuco é aqui
Na multidão na Praça dos Três Poderes, havia tantas bandeiras de Pernambuco que mais parecia o carnaval de Olinda.

O que Lula disse:
“Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal”.

O que Ibaneis disse:
“O momento agora é de união pelo Brasil. O momento é de paz na nossa sociedade que hoje recebe um novo presidente da República que vem para, com fé em Deus, unificar e pacificar esse país. Nós precisamos de paz e de harmonia para enfrentar os reais problemas dessa sociedade, problemas de fome, de miséria, de desigualdade social, de desigualdade racial, de desigualdade de gênero”.

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